Avalos para Lemche: os estudos bíblicos devem mudar

Na revista online The Bible and Interpretation, neste mês de outubro, Niels Peter Lemche argumenta que os estudos bíblicos são necessários, respondendo a Hector Avalos O fim dos estudos bíblicos como uma obrigação moral.

Na mesma revista, Avalos retruca: I want to end THE WAY the Bible is studied. Ou seja, o que Avalos propõe é acabar com a maneira como a Bíblia é estudada hoje, não com todo e qualquer estudo da Bíblia.

“In my vision, the study of the Bible would simply be undertaken in the same way we study Homer’s Iliad, and nothing more”, diz Avalos.

Leia o ensaio To What End? A Response to Niels Peter Lemche

Lembro ao leitor brasileiro que este problema – discutir a relevância de um texto religioso em uma sociedade secularizada – me parece muito mais europeu e/ou norte-americano do que brasileiro. Por enquanto…

J. Alberto Soggin: 1926-2010

Morreu na quarta-feira, 27 de outubro de 2010, um dos mais interessantes professores com quem estudei no Pontifício Instituto Bíblico de Roma: J. Alberto Soggin.

Possuidor de uma enorme cultura, ele era um brilhante estudioso da Bíblia. Com ele trabalhei temas como as tradições patriarcais no Gênesis e os Cantos do Servo de Iahweh no Dêutero-Isaías.

No site do PIB, leio:

Prof. Alberto SOGGIN (1926-2010)

Il 27 ottobre 2010 è deceduto a Roma all’età di 84 anni, il Prof. Alberto SOGGIN, pastore della chiesa valdese.

Professore di Antico Testamento alla Facoltà Valdese di Teologia di Roma e di lingua e letteratura ebraica all’Università di Roma «La Sapienza», era stato professore invitato all’Istituto Biblico dal 1970 al 1999.

Aveva concluso la sua collaborazione con l’Istituto il 13 novembre 1999 con una conferenza pubblica (https://www.biblico.it/doc-vari/conferenza_soggin.html). In quella occasione il Decano della Facoltà Biblica, P. Stephen Pisano, presentò la collaborazione del prof. Soggin con il Biblico con queste parole:

Il Professore Soggin ha cominciato la sua collaborazione con noi nel 1970-71 con un corso sull’Introduzione al Pentateuco. E da quel momento, fino all’anno accademico scorso [1998-99], ha insegnato ben 27 corsi semestrali all’Istituto. Se si guardano i titoli dei vari corsi si può avere un’idea della grande varietà dei suoi interessi accademici, sempre nel campo dell’esegesi dell’Antico Testamento e della Storia d’Israele. Fra i suoi corsi tenuti al Biblico si trovano: «Le tradizioni su Abramo», «Introduzione ai Profeti d’Israele prima dell’Esilio», «Osservazioni sui testi del Servo di Jahwe nel Deutero- e nel Trito-Isaia», «Introduzione alle origini d’Israele», «Esegesi del libro dei Giudici», «Il profeta Amos» solo per menzionare alcuni dei temi trattati da lui in questi ultimi quasi trent’anni.

La sua gentile e competente collaborazione non si è però fermata solo al livello dell’insegnamento. Ha sempre partecipato attivamente alla vita accademica e sociale dell’Istituto. È stato uno dei più fedeli partecipanti al raduno annuale dei professori alla fine di quasi ogni anno accademico, e la sua presenza lì, spesso accompagnata dalla gentile Signora Soggin, ci ha dato l’occasione di uno scambio professionale e fraterno. La sua presenza tra noi e questo scambio hanno sempre significato per l’Istituto anche un contatto e un dialogo con la grande tradizione valdese.

Leia mais sobre Soggin no biblioblog de John F. Hobbins, que conviveu com ele bem mais do que eu: In Memoriam Jan Alberto Soggin (1926-2010). E no blog de Jim West: J. Alberto Soggin has Died e The Memorial Service for Jan Alberto Soggin.

Veja uma lista de algumas das publicações de J. Alberto Soggin aqui.

Por que a Folha precisa do processo contra Dilma?

Reproduzo, na íntegra, o artigo de Carta Maior, publicado hoje, 28/10/2010. É indispensável uma leitura atenta.

Amicus Curiae Virtual – A ação cautelar da Folha de S.Paulo

Com indisfarçável interesse de interferir no processo eleitoral, a Folha de S.Paulo ajuizou uma ação cautelar no STF para ter acesso ao processo que a ditadura militar moveu contra Dilma Rousseff. A Carta Maior (cujo nome é inspirado, justamente, na Constituição Federal do Brasil) abriu o espaço para que um amigo da Corte (figura rotineira em nosso sistema jurídico) possa expor a verdadeira intenção da Folha, aliada à falta de fundamento legal de sua pretensão. Entre fraudar o processo eleitoral e expor desnecessariamente a cidadã Dilma ou “dar um novo xerox” à Folha, não se pode ter dúvidas: preserva-se o processo democrático e a pessoa humana. O artigo é do advogado Márcio Mello Casado.

Márcio Mello Casado( *)

A Folha de São Paulo ajuizou em 25 de outubro de 2010 uma ação cautelar no Supremo Tribunal Federal (nº 2727), cuja intenção é obter o acesso às cópias do processo penal número 366/70, no Superior Tribunal Militar, em que foi ré a candidata Dilma Roussef.

A Ação cautelar foi distribuída à Ministra Cármen Lúcia. Ao receber o processo, ela determinou que fosse ouvido o Presidente do Superior Tribunal Militar, bem como que a Folha juntasse cópias do recurso extraordinário que citava no corpo da petição inicial.

O Presidente do Superior Tribunal Militar e a Folha atenderam aos pedidos da Ministra e a cautelar, neste momento, está nas mãos dela e pode ser despachada a qualquer momento.

POR QUE A FOLHA, NA ANTE-SALA DO VOTO, QUER TRAZER DE VOLTA AO DEBATE O PROCESSO IMPOSTO PELA DITADURA MILITAR CONTRA A CANDIDATA DILMA ROUSSEFF?

Carta Maior, cujo nome é inspirado justamente na Constituição Federal do país, abriu espaço para que um Amicus Curiae – um amigo do tribunal ou, em termos literais, um amigo da corte – possa expor a verdadeiro objetivo desta ação, aliado à falta de fundamento legal para o seu pleito.

A figura do amicus curiae, o amigo do Tribunal, tornou-se rotineira no sistema jurídico através da Lei 9.868/99, art. 7º, Parágrafo 2º (O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades).

Em uma medida cautelar como a que a Folha ingressou, o amicus curiae formal, dificilmente seria aceito, visto que a admissão dele estaria vinculada às Ações Direta de Inconstitucionalidade e Declaratória de Constitucionalidade.

No entanto, um amigo do Tribunal, alguém que tenha interesse em informá-lo e, porque não, também à sociedade, pode fazê-lo fora dos autos.

Desorganização ou má intenção?

A Folha está preocupada em informar o cidadão brasileiro sobre a vida e a militância da candidata Dilma Rousseff durante a ditadura militar. Tais informações, segundo alega, somente podem ser obtidas por meio do acesso aos arquivos que estão no Superior Tribunal Militar.

Há, aí, desde logo, um problema ético. A atuação da candidata Dilma Rousseff durante a ditadura não pode ser medida pela régua de um processo dirigido pela supremacia do torturador sobre a vítima indefesa.

Qualquer informação contida nestes arquivos estará parcial ou, mais provavelmente, contaminada na íntegra por esse indutor de violência conhecida e comprovada. Ademais, qualquer condenação que tenha sido imposta à candidata Dilma, por um Estado de Exceção, foi acobertada pela Lei da Anistia.

Mas a Folha está preocupada em informar o cidadão brasileiro, o que, além de louvável, não deixa de ser uma surpresa. Justo neste momento, a Folha resolveu colocar-se como defensora da liberdade de imprensa e reputa como de indiscutível interesse público informações contidas em um processo penal dirigido e com provas obtidas pelas mãos e métodos criminosos.

Ressalvadas as deformidades das informações aí contidas, é evidente, no entanto, que se trata de documento –até para a ilustração do regime que o promoveu– dotado de algum interesse histórico. O acesso a ele deveria ser franqueado a todos, assim como todos os arquivos da época da ditadura deveriam ser abertos ao público, que tem o direito à memória e à história da sociedade em que vive.

Visto desse ângulo, teria pertinência o pedido da a Folha de acesso aos autos, justo neste momento?

A resposta é não, por dois motivos:

a) em primeiro lugar porque ela já obteve o que reivindica. Em 12 de Marco 2009, por meio da jornalista Fernanda Odilla, o jornal já extraiu cópias do processo em questão;

b) sobretudo, porém, não há interesse público algum neste material datado e induzido pelo regime de exceção, no momento. Exceto o interesse unilateral da Folha e, eventualmente, o da própria candidata Dilma Rousseff que, todavia, jamais se manifestou nesse sentido.

Há, no entanto, circunstâncias antecedentes que autorizam suspeitar das motivações mais profundas que orientam o pleito do veículo paulista.

A Folha, em 2009, produziu a matéria intitulada: “Grupo de Dilma planejava sequestrar Delfim”. Esta matéria foi rechaçada, de forma veemente, pelo jornalista Antonio Roberto Espinosa.

Ou seja, quando teve acesso aos documentos do processo da candidata Dilma, a Folha já fez deles um uso distorcido que reforçam as suspeitas em torno dessa segunda investida, em curso há dois meses.

A verdade é que os reais interesses que movem a Folha não são pautados pelo interesse público. A Folha deseja, como já o fez, elaborar matéria depreciativa, partindo de dados (que já tem, porém legitimados pela autorização desta Corte) produzidos há quarenta anos por métodos e motivações de um regime de exceção instruído com elementos de prova produzidos por criminosos travestidos de agentes do Estado.

Interesses individuais foram argüidos pelo STM ao negar o novo acesso, no meio da campanha eleitoral. Entretanto, estes são os direitos mais caros aos cidadãos e que são os pilares de uma democracia: privacidade, dignidade da pessoa humana, honra e imagem. Ou um candidato à Presidência da República não pode ter tais direitos preservados? Evidente que sim. A candidata Dilma é, antes, a pessoa humana Dilma.

Ela estava no Brasil, lutando pela democracia. Foi perseguida, presa, torturada e processada por seus algozes. A Folha quer agora surfar eleitoralmente nos resultados de um processo violento pautado pelo pau-de-arara, choques e agressões morais.

A Folha jamais poderá ter acesso a tais documentos? Estamos convencidos que o acesso deve ser franqueado; a Folha pode produzir a matéria que bem entender sobre a candidata Dilma ou qualquer outro candidato. Mas, neste momento, o que está sendo chamado de liberdade de imprensa serve justamente para fraudar o processo da liberdade democrático em um de seus mais sagrados momentos: o voto universal dos brasileiros e brasileiras.

Sejamos francos, a Folha tem os documentos do processo. Certamente, não os perdeu. Deseja novas cópias para esquentar e legitimar a matéria já citada que, no ano passado, foi ridicularizada pela opinião política do país.

Nem a revista Veja, que pediu cópia do mesmo processo, em 26 de fevereiro de 2010, por meio do repórter Luiz Otávio Bueno Cabral, teve coragem de prosseguir na empresa de violar a vida privada, a intimidade, a honra e a imagem da candidata Dilma.

Dentro de uma idéia de proporcionalidade e choque de interesses, todos protegidos pela Constituição Federal (liberdade de imprensa, dignidade da pessoa humana e liberdades individuais), neste momento, parece-nos que liberar para cópias um processo penal, cuja processada já foi anistiada, é subverter a Carta Maior. Depois de publicada a matéria, nenhuma Ação de Indenização será capaz de restabelecer não só a honra da candidata, mas o processo eleitoral que pode restar irremediavelmente viciado. Tais riscos, certamente, estão acima dos interesses INDIVIDUAIS da Folha.

Não cabe a Cautelar no STF

Do ponto de vista processual, a cautelar apresentada pela Folha não é cabível. E quem afirma isto é o próprio Supremo Tribunal Federal, em inúmeros julgados anteriores, que culminaram na edição das súmulas 634 e 635, as quais, expressamente, determinam, sucessivamente: “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem” e “Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade”.

Ademais, o próprio recurso extraordinário apresentado pela Folha é completamente vazio de fundamento, eis que se opõe a pedido de vistas, regimentalmente previsto no STM. O mérito do mandado de segurança da Folha ainda não foi decidido. Haverá supressão de um grau de jurisdição se a cautelar pretendida pela Folha for concedida.

Qualquer medida cautelar necessita, para sua concessão, além de fumaça de um bom direito (e aqui não há nenhuma) do denominado perigo na demora. O caso em exame traz um pedido da Folha para ter acesso a fatos ocorridos há quarenta anos atrás, aos quais –repetimos– ela já teve acesso; quer agora usar esta Corte para legitimar o que já possui! Pior, são fatos, do ponto de vista do Estado Democrático de Direito, não mais relevantes, visto que a eventual condenação foi objeto de anistia.

Conclusão

Entre fraudar o processo eleitoral e expor desnecessariamente a cidadã Dilma Rousseff ou “dar um novo xerox” à Folha , que almeja um endosso desta Corte para seus objetivos escusos, não se pode ter dúvidas: preserva-se o processo democrático e a pessoa humana.

(*) Advogado. Mestre em Direito PUC/SP. Doutorando em Direito PUC/SP

Os Manuscritos do Mar Morto e a história de sua descoberta

Segundo a editora, Os Manuscritos do Mar Morto: Uma História Completa, Volume I, é o primeiro de dois volumes que oferece a mais completa descrição da descoberta dos manuscritos e de sua história nos últimos 60 anos.

FIELDS, W. W. The Dead Sea Scrolls: A Full History. Volume I. Leiden: Brill, 2009, 608 p. – ISBN 9789004175815

Who discovered the Dead Sea Scrolls? When and where were they discovered? How were they saved? Who bought them and who paid for them? Who has them now and who owns them? Will more be discovered? Have all the scrolls been published? Are some still hidden away? Were there conspiracies to suppress some scrolls? Preceded by The Dead Sea Scrolls: A Short History, 2006 [resenha na RBL por Eric F. Mason, 28/03/2009], The Dead Sea Scrolls, A Full History, vol. 1, is the first of a projected two volumes offering a more complete account of the discovery of the scrolls and their history over the past 60 years since the first scrolls were discovered in a cave near the Dead Sea. Weston W. Fields, Th.D., Ph.D., has been Executive Directory of the Dead Sea Scrolls Foundation in Jerusalem since 1991.

Novo texto de Finkelstein sobre a monarquia unida em Israel

O mais recente texto de Israel Finkelstein sobre o reino unido de Davi e Salomão é A Great United Monarchy? Archaeological and Historical Perspectives e está nas páginas 3-28 do livro

KRATZ, R. G.; SPIECKERMANN, H. (eds.) One God – One Cult – One Nation: Archaeological and Biblical Perspectives. Berlin: Walter de Gruyter, 2010, 463 p. – ISBN 9783110223576.

Do livro diz a editora:
Recent archaeological and biblical research challenges the traditional view of the history of ancient Israel. This book presents the latest findings of both academic disciplines regarding the United Monarchy of David and Solomon (‘One Nation’) and the cult reform under Josiah (‘One Cult’), raising the issue of fact versus fiction. The political and cultural interrelations in the Near East are illustrated on the example of the ancient city of Beth She’an/Scythopolis and are discussed as to their significance for the transformation in the conception of God (‘One God’). The volume contains 17 contributions by internationally eminent scholars from Israel, Finland and Germany.

Die jüngere archäologische und bibelwissenschaftliche Forschung stellt das traditionelle Bild der Geschichte des antiken Israel infrage. Der vorliegende Band führt neueste Forschungsergebnisse beider Wissenschaftsdisziplinen zusammen und stellt die Frage nach der historischen Faktizität oder literarischen Fiktionalität des Davidisch-Salomonischen Großreichs (‘One Nation’) und der Kultreformmaßnahme unter Josia (‘One Cult’). Die politischen und kulturellen Wechselbeziehungen innerhalb des Vorderen Orients werden am Beispiel der antiken Stadt Beth She’an/Scythopolis veranschaulicht und in ihrer Bedeutung für den Wandel des Gottesbildes (‘One God’) problematisiert. Der Sammelband enthält siebzehn englischsprachige Beiträge von international anerkannten Forschern aus Israel, Finnland und Deutschland.

Entre os autores estão, além de Israel Finkelstein, Amihai Mazar, Erhard Blum, Alexander Rofé, Markus Witte, Reinhard G. Kratz, Hanspeter Schaudig, Ze’ev Herzog, Juha Pakkala, Gabriel Mazor, Katharina Heyden, Hermann Spieckermann, Matthias Köckert, Ephraim Stern, Michael Segal e Christoph Auffarth. O sumaário do livro pode ser visto no site da editora Walter de Gruyter. Os ensaios estão em inglês.

O texto de Israel Finkelstein começa dizendo que:
“Twelve years have passed since I first presented – to the German Institute in Jerusalem – my ideas on the chronology of the Iron Age strata in the Levant and how it impacts on our understanding of the biblical narrative on the United Monarchy of ancient Israel. I was naïve enough then to believe that the logic of my ‘correction’ was straightforward and clear. Twelve years and many articles and public debates later, however, the notion of Davidic conquests, Solomonic building projects, and a glamorous United Monarchy – all based on an uncritical reading of the biblical text and in contradiction of archaeological finds – is still alive in certain quarters. This paper presents my updated views on this matter, and tackles several recent claims that archaeology has now proven the historicity of the biblical account of the great kingdom of David and Solomon”.

Biblioteca Digital de Fernando Pessoa

A Biblioteca que pertenceu ao escritor português Fernando Pessoa (Lisboa, 1888-1935) foi colocada online. São 1142 volumes, de todos os gêneros e em vários idiomas, densamente anotados e manuscritos.

Diz Inês Pedrosa na Apresentação:
Procurámos tornar acessível e simples a compreensão da biblioteca no seu todo – que está classificada por categorias temáticas – e a consulta de cada livro. Destacámos páginas que incluem manuscritos do próprio Pessoa – ensaios e poemas escritos nas páginas de guarda dos livros. Trata-se de uma biblioteca aberta ao infinito da interpretação – bela, surpreendente e instigante, como tudo o que Fernando Pessoa criou. Usufruam-na.

O acesso se faz através do site Casa Fernando Pessoa.

Lemche para Avalos: os estudos bíblicos são necessários

Na revista online The Bible and Interpretation, neste mês de outubro, Niels Peter Lemche argumenta que os estudos bíblicos são necessários, respondendo a Hector Avalos O fim dos estudos bíblicos como uma obrigação moral.

Este texto de Avalos foi publicado em BOER, R. (ed.) Secularism and Biblical Studies. London: Equinox Publishing, 2010, 224 p. – ISBN 9781845533755.

Leia o ensaio Why Biblical Studies Are Necessary.

Leia Mais:
Avalos publica livro contra os estudos bíblicos

Manuscritos do Mar Morto serão colocados na Internet

Os Manuscritos do Mar Morto serão digitalizados e colocados na Internet. Isto foi amplamente noticiado pelos jornais em 2008. Veja meu post Manuscritos do Mar Morto estarão online, de 1 de setembro de 2008.

Agora, no site da IAA – Israel Antiquities Authority – na seção “Press Office”, com data de 19 de outubro de 2010, se lê:

Israel Antiquities Authority, Partner with Google R&D Center in Israel

Israel Antiquities Authority, Partner with Google R&D Center in Israel – To Make Dead Sea Scrolls Available On-line. With Lead Funding from the Leon Levy Foundation and a Major Donation of the Arcadia Foundation. “Leon Levy Dead Sea Scrolls Digital Library” Will Enable Imaging, Digitization of 900-Manuscript Collection.

As part of the celebrations on the occasion of the 20th anniversary of its establishment, the Israel Antiquities Authority is launching a unique project – The Leon Levy Dead Sea Scrolls Digital Library – to document the entire collection of the Dead Sea Srolls.

A major lead gift from the Leon Levy Foundation, with additional major funding from the Arcadia Foundation and the support of Yad Hanadiv Foundation, will enable the Israel Antiquities Authority to use the most advanced and innovative technologies available to image the entire collection of 900 manuscripts comprising c. 30,000 Dead Sea Scrolls fragments in hi-resolution and multi spectra and make the digitized images freely available and accessible to anyone anywhere in the world on the internet. This is the first time that the collection of Scrolls will be photographed in its entirety since the 1950’s.

The IAA announced this morning that it is collaborating with the Google R&D center in Israel in this milestone project to upload not only all of the digitized Scrolls images but also additional data online that will allow users to perform meaningful searches across a broad range of data in a number of languages and formats, which will result in unprecedented scholarly and popular access to the Scrolls and related research and scholarship and should lead to new insights into the world of the Scrolls.

The innovative imaging technology to be used in the project has been developed by MegaVision, a U.S. based company, and will be installed in the IAA’s laboratories in early 2011. The MegaVision system will enable the digital imaging of every Scroll fragment in various wavelengths in the highest resolution possible and allow long term monitoring for preservation purposes in a non-invasive and precise manner. The images will be equal in quality to the actual physical viewing of the Scrolls, thus eliminating the need for re-exposure of the Scrolls and allowing their preservation for future generations. The technology will also help rediscover writing and letters that have “vanished” over the years; with the help of infra-red light and wavelengths beyond, these writings will be brought “back to life”, facilitating new possibilities in Dead Sea Scrolls research. Uploading the images to the internet will be achieved with the assistance of Google-Israel and will be accompanied by meta-data including transcriptions, translations and bibliography.

According to Shuka Dorfman, IAA General Director, “we are establishing a milestone connection between progress and the past to preserve this unique heritage for future generations. At the end of a comprehensive and profound examination we have succeeded in recruiting the best minds and technological means to preserve this unrivalled cultural heritage treasure which belongs to all of us, so that the public with a click of the mouse will be able to freely access history in its fullest glamour. We are proud to be embarking on a project that will provide unlimited access to one of the most important archaeological finds of the 20th Century, crucial to Biblical studies and the history of Judaism and early Christianity. We are profoundly grateful to Shelby White and the Leon Levy Foundation for their lead major gift and to the Arcadia Foundation for its major gift to this project.”

Professor Yossi Matias, Director of Google-Israel R&D center, said that “We are proud to take part in a project that will share the IAA’s National Treasures with the entire world. This project will enrich and preserve an important and meaningful part of world heritage by making it accessible to all on the internet. We shall continue with this historical effort to make all existing knowledge in archives and storages available to all”.

The announcement this morning comes after 3 years of research in which the IAA investigated the best imaging technologies, information systems, and preservation methods and raised the necessary funds to begin the project. Pnina Shor is the project manger on behalf of the IAA and is assisted by academic institutions and the best professionals in their respective fields in Israel and abroad, including Prof. Steve Weiner from the Weitzman Institute, Prof. Zeev Aizenshtat from the Hebrew University of Jerusalem, Dr. Gregory Bearman, formerly a principal scientist at the jet Propulsion Laboratory, California Institute of Technology, Dianne van der Reyden, Director of the Library of Congress Preservation Directorate, Washington, USA, and Prof. Emilio Marengo and Marcello Manferdi from Eastern Piemont University, Italy.

About The Leon Levy Foundation: The Leon Levy Foundation, founded in 2004, is a private, not-for-profit foundation created from the estate of Leon Levy, a legendary investor with a longstanding commitment to philanthropy. The Foundation’s overarching goal is to continue the tradition of humanism characteristic of Mr. Levy by supporting scholarship at the highest level, ultimately advancing knowledge and improving the lives of individuals and society at large.

About the Arcadia Foundation: Arcadia is the charitable foundation of Lisbet Rausing and Peter Baldwin. Since inception in 2001 Arcadia has awarded in excess of $192 million. For more details on Arcadia please visit their website.
The Israel Antiquities Authority is the preeminent organization in the field of Israeli and Biblical archaeology. It is responsible for all matters of archaeology in Israel including land and marine excavations, development and protection of archaeological sites, archaeological research, education, publication, conservation and restoration of objects and sites, and presentation of archaeological material in Israel and abroad. It is the custodian of the National Collections, including nearly 1 million archaeological objects among them the Dead Sea Scrolls, and more than 20,000 archaeological sites throughout Israel. The archaeological work conducted in the country is both universal in preserving the heritage of all humankind and the historic record of human culture in the world of Israel, and at the same time uniquely meaningful to the Jewish people and the State of Israel.

Ou seja: o Google entrou no jogo e parece que agora o projeto desencanta.

Leia a notícia, em português, aqui.

Outra nota, em inglês, aqui.

E, finalmente, no blog do Jim, a reprodução completa da nota do IAA.

O apoio a Dilma no Rio de Janeiro em 18 de outubro

Artistas e intelectuais repetem um palanque como o de 1989
É provável que um palco tão amplo e representativo do mundo da cultura no Brasil só tenha paralelo com a rede de apoiadores da campanha Lula de 1989. Quase duas mil pessoas lotaram platéia, corredores, mezaninos, hall de entrada e a calçada da casa de espetáculos, enquanto uma chuva intermitente desabava sobre a cidade. No palco, entre outros, estavam Oscar Niemeyer, Chico Buarque, Rosemary, Alcione, Ziraldo, Fernando Morais, Elba Ramalho, Renato Borgehetti, Yamandu Costa, Hugo Carvana, Leci Brandão, Alceu Valença, Paulo Betti, Marco Aurélio Garcia, Chico César, João Pedro Stédile, Antonio Grassi, Sergio Mamberti e muitos outros.

Leia o artigo de Gilberto Maringoni, publicado em Carta Maior, 19/10/2010.

Ato reúne centenas de artistas e intelectuais em apoio à Dilma
Centenas de artistas e intelectuais, além de parlamentares, jornalistas, ambientalistas e militantes, lotaram o tradicional Teatro Casa Grande, no bairro do Leblon, e levaram seu apoio à petista. Do lado de fora, cerca de mil pessoas tentavam entrar no teatro. Com um nível de emoção acima da média até aqui registrada nesta campanha, o ato lembrou antigas jornadas da esquerda carioca e teve direito a palavras de ordem, lágrimas e uma pequena manifestação de rua após o evento.

Leia o texto escrito por Maurício Thuswohl e publicado em Carta Maior em 19/10/2010.

Veja no YouTube: Em São Paulo, em 19 de outubro, juristas e intelectuais defendem eleição de Dilma

Manifesto dos cristãos pela eleição de Dilma

“Se nos calarmos, até as pedras gritarão!”

Manifesto de Cristãos e cristãs evangélicos/as e católicos/as em favor da vida e da Vida em Abundância!

Somos homens e mulheres, ministros, ministras, agentes de pastoral, teólogos/as, padres, pastores e pastoras, intelectuais e militantes sociais, membros de diferentes Igrejas cristãs, movidos/as pela fidelidade à verdade, vimos a público declarar:

1. Nestes dias, circulam pela internet, pela imprensa e dentro de algumas de nossas igrejas, manifestações de líderes cristãos que, em nome da fé, pedem ao povo que não vote em Dilma Rousseff sob o pretexto de que ela seria favorável ao aborto, ao casamento gay e a outras medidas tidas como “contrárias à moral”.

A própria candidata negou a veracidade destas afirmações e, ao contrário, se reuniu com lideranças das Igrejas em um diálogo positivo e aberto. Apesar disso, estes boatos e mentiras continuam sendo espalhados. Diante destas posturas autoritárias e mentirosas, disfarçadas sob o uso da boa moral e da fé, nos sentimos obrigados a atualizar a palavra de Jesus, afirmando, agora, diante de todo o Brasil: “se nos calarmos, até as pedras gritarão!” (Lc 19, 40).

2. Não aceitamos que se use da fé para condenar alguma candidatura. Por isso, fazemos esta declaração como cristãos, ligando nossa fé à vida concreta, a partir de uma análise social e política da realidade e não apenas por motivos religiosos ou doutrinais. Em nome do nosso compromisso com o povo brasileiro, declaramos publicamente o nosso voto em Dilma Rousseff e as razões que nos levam a tomar esta atitude:

3. Consideramos que, para o projeto de um Brasil justo e igualitário, a eleição de Dilma para presidente da República representará um passo maior do que a eventualidade de uma vitória do Serra, que, segundo nossa análise, nos levaria a recuar em várias conquistas populares e efetivos ganhos sócio-culturais e econômicos que se destacam na melhoria de vida da população brasileira.

4. Consideramos que o direito à Vida seja a mais profunda e bela das manifestações das pessoas que acreditam em Deus, pois somos à sua Imagem e Semelhança. Portanto, defender a vida é oferecer condições de saúde, educação, moradia, terra, trabalho, lazer, cultura e dignidade para todas as pessoas, particularmente as que mais precisam. Por isso, um governo justo oferece sua opção preferencial às pessoas empobrecidas, injustiçadas, perseguidas e caluniadas, conforme a proclamação de Jesus na montanha (Cf. Mt 5, 1- 12).

5. Acreditamos que o projeto divino para este mundo foi anunciado através das palavras e ações de Jesus Cristo. Este projeto não se esgota em nenhum regime de governo e não se reduz apenas a uma melhor organização social e política da sociedade. Entretanto, quando oramos “venha o teu reino”, cremos que ele virá, não apenas de forma espiritualista e restrito aos corações, mas, principalmente na transformação das estruturas sociais e políticas deste mundo.

6. Sabemos que as grandes transformações da sociedade se darão principalmente através das conquistas sociais, políticas e ecológicas, feitas pelo povo organizado e não apenas pelo beneplácito de um governante mais aberto/a ou mais sensível ao povo. Temos críticas a alguns aspectos e algumas políticas do governo atual que Dilma promete continuar. Motivo do voto alternativo de muitos companheiros e companheiras Entretanto, por experiência, constatamos: não é a mesma coisa ter no governo uma pessoa que respeite os movimentos populares e dialogue com os segmentos mais pobres da sociedade, ou ter alguém que, diante de uma manifestação popular, mande a polícia reprimir. Neste sentido, tanto no governo federal, como nos estados, as gestões tucanas têm se caracterizado sempre pela arrogância do seu apego às políticas neoliberais e pela insensibilidade para com as grandes questões sociais do povo mais empobrecido.

7. Sabemos de pessoas que se dizem religiosas, e que cometem atrocidades contra crianças, por isso, ter um candidato religioso não é necessariamente parâmetro para se ter um governante justo, por isso, não nos interessa se tal candidato/a é religioso ou não. Como Jesus, cremos que o importante não é tanto dizer “Senhor, Senhor”, mas realizar a vontade de Deus, ou seja, o projeto divino. Esperamos que Dilma continue a feliz política externa do presidente Lula, principalmente no projeto da nossa fundamental integração com os países irmãos da América Latina e na solidariedade aos países africanos, com os quais o Brasil tem uma grande dívida moral e uma longa história em comum. A integração com os movimentos populares emergentes em vários países do continente nos levará a caminharmos para novos e decisivos passos de justiça, igualdade social e cuidado com a natureza, em todas as suas dimensões. Entendemos que um país com sustentabilidade e desenvolvimento humano – como Marina Silva defende – só pode ser construído resgatando já a enorme dívida social com o seu povo mais empobrecido. No momento atual, Dilma Rousseff representa este projeto que, mesmo com obstáculos, foi iniciado nos oito anos de mandato do presidente Lula. É isto que está em jogo neste segundo turno das eleições de 2010.

Com esta esperança e a decisão de lutarmos por isso, nos subscrevemos…

O Manifesto foi lido e entregue a Dilma no evento de 18 de outubro no Teatro Casa Grande, no Rio de Janeiro.