Expedition: revista online do Penn Museum

 

Expedition - Volume 55 / Issue 2 - 2013

Since 1958, Expedition has been published as the members’ magazine of the Penn Museum. Here you can find a complete online archive of nearly 2,000 articles published in Expedition up to last year. Special issues focus on themes, current excavations, research projects, or upcoming exhibitions. To explore the Museum’s other digital content, visit The Digital Penn Museum.

Jogo Real de Ur

O Jogo Real de Ur foi encontrado nas escavações feitas na cidade mesopotâmica de Ur pelo arqueólogo britânico Sir Leonard Woolley na década de vinte do século passado. Um dos tabuleiros encontra-se no Museu Britânico, em Londres, desde 1928. Foi datado como sendo de aproximadamente 2500 a.C. e pertence à cultura suméria.

Jogo Real de Ur - The Royal Game of Ur (The British Museum)

:: Jogo Real de Ur – The Royal Game of Ur: Play Store (Android)
Há mais de uma opção. Testei este jogo aqui, mas há outras opções, como este tabuleiro aqui. Após entrar no jogo, veja um tutorial de como jogar.

:: Jogo Real de Ur: LuduScience
Site em português de Portugal. Além de breve apresentação, as regras podem ser baixadas em formato pdf. Confira, no menu, outros jogos antigos em “Jogos tradicionais”.

:: The Royal Game of Ur: The British Museum
Site do Museu Britânico. Apresentação do jogo, descrição da descoberta, imagens do jogo, bibliografia. Em inglês.

:: The Royal Game of Ur: Board and Pieces
Site sobre jogos abstratos. História da descoberta do jogo e explicação detalhada, com desenhos, de como jogar. Há, neste site, uma bibliografia. Em inglês.

:: Royal Game of Ur – Game of 20 Squares: Ancient Games
Site de Eli Gurevich. História do jogo e explicação de como jogar. Há também um blog sobre jogos antigos. Em inglês.

:: The Rules of the Royal Game of Ur: Masters Traditional Games
Traz as regras do jogo e suas variações, discutindo duas ou três possibilidades. Há regras para vários jogos tradicionais de tabuleiro aqui. Confira também a página Ancient & Historical Board Games. Em inglês.

:: Deciphering the world’s oldest rule book – Irving Finkel: The British Museum
Vídeo em inglês, com legendas em português, no qual o curador do Museu Britânico Irving Finkel conta como encontrou e traduziu as regras do Jogo Real de Ur. Publicado em 23 de novembro de 2015.

:: Tom Scott vs Irving Finkel: The Royal Game of Ur: The British Museum
Vídeo em inglês, com legendas em português, onde podemos ver Irving Finkel e Tom Scott jogando o Jogo Real de Ur no Museu Britânico. Publicado em 28 de abril de 2017.

:: Irving Finkel, On the Rules for the Royal Game of Ur: Academia.edu
Sobre as regras do Jogo Real de Ur: texto do livro de FINKEL , I. Ancient Board Games in Perspective: Papers from the 1990 British Museum Colloquium. London: British Museum Press, 2007, 352 p.  ISBN 9780714111537. Confira o livro na Amazon aqui. O texto está disponível para download em Academia.edu. É bastante técnico, porém. Em inglês.

:: 126 imagens do Jogo Real de Ur: Blog de Dmitriy Skiryuk (Дмитрий Скирюк)
Estas imagens estão no blog de Dmitriy Skiryuk, um reconstrutor russo de jogos. As legendas podem ser traduzidas do russo para o português com o auxílio do Google Tradutor.

:: BELL, R. C. Board and Table Games from Many Civilizations. Mineola, NY: Dover Publications, 2012, 464 p. – ISBN 9780486238555
Um livro muito elogiado sobre jogos de tabuleiro. Em inglês.

Leia Mais:
Histórias de criação e dilúvio na antiga Mesopotâmia
Histórias do Antigo Oriente Médio: uma bibliografia

Desdemocracia e epistemicídio

A agenda neoliberal impôs-se como uma nova forma de governamentalidade normativa, que estende a lógica do capital ao mundo inteiro, instalando a pós-democracia ou desdemocracia. O que vimos, entre inertes e revoltados na noite de 2 de setembro de 2018, aqui no Brasil, foi a concretização do epistemicídio em seu estágio mais primitivo e violento.

Museu Nacional - Rio de Janeiro - 02/09/2018

O Brasil sem Brasil: emblema da tragédia do Museu Nacional – por Rosane Borges: CartaCapital — 03/09/2018

A tragédia que se abateu sobre o Museu Nacional, a instituição científica mais antiga do Brasil, foi a peça que estava faltando para dar sentido à engrenagem de destruição do país da qual somos, simultaneamente, ferramentas e operadores (in)voluntários. 

A agenda neoliberal impôs-se como uma nova forma de governamentalidade normativa, que estende a lógica do capital ao mundo inteiro, instalando a pós-democracia ou desdemocracia, nas palavras dos especialistas no assunto, Pierre Dardot e Christian Laval.

DARDOT, P. ; LAVAL, C. A nova razão do mundo: Ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.

Com a balada altissonante do neoliberalismo, retorna-se ao capitalismo em seu estado bruto, em sua vida nua; destrói-se e confisca-se direitos adquiridos (relembremos o que o STF fez com a CLT, abrindo as porteiras para a terceirização indiscriminada); hasteia-se a bandeira da terra arrasada para que todos saibamos que não há mais saída, restando-nos a triste constatação de que vivemos (e viveremos) por nossa própria conta.

Para quem ainda não tinha entendido a morfologia da destruição à brasileira, a anedótica pergunta “Quer que eu desenhe?” mostrou sua face. E o desenho foi pintado, ou melhor, filmado em nossas telas ao vivo e em cores de fogo, convertendo-nos em testemunhas oculares, telespectadores desesperados,  céticos em relação ao que víamos.               

A carbonização do Museu Nacional desponta como um emblema real e simbólico do que a regressão neoliberal representa. Responsável por abrigar parte significativa do nosso patrimônio científico, histórico e artístico (em torno de 23 milhões de peças lá estavam abrigadas), o Museu vinha agonizando já algum tempo, emitindo sinais de que (sobre)vivia numa atmosfera de deterioração que pressagiava um iminente colapso.

Leia o texto completo*.

* A lista de obras destruídas pelo incêndio do Museu Nacional citada no artigo pode não ser correta. Confira aqui e aqui.

Para compreender Francisco

:: A Igreja, Francisco e as resistências. Entrevista com Daniele Menozzi – IHU Online: 01/09/2018

De que modo Francisco entende a relação entre Igreja e sociedade? E como ele manifesta isso no seu pontificado?

Parece-me que o núcleo fundamental da posição de Francisco em relação à sociedade contemporânea consiste na percepção de que a relação entre a Igreja e as pessoas não pode ser deduzida a partir de uma doutrina estabelecida a priori e considerada válida em todos os tempos e em todos os lugares. Isso não significa que a Igreja caia no relativismo, como consideram os tradicionalistas que se opõem veementemente ao pontífice. A Igreja tem o Evangelho como ponto de referência inevitável e absoluto.

Mas Bergoglio entendeu que o Evangelho só pode ser compreendido e comunicado no devir da história. A pretensão de estar fora e acima da história, como a Igreja fez nos últimos dois séculos, significou a sua renúncia a se colocar em sintonia com o mundo contemporâneo. Em suma, são os sinais dos tempos que permitem entender quais são os traços da mensagem evangélica que interceptam, em uma determinada situação histórica, as perguntas profundas dos seres humanos.

O Papa Francisco captou que, na condição da sociedade atual, a misericórdia representa o núcleo profundo do Evangelho que encontra ressonância em uma vida coletiva marcada pela difusão, em nível planetário, de problemas dramáticos: a crescente pobreza material; as iminentes ameaças de guerra, até mesmo nucleares; as estreitas respostas nacionalistas às grandes ondas migratórias; uma organização econômica marcada pela idolatria do lucro; uma degradação ambiental aparentemente incontrolável.

A opinião é do historiador italiano Daniele Menozzi, professor da Scuola Normale Superiore di Pisa, estudioso do papado moderno e contemporâneo, em entrevista concedida a Lorenzo Prezzi e publicada em Settimana News, 30/08/2018.

 

Original italiano:

:: La Chiesa, Francesco, le resistenze – Settimana News: 30/08/2018

In che modo Francesco comprende il rapporto tra Chiesa e società? E come lo manifesta nel suo pontificato?

Mi pare che il nucleo fondamentale della posizione di Francesco verso la società contemporanea consista nella percezione che il rapporto tra la Chiesa e gli uomini non può essere dedotto da una dottrina stabilita a priori e ritenuta valida in ogni tempo e in ogni luogo. Questo non significa che la Chiesa cada nel relativismo, come ritengono i tradizionalisti che si oppongono strenuamente al pontefice. La Chiesa ha come punto di riferimento ineludibile e assoluto il Vangelo.

Ma Bergoglio ha capito che il Vangelo può essere compreso e comunicato solo nel divenire della storia. La pretesa di stare al di fuori e al di sopra della storia, come la Chiesa ha fatto negli ultimi due secoli, ha significato una sua rinuncia a porsi in sintonia con il mondo coevo. Sono insomma i segni dei tempi che permettono di capire quali siano i tratti del messaggio evangelico che intercettano, in una determinata situazione storica, le domande profonde degli uomini.

Papa Francesco ha colto che, nella condizione della società odierna, la misericordia rappresenta il nucleo profondo del Vangelo che trova risonanza in una vita collettiva segnata dalla diffusione, a livello planetario, di drammatici problemi: la crescente povertà materiale; le incombenti minacce di guerra, anche nucleare; le grette risposte nazionalistiche alle grandi ondate migratorie; un’organizzazione economica segnata dall’idolatria del profitto; un degrado ambientale apparentemente inarrestabile.

Leia a entrevista completa.

Os profetas maiores na pesquisa recente

Estou estudando, nos últimos meses, com meus alunos do Segundo Ano de Teologia do CEARP, os livros de Isaías, Jeremias e Ezequiel. Um dos livros que tenho utilizado para acompanhar as tendências da pesquisa na área é:

HAUSER, A. J. (ed.) Recent Research on the Major Prophets. Sheffield: Sheffield Phoenix Press, 2008,  xiv + 389 p. – ISBN 9781906055134

HAUSER, A. J. (ed.) Recent Research on the Major Prophets. Sheffield: Sheffield Phoenix Press, 2008, xiv + 389 p.

Given the many new methods and approaches for interpreting biblical literature that have appeared in the past several decades, it is hardly surprising that our understanding of the prophets Isaiah, Jeremiah and Ezekiel has expanded and diversified at a rapid pace. Historical-critical understandings and perspectives have been challenged and often dramatically altered. New approaches, such as social-scientific criticism, rhetorical criticism, feminist criticism, reader response criticism, literary analysis, anthropological analysis, structuralist criticism, ideological criticism, and deconstructionist criticism have both challenged old approaches and shed new light on the texts being studied. In this volume, Alan Hauser presents eleven articles, each with an extensive bibliography, that survey the variety and depth of recent and contemporary scholarship on these three prophets. Five of them are new to this volume. All are written by experts in each area of scholarship, including Marvin Sweeney, Paul Kim, Roy Melugin, Robert P. Carroll, Peter Diamond, Katheryn Pfisterer Darr and Risa Levitt Kohn. Hauser introduces the volume with a comprehensive summary and overview of the articles.

Recomendo o livro, embora publicado em 2008, por duas razões:

. está disponível gratuitamente no Projeto ICI da SBL. Observe o preço na Amazon e avalie se vale a pena.

. a bibliografia acadêmica sobre os profetas Isaías, Jeremias e Ezequiel, em língua portuguesa, é escassa e, quando chega, é com muito atraso.

Pode-se consultar também:

:: Todos os seminários do PIB para professores de Bíblia – Observatório Bíblico: 9 de março de 2018

O primeiro seminário, em janeiro de 2012, foi sobre o profetismo, com destaque para Isaías e Jeremias. Leia o diário do seminário feito por Cássio Murilo Dias da Silva. E há material de estudo disponível para download.

:: O blog Biblical Studies journal alerts

Traz links para os mais recentes números de algumas importantes revistas acadêmicas de Bíblia, inclusive a Currents in Biblical Research, onde Alan J. Hauser, organizador do livro acima, é editor.

Para entender o caso Viganò

:: Ex-núncio nos EUA, Viganò: ”O papa deve renunciar” – Andrea Tornielli: IHU Online – 27/08/2018

O diplomata vaticano publicou um documento sobre o caso do cardeal homossexual McCarrick com acusações contra a cúpula vaticana dos últimos 20 anos.

As autoridades da Santa Sé tinham conhecimento, desde o ano 2000, da existência de acusações contra o arcebispo Theodore McCarrik, promovido no fim daquele ano a arcebispo de Washington e criado cardeal por João Paulo II no ano seguinte: era sabido que o prelado convidava seus seminaristas para dormir com ele na casa de praia. É o que afirma um documento de 11 páginas assinado por Carlo Maria Viganò, ex-secretário do Governatorato e ex-núncio apostólico nos Estados Unidos, que foi afastado do Vaticano e enviado para a sede diplomática de Washington em 2011. O texto do Viganò está repleto de datas e de circunstâncias, e é claramente dirigido contra o Papa Francisco, do qual o ex-núncio pede a renúncia, porque, na sua opinião, teria removido as sanções existentes contra McCarrick após o conclave de 2013. O documento repropõe, detalhando-os, boatos e informações que já circularam pelo menos nos últimos dois meses na galáxia midiática antipapal e tradicionalista norte-americana e europeia, tentando descarregar toda a responsabilidade sobre os ombros do atual pontífice.

:: L’ex nunzio negli Usa Viganò: “Il Papa si deve dimettere” – Andrea Tornielli: Vatican Insider – 26/08/2018

Il diplomatico vaticano ha reso pubblico un documento sul caso del cardinale omosessuale McCarrick con accuse contro i vertici vaticani degli ultimi vent’anni

Le autorità della Santa Sede erano a conoscenza fin dal 2000 dell’esistenza di accuse contro l’arcivescovo Theodore McCarrick, promosso alla fine di quell’anno arcivescovo di Washington e creato cardinale da Giovanni Paolo II l’anno successivo: era noto che il prelato invitava i suoi seminaristi a dormire con lui nella casa al mare. È quanto si legge in un documento di 11 pagine firmato da Carlo Maria Viganò, ex segretario del Governatorato ed ex nunzio apostolico negli Stati Uniti, che venne allontanato dal Vaticano e inviato nella sede diplomatica di Washington nel 2011. Il testo di Viganò è zeppo di date e di circostanze, ed è chiaramente indirizzato contro Papa Francesco, del quale l’ex nunzio chiede le dimissioni perché a suo dire avrebbe tolto delle sanzioni esistenti contro MacCarrick dopo il conclave del 2013. Il documento ripropone, circostanziando le voci e informazioni già circolate almeno negli ultimi due mesi nella galassia mediatica antipapale e tradizionalista americana ed europea, cercando di attribuire ogni responsabilità sulle spalle dell’attuale Pontefice.

 

:: O catolicismo nos Estados Unidos e a tentativa de golpe contra Francisco. Artigo de Massimo Faggioli – IHU Online – 28/08/2018

Na sua carta de 20 de agosto a todo o povo de Deus, Francisco identificou no clericalismo a verdadeira chaga da Igreja: prova disso é a tentativa de golpe de Estado do fim de semana, com o memorial publicado pelo ex-núncio nos Estados Unidos, Carlo Maria Viganò. A manobra foi estudada minuciosamente tanto nos tempos quanto nos modos – especialmente olhando para os jornalistas hostis a Francisco que se prestaram a isso – e fracassou, pelo menos quanto à tentativa de empurrar o papa a renunciar. Mas, para entender o que está acontecendo na Igreja, este momento deve ser analisado na rota entre os Estados Unidos e o Vaticano.

(…)

Além dessa convergência entre a agenda pessoal de Viganò e a agenda ideológica do mundo estadunidense e anglo-saxão hostil a Francisco, o outro elemento-chave para compreender a operação e o motivo pelo qual ela fracassou é a transição de um certo tipo de catolicismo conservador para outro nos Estados Unidos.

Observando as publicações e os artigos de jovens jornalistas e intelectuais da nova geração de católicos estadunidenses (nascidos nos anos 1980-1990), é perceptível como eles não representam mais o catolicismo neoconservador “das antigas” (um nome acima de todos: George Weigel), aquele que chegou ao poder com o Partido Republicano, especialmente com George W. Bush em 2000 e nos Estados Unidos pós-11 de setembro de 2001.

Mas hoje a nova geração de católicos estadunidenses de direita (tanto leigos quanto padres e seminaristas, mas também alguns bispos) interpreta um catolicismo teologicamente neo-ortodoxo, moralmente neointegralista, politicamente antiliberal e anti-internacionalista, esteticamente neomedieval.

É o catolicismo cada vez mais visível na revista-farol da reação conservadora à teologia liberal, First Things, na qual as duas tendências e as divergências entre si são visíveis. Nessa transição de um tipo de conservadorismo católico para outro, nota-se uma diferença de ênfases nas críticas ao Papa Francisco. Ambos são muito críticos à teologia do Papa Francisco. A nova ala extremista e neointegralista, que lembra em alguns aspectos a Action Française de Charles Maurras nos anos 1920 (condenada por Pio XI), não hesita em identificar no Papa Francisco um papa herege ou não católico. Mas a velha geração de católicos neoconservadores não está disposta a arruinar a Igreja a fim de se livrar do Papa Francisco: e foi aí que faltou o apoio à operação Viganò.

O ataque ao Papa Francisco do último fim de semana também deve ser lido dentro da luta pela supremacia dentro do catolicismo estadunidense conservador, entre a velha escola neoconservadora e o novo integralismo medievalista. O ataque contra o Papa Francisco fracassou, mas não está claro o que acontecerá com a cultura católica conservadora nos Estados Unidos: se ela recuará para um neoconservadorismo que ainda mantém algum sentido das instituições (eclesiásticas ou não), ou se tomará o caminho de um jacobinismo católico que não tem medo de flertar com a ideia de um novo cisma do Ocidente.

:: Il cattolicesimo negli Stati Uniti e il tentato golpe contro Francesco – Massimo Faggioli: HuffPost.it – 27/08/2018
Nella sua lettera del 20 agosto a tutto il popolo di Dio, Francesco ha identificato nel clericalismo la vera piaga della chiesa: ne dà conferma il tentato colpo di stato del fine settimana, con il memoriale pubblicato dall’ex nunzio negli Stati Uniti, Carlo Maria Viganò. La manovra è stata studiata a tavolino sia nei tempi sia nei modi – specialmente guardando ai giornalisti ostili a Francesco che si sono prestati – ed è fallita, almeno quanto al tentativo di spingere il papa alle dimissioni. Ma per capire quanto sta succedendo nella chiesa, questo momento va analizzato sulla rotta tra Stati Uniti e Vaticano.

(…)

C’è poi un secondo elemento dell’operazione. Oltre a questa convergenza tra l’agenda personale di Viganò e l’agenda ideologica del mondo americano e anglosassone ostile a Francesco, l’altro elemento chiave per comprendere l’operazione e il motivo per cui è fallita è la transizione da un certo tipo di cattolicesimo conservatore a un altro negli Stati Uniti. Osservando le pubblicazioni e gli articoli di giovani giornalisti e intellettuali della nuova generazione di cattolici americani (nati negli anni ottanta-novanta) è percepibile come essi non rappresentino più il cattolicesimo neo-conservatore vecchia scuola (un nome per tutti, George Weigel), quello arrivato al potere col Partito repubblicano, specialmente con George W. Bush nel 2000 e nell’America post-11 settembre 2001. Ma oggi la nuova generazione di cattolici americani di destra (sia laici, sia preti e seminaristi, ma anche qualche vescovo) interpreta un cattolicesimo teologicamente neo-ortodosso, moralmente neo-integralista, politicamente anti-liberale e anti-internazionalista, esteticamente neo-medievale.

È il cattolicesimo sempre più visibile nella rivista-faro della reazione conservatrice alla teologia liberal, First Things, nella quale le due tendenze e le divergenze tra loro sono visibili. In questa transizione da un tipo di conservatorismo cattolico a un altro si nota una differenza di accenti nelle critiche a papa Francesco. Entrambi sono molto critici della teologia di papa Francesco. La nuova frangia oltranzista e neo-integralista, che ricorda per certi aspetti l’Action Francaise di Charles Maurras negli anni venti del secolo scorso (condannata da Pio XI), non si fa remore di identificare in papa Francesco un papa eretico o non cattolico. Ma la vecchia generazione di cattolici neo-conservatori non è disposta a fare macerie della chiesa pur di liberarsi di papa Francesco: ed è qui che è mancato il supporto all’operazione Viganò.

L’attacco a papa Francesco dello scorso fine settimana va letto anche all’interno della lotta per la supremazia all’interno del cattolicesimo americano conservatore, tra vecchia scuola neo-conservatrice e nuovo integralismo medievalista. L’attacco a papa Francesco è fallito, ma non è chiaro cosa sarà della cultura cattolica conservatrice negli Stati Uniti: se tornerà sui passi di un neo-conservatorismo che conserva ancora un qualche senso delle istituzioni (ecclesiastiche e non), oppure se prenderà la via di un giacobinismo cattolico che non ha paura di flirtare con l’idea di un nuovo scisma d’Occidente.

Leia Mais:
Francisco no Observatório Bíblico
Francisco no Twitter

A Revista Brasileira de Interpretação Bíblica está online

O amigo e colega Cássio Murilo Dias da Silva enviou-me, da PUCRS, a notícia de que acaba de ser lançado o primeiro fascículo da Revista Brasileira de Interpretação Bíblica – ReBiblica

Revista Brasileira de Interpretação Bíblica - ReBiblica

Revista Brasileira de Interpretação Bíblica, v. 1, n. 1 (2018): Pesquisa bíblica no Brasil: um mosaico de desafios

Eis o texto do Cássio Murilo:

Revista Brasileira de Interpretação Bíblica: um novo periódico científico

Em setembro de 2015, os professores de Bíblia nos programas de pós-graduação de Teologia e/ou Ciências da Religião de todo o Brasil, reuniram-se, durante o congresso da Associação Nacional dos Programas de Teologia e Ciências da Religião – ANPTECRE, para partilhar experiências e traçar planos de trabalho e colaboração. Era sentida por todos a falta de uma revista para publicar artigos científicos de maior envergadura no campo da pesquisa bíblica. Diante disso, os presentes propuseram-se a fundar uma revista em formato digital para promover o avanço do estudo acadêmico da Bíblia no Brasil. Este novo periódico recebeu o nome de ReBiblica. Além de ser a abreviação de Revista Brasileira de Interpretação Bíblica, este nome é também um jogo de palavras com a frase Re Biblica, que em latim é usada para definir as “Ciências Bíblicas”, isto é, o estudo da Bíblia nas suas mais diversas perspectivas: linguísticas, literárias, histórico-geográfico-culturais e teológicas.

Após três anos de trabalho, foi lançado o primeiro fascículo deste novo periódico científico, com um panorama dos estudos bíblicos no Brasil. Professores com as mais diversas formações acadêmicas e linhas de pesquisa (exegese, teologia bíblica, história, arqueologia, crítica textual, tradução, hermenêutica latino-americana) oferecem um amplo leque de perspectivas e abordagens, de conhecimentos e questionamentos.

De algum modo, os artigos deste primeiro fascículo têm como denominador comum a temática do “desafio”: alguns apresentam e discutem questões desafiadoras para a exegese e a teologia bíblicas; outros trazem à luz desafios propostos pelos textos analisados.

Os artigos do fascículo de lançamento são:

Cássio Murilo Dias da Silva – Uma nova agenda para repensar a inspiração

Luiz José Dietrich – A descolonização da Bíblia, da “Palavra de Deus”: O desafio primeiro e urgente para uma teologia descolonial

Erhard S. Gerstenberger – Armut und Armentheologie in den Psalmen: Sozialgeschichtliche Auslegung und Befreiungstheologie [Pobreza e teologia dos pobres nos Salmos. Interpretação histórico-social e Teologia da Libertação]

Leonardo Pessoa da Silva Pinto – As Origens dos Livros de Samuel: Status Quaestionis

Edson de Faria Francisco – O Livro de Oseias no Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português, v. 3: Profetas Posteriores. Apontamentos sobre dificuldades textuais

Flávio Schmitt – No poder do Espírito: Miqueias 3,8

Jaldemir Vitório – Consolar: missão profética no exílio. A ação do Dêutero-Isaías junto aos israelitas na Babilônia

Cesar Motta Rios – A humilhação do povo judeu no Pretório de Pilatos: Estudo exegético de Mateus 27,27-31

Fabrizio Zandonadi Catenassi, Vicente Artuso e Ildo Perondi – A unção de Betânia no contexto da traição de Jesus (Marcos 14,1-11): Aspectos de estilo e narratividade

Rivaldave Paz Torquato – “Ele estava perdido e foi encontrado!”: A compaixão do Pai como atitude fundamental em Lc 15

O desejo dos professores que iniciaram o projeto do periódico é que ReBiblica seja um espaço de discussão e de partilha das pesquisas acadêmicas sobre a Bíblia.

Leia Mais:
Uma nova revista bíblica: ReBIblica
ReBiblica – Revista Brasileira de Interpretação Bíblica

Novo blog: Bible Software and Interpretation

Bible Software and Interpretation. Por Glenn L. Weaver, professor de Bíblia e desenvolvedor de conteúdo para o BibleWorks.

Sobre o blog:

O blog se propõe apresentar um panorama do que programas eletrônicos podem oferecer para os intérpretes dos textos bíblicos, sem transcurar seus limites. É importante refletir como o uso de software afeta a interpretação dos textos bíblicos e, ainda, como a interpretação provavelmente mudará no futuro por causa do uso de software.

Diz ele:

Bible software is a common tool used by scholars, professors, pastors, missionaries, translators, students, and laypersons worldwide. Yet to this point there has been little written about how the use of software affects the Bible study process for good or for bad. Most writings have been sales pitches, reviews, or blog posts about individual program features. What is lacking is an overview of what software can provide for the interpreter, what are its limitations, and how the use of software affects interpretation and how interpretation is likely to change in the future because of the use of software. This blog is a small attempt to fill this knowledge gap.

Veja também o blog Biblical Studies and Technological Tools.

O Pentateuco e a OHDtr podem ter sido escritos na época helenística

Um artigo interessante.

Os estudiosos, em sua maioria, defendem a época persa como termo final para a escrita do Pentateuco e da Obra Histórica Deuteronomista (OHDtr).

Neste artigo, entretanto, Robert K. Gnuse, professor da Loyola University New Orleans, descreve a posição de alguns estudiosos da Escola de Copenhague que apontam a época helenística para a escrita do Pentateuco e da OHDtr. Diz Gnuse que estes autores precisam ser levados a sério, pois podem estar indicando corretamente o rumo da pesquisa futura sobre o Antigo Testamento.

GNUSE, R. K. A Hellenistic First Testament: The Views of Minimalist Scholars. Biblical Theology Bulletin, volume 48, n. 3, p. 115-132, 2018.

Biblical Theology Bulletin, volume 48, n. 3, 2018

 

Um Primeiro Testamento helenístico: as perspectivas de alguns estudiosos minimalistas

Gnuse diz no resumo:

This article summarizes the views of six significant “minimalist” scholars and others, who theorize that the Primary History in the First Testament was generated in the Hellenistic Era after 300 bce . Some critique of their views is provided combined with a theoretic counter-response. The purpose of this article is primarily to expose the American audience to the writings of the “Copenhagen School” of biblical studies.

Este artigo resume as visões de seis estudiosos “minimalistas” e outros, que propõem que a História Primária no Primeiro Testamento [do Gênesis até Segundo Reis] foi produzida na Era Helenística, após 300 a.C. É oferecida alguma crítica de seus pontos de vista, combinada com uma contrarresposta teórica. O objetivo deste artigo é principalmente explicar para o público norte-americano os escritos da “Escola de Copenhague” de estudos bíblicos.

Ele explica na conclusão:

I have been involved in this discussion over the past twenty years. I have suggested that Greek narratives do lie behind some of the narratives in the biblical text, which implies for some accounts a very late Persian era origin and for other accounts a Hellenistic era origin (…). Because of my own research, I am sympathetic to the “minimalist” viewpoint, especially those ideas suggested by Lemche and Thompson, who admit the existence of biblical narratives prior to the Hellenistic era. I, however, assume that those narratives are more expansive than they are willing to acknowledge. I am fascinated by the views of Gmirkin, Niesiolowski-Spano, and Wadjenbaum. I am not convinced, as are they, that the Primary History is completely a Hellenistic creation. Nor am I convinced by all of their arguments. But ultimately the point that I wish to make is that the scholarship of these authors must be taken seriously in the future and not facilely dismissed, as is too often the case on this side of the Atlantic. They may represent the future of critical studies in the First Testament.

Eu estive envolvido nesta discussão nos últimos vinte anos. Sugeri que as narrativas gregas estão por trás de algumas das narrativas no texto bíblico, o que implica, para alguns relatos, uma origem da era persa muito tardia e, para outros relatos, uma origem da era helenística (…). Devido à minha própria pesquisa, sou simpático ao ponto de vista “minimalista”, especialmente aqueles sugeridos por Lemche e Thompson, que admitem a existência de narrativas bíblicas anteriores à era helenística. Eu, no entanto, assumo que essas narrativas são mais extensas do que eles estão dispostos a reconhecer. Eu sou fascinado pelas visões de Gmirkin, Niesiolowski-Spano e Wadjenbaum. Não estou convencido, como eles, de que a História Primária é completamente uma criação helenística. Nem estou convencido de todos os seus argumentos. Mas, em última análise, o que defendo aqui é a ideia de que a erudição desses autores deve ser levada a sério no futuro e não deve ser ignorada, como acontece com muita frequência neste lado do Atlântico. Eles podem representar o futuro dos estudos acadêmicos sobre o Primeiro Testamento.

Gnuse expõe e avalia as posições de Giovanni Garbini, Niels Peter Lemche, Thomas L. Thompson, Russell Gmirkin, Lukasz Niesiolowski-Spano e Philippe Wajdenbaum. Além destes seis autores, ele cita outros que abordam o assunto muito rapidamente ou que ainda defendem uma época persa para a escrita destes textos, como John Strange, Thomas Bolin, Flemming Nielsen, Jan-Wim Wesselius, K. Stott, Daniel Hawk, Gerhard Larsson, Emanuel Pfoh, Etienne Nodet e Philippe Guillaume.

Robert K. Gnuse

 

Eu falaria ainda de Philip R. Davies, que também aborda o assunto. Ele afirma no capítulo 5 de seu In Search of ‘Ancient Israel’: Foi durante os Períodos Persa e Helenístico que a literatura bíblica deve ter sido composta, e é na sociedade desta época que nós devemos agora procurar pelas precondições que permitiram e motivaram a geração deste construto ideológico que é o Israel bíblico (p. 72). Tenho uma resenha do livro de Philip R. Davies, que pode ser lida aqui.

Sobre alguns destes autores da Escola de Copenhague, recomendo meu artigo Pode uma ‘História de Israel’ ser escrita? E os artigos sobre O Contexto da Obra Histórica Deuteronomista e A História de Israel no debate atual.