Como os leitores do blog estão lembrados, a vinda de Israel Finkelstein a Porto Alegre foi noticiada na postagem Israel Finkelstein faz palestra no Brasil.
Hoje recebi do Professor Irineu Rabuske, da PUCRS, o seguinte relato da palestra do arqueólogo Israel Finkelstein:
Israel Finkelstein em Porto Alegre
O Prof. Israel Finkelstein falou no dia 30 de setembro, às 20h00, para um variado público, no auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre.
Sua vinda, de Buenos Aires, onde se encontra para uma atividade acadêmica mais extensa, foi iniciativa de um doutorando da Faculdade de História [Josué Berlesi] e do respectivo Programa de Pós-Graduação. Isso explica porque o evento ficou, em princípio, reduzido ao ambiente daquela Faculdade. Mesmo assim, muita gente tomou conhecimento e compareceu, lotando quase por completo o auditório.
Como deveria falar para alunos de História, o Prof. Finkelstein explicou com bastante propriedade e clareza os métodos de pesquisa da arqueologia e sua articulação com a história, passando então diretamente aos problemas relacionados aos relatos bíblicos do AT e as possíveis contribuições da arqueologia, principalmente no que se refere à cronologia.
Prof. Finkelstein fez questão de esclarecer que, entre os pesquisadores da Historia de Israel, não concorda em ser classificado entre os minimalistas. Reiteradamente afirmou que procura trilhar um caminho “de centro”. Para tanto, esmerou-se em explicar, com riqueza de detalhes a questão da distância entre eventos e sua fixação em textos escritos, uma vez que a arqueologia, segundo o Professor, comprova que, no território de Israel, não há vestígios de atividade gráfica anterior ao ano 700 a.C. Com isso, a pesquisa deve estar atenta a toda sorte de possíveis anacronismos, para o que também pode contribuir a crítica literária dos textos.
Com a simpatia que o caracteriza, o Prof. Finkelstein proferiu uma agradável e instrutiva palestra. Foi uma passagem meteórica pelo sul do País. É de se augurar que o Professor Israel Finkelstein possa retornar ao Brasil para falar a biblistas, exegetas e teólogos.
Irineu J. Rabuske – Porto Alegre: 02/10/2009
Filkenstein não é de centro. ELe é tão minimalista quanto Thompsom, e menos do que Davies. Mas está longe de medialistas como John Walton, Kenneth Kitchen, Richard Hers.Ele, tanto quanto a maioria, enquadra seu trabalho em uma agenda de história segundo a qual, necessariamente, uma dicotomia classista embutida nos textos e uma defesa ideológica "superestrutural" por parte dos cronistas.
:: The Names:
Israel Finkelstein
Thomas L. Thompson – Philip R. Davies
John H. Walton – Kenneth A. Kitchen – Richard S. Hess
:: A Book:
LONG, V. P.; WENHAM, G. J.; BAKER, D. W. (eds.) Windows into Old Testament History: Evidence, Argument, and the Crisis of "Biblical History". Grand Rapids: Eerdmans, 2002, viii + 204 p. – ISBN 9780802839626.
:: Reviews: RBL
Ótima dica, prof. Airton, para uma contextualização.
Nesse campo, penso que o maximalismo excessivo e minimalismo excessivo são coisas a se fugir, e um passeio em vários campos do espectro media-minimalista (apontaria Filkenstein como um representante elegante), medialista (William Dever) e media-maximalista (Richard Hess ou Kitchen) nos traz bons proveitos, nessa interação arqueologia/bíblia hebraica, sem buscar forçar demais os materiais a se encaixarem no seu Zeitgest.
O Dever parece que é desses, o menos tratado no Brasil. Ele é gosta de polemizar com vários lados.
Um bom dele, semelhante ao que indicou: What Did the Biblical Writers Know and When Did They Know It?: What Archaeology Can Tell Us About the Reality of Ancient Israel
https://www.amazon.com/What-Biblical-Writers-Know-When/dp/080282126X
Gosto dele não por compartilhar todas as posições (pois não vejo essa a melhor forma de elencar as leituras), mas pela ótima discussão quanto ao memorial dos escritos, evitando injunções arbitrárias ex ante sobre a arqueologia tanto por linha religiosa quanto por político-ideológica.
Algo que não passa despercebido, em todas essas obras, é o grande conflito de ego entre os pesquisadores das diferentes posições. Eles não escondem.
Abçs