BigBruno anunciou no fórum que foi lançado hoje, 13.08.2012, o último iso do Big Linux: BigLinux 12.04 Final.
Como sabemos, o BigLinux parou na versão 12.04.
Mas há novidades: BigLinux 19.04.1
BigLinux foi originalmente baseado no Kubuntu, mas a partir de 2017 a distribuição renasceu baseada no deepin. Em seguida, ofereceu dois ambientes de desktop – Cinnamon e Deepin. Em 2021 a distribuição trocou novamente de base e ambiente de desktop, migrando para Manjaro Linux rodando KDE Plasma.
Conheça a história do BigLinux em
Resumo do BigLinux, de 2004 a 2019 – Por BigBruno: 31 de agosto de 2019
De vez em sempre recebo alguma mensagem perguntando sobre a história do BigLinux, existe muito mais conteúdo no antigo fórum, mas por estar espalhado e ter milhares de mensagens no fórum, não é muito prático encontrar o conteúdo.
Então fiz um “pequeno” resumo da história do BigLinux, da primeira versão até a 19.04. O texto ainda assim ficou longo, pois, são 15 anos de história. Se fosse citar detalhadamente tudo que aconteceu em todo esse período, seria um livro, ou melhor, um big livro.
O primeiro BigLinux surgiu em 2004, era uma modificação do Kurumin, que era feito para funcionar em mini CD, que suporta apenas 180 MB, então o sistema tinha poucos programas instalados.
Então vamos lá, de 2004 a 2019:
1.x
O BigLinux começou sendo feito para CD normal, que cabe até 700 MB, mas no começo não utilizava tudo, nas primeiras versões ocupava pouco mais de 500 MB, porém, a lista de programas já era muito maior, com suíte Office completa, suporte a programas em java, editor de imagens e etc.
2.x
O BigLinux 2.0 teve um destaque muito grande por ser a primeira distribuição a disponibilizar um desktop 3D, aonde as janelas poderiam ser rotacionadas ou usar semi transparência. Isso fez a distribuição, que era disponibilizada só em português, virar notícia em diversos países. Na época o Google Translator ainda não existia, então eu não consegui identificar sequer em que língua estavam escritas algumas notícias sobre o BigLinux.
A versão 2.0 também foi lançada em uma revista que vinha com o CD incluso, uma curiosidade é que eu não fui informado do lançamento e sequer tive o nome mencionado na revista, apenas incluíram o CD, fizeram uma matéria falando sobre e lançaram nas bancas.
Na versão 2.1 ocorreram algumas melhorias e foi a primeira distribuição a ter opção de chamadas com o uso da webcam no MSN. Nessa época existia praticamente um monopólio do MSN como comunicador online e esse recurso era muito procurado.
Em pouco tempo começaram a ocorrer diversos problemas nas atualizações, essa foi a versão do BigLinux com o maior número de programas instalados, só navegadores WEB eram 4, tinha emuladores, servidor apache + mysql + php…
3.x
Então na versão 3.0 o caminho foi diferente, mudança de base do Debian para Ubuntu e um sistema com menos programas, porém, muito mais estável.
Nessa época o sistema de live-CD do Ubuntu era muito lento, então utilizei o mesmo método de live-CD utilizado no Knoppix, como ocorreu nas versões anteriores do BigLinux, porém, com repositórios Ubuntu.
Em relação aos recursos, manteve a opção do desktop 3D, incluiu um Desktop de uma empresa aqui do Brasil, o TDE, que não existe mais a muitos anos, teve uma grande redução nos programas já instalados, mas incluiu com forma fácil de instalá-los. Também adicionou suporte a escrita em partições NTFS, uma novidade na época.
Vale um parágrafo específico para o discador incluso no BigLinux 3.0, nessa época a internet discada ainda era muito popular, haviam provedores de internet discada entregando CDs por toda parte, porém, eles não funcionavam em Linux, era preciso descobrir o número do telefone do provedor e fazer a configuração manualmente, para esse lançamento do BigLinux nós fizemos o discador que deve ter sido o maior cadastro de número de provedores do Brasil, contava com diversos provedores de todos os estados, bastava o usuário escolher o seu estado e aparecia uma lista de números informando qual o provedor, ao selecionar a configuração era feita automaticamente, eu fiz a parte de programação e o principal cadastrador de números foi o Victor F. R. Neto, que contribuiu com o BigLinux por um bom tempo.
4.x
O BigLinux 4 foi uma evolução do 3, mas contou principalmente com a ajuda do Lunimare, um usuário do fórum que contribuiu muito com o visual do sistema, criou o logotipo que é utilizado até hoje e ajudou a fazer diversas ferramentas para o BigLinux 4. Essa versão possuía 8 opções de temas disponíveis já na hora de ligar o computador, além de uma ferramenta que facilitava a criação de outros temas, o Big-Desktop.
Essa foi a última versão com opção do desktop 3D, mas também tinha opção de usar o compiz, que gerava diversas animações ao abrir, fechar, mover ou minimizar as janelas, um dos efeitos que as pessoas mais gostavam era ver a janela pegar fogo ao ser fechada.
Essa versão foi lançada em 2008, realmente foi um trabalho extremamente detalhista, até hoje de vez em quando recebo alguma mensagem dizendo que foi o melhor sistema que já utilizaram.
11.10 e 12.04
Então veio o fim do KDE3 e com ele o fim do Kommander, a principal ferramenta usada no desenvolvimento do BigLinux, inviabilizou que uma próxima versão fosse simples de se fazer, versões de teste já estavam sendo feitas em 2009, mas só em janeiro de 2012 foi lançado um novo BigLinux.
Dessa vez no lugar do Kommander foi utilizado o BigBashView, uma ideia que tive de fazer shellscript e o resultado ser renderizado em um navegador WEB. Eu não consegui fazer funcionar, porém, falei com um amigo, o Thomaz dos Reis e ele criou o BigBashView, que é utilizado até hoje no BigLinux.
Atualmente existem diversos projetos nas mais diversas linguagens que renderizam suas saídas em navegadores WEB, recurso chamado atualmente de webview.
Para deixar o versionamento do BigLinux mais parecido com o do Ubuntu, de onde é derivado, essa versão foi chamada de 11.10, e ainda em 2012, teve a versão 12.04. Contando com ferramentas de restauração do sistema em caso de falhas, gerenciamento de servidores, e mais uma grande quantidade de facilidades.
Vale citar que foi a última versão com suporte a conexão discada, acredito que essa tenha sido a última distribuição a dar suporte a esse tipo de conexão, que em 2012 já estava sumindo do mercado.
Logo após o lançamento da versão 12.04 eu decidi por um caminho que era necessário, apesar de não ter sido produtivo.
União Livre
Desde 2005 já se falava de uma união entre as distribuições nacionais, para fazer algo como uma super distribuição, eu sempre fui a favor, alguns se diziam favoráveis também, mas nunca saía da conversa para a prática, então em 2012 entrei em contato com responsáveis por algumas distribuições nacionais que gostaram da ideia de união.
Para dar o pontapé inicial, eu anunciei que estava parando com o BigLinux, no momento a distribuição nacional de maior popularidade, para criar um projeto maior, chamado de União Livre, aonde todos poderiam aderir para criar uma só distribuição. Aconteceu que basicamente se juntaram a esse projeto pessoas que utilizavam o BigLinux, nenhuma outra distribuição aderiu.
Além de mim os dois mais atuantes foram o Rafael Neri e o Paulo Giovanni, então fizemos a distribuição de nome Kaiana, e a versão foi 14.04, já que a maior parte foi feita por mim e os principais colaboradores eram usuários do BigLinux, acabamos aproveitando boa parte do que existia do BigLinux 12.04 e lançamos a Kaiana 14.04. É quase um BigLinux 14.04.
Então ao descobrir que a união faz açúcar, mas é a competição que faz sistemas, conversamos sobre o que fazer e acabamos decidindo por deixar de lado o projeto União Livre e a distribuição Kaiana, já que são nomes que não se fixaram e o nome BigLinux continuava sendo o mais procurado.
Utilizando o Deepin como base
A distribuição Deepin estava crescendo muito e percebi que sem muito esforço conseguiria fazer diversas melhorias, tentei contato direto com eles e fiz várias sugestões, nenhuma foi aceita. Então comecei a fazer uma versão modificada, que em seu lançamento foi chamada de BigLinux 7.10, em referência à data do lançamento, o mês 10 do ano 2017.
Com uma seleção diferente de programas, a inclusão do desktop Cinnamon além do desktop do próprio Deepin, adição do suporte ao uso em modo Live, melhorias em diversas configurações, principalmente do apt-get, foi uma versão de relativo sucesso.
Essa foi a única versão do BigLinux sem o desktop KDE e também foi a que trouxe menos diferenciais em relação à distribuição de onde foi derivada. Justamente a falta do KDE e a dificuldade de ter um KDE estável e atualizado utilizando a base Deepin, me fez deixar de usar o BigLinux e voltar ao Debian.
19.04 a volta ao Ubuntu e o KDE
Utilizando o Debian, fiz testes com o formato de partição BTRFS e passei alguns meses testando configurações, então em meados de 2018 comecei a modificar o Debian para fazer uma versão do BigLinux, grande parte do trabalho foi em torno de otimizar o sistema para utilizar partições BTRFS com compactação ZSTD, um participante do grupo do BigLinux no Telegram ajudou nessa parte, o Tiago J. Silva.
Após vários meses fazendo essa nova versão com base Debian, também estava com dificuldades de manter o KDE em versão atualizada, aproveitei que ainda não havia sido lançado e acabei migrando de volta ao Ubuntu, de onde nunca deveria ter saído.
Essa versão, 19.04 traz mais ferramentas específicas do BigLinux do que a anterior:
• De volta com o tradicional painel de instalação e configuração do servidor Apache + Php + MySQL.
• Disponibilizando 3 opções de temas já na hora de ligar em modo Live.
• Mais de 30 webapps, com uma técnica simples que desenvolvemos, foi possível adicionar toda essa quantidade com muito pouco uso de armazenamento, a soma de todos os webapps não chega a 1 MB.
• Uma interface simples para instalar e remover versões de kernel, configurar drivers e o Grub.
• Interface simples para instalar fontes proprietárias muito comuns, por exemplo, Arial e Times New Roman, além de suporte a DRM e o plugin do Flash.
Porém, o ponto principal é o suporte ao sistema de arquivos BTRFS com compactação ZSTD já com todas as configurações necessárias para o melhor desempenho, desde configuração do gerenciador de boot, Grub, a criação automática de snapshots e configurações específicas, por exemplo, no gerenciador de pacotes Apt.
Dúvida recorrente, o suporte
Eventualmente me perguntam, como fica o suporte de cada versão, por exemplo, agora que ocorreu a volta ao BigLinux com Ubuntu e KDE, como fica o usuário que instalou o BigLinux com Deepin?
Desde o BigLinux 2.1, percebi que um projeto com pouca estrutura como é o BigLinux, deve se preocupar em não quebrar a compatibilidade com o sistema de onde foi derivado, dessa forma, ainda que eu não faça mais nenhuma atualização, o projeto base, no caso o Deepin, já disponibiliza todas as atualizações necessárias ao bom funcionamento do sistema.
Portanto, se você utiliza o BigLinux 7.10, pode continuar a utilizá-lo indefinidamente, enquanto o Deepin continuar mantendo os repositórios atualizados.
Com a versão 19.04 você continua não dependendo que o projeto BigLinux mantenha atualizações, continuamos lançando melhorias, mas caso não façamos, as atualizações vindas do Ubuntu já são o suficiente.
Conclusão
Desde o começo do BigLinux, um dos principais objetivos sempre foi ter um sistema que após instalar não seja necessário gastar tempo com configurações, e se for necessário, que seja um processo rápido e fácil. Inclusive trazendo recursos que, em geral, só estavam ao alcance de usuários avançados, já configurados e funcionando, ao alcance de qualquer pessoa.
A cada versão fazemos tudo ao nosso alcance para entregar o melhor resultado, e sempre conseguimos superar nossas próprias expectativas.
Para concluir, deixo um agradecimento geral aos que colaboram com o BigLinux, para que o projeto continue sempre evoluindo e sendo cada vez mais reconhecido, em especial aos que participam do Fórum, do grupo no Telegram e do grupo no Facebook.