MEC torna mais rígidas regras para universidade
O ministro da Educação, Fernando Haddad, homologa hoje uma resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) que estabelece regras mais rígidas para que instituições de ensino superior tenham o status de universidade. Passam a ser exigidos pelo menos dois programas de doutorado e quatro de mestrado. As atuais universidades terão até 2016 para se adaptar – atualmente quase a metade delas não conta com esse requisito mínimo.
A reportagem é de Luciana Alvarez e Fábio Mazzitelli e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 05/10/2010.
Segundo levamento feito pelo Estado com base em dados da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (Capes), das 187 universidades federais e particulares do País, 91 não têm os programas de pós-graduação exigidos pela nova norma. Delas, 12 são federais; as demais são instituições particulares. A resolução não vale para entidades estaduais e municipais, que seguem leis específicas, mas representantes de universidades federais também contestam a validade da medida. São Paulo é o Estado com o maior número de universidades sem o novo nível mínimo obrigatório de pesquisa [sublinhado meu]. São 24, todas particulares. No Sudeste, 43 das 80 universidades terão de se adaptar para não perder o título. O Centro-Oeste é a região com situação mais confortável. Tem 14 universidades e apenas 4 delas ainda não têm os 2 doutorados e 4 mestrados. No Norte, o Amapá tem apenas uma universidade, a Universidade Federal do Amapá (Unifap), e ela ainda não atende a essa nova exigência, pois oferece apenas um curso de doutorado. O “rebaixamento” para centros universitários ou faculdades tira da instituição parte de sua autonomia. “Nos anos 1980 e 1990, muita instituição virou universidade só em busca da autonomia, sem dar contrapartida em extensão e pesquisa. Dentro desse novo instrumento, muitas terão dificuldade de sobreviver como universidade”, acredita o reitor da Universidade Nove de Julho (Uninove), Eduardo Storopoli, que classifica a medida do MEC como um “avanço na avaliação do ensino superior”. “Uma universidade que está mal avaliada desde os anos 1990 pode cair até para faculdade”, diz. Muitas instituições de ensino particular, porém, não concordam com as novas regras e chegaram a entrar com recurso, que foi rejeitado pelo CNE. Roberto Covac, representante legal do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, que reúne faculdades, centros universitários e universidades, diz que o grupo argumentou que faltou diálogo com o setor. “Outro problema é que a regra é única para um País muito grande, com realidades muito diferentes”, afirmou. “Sem dúvida é uma conquista, amplamente discutida com a sociedade”, diz Paulo Speller, presidente da Câmara de Educação Superior do CNE. “Temos um bom prazo para as universidades se adaptarem. Não acredito que teremos problema com descredenciamentos.”
Fonte: Notícias: IHU On-Line – 05/10/2010