NAKANOSE, S.; DIETRICH, L. J. (orgs.) Uma história de Israel: leitura crítica da Bíblia e arqueologia. São Paulo: Paulus, 2022, 360 p. – ISBN 9786555626551.
Neste livro sobre a história de Israel, procuramos pôr em prática as perspectivas desse nosso mestre [Milton Schwantes]. Procuramos, a partir das transformações e das novas interpretações dos achados arqueológicos – feitas de modo mais firmemente amparado em uma vasta gama de ciências, e com autonomia diante da narrativa bíblica – e dos estudos críticos da Bíblia, elaborar uma história de Israel com os mais recentes achados e descobertas desses campos.
Sabedores da precariedade de todas as histórias que são construídas, nossa pretensão é tão somente expor nossas ideias e reflexões como mais uma contribuição nas áreas da história de Israel e da história da Bíblia, desde séculos estremecidas pelos métodos críticos e ultimamente mais abaladas pelas novas interpretações arqueológicas.
O livro inicia com uma introdução a respeito da necessidade de novas elaborações sobre a história de Israel e a da Bíblia. E, nos capítulos seguintes, aborda diferentes períodos dessas histórias.
O primeiro capítulo procura levantar o que se pode afirmar sobre os inícios do povo de Israel, partindo de datas ao redor dos anos 1300 a.C.
O segundo capítulo faz o mesmo para as primeiras experiências monárquicas, porém sem a pressuposição das doze tribos unidas no grande Império Davídico-Salomônico, noções a tempo descartadas pela arqueologia.
O terceiro capítulo apresenta a história dos reinos de Israel Norte e de Judá como duas entidades políticas que nunca estiveram unidas e que foram bastante desiguais, pois Israel Norte, durante todo o tempo que existiu, foi sempre mais forte do que Judá, tendo Judá somente alcançado peso e importância sociopolítica na região dentro do período assírio, após a destruição da Samaria.
O quarto capítulo aborda o período da dominação babilônica, mostrando que as deportações não deixaram a Judeia como uma “terra vazia” e desarticulada, e descreve as organizações remanescentes na terra; expõe também as diferenças entre o primeiro grupo de deportados e o segundo, bem como suas relações entre si e com os remanescentes.
O quinto capítulo se debruça sobre o período persa, especialmente sobre as diferentes propostas e projetos de reconstrução política e teológica dos vários grupos que retornam do exílio e as relações que propõem estabelecer com os remanescentes que ficaram na terra, na então província de Yehud.
Por último, o sexto capítulo procura dissecar a história e os movimentos religiosos de adaptação e de resistência ao domínio grego e à cultura helênica. A par dos impactos sociais e econômicos, a religião e a sabedoria, em suas diferentes perspectivas e espiritualidades, serão fortemente desafiadas nesse período. Novelas e escritos apocalípticos estão entre os textos canônicos, deuterocanônicos e extracanônicos que nascem nesse contexto.
Em todos os capítulos, procura-se situar o surgimento de narrativas, textos e livros bíblicos, colocando-se os elementos do contexto que consideramos as chaves de leitura essenciais para a compreensão das narrativas bíblicas e a formação da própria Bíblia.
Este livro resulta de trabalho em grupo, em mutirão, como tudo o que aprendemos no CEBI (Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos) e no CBV (Centro Bíblico Verbo), que nos reuniu e nos acolheu, visto que, além do Prof. Milton Schwantes, aprendemos também com frei Carlos Mesters, Prof. Gilberto Gorgulho, Profa. Ana Flora Anderson e tantos outros e em tantos outros lugares nascidos na esteira da leitura popular da Bíblia.
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