Nota da CNBB sobre a PEC 241

Nota da CNBB sobre a PEC 241

“Não fazer os pobres participar dos próprios bens é roubá-los e tirar-lhes a vida.” (São João Crisóstomo, século IV)

CNBB: Dom Leonardo, Secretário-Geral - Dom Sérgio, Presidente - Dom Murilo, Vice-Presidente

O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília-DF, dos dias 25 a 27 de outubro de 2016, manifesta sua posição a respeito da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016, de autoria do Poder Executivo que, após ter sido aprovada na Câmara Federal, segue para tramitação no Senado Federal.

Apresentada como fórmula para alcançar o equilíbrio dos gastos públicos, a PEC 241 limita, a partir de 2017, as despesas primárias do Estado – educação, saúde, infraestrutura, segurança, funcionalismo e outros – criando um teto para essas mesmas despesas, a ser aplicado nos próximos vinte anos. Significa, na prática, que nenhum aumento real de investimento nas áreas primárias poderá ser feito durante duas décadas. No entanto, ela não menciona nenhum teto para despesas financeiras, como, por exemplo, o pagamento dos juros da dívida pública. Por que esse tratamento diferenciado?

A PEC 241 é injusta e seletiva. Ela elege, para pagar a conta do descontrole dos gastos, os trabalhadores e os pobres, ou seja, aqueles que mais precisam do Estado para que seus direitos constitucionais sejam garantidos. Além disso, beneficia os detentores do capital financeiro, quando não coloca teto para o pagamento de juros, não taxa grandes fortunas e não propõe auditar a dívida pública.

A PEC 241 supervaloriza o mercado em detrimento do Estado. “O dinheiro deve servir e não governar! ” (Evangelii Gaudium, 58). Diante do risco de uma idolatria do mercado, a Doutrina Social da Igreja ressalta o limite e a incapacidade do mesmo em satisfazer as necessidades humanas que, por sua natureza, não são e não podem ser simples mercadorias (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 349).

A PEC 241 afronta a Constituição Cidadã de 1988. Ao tratar dos artigos 198 e 212, que garantem um limite mínimo de investimento nas áreas de saúde e educação, ela desconsidera a ordem constitucional. A partir de 2018, o montante assegurado para estas áreas terá um novo critério de correção que será a inflação e não mais a receita corrente líquida, como prescreve a Constituição Federal.

É possível reverter o caminho de aprovação dessa PEC, que precisa ser debatida de forma ampla e democrática. A mobilização popular e a sociedade civil organizada são fundamentais para superação da crise econômica e política. Pesa, neste momento, sobre o Senado Federal, a responsabilidade de dialogar amplamente com a sociedade a respeito das consequências da PEC 241.

A CNBB continuará acompanhando esse processo, colocando-se à disposição para a busca de uma solução que garanta o direito de todos e não onere os mais pobres.

Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, continue intercedendo pelo povo brasileiro. Deus nos abençoe!

Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB

Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB

Fonte: CNBB – 27 de outubro de 2016

Declaração da CNBB sobre o momento nacional

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, na tarde desta quinta-feira, 14 de abril, Declaração sobre o momento nacional, dentro das atividades da 54ª Assembleia Geral da CNBB, que acontece em Aparecida (SP), de 6 a 15 de abril. Na ocasião, participaram o arcebispo de Brasília (DF) e presidente da CNBB, dom Sergio da Rocha; o arcebispo de Salvador (BA) e vice-presidente, dom Murilo Krieger; o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral, dom Leonardo Steiner.

Frente à crise ética, política, econômica e institucional pela qual passa o país, o episcopado brasileiro conclama “o povo brasileiro a preservar os altos valores da convivência democrática, do respeito ao próximo, da tolerância e do sadio pluralismo, promovendo o debate político com serenidade. Manifestações populares pacíficas contribuem para o fortalecimento da democracia. Os meios de comunicação social têm o importante papel de informar e formar a opinião pública com fidelidade aos fatos e respeito à verdade”.

Confira a íntegra do texto que foi aprovado pelo bispos reunidos na 54ª Assembleia Geral:

DECLARAÇÃO DA CNBB SOBRE O MOMENTO NACIONAL

“Quem pratica a verdade aproxima-se da luz” (Jo 3,21).

Nós, bispos católicos do Brasil, reunidos em Aparecida, na 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), frente à profunda crise ética, política, econômica e institucional pela qual passa o país, trazemos, em nossas reflexões, orações e preocupações de pastores, todo o povo brasileiro, pois, “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (Gaudium et Spes, 1).

Depois de vinte anos de regime de exceção, o Brasil retomou a experiência de um Estado democrático de direito. Os movimentos populares, organizações estudantis, operárias, camponesas, artísticas, religiosas, dentre outras, tiveram participação determinante nessa conquista. Desde então, o país vive um dos mais longos períodos democráticos da sua história republicana, no qual muitos acontecimentos ajudaram no fortalecimento da democracia brasileira. Entre eles, o movimento “Diretas Já!”, a elaboração da Carta Cidadã, a experiência das primeiras eleições diretas e outras mobilizações pacíficas.

Neste momento, mais uma vez, o Brasil se defronta com uma conjuntura desafiadora. Vêm à tona escândalos de corrupção sem precedentes na história do país. É verdade que escândalos dessa natureza não tiveram início agora; entretanto, o que se revela no quadro atual tem conotações próprias e impacto devastador. São cifras que fogem à compreensão da maioria da população. Empresários, políticos, agentes públicos estão envolvidos num esquema que, além de imoral e criminoso, cobra seu preço.

Quem paga pela corrupção? Certamente são os pobres, “os mártires da corrupção” (Papa Francisco). Como pastores, solidarizamo-nos com os sofrimentos do povo. As suspeitas de corrupção devem continuar sendo rigorosamente apuradas. Os acusados sejam julgados pelas instâncias competentes, respeitado o seu direito de defesa; os culpados, punidos e os danos, devidamente reparados, a fim de que sejam garantidas a transparência, a recuperação da credibilidade das instituições e restabelecida a justiça.

A forma como se realizam as campanhas eleitorais favorece um fisiologismo que contribui fortemente para crises como a que o país está enfrentando neste momento.

Uma das manifestações mais evidentes da crise atual é o processo de impeachment da Presidente da República. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil acompanha atentamente esse processo e espera o correto procedimento das instâncias competentes, respeitado o ordenamento jurídico do Estado democrático de direito.

A crise atual evidencia a necessidade de uma autêntica e profunda reforma política, que assegure efetiva participação popular, favoreça a autonomia dos Poderes da República, restaure a credibilidade das instituições, assegure a governabilidade e garanta os direitos sociais. 

De acordo com a Constituição Federal, os três Poderes da República cumpram integralmente suas responsabilidades. O bem da nação requer de todos a superação de interesses pessoais, partidários e corporativistas. A polarização de posições ideológicas, em clima fortemente emocional, gera a perda de objetividade e pode levar a divisões e violências que ameaçam a paz social.

Conclamamos o povo brasileiro a preservar os altos valores da convivência democrática, do respeito ao próximo, da tolerância e do sadio pluralismo, promovendo o debate político com serenidade. Manifestações populares pacíficas contribuem para o fortalecimento da democracia. Os meios de comunicação social têm o importante papel de informar e formar a opinião pública com fidelidade aos fatos e respeito à verdade.

Acreditamos no diálogo, na sabedoria do povo brasileiro e no discernimento das lideranças na busca de caminhos que garantam a superação da atual crise e a preservação da paz em nosso país. “Todos os cristãos, incluindo os Pastores, são chamados a se preocupar com a construção de um mundo melhor” (Papa Francisco).

Pedimos a oração de todos pela nossa Pátria. Do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, invocamos a bênção e a proteção de Deus sobre toda a nação brasileira.

Aparecida – SP, 13 de abril de 2016.

Dom Sergio da Rocha – Arcebispo de Brasília – Presidente da CNBB
   
Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ – Arcebispo de São Salvador da Bahia – Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner – Bispo Auxiliar de Brasília – Secretário-Geral da CNBB

Fonte: CNBB

A entrevista de Francisco durante o voo de volta do México

:: “Evitar a gravidez não é um mal absoluto”, destaca o Papa Francisco sobre o zika vírus durante o voo de volta do México – Notícias: IHU On-Line 19/02/2016
“A pedofilia é uma monstruosidade, porque um padre é consagrado para levar uma criança a Deus e aí se aproveita dela em um sacrifício diabólico, destruindo-a”. O Papa Francisco foi contundente em sua condenação dos abusos sexuais durante o voo de volta do México. Respondendo a perguntas dos jornalistas, Bergoglio assinalou que “um bispo que transfere um padre de paróquia quando se descobre que é um pedófilo é um inconsciente, e o melhor que pode fazer é apresentar sua renúncia. Claro?” Durante a entrevista de 45 minutos tocou-se em todos os temas: narcotráfico, o histórico encontro com Kirill, uma hipotética viagem à China, a questão dos divorciados recasados, o uso de preservativos em casos como o do zika vírus, a relação de João Paulo II com uma teóloga polonesa, ou as polêmicas declarações de Donald Trump, que quer deportar 11 milhões de imigrantes dos Estados Unidos. “Digo apenas: este homem não é cristão se é que diz isto; deve-se ver se disse as coisas dessa maneira, e dou o benefício da dúvida”, respondeu o Papa. “O Papa não se imiscui na política italiana”, assinalou o Pontífice sobre as leis de uniões civis no país transalpino. “Evitar a gravidez não é um mal absoluto”, destacou ao ser perguntado sobre o ponto particular em casos extremos, como no risco de contrair o zika vírus. A transcrição da entrevista é de Jesús Bastante, publicada em italiano pela Sala de Imprensa do Vaticano, e publicada por Religión Digital, 18-02-2016. A tradução é de André Langer.

Leia a entrevista.

:: Francisco: La entrevista sobre muchísimos argumentos durante el vuelo de regreso de Ciudad Juárez a Roma – Andrea Tornielli: Vatican Insider – 18/02/2016
En el día que concluyó con la misa y la oración silenciosa frente a la línea fronteriza con os Estados Unidos, en la que miles de migrantes mexicanos, centro y sudamericanos han perdido la vida, Papa Francisco dialogó con los periodistas y respondió a una pregunta sobre las últimas declaraciones del candidato republicano Donald Trump. A pesar de conceder el beneficio de la duda al controvertido politico estadounidense, Papa Francisco dijo durante el vuelo papal que no puede existir un cristiano que solo piensa en construir muros en lugar de construir puentes. Palabras que se refieren a la situación americana, pero también pueden aplicarse a los que en Europa evoca o construyen muros y barreras para frenar a los migrantes. Francisco habló durante 45 minutos y respondió a todas las preguntas de los periodistas que lo acompañaron durante el vuelo de regreso a Roma. Esta es la transcripción de la entrevista.

:: Francesco: L’intervista a tutto campo sul volo di ritorno dal Messico – Andrea Tornielli: Vatican Insider – 18/02/2016
Nella giornata che si è conclusa con la messa e la preghiera silenziosa davanti al confine con gli Stati Uniti sul quale migliaia di migranti provenienti dal Messico e dal Sudamerica hanno trovato la morte, Papa Francesco dialogando con i giornalisti ha risposto a una domanda sulle ultime dichiarazioni di Donald Trump. E pur concedendo al controverso politico repubblicano il beneficio del dubbio, Francesco ha detto papale papale che non può essere cristiano chi pensa solo a costruire muri invece di gettare ponti. Parole riferite alla situazione americana, ma applicabili anche a chi in Europa evoca o già costruisce muri e barriere per bloccare i migranti. Francesco per 45 minuti ha risposto a tutte le domande dei cronisti che viaggiavano con lui. Ecco la trascrizione dell’intervista.

 :: On the flight from Mexico to Rome, Francis answered questions put to him by journalists, on a wide range of topics – Andrea Tornielli: Vatican Insider – 18/02/2016
On the day that ended with a mass and silent prayer at the US-Mexico border, where thousands of Mexican and South American migrants have met death, Pope Francis answered a question put to him by journalists on Donald Trump’s recent statements. While giving the controversial Republican politician the benefit of the doubt, Francis said flat out that a person who thinks about building walls rather than bridges is not a Christian. He was referring not only to the American situation but also to those in Europe who are talking about or are already putting up walls and barriers to keep migrants out. This is the transcription of the Pope’s 45-minute interview with the journalists travelling on board the papal flight. He answered every question that was put to him.

:: Conferenza Stampa di Papa Francesco nel volo di ritorno verso Roma – Sala Stampa della Santa Sede – 18/02/2016
Viaggio Apostolico di Sua Santità Francesco in Messico con sosta a La Habana per l’Incontro con S.S. Kirill, Patriarca di Mosca e di tutta la Russia (12-18 febbraio 2016) – Conferenza Stampa di Papa Francesco nel volo di ritorno verso Roma, 18.02.2016. Durante il volo che da Ciudad Juárez lo riportava a Roma al termine del Viaggio Apostolico in Messico, Papa Francesco ha incontrato in conferenza stampa gli operatori dei media a bordo dell’aereo. Questa la trascrizione della conversazione del Papa con i giornalisti.

Ditadura impediu Dom Helder de ganhar Nobel da Paz

Dossiê revela que militares impediram dom Helder Camara de ganhar o Nobel da Paz

PASCOM da Arquidiocese de Olinda e Recife – 18.12.2015

Não restam mais dúvidas: o Governo Militar interferiu diretamente para que o ex-arcebispo de Olinda e Recife, dom Helder Camara, não recebesse o prêmio Nobel da Paz. A manobra foi comprovada através de documentos inéditos obtidos pela Comissão Estadual da Memória e Verdade (CEMVDHC). O quarto volume dos Cadernos da Memória e Verdade, que revela detalhes do caso, foi lançado nesta sexta-feira, 18, durante solenidade ocorrida no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco.

O Dom da Paz foi indicado em três oportunidades à premiação no início nos anos 1970. Tido como favorito, o ex-arcebispo foi intensamente procurado na época pela imprensa internacional, que dava como certa a conquista.

De acordo com o coordenador da Comissão da Verdade PE, Fernando Coelho, o dossiê apresenta correspondências oficiais obtidas com o Ministério de Relações Exteriores e adentra numa esfera pouco explorada em relação à Ditadura: a área da diplomacia. O material foi obtido durante os dois anos de atuação da CEMVDHC. “Publicamos dezenas de documentos oficiais, correspondências, por exemplo, do ministro das Relações Exteriores para os embaixadores, do embaixador para o ministro dando instruções e dando conta das providências tomadas para impedir que dom Helder recebesse o Nobel. O conteúdo é objetivo, claro e determinante e traz providências e prestação de contas”, revela Coelho.

Leia o texto completo.  Também aqui.

A documentação obtida e produzida pela comissão pode ser acessada através do site da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).

Leia Mais:
Dom Helder Câmara

CNBB divulga nota sobre o momento nacional

Na terça-feira, 8 de dezembro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota sobre o momento nacional.

O texto é assinado pela Presidência da entidade constituída pelo arcebispo de Brasília e presidente, dom Sergio da Rocha; pelo arcebispo de Salvador e vice-presidente, dom Murilo Krieger; e pelo bispo auxiliar de Brasília e secretário geral, dom Leonardo Steiner.

Neste momento grave da vida do país, a CNBB levanta sua voz para colaborar, fazendo chegar aos responsáveis o grito de dor desta nação atribulada, a fim de cessarem as hostilidades e não se permitir qualquer risco de desrespeito à ordem constitucional”, diz um trecho da nota.

No texto, a CNBB apela para o diálogo e para a serenidade e expressa repúdio ao recurso da violência e da agressividade nas diferentes manifestações sobre a vida política do país.

Confira, abaixo, a íntegra da nota.

NOTA SOBRE O MOMENTO NACIONAL

E nós somos todos irmãos e irmãs (cf. Mt 23,8)

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, fiel à missão evangelizadora e profética da Igreja, acompanha, com apreensão e senso de corresponsabilidade, a grave crise política e econômica que atinge o país e, mais uma vez, se manifesta sobre o atual momento nacional.

Ao se pronunciar sobre questões políticas, a CNBB não adota postura político-partidária. Não sugere, não apoia ou reprova nomes, mas exerce o seu serviço à sociedade, à luz dos valores e princípios fundamentais da Doutrina Social da Igreja. Desse modo, procura respeitar a opção política de cada cidadão e a justa autonomia das instituições democráticas, incentivando a participação responsável e pacífica dos cristãos leigos e leigas na política.

Neste momento grave da vida do país, a CNBB levanta sua voz para colaborar, fazendo chegar aos responsáveis o grito de dor desta nação atribulada, a fim de cessarem as hostilidades e não se permitir qualquer risco de desrespeito à ordem constitucional. Nenhuma decisão seja tomada sob o impulso da paixão política ou ideológica. Os direitos democráticos e, sobretudo, a defesa do bem comum do povo brasileiro devem estar acima de interesses particulares de partidos ou de quaisquer outras corporações. É urgente resgatar a ética na política e a paz social, através do combate à corrupção, com rigor e imparcialidade, de acordo com os ditames da lei e as exigências da justiça.

Para preservar e promover a democracia, apelamos para o diálogo e para a serenidade. Repudiamos o recurso à violência e à agressividade nas diferentes manifestações sobre a vida política do país, e a todos exortamos com as palavras do Papa Francisco: “naquele que, hoje, considerais apenas um inimigo a abater, redescobri o vosso irmão e detende a vossa mão! (…) Ide ao encontro do outro com o diálogo, o perdão e a reconciliação, para construir a justiça, a confiança e a esperança ao vosso redor” (Mensagem para a Celebração do XLVII Dia Mundial da Paz, 1º de janeiro de 2014, 7).

Confiamos o Brasil ao Senhor da vida e da história, pedindo sabedoria para os governantes e paz para nosso povo.

Imaculada Conceição, vosso olhar a nós volvei, vossos filhos protegei!

Brasília-DF, 08 de dezembro de 2015

Dom Sergio da Rocha –  Arcebispo de Brasília-DF – Presidente da CNBB

Dom Murilo S. R. Krieger –  Arcebispo de São Salvador da Bahia- BA – Vice-presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner – Bispo Auxiliar de Brasília-DF – Secretário Geral da CNBB

Fonte: CNBB

Francisco na África

Em imagens.

Um tweetbook da viagem de Francisco à África nos dias 25-30 de novembro de 2015.

Feito por Antonio Spadaro. Com 440 fotos.

O download, gratuito, pode ser feito em pdf, epub ou mobi.

#PAPAINAFRICA

#Viaggio di Papa Francesco in AFRICA 25-30 Novembre 2015.

A tweetbook by Antonio Spadaro – Tuesday, December 1, 2015

Teólogos divulgam carta de apoio a Francisco

Teólogos querem fortalecer apoio ao Papa Francisco contra oposição da Cúria conservadora – Cristina Fontenele –  Adital: 11/11/2015

Em carta aberta de apoio ao Papa Francisco, teólogos/as de todo o mundo se dizem “perplexos” com a oposição de alguns cardeais ao modo de Francisco conduzir o Sínodo e a Igreja. Tais grupos estariam postulando uma volta ao “modelo de Igreja do passado”, em uma espécie de campanha mundial contra o Sumo Pontífice, especialmente dentro da Cúria Romana. O principal objetivo é desestabilizar o modo de ser Papa, “despojado dos símbolos de poder”. Aderiram à carta cerca de 300 pessoas do Brasil, de toda América Latina, Caribe e representantes da Europa, do Canadá e dos Estados Unidos (…)

O texto foi apresentado pelo teólogo brasileiro Leonardo Boff durante o II Congresso Continental de Teologia, realizado de 26 a 30 de outubro, em Belo Horizonte (Estado de Minas Gerais), pela rede Ameríndia. Em entrevista à Adital, Boff explica que 15 dias antes do Congresso ele estava em Roma, onde teve a oportunidade de conversar com o embaixador argentino junto a Santa Sé, muito próximo ao Papa.

Boff teria, então, recebido um pedido pessoal do Papa para apoiá-lo na defesa contra as agressões que estaria sofrendo a partir de duas frentes – internamente, pelas oposições de bispos, da Cúria Romana, inclusive, com difamações; e externamente, por grupos de leigos conservadores, pessoas que o consideram, como os Estados Unidos, um comunista, marxista, porque ele exige transformações na economia, na política, na defesa dos pobres.

“Ele está numa situação altamente crítica e pediu o apoio dos cristãos e das pessoas do mundo inteiro, de boa vontade, interessadas no bem na humanidade, para que deem apoio explícito a ele.”, revela Boff. Segundo o teólogo, o objetivo é lançar a carta nas grandes mídias mundiais, para que do mundo inteiro as pessoas possam subscreverem o documento. O texto já foi traduzido para seis idiomas: português, espanhol, alemão, inglês, francês e italiano.

Leia a carta aqui.

Leia Mais:
II Congresso Continental de Teologia

Francisco em Cuba, ONU e USA: leituras

Pode-se situar com sensatez o Papa Francisco em alguma “caixinha” político-ideológica? Para muitos analistas, este Papa está se transformando em uma figura indecifrável em termos políticos e ideológicos clássicos. Ele é de direita? De esquerda? Liberal? Marxista? Dependendo do lugar em que se situa o autor da análise, cada um, mais de um ou todos estes qualificativos valem para Francisco (Washington Uranga).

As pessoas estão respondendo ao papa porque elas veem um homem coerente com o que diz. Ele pratica o que prega. Ele é verdadeiro. Autêntico. Ele não está tentando vender a si mesmo, como fazem a maioria dos políticos e celebridades; ele está promovendo Jesus e o Evangelho (…) Ele prega o Evangelho, não o catecismo (Thomas Reese).

Francisco em Cuba, ONU e USA em 2015

:: O efeito Francisco – Washington Uranga –  Página/12 – 27/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 28/09/2015
“A verdade é que o Papa Jorge Bergoglio transformou-se em uma figura política de relevância internacional que participa ativamente da agenda política, introduz temas na mesma e fixa posições a partir de uma perspectiva católica, cristã, mas também humanista e inter-religiosa. Para isso, coloca o acento na defesa do homem e da vida, e muito especialmente no cuidado dos pobres, dos excluídos, dos deslocados de qualquer tipo. O ponto que conecta todas as preocupações é formado pelo cuidado das pessoas e seus direitos. E seu slogan político são os três T: teto, terra e trabalho.”

:: Papa na ONU: “Chega de abusos contra os pobres: trabalho, casa e terra são um direito de todos”  – Andrea Tornielli – La Stampa, 26/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 28/09/2015
Defender “com força” os direitos dos excluídos, junto com os do ambiente. Desmantelar as armas que nos tornam “Nações Unidas pelo medo”. Evitar os conflitos através da negociação. Reformar a ONU, ampliando as presenças no Conselho de Segurança.

:: Francisco no Congresso dos Estados Unidos. Chaves de leitura – Washington Uranga –  Página/12 – 25/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 28/09/2015
Para falar aos congressistas – e dali para o mundo –, não deixou de lado sua condição de chefe da Igreja Católica, mas, com plena consciência do ambiente, utilizou uma linguagem universal, destinada aos católicos e aos que não são e se pôs em uma perspectiva inter-religiosa frente a um auditório que também é composto assim (…) Nenhum dos temas importantes ficou fora do discurso. Em seu discurso, sempre utilizou uma linguagem cuidadosa, mas não isenta de energia. E seguindo um estilo próprio de suas intervenções públicas, decidiu se dirigir, através de seus representantes, ao “povo” dos Estados Unidos, em especial aos trabalhadores, aos avós e aos jovens. Para sua estratégia discursiva, escolheu, como modo de aproximação e identificação, utilizar quatro figuras emblemáticas da história norte-americana: “Abraham Lincoln, a liberdade; Martin Luther King, uma liberdade que se vive na pluralidade e na não exclusão; Dorothy Day, a justiça social e os direitos das pessoas; e Thomas Merton, a capacidade de diálogo e a abertura a Deus”. E os apresentou como “quatro representantes do povo norte-americano” (…) Chamou ao compromisso, a partir de uma perspectiva inter-religiosa, na defesa da paz e a favor da justiça: a cooperação entre as religiões “é um potente instrumento na luta para erradicar as novas formas mundiais de escravidão, que são fruto de grandes injustiças que só podem ser superadas com novas políticas e consensos sociais”, quando “o mundo é cada vez mais um lugar de conflitos violentos, de ódio nocivo, de sangrenta atrocidade, cometida inclusive em nome de Deus e da religião”. E enfatizou em sua pregação: esperança, reconciliação, paz e justiça.

:: Íntegra do discurso do Papa Francisco ao Congresso Americano – Notícias: IHU On-Line – 25/09/2015
Na quinta-feira, 24 de setembro, o Papa Francisco proferiu seu discurso ao Congresso Americano, em Washington (…) “Sinto-me muito grato pelo convite para falar a esta Assembleia Plenária do Congresso «na terra dos livres e casa dos valorosos». Apraz-me pensar que o motivo para isso tenha sido o facto de também eu ser um filho deste grande continente, do qual muito recebemos todos nós e relativamente ao qual partilhamos uma responsabilidade comum. Cada filho ou filha duma determinada nação tem uma missão, uma responsabilidade pessoal e social. A vossa responsabilidade própria de membros do Congresso é fazer com que este país, através da vossa atividade legislativa, cresça como nação. Vós sois o rosto deste povo, os seus representantes. Sois chamados a salvaguardar e garantir a dignidade dos vossos concidadãos na busca incansável e exigente do bem comum, que é o fim de toda a política. Uma sociedade política dura no tempo quando, como uma vocação, se esforça por satisfazer as carências comuns, estimulando o crescimento de todos os seus membros, especialmente aqueles que estão em situação de maior vulnerabilidade ou risco. A atividade legislativa baseia-se sempre no cuidado das pessoas. Para isso fostes convidados, chamados e convocados por aqueles que vos elegeram”.

:: Alguns pensamentos sobre o discurso do papa ao Congresso dos EUA  –  John L. Allen Jr. – Crux – 24/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 25/09/2015
Segundo uma estimativa, houve cerca de 1,8 bilhão de cidadãos norte-americanos desde a fundação da República, em 1776. Escolher apenas quatro grandes de todos os tempos, assim, é bastante audacioso, mas isso não impediu que o Papa Francisco o fizesse nesta quinta-feira no seu discurso profundamente antecipado ao Congresso dos EUA. No discurso, Francisco levantou quatro norte-americanos a uma menção especial. Eles incluíram dois não católicos, Abraham Lincoln e Martin Luther King Jr., e dois católicos, Dorothy Day e Thomas Merton. Em cada caso, o pontífice notou que 2015 marca um aniversário – 150 anos desde o assassinato de Lincoln, por exemplo, e 100 anos desde o nascimento de Merton. Vamos chamá-los de o “Quarteto Fantástico” do papa. Nesse espírito, aqui estão quatro considerações rápidas sobre quem são esses quatro norte-americanos que Francisco escolheu. Vamos nos concentrar principalmente em Day e em Merton, já que Lincoln e M. L. K. são seleções razoavelmente naturais sobre os quais qualquer não americano provavelmente está consciente.

:: Francisco, “pontifex” entre Roma e América, e dentro da Igreja dos EUA –  Massimo Faggioli – TheHuffingtonPost.it – 24/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 25/09/2015
O Vaticano é o “soft power” por excelência no mundo global, e, para o papa, construir pontes sempre fez parte do seu carisma político. O que é novo é a tarefa de levar novamente a uma possível unidade as muitas e diversas almas de uma Igreja grande e vital, mas também dilacerada na busca da afirmação das suas diversas identidades. A Igreja norte-americana é um teste importante para o papado, não só em vista do Sínodo dos Bispos, que se abre em duas semanas em Roma, mas também do futuro próximo do catolicismo global.

:: Francisco reacende a fé em Cuba –  Frei Betto – El País – 23/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 24/09/2015
Raúl Castro, ao receber o Papa, sabia tratar-se de um “companheiro”. Francisco fizera duras críticas ao capitalismo, qualificado por ele de “ditadura sutil”, em seus encontros mundiais com líderes de movimentos populares. Sua primeira encíclica, “Louvado seja – o cuidado de nossa casa comum”, é o mais contundente documento até hoje emitido sobre o tema socioambiental. O Papa associa devastação da natureza ao crescimento da miséria e da pobreza, e aponta a ambição de lucro e a economia de livre mercado como responsáveis por isso. Raúl estava seguro de que Francisco não causaria surpresas. O presidente de Cuba se equivocou. O Papa surpreendeu por sua empatia com o povo cubano, cristãos e ateus. Dispensou o Mercedes blindado reservado a seus deslocamentos e, pressionado a receber os guerrilheiros das FARC que, sob mediação cubana, negociam em Havana um acordo de paz com o Governo colombiano, optou por incluir em sua homilia, na missa na Praça da Revolução, seu apelo pelo bom êxito das negociações.

:: O que o Papa deixa em Cuba e o que busca nos EUA – José Manuel Vidal – Religión Digital – 22/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 23/09/2015
Em Cuba, esperavam um herói e um amigo, quase um pai da pátria. Nos EUA chega, ao menos no imaginário dos neocons, o Papa vilão, que põe em questão o capitalismo selvagem, que contamina a casa comum até fazê-la irrespirável. Do calor tropical cubano à frieza anglo-saxã (…) Em Cuba bastou a força do coração. Nos EUA terá que usar toda a sua capacidade de sedução.

:: Papa em Cuba, Opus Dei na retranca – Alberto Dines – Observatório da Imprensa – 22/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 23/09/2015
Francisco não é o primeiro pontífice a pisar em território cubano, é o terceiro. Mas é o primeiro desde 1959 a avistar em Havana a bandeira norte-americana tremulando ao lado da cubana. Façanha pela qual é um dos principais responsáveis, junto com o presidente Barack Obama. A grande imprensa brasileira sempre se assumiu como católica, apostólica, romana. Com a cobertura da viagem do papa à Ilha percebe-se que, além disso, nossos jornalões exibem-se majoritariamente, sem pudor, como sectários e reacionários. Dos três diários de referência nacional, dois deles seguem a linha inflexível da Opus Dei – “Globo” e “Estadão”. Sem forçar uma autonomia, a “Folha” procura demarcar-se sutilmente da discretíssima prelazia conservadora global, embora mantenha fortes vínculos com o seu expoente no Brasil, Yves Gandra Martins. O esquema foi reproduzido com total transparência no último fim de semana. Os jornalões obedeceram aos mesmos critérios e preconceitos, como se editados pela mesma pessoa ou conectados por telepatia.

:: Será que vamos escutar o Papa Francisco? –  Thomas Reese – National Catholic Reporter – 17/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 24/09/2015
Nas últimas semanas, tenho falado a inúmeras redes de televisão a respeito da visita do Papa Francisco aos Estados Unidos (…) Na maioria das vezes, as perguntas dos repórteres se enquadram em duas categorias: O que ele irá dizer e fazer? E será que isto fará alguma diferença? Em outro artigo, eu escrevi sobre o que penso que o papa dirá nestes dias. Aqui quero falar sobre o efeito que a visita do papa pode desencadear. Em certo sentido, o efeito que a visita do papa pode ter resume-se a se nós iremos, ou não, escutá-lo. Há uma série de obstáculos no caminho de nossa audição atenta ao que ele, o papa, vai dizer.

O papel de Martini na eleição e renúncia de Ratzinger

Elezioni e dimissioni di Ratzinger, entrambe concordate con Martini

 

Martini, a renúncia de Bento XVI e o conclave de 2005  – Andrea Tornielli – IHU: 20/07/2015

As confidências do biblista padre Silvano Fausti, jesuíta, que morreu no último dia 24 de junho, confessor e guia espiritual do cardeal Carlo Maria Martini, reacenderam os holofotes sobre o papel desempenhado pelo ex-arcebispo de Milão no conclave de 2005, que elegeu Bento XVI.

A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no sítio Vatican Insider, 17-07-2015.

Em uma vídeo-entrevista (GliStatiGenerali.com), Fausti relata dois episódios. Um relativo à renúncia do Papa Ratzinger e a aquela última conversa com Martini, ocorrido em Milão, no dia 2 de junho de 2012, por ocasião do Encontro Mundial das Famílias.

O purpurado jesuíta, gravemente doente com Parkinson (ele morreria três meses depois), encontrou-se com Ratzinger no início da tarde, no arcebispado.

Naquela ocasião, segundo o relato de Fausti, Martini disse a Bento XVI que havia chegado o momento de ele renunciar, porque a Cúria Romana parecia ser irreformável: “É justamente agora, aqui não se consegue fazer nada”.

O padre Fausti é uma fonte de primeira mão, dada a relação que o ligava a Martini. Além disso, é bem conhecido que Ratzinger e Martini se estimavam, embora a partir de posições diferentes. Não há dúvida de que, com franqueza, em um momento doloroso para a Santa Sé, no meio do escândalo Vatileaks, o arcebispo emérito de Milão tenha sugerido a renúncia a Bento XVI.

Sabe-se também que o Papa Ratzinger tinha em mente a possibilidade de renunciar há algum tempo, provavelmente desde o início do seu pontificado. Ele tinha vivido perto os últimos anos de João Paulo II e tinha visto como a doença do pontífice havia aumentado o poder da sua comitiva.

Além disso, o que atesta a reflexão de Bento XVI sobre a possibilidade da renúncia é o livro-entrevista com Peter Seewald (“Luz do mundo”), publicado em novembro de 2010. Por admissão dos seus colaboradores mais próximos, também se sabe que a decisão foi tomada por Ratzinger após a viagem para o México e Cuba, em março de 2012. O pontífice tinha voltado exausto daquela travessia intercontinental e tinha tomado consciência de que não conseguiria cumprir a viagem já programada para o Brasil, para a Jornada Mundial Juventude em julho de 2013.

Nessa situação, inseriu-se o escândalo do Vatileaks, que, paradoxalmente, não acelerou a renúncia, mas a atrasou.

O secretário de Estado de Bento XVI, Tarcisio Bertone, declarou ter recebido a comunicação da decisão da renúncia “em meados de 2012”, portanto, presumivelmente, no mês de junho. O mesmo foi contado pelo bispo Georg Gänswein, prefeito da Casa Pontifícia e secretário particular de Ratzinger. Dom Georg desmente categoricamente que a razão para a renúncia esteja ligada ao Vatileaks, observando que o anúncio chegou depois da conclusão do caso, isto é, depois do fim do processo contra o mordomo Paolo Gabriele e a audiência com Bento XVI, que o perdoou.

Tanto Bertone quanto Gänswein haviam tentado – em vão – convencer Ratzinger a permanecer no cargo. Nesse contexto, colocam-se as palavras de Martini. Não é possível saber se Bento XVI, no último breve encontro no arcebispado no dia 2 de junho, falou com Martini sobre as suas intenções. É mais provável que tenha sido o cardeal jesuíta que lhe falou sobre isso, como o padre Fausti relata.

Muito mais complexas de decifrar são as confidências do padre Fausti sobre o conclave de 2005, quando, segundo a sua reconstrução, Martini teria deslocado os seus consensos para Ratzinger, para evitar “jogos sujos” que visavam a eliminar todos os dois para eleger “um da Cúria, muito rastejante, que não conseguiu”.

Segundo Fausti, Ratzinger e Martini “tinham mais votos, Martini um pouco mais”. Teria havido uma manobra para eleger um purpurado curial. “Descoberto o truque, Martini foi à noite ao encontro de Ratzinger e lhe disse: ‘Aceite amanhã se tornar papa com os meus votos’.” Tratava-se de fazer limpeza. “Ele lhe dissera: ‘Aceite você, que está na Cúria há 30 anos e é inteligente e honesto: se conseguir reformar a Cúria, bom, senão vá embora”.

Dada a autoridade da fonte e o seu papel de confessor e diretor espiritual de Martini, não há motivo para duvidar do fato de que o arcebispo emérito de Milão, naquele seu primeiro e único conclave, finalmente votou e fez os seus apoiadores votarem em Ratzinger.

No entanto, continua sendo discutível e discutida a parte que atribui a Martini um pacote de votos importantes e, ao menos inicialmente, até mesmo superiores aos dos Ratzinger. Não há dúvida de que, naquela eleição papal, o único grupo organizado, que tinha começado há muito tempo uma obra de convencimento dos outros cardeais, era o dos apoiadores de Ratzinger.

Trabalhavam nesse sentido o cardeal Bertone, na época arcebispo de Gênova, durante anos número dois do purpurado bávaro na Congregação para a Doutrina da Fé; o cardeal colombiano curial Alfonso López Trujillo; diversos alunos de Ratzinger, entre os quais, por exemplo, o arcebispo de Viena, Christoph Schönborn.

Segundo as reconstruções mais credenciadas daquele conclave, o cardeal Joseph Ratzinger, personalidade reconhecida e respeitada mesmo por aqueles que estavam em posições diferentes, que tinha conduzido com grande equilíbrio e sabedoria como decano do colégio a fase do pré-conclave, tinha partido, desde a primeira votação da noite, com um consistente pacote de votos (entre 30 e 40, segundo alguns; mais de 40, segundo outros). O grupo dos apoiadores de Martini haviam totalizado muitos menos (cerca de 10).

O arcebispo emérito de Milão, já doente de Parkinson (a mesma doença que atingira João Paulo II, o papa recentemente falecido), tinha aceitado ser candidato, mas apenas “de bandeira”, para permitir que os seus apoiadores contassem, deixando bem claro que, por causa das suas condições de sua saúde, ele não aceitaria a eleição.

O segundo votado naquele conclave, portanto, não foi Martini, mas Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires, que, de acordo com a reconstrução oferecida por Lucio Brunelli na revista Limes, graças à publicação do diário de um purpurado, alcançou na terceira votação do conclave (a segunda da manhã do dia da eleição) nada menos do que 40 votos. Um pacote substancial, que agitou os apoiadores de Ratzinger.

Foi decisivo a hora do almoço. Tendo voltado à Capela Sistina, os purpurados, na quarta votação, elegeram Bento XVI. Não é difícil imaginar que, diante da possibilidade de soluções improvisadas no caso de um impasse que levaria, no terceiro dia do conclave, a novas candidaturas em relação às duas principais que haviam surgido, Martini tenha preferido apoiar uma personalidade como a de Ratzinger.

Mas também existem outros testemunhos, segundo os quais, na hora do almoço daquele 19 de abril, alguns purpurados, incluindo Martini, teriam tido a percepção de que o dia podia se concluir sem a eleição. E isso eliminaria da corrida tanto Ratzinger – que havia aceitado a candidatura contanto que a eleição fosse rápida e não dividisse o Colégio Cardinalício –, quanto o segundo mais votado, isto é, Bergoglio. O que faria despontar um terceiro candidato, que até aquele momento tinha permanecido na sombra.

 

Martini, la rinuncia di Benedetto e il conclave 2005 – Andrea Tornielli – Vatican Insider: 17/07/2015

Le confidenze di padre Silvano Fausti, recentemente scomparso, attribuiscono al porporato gesuita un ruolo decisivo nell’elezione di Ratzinger e anche nella decisione della rinuncia. Altre fonti però tendono a ridimensionarlo

Le confidenze del biblista padre Silvano Fausti, gesuita, scomparso lo scorso 24 giugno, confessore e guida spirituale del cardinale Carlo Maria Martini hanno riacceso i riflettori sul ruolo giocato dall’ex arcivescovo di Milano nel conclave del 2005 che elesse Benedetto XVI. In una video-intervista (glistatigenerali.com), Fausti racconta due episodi. Uno riguardante la rinuncia di Papa Ratzinger e quell’ultimo colloquio con Martini, avvenuto a Milano il 2 giugno 2012, in occasione dell’incontro mondiale delle famiglie. Il porporato gesuita, gravemente ammalato di Parkinson (morirà tre mesi dopo), incontrò Ratzinger nel primo pomeriggio, in arcivescovado.

In quella occasione, secondo il racconto di Fausti, Martini disse a Benedetto XVI che era venuto il momento di dimettersi perché la Curia romana appariva irreformabile: «è proprio ora, qui non si riesce a fare nulla». Padre Fausti è una fonte di prima mano dato il rapporto che lo legava a Martini. È inoltre ben noto che Ratzinger e Martini si stimassero, pur da posizioni diverse. Non c’è da dubitare che con franchezza, in un frangente doloroso per la Santa Sede, nel pieno dello scandalo Vatileaks, l’arcivescovo emerito di Milano abbia suggerito a Benedetto la rinuncia.

È altrettanto noto che Papa Ratzinger aveva presente la possibilità di dimettersi già da tempo, probabilmente fin dall’inizio del suo pontificato. Aveva vissuto da vicino gli ultimi anni di Giovanni Paolo II, e aveva visto come la malattia del Pontefice avesse fatto crescere il potere dell’entourage. Del resto, ad attestare la riflessione di Benedetto XVI sulla possibilità della rinuncia è il libro-intervista con Peter Seewald («Luce del mondo»), pubblicato nel novembre 2010. Inoltre, per ammissione dei più suoi stretti collaboratori, si sa che la decisione venne presa da Ratzinger all’indomani del viaggio in Messico e a Cuba, del marzo 2012. Il Pontefice era tornato stremato da quella trasferta intercontinentale e aveva preso coscienza che non ce l’avrebbe fatta a compiere il già programmato viaggio in Brasile per la Giornata mondiale della Gioventù nel luglio 2013. Su questa situazione si è innestato lo scandalo di Vatileaks, che paradossalmente non ha accelerato la rinuncia, ma l’ha ritardata.

Il Segretario di Stato di Benedetto XVI, Tarcisio Bertone, ha dichiarato di aver ricevuto la comunicazione della decisione della rinuncia «a metà 2012», dunque presumibilmente nel mese di giugno. Lo stesso ha raccontato il vescovo Georg Gänswein, Prefetto della Casa Pontificia e segretario particolare di Ratzinger. Don Georg smentisce categoricamente che la ragione delle dimissioni sia legata a Vatileaks, facendo notare che l’annuncio è arrivato dopo la conclusione della vicenda, cioè dopo la fine del processo al maggiordomo Paolo Gabriele e l’udienza con Benedetto che lo perdonava. Sia Bertone che Gänswein avevano tentato – invano – di convincere Ratzinger a restare in carica. In questo contesto si collocano le parole di Martini. Non è possibile sapere se Benedetto XVI nell’ultimo breve incontro in arcivescovado del 2 giugno, abbia parlato a Martini delle sue intenzioni. È più probabile che sia stato il cardinale gesuita a parlargliene, come padre Fausti riferisce.

Molto più complesse da decifrare sono invece le confidenze di padre Fausti in merito al conclave del 2005, quando, secondo la sua ricostruzione, Martini avrebbe spostato i suoi consensi su Ratzinger per evitare «giochi sporchi» che puntavano a eliminare tutti e due per eleggere «uno di Curia, molto strisciante, che non ci è riuscito». Secondo Fausti, Ratzinger e Martini «avevano più voti, un po’ di più Martini». Ci sarebbe stata una manovra per eleggere un porporato curiale. «Scoperto il trucco, Martini è andato la sera da Ratzinger e gli ha detto: accetta domani di diventare Papa con i miei voti… Gli aveva detto: accetta tu, che sei in Curia da trent’anni e sei intelligente e onesto: se riesci a riformare la Curia bene, se no te ne vai».

Vista l’autorevolezza della fonte e il suo ruolo di confessore e direttore spirituale di Martini, non c’è motivo di dubitare sul fatto che l’arcivescovo emerito di Milano, in quel suo primo e unico conclave, abbia alla fine votato e fatto votare i suoi sostenitori per Ratzinger. Discutibile e discussa rimane invece la parte che assegna a Martini un pacchetto di voti importante e almeno inizialmente persino superiore a quelli di Ratzinger. Non c’è dubbio che in quella elezione papale l’unico gruppo organizzato, che aveva per tempo iniziato un’opera di convincimento presso gli altri cardinali, era quello dei sostenitori di Ratzinger. Lavoravano in questo senso il cardinale Bertone, all’epoca arcivescovo di Genova, per anni numero due del porporato bavarese alla Congregazione per la dottrina della fede; il cardinale curiale colombiano Alfonso Lopez Trujillo; diversi allievi di Ratzinger, tra i quali ad esempio l’arcivescovo di Vienna Christoph Schönborn.

Secondo le più accreditate ricostruzioni di quel conclave, il cardinale Joseph Ratzinger, personalità riconosciuta e rispettata anche da chi era su posizioni diverse che aveva condotto con grande equilibrio e sapienza da decano del collegio la fase del pre-conclave, era partito fin dalla prima votazione della sera con un consistente pacchetto di voti (tra i trenta e i quaranta, secondo alcuni; oltre i quaranta, secondo altri). Il gruppo dei sostenitori di Martini ne aveva totalizzati molti meno (una decina). L’arcivescovo emerito di Milano, già malato di Parkinson (lo stesso morbo che aveva colpito Giovanni Paolo II, il Papa appena scomparso) aveva accettato di fare il candidato ma soltanto «di bandiera», per permettere ai suoi sostenitori di contarsi, mettendo bene in chiaro che a causa delle sue condizioni di salute non avrebbe accettato l’elezione.

Il secondo votato in quel conclave non fu dunque Martini, ma Jorge Mario Bergoglio, arcivescovo di Buenos Aires, che secondo la ricostruzione offerta da Lucio Brunelli su «Limes» grazie alla pubblicazione del diario di un porporato, raggiunse nella terza votazione del conclave (la seconda della mattinata del giorno dell’elezione) ben quaranta voti. Una pacchetto consistente, che mise in agitazione i sostenitori di Ratzinger. Decisivo fu il momento del pranzo. Ritornati nella Sistina, i porporati alla quarta votazione elessero Benedetto XVI. Non è difficile immaginare che di fronte alla possibilità di soluzioni di ripiego nel caso di un empasse che avrebbe portato nel terzo giorno di conclave verso nuove candidature rispetto alle due principali che erano emerse, Martini abbia preferito sostenere una personalità come quella Ratzinger.

Esistono però anche altre testimonianze, secondo le quali al momento del pranzo di quel 19 aprile, alcuni porporati, tra i quali Martini, avrebbero avuto la percezione che la giornata si poteva chiudere senza l’elezione. E questo avrebbe eliminato dalla corsa sia Ratzinger – il quale aveva accettato la candidatura a patto che l’elezione fosse rapida e non spaccasse il collegio cardinalizio – sia il secondo più votato, cioè Bergoglio. Il che avrebbe fatto spuntare un terzo candidato, fino a quel momento rimasto nell’ombra.

 

Quando Martini disse a Ratzinger: ”A Cúria não muda. Você tem que sair” – IHU: 17/07/2015

O relato do padre Silvano Fausti: no conclave de 2005, o ex-arcebispo de Milão apontou para o alemão para evitar jogos sujos de um papável “rastejante”.

A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 16-07-2015.

O padre Silvano Fausti contava que o momento tinha sido quando Bento XVI e Carlo Maria Martini se viram pela última vez. Milão, Encontro Mundial das Famílias, dia 2 de junho de 2012, o cardeal, doente há algum tempo, saíra do Aloisium de Gallarate para ir ao encontro do papa.

Foi então que se olharam nos olhos, e Martini, que morreria no dia 31 de agosto, disse a Ratzinger: a Cúria não se reforma, não lhe resta senão sair.

Bento XVI havia voltado exausto da viagem a Cuba no fim de março. No verão, ele começou a falar a respeito com os colaboradores mais próximos que tentavam dissuadi-lo. Em dezembro, convocou um consistório no qual criou seis cardeais e nenhum europeu para “reequilibrar” o Colégio. No dia 11 de fevereiro de 2013, declarou a sua “renúncia” ao pontificado.

Renúncia “já programada” desde o início do papado – se as coisas não andassem como deveriam –, desde que, no conclave de 2005, Martini deslocou os seus consensos para Ratzinger, para evitar os “jogos sujos” que visavam a eliminar os dois e eleger “um da Cúria, muito rastejante, que não conseguiu”, revela o padre jesuíta.

Silvano Fausti morreu no dia 24 de junho passado, aos 75 anos, depois de uma longa doença. Biblista e teólogo, uma das vozes mais ouvidas e lidas do pensamento cristão contemporâneo, era a pessoa mais próxima de Carlo Maria Martini. O cardeal o escolhera como guia espiritual e confessor, confiava nele.

Esses bastidores, confidenciados três meses antes de morrer ao sítio GliStatiGenerali.com – a entrevista em vídeo foi agora divulgada na rede (veja abaixo, em duas partes) – corresponde àquilo que o padre Fausti contava em privado na sua casa de campo de Villapizzone, na periferia de Milão, onde vivia há 37 anos com outros jesuítas na comunidade que tinha fundado.

Quase um testamento que, sobre Ratzinger e Martini, remonta aos dias do conclave de dez anos atrás. Eram as duas personalidades mais proeminentes e, conta Fausti, “os dois que tinham mais votos; Martini um pouco mais” (já então doente de Parkinson), um pelos “conservadores” e o outro pelos “progressistas”.

Havia uma manobra para “derrubar a ambos” e eleger um cardeal “muito rastejante” da Cúria. “Descoberto o truque, Martini foi à noite ao encontro de Ratzinger e lhe disse: ‘Aceite amanhã se tornar papa com os meus votos’.” Tratava-se de fazer limpeza. “Ele lhe dissera: ‘Aceite você, que está na Cúria há 30 anos e é inteligente e honesto: se conseguir reformar a Cúria, bom, senão vá embora”.

Martini, revela Fausti, disse que o papa, depois, fez um discurso “que denunciava essas manobras sujas e fez muitos cardeais corarem”. No dia 24 de abril de 2005, na homilia de início de pontificado, Bento XVI disse: “Rezem por mim, para que eu não fuja, por medo, diante dos lobos”.

O padre Fausti lembra também o gesto que Ratzinger faria no dia 28 de abril de 2009, na cidade de Aquila, devastada pelo terremoto. Estava prevista apenas uma homenagem, mas Bento XVI semeou o pânico cruzando a Porta Santa da basílica periclitante de Collemaggio para depositar o seu pálio na teca de Celestino V, o papa da “grande recusa”.

Ratzinger e Martini, embora diferentes, se reconheciam e se estimavam. “Sempre tentavam colocá-los contra, para gerar notícia. Enquanto, com Wojtyla, Martini apresentava todos os anos a renúncia…”

A renúncia de Bento XVI eram uma possibilidade desde o início do seu pontificado, explica Fausti. Até que, em Milão, naquele dia, Martini lhe disse: “É precisamente agora, aqui não se consegue fazer nada”. Na última entrevista, Martini falou de uma Igreja que “ficou 200 anos para trás: como é possível que ela não se sacuda?”.

Ratzinger não fugiu diante dos lobos, apesar dos ataques e dos venenos internos que, até o Vatileaks, marcaram o pontificado. Ele sabia que era urgente agir e fazer limpeza, mas sentia que não tinha mais forças. Era preciso uma sacudida.

Na sua renúncia “em plena liberdade”, ele diz que, “para governar o barco de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor tanto do corpo quanto da alma”, que, “nos últimos meses”, veio a lhe faltar.

O conclave, dali a um mês, elegeria Jorge Mario Bergoglio. Padre Fausti, no vídeo, sorri: “Quando vi Francisco como bispo de Roma, cantei o Nunc dimittis, finalmente! Eu esperava desde os tempos de Gregório Magno um papa assim!”.

 

«Quando Martini disse a Ratzinger: la Curia non cambia, devi lasciare» – Gian Guido Vecchi – Corriere della Sera: 16/07/2015

Il racconto di padre Silvano Fausti: al Conclave del 2005 l’ex arcivescovo di Milano puntò sul tedesco per evitare giochi sporchi di un papabile «strisciante»

CITTÀ DEL VATICANO Padre Silvano Fausti raccontava che il momento era stato quando Benedetto XVI e Carlo Maria Martini si videro per l’ultima volta. Milano, incontro mondiale delle Famiglie, 2 giugno 2012, il cardinale malato da tempo era uscito dall’Aloisium di Gallarate per raggiungere il Papa. Fu allora che si guardarono negli occhi e Martini, che sarebbe morto il 31 agosto, disse a Ratzinger: la Curia non si riforma, non ti resta che lasciare. Benedetto XVI era tornato sfinito dal viaggio a Cuba, a fine marzo. In estate cominciò a parlarne ai collaboratori più stretti che tentavano di dissuaderlo, a dicembre convocò il concistoro dove creò sei cardinali e neanche un europeo per «riequilibrare» il Collegio, l’11 febbraio 2013 dichiarò la sua «rinuncia» al pontificato. Dimissioni «già programmate» dall’inizio del papato – se le cose non fossero andate come dovevano -, fin da quando al Conclave del 2005 Martini spostò i suoi consensi su Ratzinger per evitare i «giochi sporchi» che puntavano a eliminare tutti e due ed eleggere «uno di Curia, molto strisciante, che non ci è riuscito», rivela il padre gesuita.

Silvano Fausti è morto il 24 giugno a 75 anni, dopo una lunga malattia. Biblista e teologo, una delle voci più ascoltate e lette del pensiero cristiano contemporaneo, era la persona più vicina a Carlo Maria Martini, il cardinale lo aveva scelto come guida spirituale e confessore, si confidava con lui. Il retroscena affidato tre mesi prima di morire a glistatigenerali.com – l’intervista video è stata ora diffusa in Rete – corrisponde a ciò che padre Fausti raccontava in privato nella cascina di Villapizzone, alla periferia di Milano, dove viveva da 37 anni con altri gesuiti nella comunità che aveva fondato. Quasi un testamento che, a proposito di Ratzinger e Martini, risale ai giorni del Conclave di dieci anni fa. Erano le due personalità più autorevoli e, racconta Fausti, «i due che avevano più voti, un po’ di più Martini» (già allora malato di Parkinson), uno per i «conservatori» e l’altro per i «progressisti». C’era una manovra per «far cadere ambedue» ed eleggere il cardinale «molto strisciante» di Curia. «Scoperto il trucco, Martini è andato la sera da Ratzinger e gli ha detto: accetta domani di diventare Papa con i miei voti» . Si trattava di fare pulizia. «Gli aveva detto: accetta tu, che sei in Curia da trent’anni e sei intelligente e onesto: se riesci a riformare la Curia bene, se no te ne vai».

Martini, rivela Fausti, disse che il Papa fece poi un discorso «che denunciava queste manovre sporche e ha fatto arrossire molti cardinali». Il 24 aprile 2005, nell’omelia di inizio pontificato, Benedetto XVI disse: «Pregate per me, perché io non fugga, per paura, davanti ai lupi». Padre Fausti ricorda anche il gesto che avrebbe fatto Ratzinger, il 28 aprile 2009 nell’Aquila devastata dal terremoto. Era previsto solo un omaggio, ma Benedetto XVI seminò il panico varcando la porta santa della basilica pericolante di Collemaggio per deporre il suo pallio sulla teca di Celestino V, il Papa del «gran rifiuto». Ratzinger e Martini, pur diversi, si riconoscevano e si stimavano. «Cercavano sempre di metterli contro per fare notizia. Mentre, con Wojtyla, Martini dava ogni anno le dimissioni…». Le dimissioni di Benedetto XVI erano una possibilità dall’inizio del pontificato, spiega Fausti. Finché a Milano, quel giorno, Martini gli disse «è proprio ora, qui non si riesce a fare nulla». Nell’ultima intervista, Martini parlò di una Chiesa «rimasta indietro di 200 anni: come mai non si scuote?».

Ratzinger non è scappato davanti ai lupi, nonostante attacchi e veleni interni che fino a Vatileaks ne hanno funestato il pontificato. Sa che è urgente agire e fare pulizia, ma sente di non averne più la forza. Ci vuole una scossa. Nella sua rinuncia «in piena libertà» dice che «per governare la barca di san Pietro e annunciare il Vangelo, è necessario anche il vigore sia del corpo, sia dell’animo» che «negli ultimi mesi» gli è venuto a mancare. Il conclave, di lì a un mese, eleggerà Jorge Mario Bergoglio. Padre Fausti, nel video, sorride: «Quando ho visto Francesco vescovo di Roma ho cantato il nunc dimittis , finalmente!, ho aspettato dai tempi di Gregorio Magno un Papa così…».

 

Os dois vídeos da entrevista de Silvano Fausti para o site Gli Stati Generali: aqui e aqui.

Fontes: CartaCapital / IHU On-Line / Vatican Insider / Gli Stati Generali

Francisco no Encontro Mundial dos Movimentos Populares

Que o clamor dos excluídos seja escutado na América Latina e em toda a terra.

“A justa distribuição dos frutos da terra e do trabalho humano não é mera filantropia. É um dever moral. Para os cristãos, o encargo é ainda mais forte: é um mandamento. Trata-se de devolver aos pobres e às pessoas o que lhes pertence. O destino universal dos bens não é um adorno retórico da doutrina social da Igreja. É uma realidade anterior à propriedade privada. A propriedade, sobretudo quando afeta os recursos naturais, deve estar sempre em função das necessidades das pessoas. E estas necessidades não se limitam ao consumo. Não basta deixar cair algumas gotas, quando os pobres agitam este copo que, por si só, nunca derrama. Os planos de assistência que acodem a certas emergências deveriam ser pensados apenas como respostas transitórias. Nunca poderão substituir a verdadeira inclusão: a inclusão que dá o trabalho digno, livre, criativo, participativo e solidário”, afirmou o Papa Francisco, num discurso considerado por lideranças dos movimentos populares como ‘irretocável”, proferido no Encontro Mundial dos Movimentos Populares, em Santa Cruz de la Sierra, no dia 09.07.2015.

Segundo o Papa, “os movimentos populares têm um papel essencial, não apenas exigindo e reclamando, mas fundamentalmente criando. Vós sois poetas sociais: criadores de trabalho, construtores de casas, produtores de alimentos, sobretudo para os descartados pelo mercado global”.

Leia o discurso de Francisco.

Fonte: “Esta economia mata. Precisamos e queremos uma mudança de estruturas”, afirma o Papa Francisco – Notícias: IHU On-Line 10.07.2015

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