Francisco será o papa de uma transição crucial?

Apesar dos 76 anos de idade, é cada vez mais forte a impressão de que ele não será um pontífice transitório, mas sim o papa de uma transição crucial.

Nonostante i 76 anni di età, è sempre più forte l’impressione che non sarà un Pontefice transitorio, ma il Papa di una transizione cruciale.

O jornalista italiano Massimo Franco, em artigo publicado pelo jornal Corriere della Sera em 19/05/2013, defende que Francisco representa uma transição crucial na Igreja.

O título, em português, é: Francisco, o primeiro papa global [em italiano: Il Papa global].

Reproduzo aqui apenas alguns trechos isolados e, até mesmo, fora de ordem. Mas convido o leitor a ler a análise completa, bastante interessante, em Notícias: IHU On-Line de 22/05/2013.

Jorge Mario Bergoglio é o primeiro papa que podemos definir como verdadeiramente global. Não só porque foi descoberto “quase no fim do mundo”, como ele disse brincando de si mesmo. As dinâmicas do conclave dos dias 12 e 13 de março mostraram o fim de uma era para o Vaticano. As Américas passaram da periferia para o coração do mundo católico. O eurocentrismo acabou. E a criação de um conselho de oito cardeais tomados dos cinco continentes para participar das decisões de Francisco, no dia 14 de abril, confirma a intenção de revolucionar o governo da Igreja.

As tendências para 2030 do US National Intelligence Council dizem que, nos próximos 20 anos, o número das megacidades vai crescer, criando áreas “periurbanas” e “megarregiões” que se tornarão poderosos atores não estatais, superando as dimensões nacionais. Francisco representa esse deslocamento de prioridade. E sinaliza uma notável diversidade com relação aos seus antecessores. A escolha de se chamar Francisco é mais um sintoma da sua natural atenção pelos pobres das favelas superpovoadas das maiores cidades do mundo.

E o mandato de Francisco parece exatamente isso: abrir a Igreja às periferias mundiais; libertar o Vaticano de pessoas comprometidas nos escândalos; mudar a estrutura e os objetivos do IOR; reescrever e ressuscitar a agenda de política externa da Santa Sé depois daquela que foi percebida no plano internacional como a passividade do pontificado de Bento XVI; e reconstruir a imagem amarrotada da Igreja, voltando a privilegiar os pobres.

Francisco, primeiro pontífice jesuíta, marca uma potencial revolução. Ele foi escolhido como reformador da Cúria, homem capaz de enfrentar e resolver os escândalos, e como diretor chamado a globalizar o Vaticano.

E, ao contrário do que foi escrito e pensado no início, é provável que a sua eleição não tenha sido de última hora. Senão programada, foi ao menos examinada e discutida alguns dias antes da abertura do conclave e depois aprovada por muitos cardeais norte-americanos e alemães, e por alguns italianos inimigos da Cúria.

Um papa proveniente da América Latina, sugeriu o vaticanista John Allen, significa ceticismo com relação ao capitalismo e à globalização; debate cultural duro com os EUA, apesar do número crescente da população católica de língua espanhola; mais atenção ao ambiente; e pacifismo.

No curto prazo, é provável,  [entretanto], que se vejam maiores mudanças em Roma: na Roma papal. O novo pontífice quer erradicar a imagem de um papado preso em uma “bolha” autorreferencial e bloqueado pela Cúria. E o IOR, o Instituto para as Obras de Religião, o chamado “Banco do Vaticano”, poderia ser o símbolo e a cobaia dessa transformação.

Apesar dos 76 anos de idade, é cada vez mais forte a impressão de que ele não será um pontífice transitório, mas sim o papa de uma transição crucial.

Il Papa global – Massimo Franco: Corriere della Sera 19/05/2013

Nonostante i 76 anni di età, è sempre più forte l’impressione che non sarà un Pontefice transitorio, ma il Papa di una transizione cruciale.

Le priorità: difendere i poveri e riformare lo Ior. La Chiesa di Francesco non è più eurocentrica.

Jorge Mario Bergoglio è il primo Papa che si possa definire veramente globale. Non solo perché è stato scovato «quasi alla fine del mondo », come ha detto scherzosamente di sé. Le dinamiche del Conclave del 12 e 13 marzo hanno mostrato la fine di un’era per il Vaticano. Le Americhe sono passate dalla periferia al cuore del mondo cattolico. L’eurocentrismo è finito. E la creazione di un consiglio di otto cardinali presi dai cinque continenti per concorrere alle decisioni di Francesco, il 14 aprile, conferma l’intenzione di rivoluzionare il governo della Chiesa. La scelta di chiamarsi Francesco è un altro sintomo della sua naturale attenzione ai poveri delle baraccopoli sovrappopolate nelle maggiori città del mondo. L’approccio nasce soprattutto dalla sua esperienza quotidiana di arcivescovo di Buenos Aires, attento alla povertà di gigantesche periferie; e riflette una tendenza mondiale. I trend per il 2030 dello Us National Intelligence Council dicono che nei prossimi vent’anni il numero delle megacity crescerà, creando aree «peri-urbane» e «mega-regioni» che diventeranno potenti attori non statali, superando le dimensioni nazionali. Francesco rappresenta questo spostamento di priorità. E segnala una diversità notevole rispetto ai predecessori.

Francesco, primo Pontefice gesuita, segna una potenziale rivoluzione. È stato scelto come riformatore della Curia, uomo in grado di affrontare e risolvere gli scandali, e come regista chiamato a globalizzare il Vaticano. E diversamente da quanto è stato scritto e pensato all’inizio, è probabile che la sua non sia stata un’elezione dell’ultima ora. Se non programmata, è stata almeno esaminata e discussa qualche giorno prima dell’apertura del Conclave, e poi approvata da molti cardinali americani e tedeschi, e da alcuni italiani nemici della Curia.

Un Papa proveniente dall’America Latina, ipotizzò nel 2009 il vaticanista John Allen, significa scetticismo verso capitalismo e globalizzazione; confronto culturale duro con gli Usa, nonostante il numero crescente della popolazione cattolica di lingua spagnola; più attenzione all’ambiente; e pacifismo.

Nel breve periodo, è probabile dunque che i maggiori cambiamenti si vedranno a Roma: nella Roma papale. Il nuovo Pontefice vuole sradicare l’immagine di un papato intrappolato in una «bolla» autoreferenziale e bloccato dalla Curia. E lo Ior, l’Istituto per le opere di religione, la cosiddetta «banca del Vaticano», potrebbe essere il simbolo e la cavia di questa trasformazione.

Nonostante i 76 anni di età, è sempre più forte l’impressione che non sarà un Pontefice transitorio, ma il Papa di una transizione cruciale.