Resenhas na RBL – 25.09.2015

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Gary A. Anderson and Joel S. Kaminsky, eds.
The Call of Abraham: Essays on the Election of Israel in Honor of Jon D. Levenson
Reviewed by Megan Warner

Bryan C. Babcock
Sacred Ritual: A Study of the West Semitic Ritual Calendars in Leviticus 23 and the Akkadian Text Emar 446
Reviewed by Daniel Oden

Reimund Bieringer, Ma. Marilou S. Ibita, Dominika A. Kurek-Chomycz, and Thomas A. Vollmer, eds.
Theologizing in the Corinthian Conflict: Studies in the Exegesis and Theology of 2 Corinthians
Reviewed by H. H. Drake Williams III

Walter Bührer
Am Anfang…: Untersuchungen zur Textgenese und zur relativ-chronologischen Einordnung von Gen 1–3
Reviewed by Jordan M. Scheetz

Warren Carter
What Does Revelation Reveal? Unlocking the Mystery
Reviewed by Shane J. Wood

Yoram Cohen
Wisdom from the Late Bronze Age
Reviewed by Ralph K. Hawkins

István Czachesz and Risto Uro, eds.
Mind, Morality, and Magic: Cognitive Science Approaches in Biblical Studies
Reviewed by Paul Korchin

David A. deSilva
The Apocrypha
Reviewed by Daniel M. Gurtner

Jo Ann Hackett and Walter E. Aufrecht, eds.
“An Eye for Form”: Epigraphic Essays in Honor of Frank Moore Cross
Reviewed by Heath D. Dewrell

Shalom E. Holtz
Neo-Babylonian Trial Records
Reviewed by J. H. Price

Mitri Raheb
Faith in the Face of Empire: The Bible through Palestinian Eyes
Reviewed by Michael Sandford

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Frase do dia – 20.10.2015

A tramada situação. A gente vê o inesperado.

Se e se? A gente ia ver, à espera. Com os soturnos pesos nos corações; um certo espalhado susto, pelo menos. Eram horas precárias.

Guimarães Rosa, Os irmãos Dagobé, em Primeiras Estórias.

Religião e formação de classes na antiga Judeia

Religião e formação de classes na antiga Judeia. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 120, p. 413-434, 2013.

Vamos falar de um livro e de seu conteúdo. Trata-se de KIPPENBERG, H. G. Religião e formação de classes na antiga Judeia: estudo sociorreligioso sobre a relação entre tradição e evolução social. São Paulo: Paulus, [1988] 1997, 184 p. – ISBN 8505006798.

O livro de Hans G. Kippenberg é o resultado de uma tese de livre-docência apresentada na Faculdade de Filosofia e Sociologia da Universidade Livre de Berlim, Alemanha, em 1975.

Hans G. Kippenberg nasceu na Alemanha em 1939. Estudou Teologia, História das Religiões, Línguas Semíticas e Iranianas nas Universidades de Marburg (1959/60), Tübingen (1960/62), Göttingen (1962/63), Leeds (Reino Unido – 1966) e Berlin (1969-1976). Em 2004 tornou-se Professor de Estudo Comparado das Religiões na Universidade Jacobs, Bremen, Alemanha.

Li, no original alemão, a primeira edição, de 1978: Religion und Klassenbildung im antiken Judäa: eine religionswissenschaftliche Studie zum Verhältnis von Tradition und gesellschaftlicher Entwicklung. 2. ed., erw. Aufl. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, [1978] 1982, 186 s. – ISBN 3525553667.

Fiquei entusiasmado com o livro e com o que pude aprender com ele. Notei, porém, que muitos interessados no tema tratado não conseguiam vencer as dificuldades da obra – um denso estudo socioantropológico, com vocabulário bastante técnico e centenas de notas de rodapé – que foi traduzida para o português por João Aníbal G. S. Ferreira em 1988, a partir da segunda edição ampliada, de 1982. Daí a ideia do resumo, que pode ser conferido aqui. Não ignoro, é claro, que os estudos nesta área fizeram avanços consideráveis nos últimos trinta e poucos anos, mas creio ser defensável a atualidade – pelo menos da maior parte – deste estudo.

O objetivo da obra: relacionar o conteúdo das tradições religiosas judaicas com a vida social dos judeus. O motivo da obra: os movimentos judaicos de resistência contra gregos e romanos tiveram interpretações divergentes por parte dos autores.

Por exemplo: M. Hengel (1961) defende que o movimento zelota de resistência tem, como dominantes, razões religiosas, afirmando, assim, a independência e a prioridade do religioso sobre o político-social, enquanto H. Kreissig (1970) defende que foram as contradições sociais, criadas por condições socioeconômicas, que possibilitaram o processo de resistência contra Roma, sendo os camponeses e sacerdotes das camadas mais baixas os seus motores principais. Percebe-se que Hengel e Kreissig trabalham dentro da dicotomia Religião e Sociedade: para um, são as motivações religiosas que dominam a história; para outro, são as motivações sociais que contam.

Mas, neste meio tempo, avançou a sociologia etnológica em três áreas: etnologia do parentesco, antropologia econômica e antropologia política. Daí o presente livro: ele interpreta a antiga literatura judaica em relação aos conceitos e métodos da etnologia – ou antropologia social. A etnologia tenta reconstruir o tipo de ordem social da Judeia antiga, comparando-o com os de outras sociedades do Antigo Oriente Médio.

Os movimentos judaicos de resistência levantam a seguinte questão: existia uma relação intrínseca entre determinados conteúdos da tradição religiosa e as lutas de resistência, ou a relação era extrínseca ou, até mesmo, casual?

A hipótese do autor é a seguinte: a tradição se uniu com duas tendências antagônicas: a tendência à formação de classes e a tendência à solidariedade, formando, assim, dois complexos divergentes de tradição que fundamentam os conteúdos religiosos dos movimentos judaicos de resistência.

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Paideia grega e Apocalíptica judaica

Paideia grega e Apocalíptica judaica. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 113, p. 11-22, 2012.

Muitas e variadas foram as formas utilizadas pelos gregos em todo o Oriente Médio para implantar a helenização nos territórios conquistados pelos exércitos de Alexandre Magno no século IV aC. Muitas e variadas foram também as estratégias utilizadas pelos povos do Oriente Médio para lidar com este processo.

Entretanto, aqui vou apenas citar uma destas formas de implantação do helenismo, a paideia grega, e, com mais vagar, abordar uma interessante estratégia de resistência à helenização de alguns grupos da Palestina, a apocalíptica judaica.

Assim começa o meu artigo.

Desenvolvo o tema em três etapas:
1. A paideia grega chega a Jerusalém
2. A apocalíptica: estratégia para lidar com o imperialismo
3. Um exemplo: o livro de Daniel

O artigo está disponível aqui.

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Resenhas na RBL – 18.09.2015

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Wilhelm Bousset
Kyrios Christos: A History of Belief in Christ from the Beginning of Christianity to Irenaeus
Reviewed by Jonathan M. Potter

Claire Clivaz, Corina Combet-Galland, Jean-Daniel Macchi, and Christophe Nihan, eds.
Ecritures et réécritures: La reprise interprétative des traditions fondatrices par la littérature biblique et extra-biblique. Cinquième Colloque International du RRENAB, Université de Genève et Lausanne, 10-12 juin 2010
Reviewed by Renata Furst

Devorah Dimant
History, Ideology and Bible Interpretation in the Dead Sea Scrolls: Collected Studies
Reviewed by Peter Porzig

Benjamin H. Dunning
Christ without Adam: Subjectivity and Sexual Difference in the Philosophers’ Paul
Reviewed by Robert Paul Seesengood

Joseph R. Hacker and Adam Shear, eds.
The Hebrew Book in Early Modern Italy
Reviewed by Jeffrey L. Morrow

Richard Horsley
The Prophet Jesus and the Renewal of Israel: Moving Beyond a Diversionary Debate
Reviewed by Chris L. de Wet

Gideon R. Kotzé
The Qumran Manuscripts of Lamentations: A Text-Critical Study
Reviewed by Pieter B. Hartog

Frans van Liere
An Introduction to the Medieval Bible
Reviewed by Marcus Elder

Heinz-Werner Neudorfer
Der Brief des Paulus an Titus
Reviewed by Manabu Tsuji

Walter T. Wilson
The Sentences of Sextus
Reviewed by Johan Thom

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Resenhas na RBL – 15.09.2015

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Mark W. Elliott, Scott J. Hafemann, N. T. Wright, and John Frederick, eds.
Galatians and Christian Theology: Justification, the Gospel, and Ethics in Paul’s Letter
Reviewed by Susan Eastman

Michael B. Hundley
Gods in Dwellings: Temples and Divine Presence in the Ancient Near East
Reviewed by Pekka Pitkanen
Reviewed by Paul Sanders

Mark D. Nanos and Magnus Zetterholm, eds.
Paul within Judaism: Restoring the First-Century Context to the Apostle
Reviewed by Mark M. Mattison

Mark Reasoner
Roman Imperial Texts: A Sourcebook
Reviewed by Warren Carter

R. S. Sugirtharajah
The Bible and Asia: From the Pre-Christian Era to the Postcolonial Age
Reviewed by Alex Damm

Caroline Vander Stichele and Susanne Scholz, eds.
Hidden Truths from Eden: Esoteric Readings of Genesis 1–3
Reviewed by Dylan M. Burns
Reviewed by Ronald Hendel

Wim J. C. Weren
Studies in Matthew’s Gospel: Literary Design, Intertextuality, and Social Setting
Reviewed by Brian C. Dennert

David Wolpe
David: The Divided Heart
Reviewed by Walter Dietrich

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A Pedra de Rosetta está online

Foi a Pedra de Rosetta (196 a.C.) que possibilitou decifrar os hieróglifos egípcios. Proeza conseguida por Jean-François Champollion (1790-1832).

A parte central do site é uma análise linguística integral do texto trilíngue sobre a Pedra de Rosetta. No entanto, ele também procura apresentar informações interessantes para um leitor não acadêmico.

The Rosetta Stone online

Diz o site:
This homepage is the outcome of a hands-on university seminar on the online presentation of the Rosetta Stone. It is a cooperation of the German Excellence Cluster Topoi and the Department of Archaeology of the Humboldt-Universität zu Berlin. For this project, the project leaders and the seminar participants combined their expertise in Egyptology, Ancient Greek Linguistics, General Linguistics, and Computer Sciences. A kernel part of the homepage is a full linguistic analysis of the trilingual text on the Rosetta Stone. However, it also seeks to present interesting information for a non-academic reader. The homepage is still under development.Pedra de Rosetta - 196 a.C.

On the Rosetta Stone, an Ancient Egyptian decree from 196 BCE was inscribed in three versions, in three language varieties and scripts:

  • Ptolemaic Neo-Middle Egyptian in hieroglyphic script (top section),
  • Demotic Egyptian in Demotic script (middle section),
  • Koine Greek language in Greek script (bottom section).

This type of artefact is called a trilingual. The Rosetta Stone played a crucial role in the famous decipherment of the hieroglyphic script by Jean-François Champollion (see the BBC documentary The Mystery of the Rosetta Stone).

A Pedra de Rosetta desempenhou um papel crucial na famosa decifração da escrita hieroglífica por Jean-François Champollion (veja o documentário da BBC, The Mystery of the Rosetta Stone).

Leia também, sobre a Pedra de Rosetta, aqui (em espanhol) e aqui (em português).

Livro de Finkelstein sobre o reino de Israel em português

O premiado livro de Israel Finkelstein sobre Israel norte, publicado em francês e inglês, acaba de ser traduzido para o português.

FINKELSTEIN, I. O reino esquecido: arqueologia e história de Israel Norte. São Paulo: Paulus, 2015, 232 p. – ISBN 9788534942393.

O reino esquecido: arqueologia e história de Israel Norte

Leia a apresentação da edição brasileira. Foi feita por José Ademar Kaefer, que já escreveu um livro sobre o mesmo tema.

O Vaticano II e a leitura da Bíblia

VASCONCELLOS, P. L. ; DA SILVA, R. R. O Vaticano II e a leitura da Bíblia. São Paulo: Paulus, 2015, 160 p. – ISBN 9788534942256.

VASCONCELLOS, P. L. ; DA SILVA, R. R. O Vaticano II e a leitura da Bíblia. São Paulo: Paulus, 2015


Diz a editora:
A leitura e o lugar da Bíblia na vida eclesial constituíram um dos temas mais candentes tratados no Concílio Vaticano II, algo que se re­fletiu no longo e tenso processo de redação daquele que alguns consideram o mais importante documento emanado dessa assembleia: a constituição dogmática Dei Verbum. Por um inovador entendimento do teor da revelação divina, ela veio reforçar o movimento de respeito ao texto bíblico e de superação de interpretações que tendiam a fazer da Escritura apenas a confirmação de teses anteriormente definidas, no campo da doutrina e da moral, bem como no das dinâmicas institucionais. Porém, esse vento novo sofreu as investidas de grupos defensores dos que se tomavam como autorizados guardiões da ortodoxia: houve quem nele visse os bafos do Anticristo… Na América Latina, e particularmente no Brasil, sofremos ações contrárias à concretização do entendimento da Igreja povo de Deus e ao compromisso histórico com as causas dos empobrecidos; a tentativa de desmantelamento da teologia da libertação e sua presença nas instituições teológicas; especificamente no tocante à leitura da Bíblia, assistimos ao fortalecimento de caminhos interpretativos na contramão das diretrizes conciliares, de cunho espiritualista, fundamentalista e moralista. No entanto, apesar das investidas e cerceamentos, o novo modo de ler a Bíblia, o estudo exegético e as experiências comunitárias, eclesiais e ecumênicas continuaram o seu curso e, ao longo desses cinquenta anos após o término do concílio, têm fertilizado muitas comunidades, desdobrando-se nas lutas sociais e ações pastorais; continuam crescendo como “flor sem defesa”.

Leia Mais:
Alguns livros e artigos sobre o Vaticano II