Dom Demétrio: não faltará nosso apoio a Francisco

“De certa maneira, dá para dizer que o Papa Francisco, nesses seus primeiros dias de Bispo de Roma, escolheu as referências que traçam a linha do seu pontificado. Usou gestos e palavras, que servem de parâmetro, para ‘formatar’ esta linha.

Ele emitiu sua mensagem cifrada. Tentemos decifrá-la, para entender bem seu recado.

Sua jogada estratégica começou pela escolha do nome. Foi sua primeira decisão, depois de ter aceito sua eleição. Isto mostra que desde o seu primeiro momento como novo Bispo de Roma, foi logo traçando um rumo para a missão que acabava de abraçar.

Tendo São Francisco como referência, e como escudo para neutralizar possíveis resistências, foi colecionando gestos e palavras que foram cimentando as primeiras impressões positivas a respeito de sua pessoa e de suas intenções.

(…)

João XXIII teve a grande oportunidade de convocar um Concílio, para o qual canalizou as simpatias pessoais que ele tinha angariado, convocando a todos para o grande mutirão em que se constituiu o Concílio [Vaticano II].

Qual será o novo mutirão que o Papa Francisco vai desencadear, para justificar as grandes esperanças que ele despertou com sua insistente convocação nestes dias de Semana Santa?

Depois da Páscoa, a Igreja leva sua fé para o cotidiano da vida. Depois dos gestos e das palavras animadoras, o Papa Francisco precisa tomar suas primeiras iniciativas práticas.

Como pediu nossas orações, não lhe faltará nosso apoio para implementar suas decisões”.

Leia o texto completo de O papa e a páscoa, publicado por Dom Demétrio Valentini, Bispo de Jales, SP, na Adital em 28/03/2013. Também aqui.

A utopia de Boff: Francisco inaugura o 3º milênio?

A Igreja é chamada a sair de si mesma e ir para as periferias, não apenas geográficas, mas também as periferias existenciais: as do mistério do pecado, da dor, das injustiças, das ignorâncias e recusa religiosa, do pensamento, de toda miséria. Quando a Igreja não sai de si mesma para evangelizar torna-se autorreferencial e então adoece. Os males que, ao longo do tempo, se dão nas instituições eclesiais têm raiz na autorreferencialidade, uma espécie de narcisismo teológico.

Papa Francisco: inaugura o terceiro milênio?

O primeiro milênio do Cristianismo foi marcado pelo paradigma da comunidade. As igrejas possuíam relativa autonomia com seus ritos próprios: a ortodoxa, a copta, a ambrosiana de Milão, a moçárabe da Espanha e outras. Veneravam seus próprios mártires e confessores e tinham suas teologias como se vê na florescente cristandade do norte da África com Santo Agostinho, São Cipriano e o leigo teólogo Tertuliano. Elas se reconheciam mutuamente e, embora em Roma já se esboçasse uma visão mais jurídica, predominava a presidência na caridade. O segundo milênio foi caracterizado pelo paradigma da Igreja como sociedade perfeita e hierarquizada: uma monarquia absolutista centrada na figura do Papa como suprema cabeça (cefalização), dotado de poderes ilimitados e, por fim, infalível quando se declara como tal em assuntos de fé e moral (…) Este modelo de Igreja, tudo indica, se encerrou com a renúncia de Bento XVI (…) A eleição do Papa Francisco, vindo “do fim do mundo” como ele mesmo se apresentou, da periferia da cristandade, do Grande Sul, onde vivem 60% dos católicos, inaugura o paradigma eclesial do Terceiro Milênio: a Igreja como vasta rede de comunidades cristãs, enraizadas nas diferentes culturas (…) Será praticamente impossível de se falar em paróquias territoriais; mas, em comunidades de vizinhança de prédios ou de ruas próximas. Esse cristianismo terá como protagonistas…

Leia o artigo completo de Leonardo Boff na Adital – 28/03/2103. Em pdf, aqui.