No artigo de Brad E. Kelle sobre Oseias 4-14 uma das perguntas obrigatórias é se o livro pode ser usado como fonte para a história de Israel Norte entre 755 e 725 a.C., época da atuação do profeta. Como a pesquisa do século XX e primeira década do século XXI lidou com isso? Diz o autor nas p. 332-334:
Building upon the common twentieth-century view that the book contains original material from the eighth-century prophet himself, modern scholarship has typically understood Hosea as a useable and important source for the historical reconstruction of pre-exilic Israel (for an early example, see Brown 1932). Interpreters have observed elements such as the book’s apparent references to political actions and treaties involving Israel, Assyria, and Egypt (e.g., 5.13; 7.11; 8.9; 12.1 [MT]). Even though many of these texts are vague, offering no specific references or clearly identifiable personal names, throughout most of the twentieth century before the 1980s, the dominant view in scholarship professed a high level of confidence in Hosea as a useable historical source, and identified the historical information yielded by the book as directly relevant to the northern kingdom of Israel in the eighth century BCE. From this perspective, the book was particularly useful for the history of the northern kingdom because Hosea himself is commonly considered to be the only prophet who addressed the northern kingdom as a native (see Harper 1905: cxli-clv; Davies 1993: 13).
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The most common topic among historical interpretations of Hosea throughout the twentieth century is the attempt to relate particular texts in the book to the events of the Syro-Ephraimitic War (ca. 734–731 BCE ).
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Despite the enduring nature of readings that use Hosea as a historical source for eighth-century Israel, there is a growing trend in scholarship since the 1980s that is much less confident about Hosea’s ability to provide useable historical information. Some of these approaches are simply more cautious with regard to Hosea’s potential historical information.
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Some of the most recent works on Hosea, however, have contributed a new formulation of this older line of historical inquiry. These works show a renewed openness to the possibility that the texts of Hosea can yield historical information, but, in keeping with some of the new formulations of redaction criticism, they assert that the historical information yielded by Hosea consists primarily, if not solely, of what the final form reveals about its authors, audience, circumstances, and concerns. Ben Zvi’s commentary (2005), with its proposal that the book of Hosea was created to be read and re-read by the literati of postmonarchical Yehud, once again provides a primary example of this trend. He concludes that the book contains only enough specific historical references to establish a general framework (e.g., a sequence of Judaean kings), and that ‘they cannot be taken as a reliable source for an understanding of the history of monarchic Judah…nor that of the northern kingdom in the days of Jeroboam’ (2005: 18).
Baseando-se na visão comum do século XX de que o livro contém material original do próprio profeta do século VIII a.C., os estudos modernos têm visto Oseias como uma fonte útil e importante para a reconstrução histórica do Israel pré-exílico. Os intérpretes observaram diversos elementos no livro como as aparentes referências a ações políticas e tratados envolvendo Israel, a Assíria e o Egito. Embora muitos desses textos sejam vagos, não oferecendo referências específicas ou nomes de pessoas claramente identificáveis, durante a maior parte do século XX, antes dos anos 80, a visão dominante nos estudos professava um alto nível de confiança em Oseias como uma fonte histórica utilizável e identificava a informação histórica produzida pelo livro como diretamente relevante para o reino do norte de Israel no século VIII a.C. Mais ainda: o livro foi considerado particularmente útil para a história do reino do norte porque Oseias é o único profeta natural do reino de Israel Norte que lá atuou e de quem temos um livro.
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Segundo os estudiosos de Oseias, há várias referências históricas no livro, mas o tópico mais comum entre as interpretações históricas de Oseias ao longo do século XX foi a tentativa de relacionar textos específicos do livro com os eventos da guerra siro-efraimita (ca. 734–731 a.C).
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Apesar da natureza duradoura das leituras que usam Oseias como fonte histórica para o Israel do século VIII a.C., há uma tendência crescente nos estudos desde a década de 80 que confia muito menos na capacidade de Oseias de fornecer informações históricas utilizáveis. Algumas dessas abordagens são simplesmente mais cautelosas em relação à potencial informação histórica de Oseias [observo que isto está em consonância com as tendências mais recentes sobre o uso da Bíblia Hebraica como fonte para a História de Israel].
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Algumas das publicações mais recentes sobre Oseias, no entanto, contribuíram com uma nova formulação da antiga linha de investigação histórica. Esses estudos mostram uma abertura renovada para a possibilidade de que os textos de Oseias possam produzir informações históricas. Mas, de acordo com algumas das novas formulações da crítica da redação, eles afirmam que a informação histórica produzida por Oseias consiste primordialmente, talvez unicamente, naquilo que a forma final do texto revela sobre seus autores, público, circunstâncias e preocupações. O comentário de Ben Zvi (2005), com sua proposta sobre o livro de Oseias ter sido criado para ser lido e re-lido pelos eruditos do Yehud pós-exílico, mais uma vez fornece um exemplo claro dessa tendência. Ele conclui que o livro contém apenas referências históricas específicas suficientes para estabelecer uma estrutura geral – por exemplo, uma sequência de reis de Judá -, e que ele não pode ser considerado como uma fonte confiável para uma compreensão da história do Judá monárquico e nem para a história do reino do norte nos dias de Jeroboão II.