História de Israel I 2022

Este curso de História de Israel I compreende 2 horas semanais, com duração de um semestre, o primeiro dos oito semestres do curso de Teologia. Os alunos recebem os roteiros de todas as minhas disciplinas do ano em curso nos formatos pdf e html. Os sistemas de avaliação e aprendizagem seguem as normas da Faculdade e são, dentro do espaço permitido, combinados com os alunos no começo do curso.

I. Ementa
Noções de geografia do Antigo Oriente Médio. As origens de Israel: as principais tentativas de explicação. A monarquia tributária israelita: os governos de Saul, Davi, Salomão, o reino de Judá e o reino de Israel.

II. Objetivos
Oferece ao aluno um quadro coerente da História de Israel e discute as tendências atuais da pesquisa na área. Constrói uma base de conhecimentos histórico-sociais necessários ao aluno para que possa situar no seu contexto a literatura bíblica veterotestamentária produzida no período.

III. Conteúdo Programático
1. Noções de geografia do Antigo Oriente Médio

2. As origens de Israel

3. A monarquia tributária israelita

3.1. Os governos de Saul, Davi e Salomão

3.2. O reino de Israel

3.3. O reino de Judá

IV. Bibliografia
Básica
FINKELSTEIN, I. ; SILBERMAN, N. A. A Bíblia desenterrada: a nova visão arqueológica do antigo Israel e das origens dos seus textos sagrados. Petrópolis: Vozes, 2018.

LIVERANI, M. Para além da Bíblia: história antiga de Israel. São Paulo: Loyola/Paulus, 2008.

MAZZINGHI, L. História de Israel das origens ao período romano. Petrópolis: Vozes, 2017.

Complementar
DA SILVA, A. J. História de Israel. Disponível na Ayrton’s Biblical Page. Última atualização: 10.01.2022.

DONNER, H. História de Israel e dos povos vizinhos. 2v. 7. ed. São Leopoldo: Sinodal/EST, 2017.

FINKELSTEIN, I. O reino esquecido: arqueologia e história de Israel Norte. São Paulo: Paulus, 2015.

GOTTWALD, N. K. As tribos de Iahweh: uma sociologia da religião de Israel liberto, 1250-1050 a.C. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2004.

KAEFER, J. A. A Bíblia, a arqueologia e a história de Israel e Judá. São Paulo: Paulus, 2015 [2. reimpressão: 2021].

Hebraico Bíblico 2022

O curso de Hebraico Bíblico compreende apenas 30 horas no primeiro semestre do primeiro ano de Teologia. É um tempo insuficiente mesmo para a aprendizagem elementar do hebraico bíblico. Por isso o curso se propõe apenas familiarizar o estudante de Teologia com o universo da língua hebraica e o modo semítico de pensar. No transcorrer das aulas os três itens principais – ouvir, ler e escrever – são trabalhados simultaneamente e não sequencialmente. Este curso está disponível para download ou acesso online na Ayrton’s Biblical Page > Noções de Hebraico Bíblico.

I. Ementa
Texto-base: Gn 1,1-8. O alfabeto hebraico. A pronúncia, a transliteração e a análise morfológica de Gn 1,1-8. As sílabas, o shevá e o dâghēsh. O vav conjuntivo, o artigo e as preposições. O substantivo, o adjetivo e os numerais. O verbo, forte e fraco, e o vav consecutivo.

II. Objetivos
Trabalha conceitos semíticos importantes para a compreensão do texto bíblico veterotestamentário.

III. Conteúdo Programático
1. Ouvir
Ouvir repetidamente o hebraico, para se acostumar com os sons estranhos. Não há aqui a preocupação em entender. O objetivo é fixar a atenção nos sons e acompanhar o texto de cada versículo, palavra por palavra. Até começar a distinguir onde está o leitor, no caso, o cantor.

2. Ler
Nesta seção o objetivo é tentar ler o hebraico. Estão disponíveis, para cada versículo de Gn 1,1-8, a pronúncia, a transliteração e a análise do texto. A pronúncia está bem simplificada, somente chamando a atenção para as tônicas, sem dizer se a vogal é breve ou longa e se o seu som é aberto ou fechado. Já a transliteração, representação dos caracteres hebraicos em caracteres latinos, é mais complexa e tem que ser detalhada.

3. Escrever
Nesta seção é possível aprender algumas regras básicas da gramática hebraica. Regras que permitirão uma escrita mínima de palavras e expressões. Mas a gramática é muito mais do que isto. Há sugestões de gramáticas e dicionários na bibliografia. E há revisões. Uma para cada versículo. As revisões ajudarão o estudante de hebraico verificar o seu nível de absorção do ouvir, do ler e do escrever. Poderão servir igualmente para as avaliações da disciplina.

IV. Bibliografia
Básica
FARFÁN NAVARRO, E. Gramática do hebraico bíblico. São Paulo: Loyola, 2010.

LAMBDIN, T. O. Gramática do hebraico bíblico. São Paulo: Paulus, 2003 [5. reimpressão: 2020].

MENDES, P. Noções de hebraico bíblico: texto programado. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2011.

Complementar
DA SILVA, A. J. Noções de hebraico bíblico. Brodowski, 2001. Disponível para leitura online e download na Ayrton’s Biblical Page. Última atualização:29.05.2021.

DA SILVA, A. J. Recursos para aprender hebraico – Na Play Store (Android) e no YouTube. Observatório Bíblico – 29 de julho de 2018.

ELLIGER, K.; RUDOLPH, W. Biblia Hebraica Stuttgartensia. 5. ed. [1997]. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011. A BHS está disponível também online ou para download gratuito.

KIRST, N. et alii Dicionário hebraico-português e aramaico-português. 33. ed. São Leopoldo/Petrópolis: Sinodal/Vozes, 2018.

ORTIZ, P. Dicionário do hebraico e aramaico bíblicos. São Paulo: Loyola, 2010.

Preparando meus programas de aula para 2022

Estou, nestes dias, preparando meus programas de aula de Bíblia para 2022. Começo a publicá-los no Observatório Bíblico. A intenção é de que possam servir, para além de meus alunos, a outras pessoas que, eventualmente, queiram ter uma noção de como se estuda a Bíblia em determinadas Faculdades de Teologia. Ou, pelo menos, parte da Bíblia, porque posso expor apenas os programas das disciplinas que leciono. Tomo aqui como referência o currículo do CEARP, onde trabalho. Já fiz isso em outros anos.

Quatro elementos serão levados em conta, em uma leitura da Bíblia que eu chamaria de sócio-histórica-redacional:

:: contextos da época bíblica
:: produção dos textos bíblicos
:: contextos atuais
:: leitores atuais dos textos

O sentido da Escritura, segundo este modelo, não está nem no nível dos contextos da época bíblica e/ou dos contextos atuais, nem no nível dos textos bíblicos ou da vivência dos leitores, mas na articulação que se forma entre a relação dos textos bíblicos com os seus contextos, por um lado, e entre os leitores atuais e seus contextos específicos.

Ou seja: “Da Escritura não se esperam fórmulas a ‘copiar’, ou técnicas a ‘aplicar’. O que ela pode nos oferecer é antes algo como orientações, modelos, tipos, diretivas, princípios, inspirações, enfim, elementos que nos permitam adquirir, por nós mesmos, uma ‘competência hermenêutica’, dando-nos a possibilidade de julgar por nós mesmos, ‘segundo o senso do Cristo’, ou ‘de acordo com o Espírito’, das situações novas e imprevistas com as quais somos continuamente confrontados. As Escrituras cristãs não nos oferecem um was [que], mas um wie [como]: uma maneira, um estilo, um espírito. Tal comportamento hermenêutico se situa a igual distância tanto da metafísica do sentido (positivismo) quanto da pletora das significações (biscateação). Ele nos dá a chance de jogar a sério o círculo hermenêutico, pois que é somente neste e por este jogo que o sentido pode despertar” explica BOFF, C. Teologia e Prática: Teologia do Político e suas mediações. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 266-267.

As disciplinas de Bíblia no curso de graduação em Teologia podem, segundo este modelo, ser classificadas em três áreas:

1. Disciplinas Contextuais:
:: História de Israel I e II

2. Disciplinas Instrumentais:
:: Introdução à Sagrada Escritura
:: Hebraico Bíblico
:: Grego Bíblico

3. Disciplinas Exegéticas:
:: Pentateuco
:: Literatura Profética I e II
:: Literatura Deuteronomista
:: Literatura Sapiencial
:: Sinóticos e Atos dos Apóstolos
:: Literatura Paulina
:: Literatura Joanina
:: Apocalipse

—————————————-
Destas disciplinas, leciono:

No primeiro semestre:
:: História de Israel I: 2 hs/sem.
:: Hebraico Bíblico: 2 hs/sem.
:: Literatura Profética I: 2 hs/sem.
:: Literatura Deuteronomista: 2 hs/sem.

No segundo semestre:
:: História de Israel II: 2 hs/sem.
:: Pentateuco: 4 hs/sem.
:: Literatura Profética II: 2 hs/sem.

Livro de Finkelstein sobre Esdras, Neemias e Crônicas em português

FINKELSTEIN, I. Realidades asmoneias subjacentes aos livros de Esdras, Neemias e Crônicas: Perspectivas arqueológicas e históricas. São Paulo: Paulinas, 2021, 272 p. – ISBN 9786558080626.

Os períodos persa e helenista encontram-se no centro dos debates atuais em torno da datação dos textos bíblicos. Nesta coleção de estudos, Israel Finkelstein esboça umFINKELSTEIN, I. Realidades asmoneias subjacentes aos livros de Esdras, Neemias e Crônicas: Perspectivas arqueológicas e históricas. São Paulo: Paulinas, 2021 argumento inteiramente apoiado em dados arqueológicos para uma data mais tardia do que a tradicionalmente defendida para partes dos livros de Esdras, Neemias e Crônicas. Finkelstein trata de tópicos chaves tais como a lista dos repatriados, a construção da muralha de Jerusalém, os adversários de Neemias, as genealogias tribais e a expansão territorial de Judá no Segundo Livro das Crônicas. Ele postula que as realidades geográficas e históricas ocultas por trás de pelo menos partes desses livros ajustam-se ao período asmoneu no final do século II a.C. Seis ensaios publicados anteriormente são complementados por mapas, material arqueológico atualizado e referências a recentes publicações em torno dos tópicos em questão.

Livro em formato digital apenas. Leia trechos no Google Livros. Sobre o original, em inglês, publicado em 2018, veja uma apresentação aqui.

Apresentação à edição brasileira – Por José Ademar Kaefer

Durante uma conferência em São Paulo em 2019, Israel Finkelstein disse o seguinte: “Quando vejo a comunidade acadêmica sentada tranquilamente, como sapos em uma lagoa a coaxar harmoniosamente, concluo que alguma coisa está errada. Vou, então, e jogo uma pedra na água e causo um alvoroço geral”. É isso literalmente o que este livro faz.

Israel Finkelstein é um arqueólogo de larga e bem-sucedida experiência. Apesar de coordenar escavações em diversos sítios e em diferentes regiões, tem como base de suas pesquisas o Tel Megiddo. Finkelstein faz arqueologia crítica, não no sentido de desfazer o que outros concluíram ou de chamar a atenção sobre si, mas de perguntar a razão das coisas e se elas realmente são o que aparentam ser. Também é um pesquisador sensível, capaz de mudar de opinião diante das evidências. Seu histórico não está preso a instituições ou ideias. Seu profundo conhecimento da arqueologia e seu acesso ao material arqueológico dos diferentes sítios possibilitam-lhe uma leitura diferenciada também dos textos bíblicos, campo ao qual tem-se dedicado mais amplamente nos últimos anos.

(…)

A falta de evidências arqueológicas dos períodos persa e helenista antigo/primitivo

Como é sabido, costuma-se situar muita produção bíblica no chamado período do domínio persa (538-332 a.C.). No entanto, temos pouca, ou quase nenhuma informação de Judá desse período. Na Bíblia, os únicos livros que tratam explicitamente do contexto persa são os livros de Esdras e Neemias. Contudo, as informações históricas em ambos os livros são confusas e contraditórias, por isso sua consistência é questionável. Também não temos evidências arqueológicas, extrabíblicas, desse período, tais como monumentos, artefatos, escritos etc., praticamente nada. A pequena exceção são os papiros de Elefantina. Por isso, afirma Finkelstein, a comunidade acadêmica corre um sério risco de não sair de uma argumentação circular.

Também não há comprovação de atividade literária desse período em Judá. Existem evidências de atividade literária do final da monarquia (século VII a.C.), como mostram as análises feitas nos óstraca de Arad, onde se comprovou a existência de cinco a seis mãos diferentes na grafia. Depois a escrita desaparece e só volta a aparecer no período helenista tardio, século II a.C., durante o reinado asmoneu. Ou seja: entre a destruição de Jerusalém (587 a.C.) e o surgimento do estado asmoneu (134 a.C.) não há evidência de atividade literária extrabíblica na Judeia. Isso não pode ser ignorado quando se trata de estudar os textos bíblicos, afirma Finkelstein.

Jerusalém

Outra questão a considerar é o resultado das escavações da antiga Jerusalém, hoje quase toda ela rodeada pela muralha turco-otomana construída por Solimão, o Magnífico (sultão de 1520 a 1566). Acredita-se que a Jerusalém dos períodos persa (538-332 a.C.) e helenista antigo/primitivo (332-134 a.C.) ocupou a mesma área da Jerusalém dos reinados de Davi e Salomão, século X a.C., hoje em dia denominada de “Cidade de Davi”. O curioso é que em ambos os casos não há remanescentes arquitetônicos, nem templo, muralha, palácio ou grandes edifícios. Isso coloca os dois períodos num mesmo plano. Do período persa e helenista antigo/primitivo, somente poucos e pequenos pedaços de cerâmica foram encontrados. O que representa ser uma comprovação de que a Jerusalém desse período existia, mas era muito pobre.

As escavações atuais, como a que está sendo conduzida no Givati Parking Lot, costumam encontrar certa abundância de cerâmica dos períodos bizantino, romano tardio, romano antigo/primitivo e helenista tardio, mas não dos períodos helenista antigo/primitivo e persa. Nas escavações, após o estrato helenista tardio, segue logo o estrato da Idade do Ferro II tardia (século VII a.C.). Os estratos do período helenista antigo/primitivo e persa faltam, não existem. Há um vazio arqueológico. Esta ausência costuma ser atribuída à erosão ou às reconstruções da cidade por séculos. Mas, diz Finkelstein, pisos e muralhas não podem desaparecer no ar. Se assim fosse, também não se deveria encontrar remanescentes de outros períodos.

A Jehud Parvak do período persa

Outra polêmica levantada por este livro é o tamanho da província de Judá (Jehud Parvak) do período persa. Não sabíamos até há pouco tempo qual era o seu tamanho aproximado. Após um estudo coordenado por Oded Lipschits, da Universidade de Tel Aviv, isso ficou mais claro. Lipschits e sua equipe fizeram um levantamento do número e das localidades onde foram encontrados os selos Jehud Parvak, impressos nas alças dos potes de cerâmica, os quais eram utilizados para a coleta do tributo persa. Isso possibilitou saber até onde ia o território da província de Judá. O que se descobriu foi que 85% dos selos foram encontrados nos arredores de Jerusalém, principalmente em Ramat Rahel, um centro de coleta de tributo que distava 4 km de Jerusalém. E 90%, se incluir Masfa (Tell en-Nasbeh), que dista cerca de 10 km de Jerusalém, na região de Benjamim. Em conclusão: a Judeia do período persa parece que correspondia a um território muito mais reduzido do que se imaginava.

O contexto de Esdras, Neemias e Crônicas

Israel Finkelstein (nascido em 1949)Para o estudo do contexto dos livros de Esdras, Neemias e 1 e 2 Crônicas, Finkelstein aborda alguns textos considerados centrais nestes livros, particularmente aqueles que se caracterizam pelo seu conteúdo geográfico. Por exemplo, Ne 3, que trata da reconstrução da muralha de Jerusalém e menciona vários grupos, de diferentes locais, que participaram da construção ou se opuseram a ela. Primeiro, Finkelstein é categórico em afirmar que não existe muralha do período persa. A muralha que alguns afirmam ser do período persa não é arqueologia séria. Tal muralha é seguramente a do período asmoneu, que praticamente segue a mesma linha da muralha destruída pelos babilônios em 587 a.C. A menção ao número de portões e de torres da muralha citado no texto é o mesmo da muralha asmoneia. Outra questão é a referência aos locais, como Betsur e Gabaon/Gibeon, que o texto faz. Segundo Finkelstein, esses locais não tinham assentamento no período persa e helenista antigo/primitivo. Talvez tivessem um pequeno assentamento, mas sem importância. Portanto, para Finkelstein, a realidade descrita em Ne 3 não corresponde de nenhum modo ao período persa, mas ao período asmoneu.

Outro problema é a menção aos inimigos de Neemias (Ne 2,19 e 4,1.7-8). Finkelstein pergunta: Por que a pequena comunidade nascente de Jerusalém conflitaria com Samaria, que fica longe no norte, com Amon, que fica do outro lado do Jordão, com Azoto/Asdode, que fica junto ao mar Mediterrâneo, e com os árabes no sul, todos povos tão distantes de Jerusalém? Para ele, estas são as direções das conquistas asmoneias do segundo século a.C., com João Hircano: norte, leste, oeste e sul.

Nesse mesmo plano se encontra a lista dos repatriados (Esd 2,1-70 e Ne 7,6-72). Os locais mencionados nesses textos, nos quais os repatriados foram assentados, não revelam presença humana nos períodos persa e helenista antigo/primitivo. Revelam presença humana nos períodos da Idade do Ferro II e helenista tardio. Mas não nos períodos persa e helenista antigo/primitivo. Talvez em alguns locais possa ter havido atividade fraca, mas na maioria não houve nenhuma. Ademais, a lista das localidades mencionadas abrange um território muito amplo, de Hebron a Siquém e da Sefelá até a Transjordânia. Essa dimensão não coaduna com a área demarcada pela presença dos selos Jehud, assunto abordado anteriormente. Ou seja: ela não representa o território da província de Judá (Jehud Parvak) do período persa. Por outro lado, ela é correspondente à expansão asmoneia do século II a.C. O interessante é que na lista das cidades conquistadas por Roboão, apresentada pelo cronista (2Cr 11,5-12.23), há um acréscimo em relação a 1Rs 12,21-24;14,21-31, onde ele se inspirou. Curiosamente, este acréscimo são as cidades fortificadas conquistadas pelos asmoneus.

Enfim, Finkelstein não discorda de que haja um núcleo (memória) antigo/primitivo nos livros de Esdras, Neemias e 1 e 2 Crônicas. No entanto, para ele, os três livros contêm amplo material do período asmoneu, que retrata a realidade do referido período, e os três têm a mão do cronista.

Tal é o lago de águas agitadas no qual este livro nos lança.

Obs.: as três notas de rodapé foram omitidas. A grafia hasmoneus, com h, no texto da tradução brasileira, foi, aqui, modificada para asmoneus, sem o h.

Ensaios de historiografia bíblica: novo livro de Israel Finkelstein

FINKELSTEIN, I. Essays on Biblical Historiography: From Jeroboam II to John Hyrcanus I. Tübingen: Mohr Siebeck, 2022, IX + 592 p. – ISBN 9783161608537.

Este volume é uma coleção de artigos e novos ensaios de Israel Finkelstein que oferece um roteiro para reconstruir a evolução da historiografia bíblica ao longo de 700FINKELSTEIN, I. Essays on Biblical Historiography: From Jeroboam II to John Hyrcanus I. Tübingen: Mohr Siebeck, 2022 anos, começando com Israel no início do século VIII a.C. e terminando nos dias dos Macabeus no final do século II a.C. O livro tem 30 capítulos, a maioria dos quais publicados na forma de artigos, principalmente nos últimos anos. Somente dez deles foram publicados antes de 2015. Sete capítulos tem coautoria e, nesses casos, o nome do coautor aparece sob o título.

Ênfase especial é dada:
. às tradições israelitas do norte que começaram a ser escritas a partir de Jeroboão II
. à chegada dessas tradições em Judá após a conquista de Israel pela Assíria
. à ideologia judaica do século VII a.C.
. às necessidades de legitimidade dos Macabeus nos dias de João Hircano

A análise é baseada nas mais recentes descobertas arqueológicas, na exegese dos textos bíblicos e em registros do antigo Oriente Médio.

Israel Finkelstein diz na Introdução:

Vinte anos atrás, publiquei meu livro (junto com Neil A. Silberman) A Bíblia desenterrada: A nova visão arqueológica do antigo Israel e das origens dos seus textos sagrados, que se concentrava na historiografia bíblica dos dias do rei Josias de Judá.

Desde então, dei dois passos significativos – um para trás e outro para a frente.

Meu passo para trás é que agora vejo o início da historiografia bíblica como um reflexo das realidades e ideologia do Reino do Norte na primeira metade do século VIII a.C. Esta é uma grande mudança na minha percepção cronológica e temática. Cronologicamente, este passo para trás “fecha” a lacuna entre as fases iniciais da história de Israel e Judá e a primeira composição dos textos bíblicos. Tematicamente, ele explica a incorporação de textos do Norte na Bíblia do Sul e lança luz sobre o surgimento de conceitos centrais no texto, como a Conquista de Canaã e a Monarquia Unida.

No passo à frente, refiro-me ao meu interesse pela historiografia bíblica mais recente – os livros de Esdras, Neemias e Crônicas. Diferente da maioria dos estudos atuais, que datam sua composição nos períodos persa e/ou helenístico inicial, sugiro que eles sejam entendidos como uma representação da ideologia territorial dos Macabeus no final do século II a.C.

O leitor deve notar que, devido à minha ênfase nas primeiras composições israelitas do norte e no período dos Macabeus, a fase mais importante da historiografia bíblica – Judá do final do século VII a.C. – está um tanto sub-representada. Isso pode ser remediado com uma releitura de A Bíblia desenterrada.

 

Israel Finkelstein (nascido em 1949)This volume is a collection of articles and new essays by Israel Finkelstein that offers an outline for reconstructing the evolution of biblical historiography over 700 years, starting with Israel in the early eighth century BCE and ending with the days of the Hasmoneans in the late second century BCE. Special emphasis is given to North Israelite traditions which were committed to writing in the days of Jeroboam II; to the arrival of these traditions in Judah after the takeover of Israel by Assyria; to Judahite ideology of the seventh century BCE; and to the legitimacy needs of the Hasmoneans in the days of John Hyrcanus. The analysis is based on the most recent archaeological discoveries, biblical exegesis and ancient Near Eastern records. The book consists of 30 chapters, most of which were published as articles, mainly in recent years (only three were published before 2010, only seven before 2015). Seven of these chapters were co-authored and in these cases the name of the co-author appears under the title.

From the Introduction:

Twenty years ago, I published my book (together with Neil A. Silberman) The Bible Unearthed: Archaeologyʼs New Vision of Ancient Israel and the Origin of Its Sacred Texts, which focused on biblical historiography in the days of King Josiah of Judah. Since then, I have taken two significant steps – one backward and one forward. My step backward is that I now see the beginning of biblical historiography as reflecting the realities and ideology of the Northern Kingdom in the first half of the 8th century BCE. This is a major change in my perception both chronologically and thematically. Chronologically, it “closes” the gap between early phases in the history of Israel and Judah and the first composition of biblical texts. Thematically, it explains the incorporation of Northern texts in the Southern Bible and sheds light on the emergence of central concepts in the text, such as the Conquest of Canaan and the United Monarchy. In the step forward I refer to my interest in late biblical historiography – the Books of Ezra, Nehemiah and Chronicles. To differ from the conventional wisdom of recent scholarship, which locates their composition in the Persian and/or early Hellenistic periods, I suggest they be understood as representing the territorial ideology of the Hasmoneans in the late 2nd century BCE. The reader should note that because of my emphasis on early North Israelite and Hasmonean compositions, the most important phase in biblical historiography – Judah of the late 7th century – is somewhat under-represented; this can be remedied by reverting to The Bible Unearthed.

Feliz 2022

Desejo a todos os visitantes do Observatório Bíblico e da Ayrton’s Biblical Page um Feliz 2022!

Feliz Ano Novo!Nuvem de marcadores - Observatório Bíblico

Happy New Year!

Feliz Año Nuevo!

Bonne Année!

Frohes Neues Jahr!

Buon Anno!

Kara Cooney e o poder dos faraós

Os faraós foram indiscutivelmente os melhores de todos os tempos em apresentar um regime autoritário como bom, puro e moral. Essa é a ideia subjacente que precisa ser detonada primeiro, porque ainda acreditamos nela hoje.

Um livro

COONEY, K. The Good Kings: Absolute Power in Ancient Egypt and the Modern World. Washington, D.C.: National Geographic Society, 2021, 400 p. – ISBNCOONEY, K. The Good Kings: Absolute Power in Ancient Egypt and the Modern World. Washington, D.C.: National Geographic Society, 2021 9781426221965.

Uma entrevista

Renomada egiptóloga diz que é hora de parar de romantizar o Egito antigo – UCLA Newsroom – Alison Hewitt: 6 de dezembro de 2021

Em ‘The Good Kings’, Kara Cooney, da UCLA, traça paralelos entre o poder dos faraós e regimes autoritários atuais.

Pirâmides, faraós e deuses egípcios antigos encantaram muitos, mas é hora de pararmos de romantizar as armadilhas do autoritarismo, de acordo com Kara Cooney da UCLA.

Cooney é professora de egiptologia e arqueologia da UCLA e autora de best-sellers (“The Woman Who Would Be King”, 2014, e “When Women Ruled the World,” 2019). Em seu último livro, ela admite que seu fascínio pelo Egito antigo azedou – tanto que agora ela se descreve como uma “egiptóloga em recuperação”. A admiração acrítica dos faraós que continuou até os dias atuais, ela escreve, é um legado dos esforços dos antigos governantes para manipular a forma como eram percebidos e até serviu como uma base narrativa e cultural sustentando o autoritarismo moderno.

“Quantos de nós tivemos obsessões profundas com o mundo antigo – eu simplesmente amo os templos egípcios! Eu adoro a mitologia grega! – isso são realmente sintomas de um vício contínuo ao poder masculino que simplesmente não podemos abandonar? ” Cooney escreve.

“Os bons reis: poder absoluto no antigo Egito e no mundo moderno”, publicado pela National Geographic, traça paralelos diretos entre os governantes de 3.000 anos atrás e os tiranos modernos. Nele, Cooney descreve como os faraós criaram um argumento moral convincente para o poder que continua a enganar as pessoas hoje, e que está diretamente ligado ao atual aumento do autoritarismo.

Cooney explora as armadilhas dos sistemas patriarcais que prejudicam mulheres e homens, e ela argumenta convincentemente que a sociedade está duplicando os padrões históricos que levaram repetidamente a colapsos de poder. Só que desta vez, ela observa, a mudança climática alterou as regras de recuperação.

Cooney é Diretora do Departamento de Línguas e Culturas do Oriente Médio da UCLA. Em uma entrevista para a UCLA Newsroom, ela fala sobre as lições que as narrativas egípcias antigas podem oferecer à luz dos desafios sociais que o mundo enfrenta em 2021.

Leia a entrevista.

Sobre o livro, recomendo aguardarmos uma resenha de um especialista na área. Por outro lado, lendo as resenhas dos leitores na página da Amazon, vejo tanto elogios quanto críticas ferozes. O que é de se esperar, pois lida com um tema político sensível, os regimes autoritários modernos.

Tal empreendimento é cheio de armadilhas. Por isso, o que me interessa mesmo é saber se seu método de aproximação do antigo com o moderno tem consistência. Gostaria de conhecer sua “competência hermenêutica”, saber se a autora conseguiu, no livro, se situar a igual distância tanto da metafísica do sentido (positivismo) quanto da pletora das significações (biscateação).

 

Renowned Egyptologist says it’s time to stop romanticizing ancient Egypt – UCLA Newsroom – Alison Hewitt: December 6, 2021

In ‘The Good Kings,’ UCLA’s Kara Cooney draws parallels between pharaohs and present-day authoritarians

Pyramids, pharaohs and ancient Egyptian gods have entranced many, but it’s time we stopped romanticizing the trappings of authoritarianism, according to UCLA’s Kara Cooney.

Cooney is a UCLA professor of Egyptology and archaeology and already a bestselling author (“The Woman Who Would Be King,” 2014, and “When Women Ruled the World,” 2019). In her latest book, she admits that her fascination with ancient Egypt has soured — so much so that she now describes herself as a “recovering Egyptologist.” The uncritical admiration of the pharaohs that has continued to the present day, she writes, is a legacy of the ancient rulers’ efforts to manipulate how they were perceived, and has even served as a narrative and cultural foundation propping up modern authoritarianism.

“How many of us have had deep obsessions with the ancient world — I just love Egyptian temples! I adore Greek mythology! — that are really symptoms of an ongoing addiction to male power that we just can’t kick?” Cooney writes.

“The Good Kings: Absolute Power in Ancient Egypt and the Modern World,” published by National Geographic, draws direct parallels between the rulers of 3,000 years ago and modern tyrants. In it, Cooney describes how the pharaohs created a compelling moral argument for power that continues to mislead people today, and which is linked directly to the current rise of authoritarianism.

Cooney explores the pitfalls of patriarchal systems that harm women and men alike, and she convincingly argues that society is duplicating the historical patterns that have repeatedly led to power collapses. Only this time, she notes, climate change has altered the rules of recovery.

Cooney is chair of UCLA’s Department of Near Eastern Languages and Cultures. In an interview with UCLA Newsroom, she talks about what lessons ancient Egyptian narratives might offer in light of the societal and social challenges the world faces in 2021.

Why are the pharaohs of ancient Egypt still so relevant thousands of years later?

Pharaohs open themselves up to social justice discussions. The hard thing is that the pharaohs were arguably the best ever at presenting an authoritarian regime as good and pure and moral. That’s the underlying idea that needs to be popped first, because we still buy into it today. Concepts of patriarchal society, extraction of natural resources for profit, exploitation, overwork, misogyny and more all came pouring out of the Egyptian narrative.

We’re still living in those narratives. We may tell ourselves we’re too smart to be fooled, but the idea of modern exceptionalism is a fake-out. We’re still just as prone to the fears of an early death or a lack of prosperity. We’re just as superstitious and god fearing.

All those vulnerabilities make us very, very easy marks for authoritarian regimes if we don’t think critically and understand the tools they are wielding over us.

What do you hope people take away from the book?

I wanted to give readers a playbook, in a sense, for what could come next from a historian’s perspective, and why the patriarchy is not the only way of running a system. The patriarchy is destroying itself. It’s happening. And we need to be there, anti-patriarchically, to rebuild something that better protects us all from the abuses of power.

You write that you see signs that the patriarchy is leading society toward a collapse, repeating a pattern that has occurred throughout history. But you also note that climate change will interrupt the cycle in a big way. What can we learn about what comes next by studying the rise and fall of ancient Egyptian regimes?

The patriarchy rises and falls in cycles, collapsing and rebuilding. But the thing that’s haunting authoritarian regimes now is that the Earth is not allowing that cycle anymore. The Earth is not allowing the ongoing extractive, consumptive, unequal hoarding that defines those regimes, because it’s unsustainable, and that unsustainability is now the undoing of the patriarchy.

We’ve had smaller-scale climate change for thousands of years; think of cities wiped away by deforestation that led to mudslides. The difference now is the scale. Now it’s global. The patriarchy sows the seeds for its own destruction again and again before coming back in a vicious cycle, but the difference this time is global climate change threatens to make this the final cycle.

I’m not a soothsayer, but from my 10,000-year view of history, I see two paths. It could be more patriarchy for another 500 years until the planet is truly dead, and then that’s it; that’s the end of the story. But I think we will flirt with patriarchy and mess with it for another 200-some years, and then we will find our way through to something sustainable and different.

Kara Cooney is Professor of Egyptian Art and Architecture at UCLA and chair of its Department of Near Eastern Languages and Cultures. Her academic work focuses on death preparations, social competition, and gender studies. She appeared as a lead expert in the popular Discovery Channel special The Secrets of Egypt’s Lost Queen and produced and wrote Discovery’s Out of Egypt. The author of When Women Ruled the World (2018) and The Woman Who Would be King (2014), Cooney lives in Los Angeles, CA.

Bíblia e arqueologia: novo site

Bíblia e Arqueologia foi fundada em 2021 na Universidade de Iowa pelo professor Robert R. Cargill e o ex-presidente da Universidade Bruce Harreld. É uma organização educacional sem fins lucrativos 501 (c) 3 não sectária, não denominacional, que promove estudos bíblicos, arqueologia e a interseção das duas disciplinas noBible & Archaeology - University of Iowa, 2021 Mediterrâneo e no sudoeste da Ásia – as áreas tradicionalmente chamadas de “terras da Bíblia”.

Bíblia e Arqueologia é um site e recurso online popular que oferece aos visitantes uma variedade de notícias, informações, ferramentas e recursos relacionados ao estudo da Bíblia e da arqueologia. Isso inclui artigos originais escritos pelos próprios estudiosos que fizeram as descobertas, notícias de última hora, artigos, vídeos e cursos online ministrados pelos melhores estudiosos do mundo, viagens de estudo, léxicos, mapas, quebra-cabeças, jogos e curiosidades.

Bible & Archaeology was founded in 2021 at the University of Iowa by professor Robert R. Cargill and former University President Bruce Harreld. It is a not-for-profit 501(c)3 nonsectarian, nondenominational, educational organization promoting biblical studies, archaeology, and the intersection of the two disciplines in the Mediterranean and Southwest Asia—the areas traditionally called the “lands of the Bible.”

Bible & Archaeology is a popular online website and resource offering visitors an array of news, information, tools, and resources related to the study of the Bible and archaeology. These include original articles written by the very scholars making the discoveries, breaking news stories, articles, videos, and online courses taught by the world’s best scholars, study tours, lexicons, maps, puzzles, games, and trivia.

Dirk Obbink: da cátedra à confusão

Dirk Obbink, famoso papirologista de Oxford, suspeito de vender fragmentos do Novo Testamento que não lhe pertenciam, está, mais uma vez, nos noticiários. Poderia até ser um caso para o Inspetor Morse.

Ele se tornou conhecido do público quando, em 2012, foi divulgado que um fragmento de papiro do evangelho de Marcos por ele estudado, poderia ser, extraordinariamente, do século I d.C.

Veja os links no final deste post para entender o caso do fragmento de Marcos.

Diz a reportagem publicada em Christianity Today, em 15 de dezembro de 2021, que Dirk Obbink se esquivou dos investigadores particulares que tentavam entregar-lheDirk D. Obbink (nascido em 13 de janeiro de 1957 em Lincoln, Nebraska, USA) uma intimação legal em agosto e setembro e não respondeu à carta oficial notificando-o de que era obrigado a responder às alegações de que havia fraudado Hobby Lobby ao vender à loja de artesanato, por 7 milhões de dólares, papiros antigos que não lhe pertenciam.

Um escrivão do tribunal federal dos Estados Unidos certificou, então, uma sentença à revelia contra o famoso papirologista (…) O ex-professor da Universidade de Oxford e pesquisador visitante da Universidade de Baylor, antes proclamado por suas incríveis descobertas de textos antigos, incluindo as primeiras cópias dos Evangelhos e poemas desconhecidos de Safo, agora deve a Hobby Lobby um reembolso total.

A resolução da ação civil deixa, entretanto, muitas perguntas sem resposta. A principal delas: onde estão os outros 81 fragmentos antigos que desapareceram da biblioteca da Egypt Exploration Society (EES) em Oxford quando Obbink, então chefe do projeto de digitalização de papiros da biblioteca, pegou 32 fragmentos e os vendeu para Hobby Lobby?

(…)

Obbink disse à EES que mostrou os fragmentos do Novo Testamento a alguns visitantes associados à Hobby Lobby e à Green Collection, de Steve Green, mas afirmou que nunca lhes disse que estavam à venda (…) A Hobby Lobby então enviou uma cópia de seu contrato de compra para a EES, e a biblioteca realizou uma verificação sistemática de sua coleção de mais de 500.000 artefatos. Mais de 120 estavam desaparecidos, e alguém havia adulterado os catálogos de fichas e registros fotográficos para esconder o fato de que eles tinham sumido. Sete foram recuperados de um colecionador evangélico na Califórnia. Mais de 80 parecem ainda estar faltando. Segundo o diretor do EES, os itens podem ter sido vendidos por milhões, mas na verdade não têm preço.

(…)

Obbink foi preso em 2020 e processado em 2021. Foi pouco depois disso, mostram os registros do tribunal, que ele se mudou para uma casa flutuante no Tâmisa, em Oxford, e começou a se esconder dos investigadores particulares que tentavam lhe entregar a intimação (…) Obbink também enfrenta acusações criminais na Inglaterra. A investigação está em andamento.

 

Missing Papyri Professor Must Return $7 Million to Hobby Lobby – Daniel Silliman: Christianity Today: December 15, 2021

Dirk Obbink has lost a federal lawsuit over the fraudulent sale of Gospel fragments.

Dirk Obbink didn’t answer the door of his Oxford, England, houseboat docked in the Thames. He dodged the private investigators trying to serve him a legal summons in August and September and failed to answer the official letter notifying him that he was required to respond to allegations he had defrauded Hobby Lobby by selling the craft store $7 million worth of ancient papyri that he didn’t actually own.

A clerk of the United States federal court has certified a default judgment against the famed papyrologist, noting in late November that “defendant Dirk D. Obbink has not filed any answer or otherwise moved with respect to the complaint herein.”

The former Oxford University professor and visiting scholar at Baylor University, once heralded for his amazing discoveries of ancient texts, including early copies of the Gospels and unknown poems of Sappho, now owes Hobby Lobby a full refund.

The resolution of the civil lawsuit leaves a lot of questions unanswered, though. Chief among them: Where are the other 81 ancient fragments that went missing from the Egyptian Exploration Society (EES) library at Oxford at the same time that Obbink, then head of the library’s papyri digitization project, took 32 fragments and sold them to Hobby Lobby?

“I think many of us hoped that a trial might bring to light further information on the whereabouts of the roughly 80 Oxyrhynchus papyri that still seem to be missing,” wrote history of religions scholar Brent Nongbri on his blog.

According to the lawsuit, Obbink worked as a private antiquities dealer in addition to his academic work. He sold Hobby Lobby four lots of papyri between 2010 and 2013, as the Oklahoma-based company invested in an expansive collection that it would use to launch the Museum of the Bible in Washington, DC, in 2017. The fragments were discovered in a rubbish heap near a vanished city in Egypt in the early 20th century.

A sales record shows that Obbink claimed four of them were first-century copies of Matthew, Mark, Luke, and John—which would have made them the oldest known pieces of the New Testament.

In 2017, Obbink contacted Hobby Lobby to say he had made a mistake and mixed up the EES fragments with his fragments he was selling as part of his antiquities business. He promised to pay the money back but asked for patience, as he had already spent it.

At the same time, Obbink told EES he had showed the New Testament fragments to some visitors associated with Hobby Lobby and owner Steve Green’s “Green Collection,” but claimed he never told them it was for sale.

“Professor Obbink insists that he never said the papyrus was for sale, and that while he did receive some payments from the Green Collection for advice on other matters, he did not accept any payment for or towards purchase of this text,” an official statement said. “The EES has never sought to sell this or any other papyrus.”

Hobby Lobby then sent a copy of its purchase agreement to EES, and the library launched a systematic check of its collection of more than 500,000 artifacts. More than 120 were missing, and someone had tampered with the card catalogues and photographic records to hide the fact they were gone.

Seven were recovered from an evangelical collector in California. More than 80 appear to still be missing.

According to the director of the EES, the items may have been sold for millions, but they are actually priceless.

Obbink, for his part, spoke of the fragments in the EES collection in rhapsodic terms.

“For me personally,” he once told a British audience, “working on these texts … was like being shipwrecked on a desert island with Marilyn Monroe.”

Obbink was arrested in 2020 and then sued in 2021. Shortly after that, court records show, he moved to a houseboat named the James Brindley and started hiding from the private investigators attempting to serve him summons.

A neighbor signed an affidavit that she saw Obbink on the boat a little before 4:30 p.m. on Saturday, September 11, and the summons had been removed from the houseboat door.

“The main cabin door was open,” the affidavit says. “Mr. Obbink would have had to remove the envelop to open the door.”

The British woman helpfully photographed Obbink for the investigators, who presented it to the US federal court as evidence and asked for a default judgment.

Obbink is also facing criminal charges in England. The investigation is ongoing.

 

Em ordem cronológica, links para as postagens publicadas no Observatório Bíblico sobre o fragmento de Marcos:

Descoberto fragmento de Marcos do século I? – 06.02.2012

Esclarecimentos sobre o fragmento de Marcos do século I – 10.02.2012

Fragmento de Marcos foi escrito entre 150 e 250 d.C. – 31.05.2018

Ainda sobre o fragmento de Marcos – 02.07.2019

A saga do fragmento do evangelho de Marcos – 09.01.2020