As religiões da profecia

As religiões da profecia: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo: este é o tema de capa da revista IHU On-Line, edição 302, de 3 de agosto de 2009. Veja:

. Michel Cuypers: Corão e Bíblia: similaridades?
. Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto: O Islã: representações de uma Religião Universal
. Carlos Frederico Barboza de Souza: Sufismo: uma mística que busca o equilíbrio
. Guershon Kwasniewski: Chegamos ao topo da babel. É preciso retornar
. Ruben Najmanovich: Deus faz parte do desenvolvimento humano
. Pedro Rubens: “O papel social da religião mudou”
. Claude Geffré: O diálogo inter-religioso e a consciência humana universal
. Karl-Josef Kuschel: O papel contemporâneo da religião
. Joe Marçal: Diálogo inter-religioso: uma questão de saúde pública e planetária
. Marcel Gauchet: As religiões não são mais determinantes para a vida coletiva
. Michael Löwy: O retorno do religioso

Uma amostra:
IHU On-Line – A Teologia da Libertação pode se apresentar como uma “releitura do Cristianismo”?

Michael Löwy – O Cristianismo da Libertação – vasto movimento social que encontrou na Teologia da Libertação sua expressão mais sistemática – é uma releitura do Cristianismo à luz da situação dos pobres na América Latina e nos países do Sul, referindo-se em particular ao paradigma do Êxodo, aos profetas bíblicos e a práticas das primeiras comunidades cristãs. O Cristianismo da Libertação utiliza alguns conceitos essenciais do marxismo, ao mesmo tempo para entender as causas da pobreza – o capitalismo – e para imaginar uma utopia social, uma sociedade sem classes, livre e igualitária.

Obama poderia ser o anticristo?

Na cabeça de muitos fundamentalistas (norte-americanos e… sei que há outros um pouco mais para cá!) não poderia, é!

O que é o mundo, não? Pão e pães é questão de “opinães”…

Duas observações apenas:
. A ignorância é atrevida e polifacética – título já usado neste blog para outro assunto
. Wie sagt Obelix immer: Die spinnen, die Fundamentalisten – expressão já usada neste blog para outros destinatários

Agora é só ler as interessantes explicações de James F. McGrath, Associate Professor of Religion at Butler University, Indianapolis, Indiana, USA, em seu blog Exploring Our Matrix:

:: How I Know Barack Obama Is NOT The Antichrist – Monday, June 16, 2008

:: Barack Obama the Antichrist? Shedding Some Lightning On The Subject – Monday, August 3, 2009

Se a coisa persiste? Claro, em 2008, 2009, 2000 e… Fundamentalismo é um modo de estar no mundo

Ignorância à parte, minha preocupação é geopolítica!

Biblia Hebraica Quinta: Deuteronômio

Meu amigo e colega Cássio Murilo esteve em Brodowski em julho e trouxe-me de presente o fascículo do Deuteronômio da Biblia Hebraica Quinta. Um magnifico presente!

A Biblia Hebraica Quinta foi iniciada em 2004 e é a sucessora da Biblia Hebraica Stuttgartensia (1977).

McCARTHY, C. (ed.)Biblia Hebraica Quinta: Deuteronomy. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 2007, xxxii + 104 + 190 p. – ISBN 3438052652.

 

Biblia Hebraica Quinta: Deuteronomy

A resenha de Mark McEntire na Review of Biblical Literature [acessível só para sócios da SBL desde 2016] começa assim:

These are fascinating times for those interested in the production of critical editions of the Tanak. Three projects are currently underway, each going about the task in a unique way (…) Biblia Hebraica Quinta (…) The Hebrew Bible: A Critical Edition (HBCE) (…) The Hebrew University Bible Project is a multivolume critical edition using a diplomatic presentation of the Aleppo Codex…

Leia Mais:
Bíblias Online na Sociedade Bíblica Alemã
Edições acadêmicas da Bíblia na DBG

Não há conversão, só negociação

Neopaganismo evangélico

Teologia pentecostal se afasta da tradição judaico-cristã ao atribuir ao mal uma potência independente de Deus e dos homens, afirma José Arthur Giannotti, professor emérito da USP e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento – CEBRAP, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 02.08.2009.

 

Estava passeando pela TV quando dei com um culto da Igreja Mundial do Poder de Deus. Teria rapidamente mudado de canal se não tivesse acabado de ler o interessante livro de Ronaldo de Almeida, “A Igreja Universal e seus Demônios – Um Estudo Etnográfico” [ed. Terceiro Nome, 152 págs., R$ 28], que me abriu os olhos para o lado especificamente religioso dos movimentos pentecostais. Até então, via neles sobretudo superstição, ignorando o sentido transcendente dessas práticas religiosas.

No culto da TV, o pastor simplesmente anunciou que, dado o aumento das despesas da igreja, no próximo mês, o dízimo subia de 10% para 20%. Em seguida, começou a interpelar os crentes para ver quem iria doar R$ 1.000, R$ 500 e assim foi descendo até chegar a R$ 1.

Notável é que o dízimo não era pensado como doação, mas simplesmente como devolução: já que Deus neste mês dera-lhe tanto, cabia ao fiel devolver uma parte para que a igreja continuasse no seu trabalho mediador. Em suma, doar era uma questão de justiça entre o fiel e Deus.

Em vez de o salário ser considerado como retribuição ao trabalho, o é tão só como dádiva divina, troca fora do mercado, como se operasse numa sociedade sem classes. Isso marca uma diferença com os antigos movimentos protestantes, em particular o calvinismo, para os quais o trabalho é dever e a riqueza, manifestação benfazeja do bom cumprimento da norma moral.

Se o salário é dádiva, precisa ser recompensado. Não segundo a máxima franciscana “é dando que se recebe”, pois não se processa como ato de amor pelo outro. No fundo vale o princípio: “Recebes porque doastes”. E como esse investimento nem sempre dá bons resultados, parece-me natural que o crente mude de igreja, como nós procuramos um banco mais rentável para nossos investimentos.

O crente doa apostando na fidelidade de Deus. Os dísticos gravados nos carros, “Deus é fiel”, não o confirmam? Mas Dele espera-se reciprocidade, graças à mediação da igreja, cada vez mais eficaz conforme se torna mais rica. Deus é pensado à imagem e semelhança da igreja, cujo capital lança uma ponte entre Ele e o fiador.

Anticalvinismo

Além de negar a tradicional concepção calvinista e protestante do trabalho, esse novo crente não mantém com a igreja e seus pares uma relação amorosa, não faz do amor o peso de sua existência.

Sua adesão não implica conversão, total transformação do sentido de seu ser; apenas assina um contrato integral que lhe traz paz de espírito e confiança no futuro. Em vez da conversão, mera negociação. Essa religião não parece se coadunar, então, com as necessidades de uma massa trabalhadora, cujos empregos são aleatórios e precários?

Outro momento importante do livro é a crítica da Igreja Universal ao candomblé, tomado como fonte do mal. Essa crítica não possui apenas dimensões política e econômica, assume função religiosa, pois dá sentido ao pecado praticado pelo crente. O pecado nasce porque o fiel se afasta de Deus e, aproximando-se de uma divindade afro-brasileira, foge do circuito da dádiva. Configura fraqueza pessoal, infidelidade a Deus e à igreja.

Nada mais tem a ver com a ideia judaico-cristã do pecado original. Não se resolve naquela mácula, naquela ofensa, que somente poderia ser lavada pela graça de Deus e pela morte de Jesus, mas sempre requerendo a anuência do pecador.

Se resulta de uma fraqueza, desaparece quando o crente se fortalece, graças ao trabalho de purificação exercido pelo sacerdote. O fiel fraquejou na sua fidelidade, cedeu ao Diabo cheio de artimanhas e precisa de um mediador que, em nome de Deus, combata o Demônio. O exorcismo é descarrego, batalha entre duas potências que termina com a vitória do bem e a purificação do fiel.

Paganismo

Compreende-se, então, a função social do combate ao candomblé: traduz um antigo ritual cristão numa linguagem pagã. Os pastores dão pouca importância ao conhecimento das Escrituras, servem-se delas como relicário de exemplos. Importa-lhes mostrar que o Diabo, embora tenha sido criado por Deus, depois de sua queda se levanta como potência contra Deus e, para cumprir essa missão, trata de fazer o mal aos seres humanos.

O mal nasce do mal, ao contrário do ensinamento judeu-cristão que o localiza nas fissuras do livre-arbítrio. Adão e Eva são expulsos do Paraíso porque comeram o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e assim se tornam pecadores, porque agora são capazes de discriminar os termos dessa bipolaridade moral.

Essa teologia pentecostal se aproxima, então, do maniqueísmo. Como sabemos, o sacerdote persa Mani (também conhecido por Maniqueu), ativo no século 3º, pregava a existência de duas divindades igualmente poderosas, a benigna e a maligna. Isso porque o mal somente poderia ter origem no mal. A nova teologia pentecostal empresta o mesmo valor aos dois princípios e, assim, ressuscita a heresia maniqueísta, misturando o cristianismo com a teologia pagã.

Fonte: Notícias – IHU On-Line: 02/08/2009

Maria Esther Maciel: O Livro dos Nomes

Prêmio São Paulo de Literatura 2009

Na próxima segunda-feira, dia 3 de agosto, serão anunciados os vencedores do Prêmio São Paulo de Literatura 2009. Os ganhadores nas duas categorias – Prêmio São Paulo de Melhor Livro do Ano de 2008 e Prêmio São Paulo de Melhor Livro de Autor Estreante do Ano de 2008 – receberão, cada um, R$ 200 mil. O Prêmio teve 217 romances de 75 editoras e 13 autores independentes inscritos. Os livros finalistas foram escolhidos após avaliação de júri formado pelos professores Ivan Marques e Marcos Moraes, pelos escritores Menalton Braff e Fernando Paixão, pelos livreiros Paula Fabrio e José Carlos Honório, pelos críticos literários Marcelo Pen e Josélia Aguiar e os leitores Márcia de Grandi e Mario Vitor Santos, informa o site da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.

Entre os dez finalistas de Melhor Livro do Ano de 2008 está minha amiga e conterrânea:

Maria Esther Maciel, O livro dos nomes. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, 176 p. – ISBN 9788535911640.

 

Maria Esther Maciel, O livro dos nomes

Esther, estou torcendo por você!

Esta é a lista completa dos finalistas, em ordem alfabética:

Melhor Livro do Ano de 2008:

  • Carola Saavedra, Flores azuis (Companhia das Letras)
  • João Gilberto Noll, Acenos e afagos (Record)
  • José Saramago, A viagem do elefante (Companhia das Letras)
  • Lívia Garcia-Roza, Milamor (Record)
  • Maria Esther Maciel, O livro dos nomes (Companhia das Letras)
  • Milton Hatoum, Órfãos do Eldorado (Companhia das Letras)
  • Moacyr Scliar, Manual da paixão solitária (Companhia das Letras)
  • Ronaldo Correia de Brito, Galileia (Editora Objetiva)
  • Silviano Santiago, Heranças (Rocco)
  • Walther Moreira Santos, O ciclista (Autêntica Editora)

Melhor Livro do Ano – Autor Estreante – de 2008:Maria Esther Maciel (Patos de Minas, 1 de fevereiro de 1963)

  • Altair Martins, A parede no escuro (Record)
  • Contardo Calligaris, O conto do amor (Companhia das Letras)
  • Estevão Azevedo, Nunca o nome do menino (Editora Terceiro Nome)
  • Francisco Azevedo, O Arroz de Palma (Record)
  • Javier Arancibia Contreras, Imóbile (7 Letras)
  • Marcus Vinicius de Freitas, Peixe morto (Autêntica Editora)
  • Maria Cecília Gomes dos Reis, O mundo segundo Laura Ni (Editora 34)
  • Rinaldo Fernandes, Rita no pomar (7 Letras)
  • Sérgio Guimarães, Zé, Mizé, Camarada André (Record)
  • Vanessa Barbara e Emilio Fraia, O verão do Chibo (Editora Objetiva)