Pode uma História de Israel ser escrita?

Pode uma ‘História de Israel’ ser escrita? Observando o debate atual sobre a História de Israel. Artigo publicado na Ayrton’s Biblical Page em 2001 e atualizado em 2019.

Em julho de 1996 foi realizado em Dublin, Irlanda, o Primeiro Seminário Europeu de Metodologia Histórica, do qual participaram pesquisadores escolhidos.

Diz Lester L. Grabbe no primeiro parágrafo do livro por ele editado – e que traz os resultados do Seminário – Can a ‘History of Israel’ Be Written? [Pode uma ‘História de Israel’ Ser Escrita?]. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1997 [London: T. & T. Clark, 2005 – ISBN 0567043207]:

“O grupo surgiu das frustrações que eu, em primeiro lugar, venho sentindo acerca da atual situação do debate sobre como escrever a história de Israel e Judá nos segundo e primeiro milênios AEC e no século I da EC” (p. 11).

E continua:

“Nos últimos anos, um certo número de estudiosos – a maioria deles europeus por origem ou adoção – tem feito um ataque radical sobre o modo como a história de ‘Israel’ tem sido escrita. Mesmo aqueles outrora considerados radicais não escaparam da crítica. Este movimento, a princípio minoritário, causou pouco impacto no debate. Recentemente, porém, ele adquiriu personalidade, mas a resposta foi o surgimento de protestos, incluindo a sugestão de que tais tendências são perigosas, ou que podem ser tranquilamente ignoradas ou – de modo curioso – ambas as coisas ao mesmo tempo” (p. 11).

Lester L. Grabbe está se referindo à controvérsia existente entre a postura maximalista “que defende que tudo nas fontes que não pode ser provado como falso deve ser aceito como histórico” e a postura minimalista “que defende que tudo que não é corroborado por evidências contemporâneas aos eventos a serem reconstruídos deve ser descartado” (E. Knauf, citado por H. Niehr no mesmo livro, na p. 163). Os autores “minimalistas” são também conhecidos como membros da “Escola de Copenhague”.

Retomando Grabbe:

“Isto sugeriu que o tempo estava maduro para algo mais organizado, que abordasse as questões centrais de maneira sistemática e que determinasse quais são as reais posições e problemas (…). A tarefa inicial foi agrupar especialistas europeus que estavam, de maneira geral, convencidos de que existe, de fato, um problema” (p. 11-12).

O artigo apresenta algumas das mais importantes publicações dos participantes do Seminário Europeu de Metodologia Histórica [foram realizados 17 seminários entre 1996 e 2012] e procura explicar suas posições no atual debate sobre a História de Israel.