Biblioblogs: mais problemas do que soluções?

No rescaldo da sessão sobre os biblioblogs na SBL, uma polêmica tomou conta de muitos biblioblogs: por que os biblioblogueiros são em sua quase totalidade homens, brancos, acadêmicos e de países ricos? A questão de gênero: onde estão as mulheres biblioblogueiras? O monopólio cultural: onde estão os biblioblogs de outras culturas fora do circuito acadêmico europeu/norte-americano? Seria mesmo adequado o nome biblioblog? Nomear neste caso serve para distinguir, ou o rótulo “bibliobloggers” estaria sendo utilizado para definir um “clube” específico e fechado?

E a questão da língua – predomina o inglês – que nem chegou a ser colocada? Sabemos que todo biblista competente consegue ler uma dezena ou mais de línguas, sendo o inglês, o francês e o alemão obrigatórios pela extensa bibliografia publicada nestas três línguas. Mas os falantes de língua inglesa estão preocupados em ler, por exemplo, o português? Ou não precisam aprender línguas de países periféricos, por ser sua produção acadêmica significativamente menor? Ou ainda: tudo o que sai nas “línguas periféricas” não acaba traduzido para o inglês, a língua dominante na Internet e no mundo?

“Blogo” ou não “blogo” (!): eis a questão! “Biblioblogo” ou não “biblioblogo”: onde está a solução?

Leia mais:
Death of the biblioblog?
Digital Openness and Biblical Studies (post-CARG post #1)

Biblioblogs: problemas e soluções

SBL CARG… O que será isso?

Apenas Society of Biblical Literature [Annual Meeting] Computer Assisted Research [Section] Group. É que no Encontro Anual da Sociedade de Literatura Bíblica (SBL), em Filadélfia, USA, que acontece de 19 a 22 de novembro de 2005, um Grupo de Pesquisa Auxiliada por Computador (CARG), estará debatendo, no dia 20, os biblioblogs, em tema intitulado: The Pleasures, Pains and Prospects for Biblioblogging.

Lembro que um Biblioblog ou Blog sobre Estudos Bíblicos é um diário virtual que tem como foco principal pesquisas bíblicas realizadas por exegetas ou estudantes de pós-graduação em Bíblia. E que este debate se impõe, pois o fenômeno dos biblioblogs tem crescido de maneira significativa. Especialmente os biblioblogs em língua inglesa, com clara predominância de pesquisadores dos Estados Unidos e do Reino Unido. Para um número cada vez maior de biblistas e estudantes de Bíblia, os biblioblogs têm sido uma maneira interessante de rapidamente difundir notícias e informações, trocar ideias e provocar debates.

Mas qual é o futuro dos biblioblogs? Qual é o seu real objetivo? Quem está fazendo biblioblogs? Quem lê os biblioblogs? Qual sua relação com as tradicionais páginas de Bíblia na Internet? Os biblioblogs contribuem para a pesquisa ou não passam de mais um modismo da web? Conseguem manter a profundidade do debate acadêmico ou tendem a banalizá-lo? Os softwares para blogs são adequados ou devem melhorar?

Para debater tais questões, um grupo de pioneiros em biblioblogs estará presente no encontro da SBL. Apresentam ensaios os “bibliobloggers” James Davila, University of St. Andrews, Scotland e Rich Brannan, PastoralEpistles.com, USA, em seção presidida por Mark Goodacre, Duke University, USA. No painel que se seguirá, estarão participando: A.K.M. Adam, Seabury-Western Theological Seminary, Evanston, IL; Tim Bulkeley, University of Aukland, New Zealand; Stephen Carlson, Fairfax, VA; Edward Cook, Cincinnati, OH; Torrey Seland, Volda University College, Norway; James West, Quartz Hill School of Theology, Quartz Hill, CA.