A Inscrição de Tel Dan analisada por George Athas

A Inscrição de Tel Dan, descoberta em 1993, continua sendo debatida. Dia sim, dia não, o tema está presente nas listas de discussão e nos biblioblogs, como aconteceu em setembro passado.

A tese de doutorado de George Athas, defendida em 1999 e publicada em 2003, com o título de The Tel Dan Inscription: A Reappraisal and a New Interpretation, será relançada em 2006.

Veja uma resenha desta obra, feita por Richard S. Hess, na CBQ – The Catholic Biblical Quarterly – de abril de 2005.

O livro de Athas aborda o tema em sete etapas: 1. uma análise do contexto arqueológico; 2. um estudo do estilo de escrita da inscrição; 3. uma análise epigráfica do texto para discutir leituras controvertidas; 4. uma análise paleográfica dos caracteres para datar o texto; 5. uma discussão da posição em que foram dispostos os fragmentos em relação com sua provável posição original; 6. um estudo da gramática e do vocabulário do texto para clarear sua interpretação e possível tradução; 7. um comentário histórico que procura situar o texto no seu contexto histórico original.

Observatório Bíblico começa a funcionar

Começa a funcionar, finalmente, meu blog sobre estudos bíblicos. Foi criado no dia 07/12/2005.

Hoje terminei de transferir as notícias que estavam em outra página da Ayrton’s Biblical Page. E pretendo continuar daqui para a frente neste endereço.

Este biblioblog é uma ferramenta jornalística associada ao meu site, do qual faz parte. Quer oferecer ao visitante comentários recentes sobre as interpretações arqueológicas, históricas e exegéticas relevantes para o estudo da Bíblia.

As atualizações de meu site, antes publicadas na página O Que Há de Novo? serão anunciadas, de hoje em diante, no blog.

Para ficar sabendo o que está acontecendo no mundo dos estudos bíblicos, venha visitar, com frequência, o Observatório Bíblico.Marcadores do Observatório Bíblico

Jim West recomenda a Ayrton’s Biblical Page

Jim West, Doutor em Teologia, do Tennessee, USA, gentilmente recomendou aos leitores de seu blog Biblical Theology [Obs.: blog descontinuado], o meu site, a Ayrton’s Biblical Page. Foi no dia 2 de dezembro:

Airton José da Silva has a very useful webpage containing a good number of interesting essays and articles, resource links, and even links to some of the biblioblogs. It’s located here. Be sure to take a look at the left hand column which lists articles, languages, book reviews, history of Israel, and links. I’ve added it to BSR on the General Sites page under International Sites.

Obrigado, Jim.

As origens de Israel e o governo de Davi: a polêmica continua!

A Estela de Merneptah, a Inscrição de Tel Dan, o “Palácio de Davi” em Jerusalém… a polêmica sobre as origens de Israel e sobre a existência ou não de um grande reino governado por Davi continua. Acompanhe nos biblioblogs, no começo deste dezembro, mais uma rodada de argumentos.

Leia mais sobre isto, em minha História de Israel, aqui.

Einstein no CERN dia 01/12/2005: acompanhe pela Internet

O Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN), sediado em Genebra, Suíça, e o Comitê Internacional para o Ano Mundial da Física farão amanhã, 01/12/2005, doze horas de palestras sobre física. Participam grandes expoentes da física mundial, como Stephen Hawking, Murray Gell-Mann, Carlo Rubbia, Paul Davies, David Gross, Tim Berner Lee e muitos outros. Vários deles ganharam o Prêmio Nobel.

O objetivo do evento é debater a física a partir e para além de Einstein, pois neste ano – declarado como o Ano Mundial da Física – comemorou-se no mundo todo o centenário do miraculoso ano de Einstein. Com efeito, foi em 1905 que o jovem físico desenvolveu três de seus mais importantes artigos, apresentando a teoria da relatividade especial, o conceito dos quanta de luz e hipóteses sobre a movimentação das moléculas. O evento, realizado na sede do CERN, será transmitido ao vivo pela Internet. Depois disso, pelo menos parcialmente, o evento permanece gravado neste endereço e à disposição dos interessados.

 

Maratona de 12h de palestras celebra ano mundial da física

O Cern (Centro Europeu de Pesquisas Nucleares, na sigla em francês) e o Comitê Internacional Para o Ano Mundial da Física realizam, na quinta-feira (1º), 12 horas de palestras de físicos, entre eles três ganhadores do prêmio Nobel.

O evento acontece na sede do Cern, em Genebra, na Suíça, e será transmitido ao vivo pela internet.

A Unesp (Universidade Estadual Paulista) vai exibir as palestras na sede do Instituto de Física Teórica, em São Paulo. Professores da universidade estarão de plantão no local para esclarecimento de dúvidas.

Os físicos abordarão temas como a relatividade, ondas gravitacionais, neutrinos, a antimatéria, nanoestruturas e as tecnologias derivadas das teorias de Albert Einstein. As palestras começam às 9h.

Fonte: Folha Online: 30/11/2005

Biblioblogs: mais problemas do que soluções?

No rescaldo da sessão sobre os biblioblogs na SBL, uma polêmica tomou conta de muitos biblioblogs: por que os biblioblogueiros são em sua quase totalidade homens, brancos, acadêmicos e de países ricos? A questão de gênero: onde estão as mulheres biblioblogueiras? O monopólio cultural: onde estão os biblioblogs de outras culturas fora do circuito acadêmico europeu/norte-americano? Seria mesmo adequado o nome biblioblog? Nomear neste caso serve para distinguir, ou o rótulo “bibliobloggers” estaria sendo utilizado para definir um “clube” específico e fechado?

E a questão da língua – predomina o inglês – que nem chegou a ser colocada? Sabemos que todo biblista competente consegue ler uma dezena ou mais de línguas, sendo o inglês, o francês e o alemão obrigatórios pela extensa bibliografia publicada nestas três línguas. Mas os falantes de língua inglesa estão preocupados em ler, por exemplo, o português? Ou não precisam aprender línguas de países periféricos, por ser sua produção acadêmica significativamente menor? Ou ainda: tudo o que sai nas “línguas periféricas” não acaba traduzido para o inglês, a língua dominante na Internet e no mundo?

“Blogo” ou não “blogo” (!): eis a questão! “Biblioblogo” ou não “biblioblogo”: onde está a solução?

Leia mais:
Death of the biblioblog?
Digital Openness and Biblical Studies (post-CARG post #1)

Biblioblogs: problemas e soluções

SBL CARG… O que será isso?

Apenas Society of Biblical Literature [Annual Meeting] Computer Assisted Research [Section] Group. É que no Encontro Anual da Sociedade de Literatura Bíblica (SBL), em Filadélfia, USA, que acontece de 19 a 22 de novembro de 2005, um Grupo de Pesquisa Auxiliada por Computador (CARG), estará debatendo, no dia 20, os biblioblogs, em tema intitulado: The Pleasures, Pains and Prospects for Biblioblogging.

Lembro que um Biblioblog ou Blog sobre Estudos Bíblicos é um diário virtual que tem como foco principal pesquisas bíblicas realizadas por exegetas ou estudantes de pós-graduação em Bíblia. E que este debate se impõe, pois o fenômeno dos biblioblogs tem crescido de maneira significativa. Especialmente os biblioblogs em língua inglesa, com clara predominância de pesquisadores dos Estados Unidos e do Reino Unido. Para um número cada vez maior de biblistas e estudantes de Bíblia, os biblioblogs têm sido uma maneira interessante de rapidamente difundir notícias e informações, trocar ideias e provocar debates.

Mas qual é o futuro dos biblioblogs? Qual é o seu real objetivo? Quem está fazendo biblioblogs? Quem lê os biblioblogs? Qual sua relação com as tradicionais páginas de Bíblia na Internet? Os biblioblogs contribuem para a pesquisa ou não passam de mais um modismo da web? Conseguem manter a profundidade do debate acadêmico ou tendem a banalizá-lo? Os softwares para blogs são adequados ou devem melhorar?

Para debater tais questões, um grupo de pioneiros em biblioblogs estará presente no encontro da SBL. Apresentam ensaios os “bibliobloggers” James Davila, University of St. Andrews, Scotland e Rich Brannan, PastoralEpistles.com, USA, em seção presidida por Mark Goodacre, Duke University, USA. No painel que se seguirá, estarão participando: A.K.M. Adam, Seabury-Western Theological Seminary, Evanston, IL; Tim Bulkeley, University of Aukland, New Zealand; Stephen Carlson, Fairfax, VA; Edward Cook, Cincinnati, OH; Torrey Seland, Volda University College, Norway; James West, Quartz Hill School of Theology, Quartz Hill, CA.

Tell es-Safi/Gat e o nome Golias

Toma conta da imprensa nestes dias, com tremendo sensacionalismo, a notícia da descoberta de um pequeno pedaço de cerâmica nas escavações de Tell es-Safi, ruínas da antiga cidade de Gat, no qual estão escritas duas palavras אלות = ‘lvth e ולת = vlth que teriam semelhança com o nome גלית = glyth, ou seja, “Golias”. Os nomes podem ser igualmente transliterados como ‘lwt e wlt ou )lwt e wlt, dependendo da convenção que se adote.

O óstracon (do grego, ostrakon, plural ostraka: um caco de cerâmica utilizado para se escrever alguma coisa) foi datado entre os séculos X e IX a.C. e as duas palavras estão escritas em um “proto-cananeu” arcaico. Tudo o que se sabe, por enquanto, é que existe a possibilidade destas palavras serem semelhantes a Goliath, ou Golias, nome que muitos especialistas acreditam ser de origem não-semítica, etimologicamente relacionado com vários nomes indo-europeus, como, por exemplo, o nome lídio Aliates. A escavação é dirigida pelo Dr. Aren Maeir, professor da Universidade Bar Ilan, em Ramat Gan, Israel.

Todo o sensacionalismo decorre da existência da narrativa de 1Sm 17, onde se conta que o jovem Davi, de Belém, no contexto das guerras entre o exército de Saul e os filisteus, enfrentou e matou um terrível guerreiro filisteu chamado Golias, originário de Gat (v. 4: “Saiu do acampamento filisteu um grande guerreiro. Chamava-se Golias, de Gat. A sua estatura era de seis côvados e um palmo“; v. 23: “Enquanto conversava com eles, o grande guerreiro – chamado Golias, o filisteu de Gat – apareceu, vindo da linha inimiga…”). Segundo esta narrativa, o estatura do Golias era de 2 metros e meio, mais ou menos!

A imprensa não especializada já está identificando, precipitadamente, os nomes encontrados em Tell es-Safi com o nome Golias e este com o personagem da narrativa bíblica, em tom bastante apologético, no estilo “a Bíblia tinha razão”. Sobretudo porque há, no mundo acadêmico, entre os chamados “minimalistas” e os “maximalistas”, uma acirrada disputa sobre o valor histórico das narrativas bíblicas, que pode ser vista aqui, e porque há um contexto político em Israel – na complexa luta entre israelenses e palestinos pelo território – que favorece este tipo de coisa. Os especialistas são mais prudentes, embora também neste meio não faltem conclusões apressadas.

A prudência, entretanto, se impõe, pois esta narrativa do livro de Samuel é considerada, nos meios acadêmicos, uma tradição deuteronomista bastante controvertida. Apresento, das muitas existentes, duas razões:
. a Obra Histórica Deuteronomista (OHDtr) foi escrita possivelmente no século VI a.C., em um gênero literário que não corresponde de modo algum ao nosso modo de escrever “história” hoje, herdado da tradição alemã
. por outro lado, o gigante Golias acaba morrendo duas vezes, pois segundo a mesma OHDtr, em 2Sm 21,19 se diz que “A guerra continuou ainda em Gob com os filisteus, e Elcanã, filho de Iari, de Belém, matou Golias de Gat; a madeira de sua lança era como cilindro de tecedeira“. Tentando conciliar as duas tradições, 1Cr 20,5, obra posterior à deuteronomista, diz: “Houve ainda outra batalha contra os filisteus. Elcanã, filho de Jair, matou Lami, irmão de Golias de Gat; a haste de sua lança era como um cilindro de tecelão” (estou utilizando a tradução da Bíblia de Jerusalém, nova edição, revista e ampliada, São Paulo, Paulus, 2a. impressão, 2003 – que, por sinal, erra, ao traduzir, em 1Cr 20,5, a palavra hebraica ‘ah por “filho” e não por “irmão”).