Uma história da escrita

Acabei de ler e achei muito interessante. Pode ser uma leitura proveitosa para todos os meus atuais e ex-alunos de Língua Hebraica e de História de Israel.

ROBINSON, A. Escrita: uma breve introdução. Porto Alegre: L&PM, 2016, 176 p. – ISBN 9788525428240.ROBINSON, A. Escrita: uma breve introdução. Porto Alegre: L&PM, 2016, 176 p.

O original, em inglês, é:

ROBINSON, A. Writing and Script: A Very Short Introduction. Oxford: Oxford University Press, 2009, 157 p. – ISBN 9780199567782.

Este é o quarto livro que escrevo sobre a escrita. O primeiro foi um levantamento bastante ilustrado sobre o assunto; o segundo versou sobre escritas não decifradas e o terceiro sobre Michael Ventris, que decifrou a escrita legível mais antiga da Europa, a linear B. Também escrevi uma biografia sobre o polímata Thomas Young, uma figura essencial para que a Pedra de Roseta e os hieróglifos egípcios fossem decifrados (Trecho dos “Agradecimentos”).

Veja aqui uma lista dos livros publicados por Andrew Robinson.

A civilização não pode existir sem a língua falada, mas pode sem a comunicação escrita. A poesia grega de Homero foi primeiro transmitida de forma oral, guardada na memória, assim como os Vedas, os hinos dos antigos hindus, que durante muitos séculos não foram registrados por escrito. O império sul-americano dos incas conseguia ser administrado sem escrita. Ainda assim, quase toda sociedade complexa – antiga ou moderna – acabou precisando de um ou mais tipos de escrita. O ato de escrever, apesar de não ser fundamental como a comunicação oral, é um marco definidor da civilização. Sem a escrita, não pode haver acúmulo de conhecimento, registros históricos, ciência (apesar de tecnologias simples poderem existir) e, é claro, livros, jornais, e-mails ou internet.

A criação da escrita na Mesopotâmia (atual Iraque) e no Egito no final do quarto milênio antes de Cristo permitiu que o comando e a marca de governantes como o babilônico Hammurabi, o romano Júlio César ou o mongol Kublai Kahn se estendessem muito além do alcance da vista ou da voz e até mesmo sobrevivessem a suas mortes. Se as inscrições na Pedra de Roseta nunca tivessem sido feitas, por exemplo, o mundo praticamente desconheceria o rei greco-egípcio Ptolomeu V Epífanes, cujos sacerdotes promulgaram seus decretos na Pedra de Roseta em 196 a.C. usando três tipos de escrita: a hieroglífica sagrada, a demótica administrativa e o alfabeto grego clássico.

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ROBINSON, A. Writing and Script: A Very Short Introduction. Oxford: Oxford University Press, 2009, 157 p.Este livro introduz as origens da escrita: as rotas pelas quais ela se espalhou e desenvolveu-se em centenas de tipos para algumas das milhares de línguas faladas; a maneira como os diferentes sistemas de escrita criam significado por meio de sinais fonéticos para consoantes, vogais e sílabas, combinadas com logogramas – sinais não fonéticos usados no lugar de palavras (por exemplo, @, $, &, =, ?); as ferramentas e os materiais que os escribas e outros usaram para escrever; os motivos pelos quais a escrita vem sendo utilizada pelas sociedades ao longo de cinco milênios; a extinção e a decifração da escrita.

Obviamente, nem todas as modalidades puderam ser incluídas: um livro acadêmico lançado recentemente, The World’s Writing Systems [Sistemas de escrita do mundo], chega a quase mil páginas substanciais. No entanto, todas as escritas relevantes são mencionadas. Dentre a enorme variedade de escritas, antigas e atuais, as escritas antigas extintas, como os hieróglifos egípcios, a escrita cuneiforme da Mesopotâmia e os glifos maias, têm muito em comum, tanto na estrutura quanto na função, com as escritas modernas e os nossos sistemas especializados de comunicação – sejam eles alfabetos, ideogramas chineses, mensagens de celular ou sinalização de aeroportos. Os sinais desses sistemas podem ser muito diferentes entre si, mas os princípios linguísticos por trás dos sinais são similares. As escritas antigas não são letras mortas, nem apenas curiosidades estranhas. Fundamentalmente, a maneira como os escritores escrevem no começo do terceiro milênio depois de Cristo não é diferente de como os antigos egípcios e mesopotâmicos escreviam(Trecho do Capítulo 1: “A escrrita e o seu surgimento”).

William Andrew Coulthard Robinson é um autor britânico e ex-editor de jornal. Ele é autor de muitos livros e artigos. Até 2006, foi o editor literário do Times Higher Education Supplement. Também foi pesquisador visitante no Wolfson College, Cambridge. Mora em Londres.

William Andrew Coulthard Robinson
This is the fourth book I have written on writing and scripts. The first was a highly illustrated survey of the subject, the second was on undeciphered scripts, and the third was a biography of Michael Ventris, who deciphered Europe’s earliest readable writing, Linear B. I have also written a biography of the polymath Thomas Young, a key figure in the decipherment of the Rosetta Stone and Egyptian hieroglyphic.

This book introduces the origins of writing; the routes via which writing spread and developed into hundreds of scripts for some of the world’s thousands of spoken languages; the ways in which different writing systems convey meaning through phonetic signs for consonants, vowels, and syllables, combined with logograms – non-phonetic signs standing for words (for instance, @, $, &, 1⁄4, ?); the tools and materials that scribes and others have used for writing; the purposes to which writing has been put by societies over five millennia; and the extinction and decipherment of scripts.