Niemeyer: o arquiteto de todos os brasileiros

Vida de Niemeyer é descrita em um volume da série “Folha Explica”; leia introdução – Folha Online: 03/07/2007

Durante 100 anos de vida, Oscar Niemeyer realizou obras singulares como o conjunto da Pampulha –projeto pioneiro de novas faces da arquitetura no mundo–, o Edifício Copan, o conjunto do Parque Ibirapuera e a criação de Brasília (ele trabalhou no plano piloto com a equipe de Lucio Costa). Entre seus projetos mais recentes estão o Sambódromo, o Memorial da América Latina e o Museu de Niterói.

O livro “Oscar Niemeyer”, da série “Folha Explica” da Publifolha, mostra a trajetória deste que é um dos mais importantes criadores brasileiros vivos, reconhecido em todo o mundo. O livro conta com fotos e doze ilustrações feitas pelo próprio Niemeyer e foi escrito pelo consagrado Ricardo Ohtake, arquiteto formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, mas que prefere considerar-se um designer gráfico.

Niemeyer sempre se superou, com sua inegável capacidade de gerar novas ideias, buscar soluções até então desconhecidas e ousar na técnica. Leia a seguir a introdução do livro “Oscar Niemeyer”.

Introdução

Segundo se ouve e se lê, Oscar Niemeyer é: o mais importante criador brasileiro vivo, reconhecido em todo o mundo; o único brasileiro que será lembrado no século 30; o arquiteto que realizou o maior número de importantes projetos construídos na história da humanidade. Afora estas tiradas midiáticas, mas que não deixam de ter sua dose de verdade, Niemeyer transformou em coisa corriqueira o fato de projetar obras importantes.

Com soluções totalmente inesperadas, propostas estruturais fora de qualquer compêndio e uso de materiais simples, ele cria espaços comoventemente democráticos. Niemeyer praticamente banalizou o significado de “obra importante de arquitetura”, pois quase anualmente produz (e vê construída) uma delas que, para qualquer arquiteto, seria o “projeto da vida”.

Trabalhador inveterado, sempre com jornadas de 12 horas, inclusive aos sábados e domingos, na época de Brasília chegou a se mudar para um escritório de canteiro de obra, como funcionário da Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil).

Em inúmeras ocasiões, abriu mão de receber honorários, por motivos éticos, ou se as amizades falassem mais alto. Apesar de sua produção monumental, sempre teve vida comedida e trabalha até hoje para viver. Jamais deixou de ter posições políticas claras. Militante convicto do Partido Comunista, só nos últimos tempos abandonou a posição partidária, sem que isso amenizasse seu protesto contra a desigualdade social existente no mundo.

Este livro segue os 100 anos de vida de Oscar Niemeyer. Começa pelos trabalhos anteriores ao do conjunto da Pampulha (1942), o primeiro projeto de sua total responsabilidade e pioneiro das novas faces da arquitetura que se implantavam no mundo. Daí até Brasília passou uma década e meia, tempo para Oscar desenvolver vários projetos de grande porte e preparar-se para enfrentar o maior desafio imaginado por um arquiteto: inventar a nova capital de um país. Quando ficou difícil trabalhar no Brasil, durante a ditadura militar, a Europa o recebeu de braços abertos.

Neste período, Niemeyer produziu obras que o tornaram ainda mais conhecido no mundo. Após sua volta (1974), com os preconceitos políticos diminuindo aos poucos devido à redemocratização, Niemeyer continuou a criar espaços de rara inventividade, por todo o país. Setenta anos de vida profissional, com muita clareza de onde e como focar o trabalho, muita rapidez nas ações, incansável no enfrentamento de desenhos e textos.

Mesmo num país subdesenvolvido e atuando nesta área difícil e cara que é a arquitetura, Niemeyer, com sua ousadia infinita, sempre soube até onde se pode chegar e muitas vezes chegou até onde ninguém tinha chegado antes. Se é comum a experiência de ter ido longe junto com ele Niemeyer é o nosso arquiteto, de todos nós, brasileiros, isso se deve, sem dúvida a seu sentido enorme de solidariedade, inseparável da obra que ele construiu.

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