Enquanto a cidade queimava, o governante tocava lira

Agência Carta Maior: 30/07/2006

Francisco Carlos Teixeira

O sorriso de Condoleezza Rice

“Condi” Rice preferiu tocar piano enquanto Beirute era bombardeada. Tal desprezo pela vida humana nem mesmo é original: um outro governante já tocara lira enquanto outra cidade queimava…Sempre sorridente, abriu os caminhos para o massacre de Qana. Enquanto milhares de bombas abatiam-se sobre as cidades e vilas do Líbano, e outros tantos foguetes sobre Haifa e Tiberíades, a Secretária de Estado dos Estados Unidos, contrariando mais de 40 anos de tradição diplomática americana, afirmava que um cessar-fogo “ainda não era possível ou mesmo necessário”. De forma claramente maquiavélica – visando dar tempo a estratégia de Israel em aniquilar qualquer adversário regional com poder de fogo – “Condi” Rice afirmava, entre sorrisos gentis, que a violência “eram as dores do parto do novo Oriente Médio democrático”. Pouco depois, no domingo 30 de julho de 2006, bombas israelenses matavam dezenas de refugiados, mulheres e crianças, em Qana, sul de Tiro (cont.)

Chegamos a um momento de extrema gravidade: temos que solicitar o fim da violência, diz secretário-geral da ONU

Folha Online: 30/07/2006 – 18h25

Annan pede resposta firme da ONU a ataque de Israel

Em uma reunião urgente com o Conselho de Segurança da ONU (Organzaiçao das Nações Unidas), o secretário-geral da entidade, Kofi Annan, reiterou seu pedido por cessar-fogo urgente entre Israel e o grupo terrorista libanês Hizbollah, que se enfrentam há 19 dias. Annan reconheceu o direito isralense de defesa, mas condenou o bombardeio deste domingo, que matou dezenas de civis. Ele também pediu que a ONU reprima da forma mais forte possível a ação. “Estou profundamente consternado”, afirmou. Annan afirmou que o conselho tem responsabilidade para solicitar um fim da violência. “Nós chegamos a um momento de extrema gravidade, primeiro e sobretudo com o povo do Oriente Médio mas também pela autoridade desta organização e especialmente deste conselho”, disse. “Uma ação é necessária agora antes que mais crianças, mulheres e homens se transformem em vítimas do conflito que eles não têm controle.” Em um discurso incomum, Annan manifestou o risco que o conselho corre de minar sua autoridade se não tomar uma atitude. “O povo notou sua falência em agir firmemente e rápido durante a crise”, disse em referência à depredação da sede da ONU em Beirute neste domingo (cont.)


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Após ataque de Israel, visita de Condoleezza Rice ao Líbano é cancelada

Enfurecidas com o bombardeio de Israel à vila de Qana, autoridades libanesas cancelaram hoje a visita que a secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, faria ao país. Rice resolveu, então, retornar a Washington segunda-feira, mais cedo do que o previsto.

“Estou profundamente triste com a terrível perda de vidas inocentes”, afirmou ela. “Queremos um cessar-fogo o mais rápido possível.”

Ela negou, entretanto, que o primeiro-ministro libanês, Fuad Siniora, tenha suspendido a sua visita. “Quero que vocês entendam uma coisa também: eu entrei em contato com ele e disse que não iria, porque sinto fortemente que meu trabalho por um cessar-fogo é realmente aqui, hoje”, afirmou a jornalistas. Um oficial americano contou, depois, que ela havia decidido voltar para casa e trabalhar por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

Horas após os mísseis israelenses matarem pelo menos 50 pessoas em Qana, Siniora descartou a possibilidade de qualquer negociação com Israel, pediu uma trégua imediata e incondicional, uma investigação internacional sobre o “massacre” e uma reunião de emergência do Conselho de Segurança.

No entanto, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse que o país não vai conceder um cessar-fogo até atingir seu objetivo de destruir o grupo terrorista libanês Hizbollah.

Reunião

Ontem, Rice se encontrou com Olmert. Ela afirmou, então, esperar que um projeto de acordo com as principais condições para um cessar-fogo entre Israel e o Hizbollah comece a ser negociado na próxima quarta-feira.

No sábado, Israel recusou uma trégua de três dias proposta pela ONU para facilitar a chegada de ajuda humanitária à região e o Hizbollah ameaçou intensificar os ataques contra cidades centrais do país.

Rice, que também conversou com a ministra israelense de Relações Exteriores, Tzipi Livni, disse a jornalistas que “as negociações serão duras”, mas que ambos os lados devem ceder para conseguir alcançar seus objetivos. “Eu presumo e tenho motivos para acreditar que os líderes dos dois lados que enfrentam a crise gostariam de ver o fim dela”, comentou.

O plano de Rice para findar os ataques contempla a atuação de uma força multinacional de paz no sul do Líbano, com tropas de entre 10 mil e 30 mil homens, uma trégua do Hizbollah, a libertação dos soldados israelenses seqüestrados –o estopim do conflito foi o seqüestro de dois soldados levado a cabo pelo Hizbollah, no último dia 12–, a devolução ao Líbano de uma área ocupada por Israel e a reconstrução do Líbano. As informações são de segundo um funcionário da diplomacia americana que falou sob a condição de manter-se no anonimato.

Para hoje, estava programada uma conversa de Rice com o ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, e o chefe das forças armadas, Dan Halutz.

Fonte: Folha Online – 30/07/2006

 

Ataque de Israel mata 54 civis no Líbano

Num violento ataque israelense neste domingo, mais de 54 pessoas foram mortas na cidade de Qana, no sul do Líbano. Pelo menos 34 das vítimas são crianças.

Famílias de desabrigados estavam se refugiando no porão de um prédio de três andares que foi destruído no bombardeio. Dezenas de pessoas podem estar presas nos escombros.

O Exército de Israel afirmou que a milícia xiita Hezbollah usava a área para lançar mísseis e que havia avisado que civis deviam deixar a região.

Mas o correspondente da BBC no sul do Líbano Jim Muir afirma que muitas pessoas tinham medo de deixar o local por causa dos ataques nas estradas, enquanto outros não tinham condições de fazer a viagem.

O Hezbollah respondeu ao ataque lançando mais foguetes contra o norte de Israel neste domingo.

A cidade de Kiryat Shemona foi a mais atingida e teve vários residentes feridos no que foi descrito como o pior dia até agora na região.

Protestos

Soldados libaneses estão protegendo a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Beirute, depois que mais de mil manifestantes se reuniram diante do prédio para protestar contra o ataque a Qana.

A multidão, que chegou ao local de diferentes partes da cidade, invadiu as dependências do prédio da ONU, derrubou cercas e portas e queimou bandeiras de Israel e dos Estados Unidos.

Os manifestantes gritavam palavras de ordem pró-Hezbollah e anti-Israel, além de afirmar que queriam “Beirute livre”.

Antecedentes

A cidade libanesa de Qana ficou tristemente famosa em 1996 depois que Israel atacou uma base da força de paz da ONU. Mais de 100 civis que se abrigavam na base foram mortos,

A operação militar “Vinhas da Ira”, uma blitz de 16 dias contra o Líbano, visava encerrar bombardeios do Hezbollah no norte de Israel.

A repercussão internacional foi grande e Israel suspendeu a operação, trazendo um acordo que originou um cessar-fogo que baniu ataques a civis.

Fronteira

Outro ataque aéreo israelense no sábado fechou o principal posto de fronteira entre o Líbano e a Síria.

As bombas teriam destruído a estrada – do lado libanês – entre os prédios da imigração dos dois países.

Israel acusa a Síria, ao lado do Irã, de apoiar a milícia do Hezbollah, que no dia 12 deste mês capturou dois soldados israelenses em uma ação que deixou outros oito soldados mortos e iniciou o conflito que já dura 19 dias.

O ataque aéreo foi um entre dezenas de bombardeios que ocorreram no fim de semana. No mais violento, uma mulher e seis crianças morreram no vilarejo de Nmeiriya, no sul do Líbano.

De acordo com o Ministério da Saúde do Líbano, mais de 750 pessoas – em sua maioria civis – morreram em ataques de Israel desde o início dos confrontos. Do lado isralense, morreram pelo menos 51 pessoas, sendo 18 civis.

Segundo as Nações Unidas, ao menos 30% dos mortos no Líbano são crianças.

Retirada

O Exército de Israel disse, no sábado, ter saído da cidade libanesa de Bint Jbeil, cena da pior batalha desde o início da ofensiva contra o Hezbollah.

Os israelenses tentaram dominar o local por vários dias e perderam oito soldados em um único combate com os militantes xiitas.

A cidade continua sob bombardeios aéreos e ataques de artilharia, e o Exército israelense diz que pode voltar ao local a qualquer momento.

Israel tem afirmado – e reforçou a mensagem neste sábado – que já provocou grandes perdas de armas e homens da milícia radical, dizendo ter matado 26 militantes em combates recentes e mais de 250 militantes ao todo – o grupo admite a morte de cerca de 30 homens.

Em entrevista a redes de TV árabes, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, afirmou que Israel sofreu sérias derrotas no sul do Líbano e que havia ficado claro que os israelenses não conseguiriam alcançar uma vitória militar.

Nasrallah disse ainda que a secretária de Estado americana, Condoleeza Rice, estava voltando à região para impor condições ao Líbano e servir Israel.

Fonte: BBC Brasil – 30/07/2006

 

Mundo condena pior ataque de Israel no Líbano; ONU faz reunião de emergência

A comunidade internacional condenou o ataque mais violento desde o início da guerra não declarada entre o Hizbollah e Israel. Ao menos 56 pessoas morreram nos bombardeios contra o vilarejo de Qana na madrugada deste domingo. Dentre as vítimas, 37 eram crianças, segundo fontes da polícia libanesa e das equipes de resgate.

A pedido de Kofi Annan, secretário-geral das Nações Unidas, o Conselho de Segurança da ONU convocou uma reunião de emergência para as 11h em Nova York (12h de Brasília) na qual será discutida a situação do Líbano.

O primeiro-ministro libanês, Fuad Siniora, telefonou hoje a Annan solicitando uma investigação internacional do ataque e um reunião urgente do Conselho. Horas antes, a ONU criticou o ataque, reforçando a necessidade de um “cessar-fogo imediato”.

“Os civis pagam o preço mais duro desta guerra e lembro os pedidos do secretário-geral de respeito às leis humanitárias internacionais e a preservar as vidas humanas”, afirma um comunicado da ONU divulgado em Beirute.

Líderes

Líderes da França, Espanha, Alemanha, Egito, Jordânia e outros países também condenaram os ataques, pedindo cessar-fogo imediato. “A França condena essa ação injustificável, que mostra mas que nunca a necessidade de um cessar-fogo”, disse um comunicado do presidente francês Jacques Chirac.

O representante das Relações Exteriores da União Européia, Javier Solana, afirmou em um comunicado que “nada pode justificar” a morte de civis inocentes.

O presidente do Egito, Hosni Mubarak, classificou como “irresponsável” o bombardeio. Na nota, o presidente egípcio voltou a pedir um imediato cessar-fogo na guerra não declarada entre Israel e o Hizzbolah.

O presidente palestino Mahmud Abbas acusou Israel de ter cometido um crime em Qana, no sul do Líbano, e pediu à ONU que instaure um cessar-fogo imediato.

Nesta manhã, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, afirmou estar “profundamente triste com a terrível perda de vidas inocentes”. “Queremos um cessar-fogo o mais rápido possível”, afirmou Rice, que teve sua visita ao Líbano cancelada.

Fonte: Folha Online – 30/07/2006

Por que Israel massacra civis libaneses com o consenso de Bush? O alvo é o Irã

Ataque de Israel mata ao menos 50 no Líbano; Hizbollah faz nova ameaça

“Pelo menos 50 pessoas, das quais cerca de 20 crianças, morreram neste domingo nos bombardeios de Israel contra o vilarejo de Qana, sul do Líbano. O ataque, de madrugada, destruiu dezenas de edifícios. ‘Não quero que me perguntem sobre números. Todos sabem que servimos de cobaias para as armas deles, as bombas de implosão. É a única coisa que se vê’, declarou, entre lágrimas, Naim Rakka, um dos coordenadores da equipe de emergência da Defesa Civil libanesa, com os corpos de duas crianças nos braços (…) ‘Esse massacre bárbaro, que representa uma mudança grave e perigosa no curso da guerra, pode levar a reações contra o mundo mudo e cúmplice, que deve assumir suas responsabilidades, porque esse massacre horrível, como outros, não permanecerá impune’, ameaçou o Hizbollah em comunicado. Pouco depois do ataque, o primeiro-ministro libanês, Fuad Siniora, descartou a possibilidade de qualquer negociação, pediu uma investigação internacional sobre o bombardeio e exigiu um cessar-fogo imediato e incondicional” (cont.) – Folha Online: 30/07/2006 – 09h34


Vaticano pede para mundo não ser “indiferente à violência”

“O jornal vaticano ‘Osservatore Romano’ dedicou novamente especial atenção ao sofrimento de civis no conflito entre Israel e o grupo terrorista libanês Hizbollah e afirmou que esta ‘escalada cotidiana de violência e mortes não pode e não deve tornar as pessoas indiferentes'” (cont.) – Folha Online: 30/07/2006 – 05h49


“Verdadeiro alvo dos EUA é o Irã na crise atual”, dizem analistas

“O verdadeiro alvo da ofensiva israelense no Líbano e do silêncio da Casa Branca não é apenas o Hizbollah, mas também o Irã, segundo analistas políticos. Eles dizem que os Estados Unidos buscam ‘cortar as asas’ de Teerã. O governo do presidente George W. Bush se cala e não pede um cessar-fogo imediato porque na realidade ‘simpatiza com o objetivo israelense de destruir o Hizbollah e quer dar tempo para que isso seja alcançado’, disse hoje Robert Dreyfuss, analista político do centro de estudos liberal ‘Institute for Public Accuracy’. Dessa forma, dá um passo a mais para sua verdadeira meta, que prevê que todos os olhares estejam voltados para o Irã como ‘o cérebro de tudo o que está acontecendo’, assegurou Dreyfuss” (cont.) – Folha Online: 29/07/2006 – 20h56

Israel tem aval do governo Bush para continuar a agressão ao Líbano

EUA barram condenação; Israel faz 130 ataques contra o Líbano
Horas depois de os Estados Unidos terem impedido que o Conselho de Segurança da ONU condenasse os ataques de Israel contra um posto das Nações Unidas no Líbano [que deixou quatro mortos] – fazendo vista grossa à violência -, a Força Aérea israelense atacou cerca de 130 alvos em território libanês na madrugada desta sexta-feira.

Para correspondentes da Folha, conflito no Líbano vai longe
Exaustivamente questionados sobre a possibilidade de um cessar-fogo, os jornalistas Marcelo Ninio, 39, enviado especial ao Líbano, e Michel Gawendo, 33, colaborador em Israel, sinalizaram que o conflito vai longe.

US ‘outrage’ over Israeli claims
The US state department has dismissed as “outrageous” a suggestion by Israel that it has been authorised by the world to continue bombing Lebanon.

A guerra e seu impacto sobre a arqueologia em Israel

Veja no site da Biblical Archaeology Society o impacto da guerra sobre as escavações arqueológicas na região norte de Israel. Com várias fotografias dos sítios arqueológicos [Obs.:links desaparecidos…].

Quem está vencendo esta guerra?

Conflito aumenta intolerância entre israelenses

O clima belicoso gerado pela guerra no Líbano se estendeu também para dentro da sociedade israelense, com manifestações cada vez mais freqüentes de intolerância em relação à minoria que se opõe à guerra.

Pesquisas de opinião indicam que a maioria da população de Israel apoia a ofensiva no Líbano. Mas há uma minoria significativa, que inclui israelenses de esquerda e pacifistas e também os cidadãos árabes do país, que não aceita a posição do governo e exige um cessar-fogo imediato.

Em Israel, os protestos de rua contra a guerra viraram alvos de agressões verbais e físicas.

Artigos contrários à guerra, publicados em jornais e sites na internet, recebem uma quantidade sem precedentes de respostas agressivas de internautas.

Psicologia

A BBC Brasil ouviu vários analistas que tentaram explicar as manifestações de ódio contra a minoria que se opõe à guerra e a falta de empatia da maioria dos israelenses com o sofrimento de civis libaneses.

O doutor em psicologia Roni Berger é um dos diretores da ONG Natal, que fornece apoio emocional a civis que sofrem de traumas em decorrência do conflito.

“A maioria dos israelenses percebe o Hezbollah como uma ameaça existencial”, disse Berger.”É muito difícil sentir empatia com o outro quando uma pessoa se sente diretamente ameaçada.”

Berger, especialista em psicologia de massas e principalmente em situações de traumas coletivos, já foi assessor do governo americano depois dos ataques ao World Trade Center e do governo do Sri Lanka depois do tsunami.

“O medo existencial gera ódio e intolerância”, afirmou. “Quando animais se sentem ameaçados, eles são capazes de destroçar os outros.”

“Quando a própria sobrevivência está em jogo, acaba a empatia, a capacidade de generosidade diminui significativamente, e esse é um fenômeno internacional que também encontrei em Nova Orleans, depois do furacão Katrina.”

“Em Israel existe uma raiva enorme contra o Hezbollah, por ter atacado a população, e os israelenses capazes de sentir empatia com o sofrimento dos libaneses são uma minoria.”

Casa destruída

Ruti Gur, diretora de uma ONG feminista e moradora de Haifa, faz parte dessa minoria.

No último domingo, dia 23, a casa de Gur foi diretamente atingida por um míssil disparado pelo Hezbollah.

Por sorte, no momento do bombardeio a casa estava vazia, mas foi severamente danificada e ficou inabitável. Partes da construção terão que ser demolidas.

Gur, o marido e seus dois filhos terão de procurar um lugar alternativo para morar, e a reconstrução da casa poderá levar mais de seis meses.

“Dois dias antes do ataque em casa, participei de uma manifestação de mulheres pela paz, em Haifa. Várias pessoas na rua nos chamaram de ‘traidoras’ e chegaram a nos agredir fisicamente”, disse Gur à BBC Brasil.

“Depois que senti, na minha pele, o que significa ter a própria casa atingida por mísseis, sinto mais empatia ainda pelas mulheres do Líbano e pretendo continuar participando dos protestos contra a guerra.”

“Mas quero deixar bem claro que também sinto muita raiva do Hezbollah por ter destruído minha casa, e condeno a concepção militarista dos dois lados, tanto de Israel como do Hezbollah”, concluiu Gur.

Opinião segura

O doutor em Sociologia Lev Grinberg, da Universidade Ben Gurion, disse que a falta de empatia da maioria dos israelenses com a população árabe libanesa também decorre do fato que, há dezenas de anos, Israel mantém a ocupação dos territórios palestinos.

“Depois de quase 40 anos de ocupação, existe uma perda geral de sensibilidade”, afirmou Grinberg.

“Mas a falta de sensibilidade em relação ao outro lado não é um fenômeno específico apenas de Israel, acontece em todas as situações de guerra. Quanto mais cresce a violência, diminui a empatia, e há menos apoio ao caminho do diálogo e das negociações. Nesses momentos o caminho da ‘força e mais força’ prevalece.”

O jornalista Gideon Levy escreveu recentemente um artigo, no jornal Haaretz, afirmando que a guerra deve ser “interrompida imediatamente”. “Era desnecessária desde o inicio, mesmo se o pretexto era justificado, e é chegado o momento de pará-la.”

Levy recebeu 513 reações de internautas, a maioria delas extremamente violentas, o chamando de “traidor”, “lixo” ou dizendo “tomara que um missil do Hezbollah acerte a sua cabeça”.

Mas o jornalista afirmou que “prefere o ódio à indiferença”.

“Assim, pelo menos se cria uma discussão na sociedade, e a violência das reações indica rachaduras no consenso. As pessoas começam a ter dúvidas se realmente estão com a razão, pois quem tem segurança de suas posições não grita, é capaz de falar calmamente”, disse Levy.

Fonte: Guila Flint – BBC Brasil: 26/07/2006

Crimes de guerra

Folha Online: 26/07/2006 – 13h18

Israel recebeu 10 avisos para evitar ataques, diz ONU

Os observadores da ONU mortos ontem em ataque de Israel – que lançou mais de 14 bombas à região onde ficava o posto da organização, no sul do Líbano – enviaram dez avisos sobre sua localização e pedidos de cuidado ao Exército israelense seis horas antes de serem atingidos por um míssil certeiro, segundo oficial das Nações Unidas citado pela CNN. A informação dá força à frase dita ontem pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que classificou o ataque como “aparentemente deliberado”. Israel nega. O prédio das Forças Internacionais das Nações Unidas [ou Unifil, sigla em inglês] ficou destruído. Três dos quatro corpos das vítimas foram retirados dos escombros na manhã desta quarta-feira (…) Ministros das Relações Exteriores de 15 países participantes da conferência internacional sobre o Líbano, realizada nesta quarta-feira em Roma, pediram a formação urgente de uma força internacional sob o mandato da ONU (Organização das Nações Unidas) para dar assistência à população libanesa. Apesar disso, eles não chegaram a nenhum acordo para exigir um cessar-fogo imediato (cont.)


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Conflito interrompe pesquisa arqueológica em Hazor, Tel Dan e Meguido

Em e-mail de Joe Zias para a lista de discussão ANE-2 leio que as escavações arqueológicas de Hazor, Tel Dan e Meguido, no norte de Israel, tiveram que ser interrompidas e o pessoal evacuado, pois a região está sendo bombardeada no conflito Israel-Líbano. Como, aliás, já se sabia.

O e-mail de Joe Zias para a lista ANE-2, de 24 de julho de 2006 12:18, diz: Dear Colleagues: Hazor, Tel Dan and Megiddo were forced to evacuate due to hostilities.

Há também a preocupação, manifestada na mesma lista de discussão, com a situação do Museu Nacional de Beirute, no Líbano, sobre o qual ainda não chegaram notícias.

Leia o relato de um pesquisador norte-americano que estava em Hazor quando caiu o primeiro foguete do Hizbollah na região no dia 13 passado.

 

Prof witnesses rocket attack at Israeli archaeological site

by Garrett E. Wishall, posted Tuesday, July 18, 2006

LOUISVILLE, Ky. (BP)–T.J. Betts went to Israel searching for ancient artifacts. Little did he know what he would find.

Betts was part of an archeological team that had to be evacuated from Tel Hazor, Israel, the morning of July 13 during a Lebanese Hezbollah rocket attack on the region.

Betts, assistant professor of Old Testament interpretation at Southern Baptist Theological Seminary in Louisville, Ky., said he was standing on top of a hill when he saw one of the rockets explode.

“It was really bizarre because we could hear the explosions all around us,” he said. “All of the cities are built on hills and we could see for miles. I was on top of a hill and I saw a huge explosion. At first, the Israelis who were with us said, ‘Oh, it is just artillery practice.’ They didn’t want us to know that it was an attack. But the smoke was as tall as a 10-story building. Not long after that, they said, ‘We need to evacuate you.’”

Betts and his group were moved to Tiberius, a resort town on the Sea of Galilee, where they saw news of the attack for the first time.

“The Israelis didn’t tell us a lot because they didn’t want us to panic,” Betts said. “Then we saw the news in Tiberius and saw that the attacks had circled around where we were.

“To be honest, it is hard to describe. It was so different from anything I had experienced before. I can honestly say for the whole group that no one was frightened until we saw the news. Then we realized that we had been in a somewhat dangerous situation and hadn’t even realized it.

“I had never seen explosions, except for fun. Having never experienced anything like that, my reaction was more like, ‘Wow, look at that.’ It didn’t sink in until later how serious the situation was.”

Betts was part of a team led by Amnon Ben-tor, world-renowned archeologist from Israel and head archeologist at Hebrew University in Jerusalem. The dig included scholars and students from around the world looking for archives from the middle to late Bronze period. Seth Rodriguez, a doctoral student in archeology at Southern Seminary, was another member of the team.

The group was staying in the region of northern Galilee, five miles from the Lebanese border and less than 15 miles from the Syrian border.

Upon being evacuated, Betts said their Israeli hosts told them they would be able to return to Tel Hazor that night. However, their opinion changed as the attack intensified and the group spent the night in Tiberius. The next morning, the group learned that around 100 rockets had fallen on northern Israel the day before.

The rocket Betts saw hit only one mile from the dig site, and several others peppered the region within a three-mile radius. The group briefly returned to Tel Hazor to gather their belongings before completely evacuating to Tiberius.

At 8 a.m., Saturday, July 15, the team left on a bus for Jerusalem. Six hours later, another Hezbollah attack rocked Tiberius.

Betts said when he first arrived in Jerusalem he was visiting an archeological site near the city when he heard an Israeli F-15 rocket attack on Gaza.

“We thought we would be safe because that was in the far south and our dig was in the far north, so we thought we would be fine,” he said. “I told my family we would be safe, but then the war broke out in the north.”

Terrorist factions had threatened to damage the airport in Tel Aviv, but as of Sunday night, July 16, nothing had happened. Betts flew out that night, and 12 and a half hours later he arrived safely in Atlanta.

Betts left for Israel June 27, planning on working at the dig site for three weeks. Other members of the group had scheduled to work six weeks and were only halfway done when the Hezbollah attacks began. Betts said those members have remained in Jerusalem to see if they would be able to return to the dig site. Rodriguez is scheduled to return to the United States July 19.

Conflict erupted on July 12 when Hezbollah guerrillas killed eight Israeli soldiers and captured two others in cross-border attacks from Lebanon. Since that time, both sides have launched offensives — including Israel’s attack on Beirut and Hezbollah’s barrage of Haifa — leaving scores dead on each side.

Bombardeios israelenses causam catástrofe ecológica no Líbano

Bombardeios no Líbano causam catástrofe ecológica

Os bombardeios israelenses sobre o Líbano, que já completaram dez dias consecutivos, provocaram uma crise humanitária e também uma catástrofe ecológica, com uma maré negra se estendendo ao longo da costa libanesa.

A mancha, que vai de norte a sul, foi formada pelo combustível que vazou das instalações bombardeadas por Israel, como a central elétrica de Yieh, poucos quilômetros ao sul de Beirute.

“A camada de óleo que contamina as praias de Beirute e do resto do Líbano vazou dos navios, das centrais elétricas bombardeadas e dos navios de guerra israelenses atingidos pelo ataque do Hizbollah”, afirmou o prefeito de Beirute, Abdel Melhem Ariss.

O ministro do Meio Ambiente, Yacub al-Sarraf, denunciou a “grande catástrofe ecológica, que ameaça a fauna e a flora”. Até agora, ainda não há uma avaliação da extensão exata da camada. “Entramos em contato com a ONU, com a Rempac [organização do Mediterrâneo] e com o Kuwait, que prometeu fornecer produtos químicos para absorver os combustíveis (cont.)

Fonte: da Efe, em Beirute – Folha Online: 22/07/2006