O Hebraico
O hebraico é uma língua semítica. As línguas semíticas constituem um ramo da grande família das línguas afro-asiáticas, anteriormente chamada camito-semítica. A família afro-asiática compreende seis ramos: semítico, egípcio, berbere, cuxita, homótico e chádico.
A família das línguas semíticas é bem antiga, documentada desde a metade do terceiro milênio a.C. com o acádico e o eblaíta, até os dias atuais com o árabe, o amárico e o hebraico.
O nome
Quando é que se começou a falar de “língua hebraica”?
Para nossa surpresa, o termo “hebraico”, para se referir à língua, aparece pela primeira vez só nos escritos gramaticais de Saadia ben Iossef, conhecido também como Saadia Gaon (882–942 d.C.), tendo, só mais tarde ainda, se tornado comum nos estudos gramaticais da língua. Saadia Gaon, que nasceu no Egito e morreu na Palestina, foi o mais versátil sábio judeu da diáspora árabe, com erudição enciclopédica e vasta cultura. Saadia dirigiu a grande Yeshivá (=academia rabínica) de Sura, na Babilônia.
Antes disso, como os israelitas e judeus chamavam a sua língua?
Talvez a primeira referência bíblica à língua falada em Israel seja a que aparece em Is 19,18 – um texto pós-exílico muito posterior ao profeta do século VIII a.C. -, que a chama de “língua de Canaã” (sephath kena’an) de modo, aliás, muito apropriado, por ser o hebraico a forma mais desenvolvida do “cananeu”.
Em outros textos bíblicos, como 2Rs 18,26.28 =Is 26,13 =2Cr 32,18, Is 36,11 ou Ne 13,24, fala-se em “judaico” (yehûdîth) ou “língua dos judeus” (yehûdîth vekhilshôn) para contrastá-la com o aramaico. Diz 2Rs 18,26: “Eliacim, Sobna e Joaé disseram ao copeiro-mor: ‘Peço-te que fales a teus servos em aramaico, pois nós o entendemos; não nos fales em judaico, aos ouvidos do povo que está sobre as muralhas'”.
Na antiguidade falava-se também de “língua sagrada” para se referir ao conjunto dos textos bíblicos ou de “língua dos sábios” para falar da tradição oral rabínica ou do hebraico mishnáico e tanaítico.
Quando o termo “hebreu” (‘îbhrî) aparece na Bíblia, como em Gn 39,14;41,12;Ex 2,11 e Jn 1,9, não é à língua que ele se refere, mas a uma etnia. No Talmude quando o termo aparece em referência à língua é ou a um dialeto do aramaico ou a outra língua falada por judeus. Mas no Talmude se fala de “escrita hebraica” em oposição a “escrita assíria”.
O hebraico como língua viva, no sentido de língua falada por uma comunidade como sua língua-mãe, desapareceu por volta de 200 d.C., após a revolta de Bar Kokba e sua derrota frente aos romanos, quando a população da Judeia foi exterminada ou fugiu para a Galileia.
Mas o hebraico continuou a existir na intensa atividade literária das comunidades judaicas da diáspora e também como língua franca (= língua não vernácula, mas que serve de veículo para relações econômicas, e outras) ao longo de toda a Antiguidade e da Idade Média, revivendo como língua-mãe do povo judeu no final do século XIX e tornando-se, no século XX, novamente, a língua oficial de Israel.
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O Grego
Veículo fundamental de difusão do modo de vida grego no Oriente é a língua grega, conhecida sob a forma de koiné.
Koiné significa “comum”, e designa a língua única, comum a todos, que substitui, após as conquistas de Alexandre Magno, a pluralidade dos dialetos gregos. Esta língua, mais simples do que o grego clássico e mais flexível na absorção de elementos novos, torna-se instrumento indispensável para a comunicação dos povos tão diferenciados que constituem as monarquias helenísticas.
O grego bíblico, tanto da Septuaginta (LXX) como do Novo Testamento (NT), é a koiné. A koiné literária está na literatura extra-bíblica, como a maioria das inscrições e alguns papiros, enquanto a koiné falada está na maioria dos papiros, dos óstraca e da Bíblia. Só Lucas e a Carta aos Hebreus aproximam-se do tipo literário.
Qual é a origem da língua grega e da koiné?
A família linguística conhecida como indo-europeia se ramifica em oito sub-famílias: Indo-iraniano, Balto-eslávico, Germânico, Céltico, Itálico, Armênio, Albanês e GREGO.
No fim do III milênio ou começo do II milênio a.C. tribos vindas do norte introduzem o indo-europeu na Grécia. Os gregos não chamam sua pátria de Grécia, mas de Hellás e a si mesmos de helenos, nome derivado de uma tribo que, na época das migrações indo-europeias, se estabelece em parte da Tessália.
O nome “Grécia” é de origem latina. Os latinos chamam os colonos de Cumas – colônia grega situada na Campânia, Itália, fundada em meados do século VIII a.C. – de Graii, pois Graia é o nome de um distrito da Grécia de onde vêm alguns desses colonos. Graeci deriva de Graii, chegando a Graecia, nome dado pelos romanos à Hellás.
As tribos indo-europeias vindas do norte se instalam na boca do golfo Malíaco, acima do desfiladeiro das Termópilas, e podem ser os primeiros “helenos”. Estes povos são chamados de Aqueus (akkáioi). Conquistam progressivamente a maior parte da Grécia e também Micenas, na Argólida, que é colônia de Creta.
As populações que avançam mais para o sul passam a falar o dialeto jônico, enquanto que os que ficam na Tessália e na Beócia falam o dialeto eólio. Os que ocupam o Peloponeso falam o dialeto arcádio, que talvez seja a língua original dos aqueus.
No início do século XII a.C. os dórios, que habitam o Épiro, ocupam a Tessália, a Beócia e o Peloponeso. Alguns dos povos que falam o jônico e o eólio migram para a Ásia Menor e para as ilhas próximas daquela região, o arquipélago das Cíclades. Depois os dórios também migram para as Cíclades do sul e ocupam igualmente Creta e Rodes.
Então, o dialeto eólio passa a ser falado desde a Tessália e a Beócia até o norte da Ásia Menor, enquanto o dialeto jônico é falado desde a Ática – o ático é uma forma especial de jônico – e a Eubeia até a Jônia. E o dialeto dórico é falado no Peloponeso e nas Cíclades do sul, enquanto o dialeto arcádio é falado na Arcádia (no Peloponeso), em Chipre e na Panfília.
Quando é criado o império ateniense no século V a.C. acontece uma tendência unificadora com predominância do dialeto ático. Com a conquista macedônia adota-se um dialeto único, baseado no ático, que é a koiné diálektos, a koiné do mundo helenístico.
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Última atualização: 19.06.2024 – 10h12