Como e por que a Bíblia foi escrita?

The Bible’s primary purpose is not religious but political. O objetivo primário da Bíblia Hebraica? Político e não religioso.

Curso online gratuito. Confira a proposta, a data e o programa do curso.

The Bible’s Prehistory, Purpose, and Political Future – Jacob L. Wright – Emory University

Como e por que a Bíblia foi escrita? Este curso sintetiza pesquisas recentes fascinantes em estudos bíblicos e apresenta uma nova e poderosa tese: O propósito principal da Bíblia não é religioso, mas político. Enfrentando uma derrota catastrófica, os autores bíblicos criaram uma nova forma de comunidade. Sus conquistas estão diretamente relacionadas às questões modernas de política, economia e teologia.

Com as suas muralhas arrasadas pelos exércitos da Babilônia, Jerusalém juntou-se a uma longa linha de antigas cidades vencidas – desde Ur e Nínive e Persepolis até a própria Babilônia. Enquanto alguns se recuperaram da destruição, outros não. Mas ninguém respondeu à catástrofe política criando o tipo de monumento elaborado e duradouro à sua própria queda que encontramos na Bíblia. A maioria das populações conquistadas via a sua subjugação como uma fonte de vergonha. Eles a entregaram ao esquecimento, optando, em vez disso, por exaltar as idades de ouro do passado. Os autores bíblicos, pelo contrário, reagiram à perda compondo extensos escritos que reconhecem o fracasso colectivo, refletem profundamente sobre as suas causas e descobrem assim uma base para a esperança coletiva.

Trabalhando através de variados textos bíblicos e do antigo Oriente Médio, e recorrendo a uma série de exemplos comparativos, o curso ilustra a maneira minuciosa com que os autores bíblicos responderam à derrota, avançando uma agenda demótica que coloca a comunidade no centro. O objetivo dos autores bíblicos era criar uma nação, e eles procuraram realizar esse objetivo através de um texto compartilhado, que inclui histórias e canções, sabedoria e leis.

 

“How and why was the Bible written? This course synthesizes fascinating recent research in biblical studies and presents a powerful new thesis: The Bible’s primary purpose is not religious but political. Facing catastrophic defeat, the biblical authors created a new form of community. Their achievements bear directly on modern questions of politics, economics, and theology.

With its walls razed to ground by Babylon’s armies, Jerusalem joined a long line of ancient vanquished cities—from Ur and Nineveh and Persepolis to Babylon itself. While some recovered from the destruction, others did not.  But none responded to political catastrophe by fashioning the kind of elaborate and enduring monument to their own downfall that we find in the Bible. Most conquered populations viewed their subjugation as a source of shame. They consigned it to oblivion, opting instead to extol the golden ages of the past.  The biblical authors in contrast reacted to loss by composing extensive writings that acknowledge collective failure, reflect deeply upon its causes, and discover thereby a ground for collective hope.

Working through colorful biblical and ancient Near Eastern texts, and drawing on an array of comparative examples, the course illustrates the thoroughgoing manner with which biblical authors responded to defeat by advancing a demotic agenda that places the community at the center. The aim of the biblical authors was to create a nation, and they sought to realize this goal via a shared text, which includes stories and songs, wisdom and laws”.

Leia o texto completo.

Descobri o curso aqui. Obrigado Charles Jones, do AWOL – The Ancient World Online. Onde há muitas coisas interessantes.

O mercado virou gente, um dos nossos

Quem dá mais?

Por Saul Leblon: Carta Maior –  21/02/2014

O que de pior poderia acontecer ao Brasil nesse momento seria reduzir a eleição de outubro a uma gincana para a escolha do melhor amigo dos mercados. Esta semana Eduardo Campos abriu o seu baú e mostrou um pedaço dos dotes que pretende oferecer à praça.

Em troca de apoio e indulgência dos mercados, o neto que envergonharia o avô quer entregar um mandato fixo ao BC, com metas plurianuais de inflação e superávit fiscal.

Uma espécie de outro país dentro do Brasil.

Ao lado de um Presidente da República escolhido pelo voto direto, teríamos um presidente da republica do dinheiro. Com autonomia, e dotado de ferramentas calibradas e com abrangência suficiente para induzir e condicionar o destino do desenvolvimento, os limites da democracia, a sorte da sociedade.

Assessores do tucano Aécio Neves, sendo o economista Edmar Bacha o mais loquaz entre eles, não deixam por menos.

Um revival do PSDB no poder faria tudo isso e muito mais, asseguram pregoeiros de bico longo.

Por exemplo: deflagraria um choque de ‘eficiência’ com a derrubada em série de tarifas sobre importações.

O que sobrasse da indústria local e do emprego seria de primeira linha, garantem.

Outro arquiteto de países paralelos, o tucano Pérsio Arida, acha pouco a independência do BC.

Para ir além, sugere a independência da própria moeda nacional em relação ao governo.

Seu projeto, antigo fetiche do neoliberalismo verde-amarelo, é assegurar a conversibilidade automática do Real em relação ao dólar.

Viraria um anexo do dólar.

Terceirizar a moeda de uma nação é o equivalente econômico a renunciar ao monopólio da força por parte do Estado: abdica-se de um dos instrumentos cruciais na defesa do interesse público para entregar a sua gestão ao apetite privado.

A politica monetária vira uma espécie de Ucrânia nas mãos dos francos atiradores dos mercados.

O governo Dilma, sob as turquesas das agências de risco e da guerra de expectativas da mídia e do capital financeiro, falou a língua que eles entendem na última 5ª feita.

A oito meses das eleições, o governo cortou R$ 44 bi em investimentos, rebaixou a expectativa de crescimento do PIB para 2,5% e fixou o superávit fiscal em 1,9% do PIB.

O monólogo que anuncia ‘tempos difíceis’ vai impondo a sua ordem unida na frente da produção, do dinheiro, do emprego e da própria política.

Por tempos difíceis entenda-se a ampliação da margem de manobra dos capitais especulativos, que passam a ter na cambaleante recuperação das economias ricas um ponto de fuga adicional.

Graças a ele, amplificam seu já robusto poder chantagem sobre nações, governos e candidatos do mundo em desenvolvimento.

Ninguém sabe exatamente qual o fôlego ou a consistência da dita recuperação.

Depois de quase sete anos de colapso da ordem neoliberal, os indicadores mostram um saldo de terra arrasada no emprego e nos índices sociais e saneamento financeiro.

Por exemplo: hoje os fundos de investimento e de pensão tem 31% mais dinheiro do que o saldo anterior à crise. Com uma bolada equivalente a 75% do PIB mundial, eles detém um poder de comando apreciável sobre bolsas, moedas, governos e economias carentes de capitais, de um modo geral.

A narrativa conservadora faz o resto ao festejar o poder coercitivo adicional dessa alavanca , a cada suspiro na ‘recuperação’ das economias ricas.

O cheiro da virada de ciclo já basta.

Massas monstruosas de capitais se movimentam pelo mercado, ou apenas ameaçam faze-lo, ‘precificando’ hoje um amanhã que ninguém tem a certeza de quando virá nem como será.

Não importa: a incerteza é a água dos cardumes especulativos.

Governos, povos e nações precisam de chão firme: planejamento, regulação, metas de investimento, planos de crescimento de longo prazo.

O dinheiro grosso e os magos da arbitragem, ao contrário, respiram melhor debaixo do oceano da incerteza.

Ao não se confrontar as duas lógicas sanciona-se um esbulho.

O do jornalismo econômico, por exemplo, que mantém intacta a fé nas virtudes do laissez faire , como se 2007/2008 nunca tivessem existido no calendário econômico mundial.

A crítica cerrada ao Brasil por ‘ter abandonado’ as reformas amigáveis abafa uma pergunta básica: ‘Onde estaria o país hoje se a sua condução na crise tivesse sido obra dos sábios tucanos, por exemplo?’

O espelho europeu oferece a inquietante pista de que seríamos agora um grande Portugal.

Ou uma dilatada Espanha – um superlativo depósito de desemprego, ruína fiscal e sepultura de direitos sociais, com bancos e acionistas solidamente abrigados na sala VIP do Estado mínimo (para os pobres).

Incorporar os imperativos das agencias de risco, sem abrir uma discussão com a sociedade sobre os desafios da transição em curso no desenvolvimento brasileiro, pode gerar no imaginário social o efeito de uma gigantesca empresa demolidora.

Marretas sabidas golpeiam dia e noite a confiança erigida ao longo de uma década de construção negociada da democracia social no país.

O desafio progressista é fazer o contraponto desse desmonte.

Mesmo ao ceder no varejo –quando inevitável– é crucial reafirmar as linhas de passagem no atacado e distinguir um projeto de desenvolvimento da mera contabilidade pró-mercados.

O quadro latino-americano e mundial sinaliza uma inflexão de tempo histórico.
Não por acaso o site de O Globo desta 5ª feira editava como irmãs siamesas as imagens dos conflitos em Caracas e em Kiev.

A mensagem é nada sutil: afrontar o mainstream leva ao caos.

Não por coincidência, no mesmo dia, Obama emitia ordens imperativas a Maduro e ao governo da Ucrânia.

Mitigada a crise no front interno das nações ricas, cuida-se de restabelecer a ordem nos quintais indóceis.

É nesse ponto que o timming das ações do governo – de qualquer governo – faz enorme diferença na reordenação em marcha da correlação de forças.

Cada gesto, cada decisão, cada anúncio adquire uma dimensão estratégica; a forma como as providências são comunicadas, ademais de sua projeção e escopo mais geral, sobre o qual não pode pairar dúvida , ganha importância decisiva na disputa pelos corações e mentes da sociedade.

Uma crise de incerteza tem um tempo certo para ser abortada, ou derrotará o governo –a produção, o emprego e o imaginário social.

Os tempos são outros; a globalização tornou tudo mais difícil, alega-se.

E é verdade.

Mas é verdade também que a lógica dos mercado não vai resolver os problemas que ela mesma criou.

Não se pode amesquinhar o único espaço no qual esse poder imperial se defronta com um outro de igual para igual: a luta política na democracia.

O governo Dilma disse aos mercados nesta 5ª feira como pretende zelar pelos seus interesses.

É preciso que diga, a partir de agora — e de forma contundente na campanha— como um novo mandato progressista vai construir hegemonia dos interesses sociais mais amplos na travessia para o novo ciclo de desenvolvimento brasileiro.

Youtube sem entulho?

Watch Youtube Without The Ads, Comments, Suggestions, Etc – Gizmo’s Freeware: updated 25. November 2020, by rob.schifreen [Nota: o site Gizmo’s Freeware foi desativado em julho de 2021].

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O Caim que em nós desabrochou

Em putrefação está a cultura nacional pelo envenenamento de parte de suas fontes de elite: a cultura jurídica, o debate político e a cultura da informação. O péssimo é que, tal como os políticos costumam absolver seus pares, é mínima a probabilidade de que juízes ou professores ou jornalistas reconheçam a responsabilidade que lhes toca nessa podridão. São castas auto-imunes.

A violência usurpou a democracia – Wanderley Guilherme dos Santos: Carta Maior 15/02/2014

“Há algo de podre na política brasileira. O discurso do ódio contaminou a cultura. A violência física que assusta não é mais condenável do que a degradação pela palavra. Introduzido durante os debates da Ação Penal 470, a televisão propagou Brasil a fora o escárnio como argumento, a salivação como prova irrefutável e a falta de compostura de alguns magistrados como aparte retórico (…)

Com linguajar de estilo maneirista, as capas fúnebres do Supremo Tribunal Federal esculacharam quanto quiseram os réus da Ação Penal 470 perante uma audiência nacional (…) E continuam, buscando proibir que sejam depositários da solidariedade de cidadãos e cidadãs em pleno gozo de seus direitos civis e políticos. Não podendo oficialmente matá-los ou bani-los, apostam impor-lhes o ostracismo. É o discurso da vingança impotente movido a ódio.

O estímulo ao linguajar desabrido e ao julgamento apressado e irrecorrível encontrou na já virulenta blogosfera a ecologia apropriada para reprodução cancerosa. Com a ferramenta do anonimato e a indulgência prévia a qualquer desvario, o Caim em nós desabrochou com velocidade sônica. A filosófica vontade de morte, a definição humana de um ser para morte, revela-se menos conceitual e inocente na real inclinação para matar. A internet veicula milhares de assassinatos virtuais e de convocatórias à destruição. Sem não mais do que o subterfúgio de códigos primários, quando muito, ações predatórias são incentivadas a qualquer título. É total o descompasso entre avanço social e econômico do País e as toscas bandeiras eventualmente desfraldadas (…)

Sim, há algo de podre na política brasileira, mas enganam-se os que presumem que a podridão esteja só no Legislativo ou que de lá provenha. Para essa há remendos que asseguram a sobrevivência democrática. Em putrefação está a cultura nacional pelo envenenamento de parte de suas fontes de elite: a cultura jurídica, o debate político e a cultura da informação”.

Leia o texto completo.