Resenhas na RBL: 09.02.2010

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Michael F. Bird
Introducing Paul: The Man, His Mission and His Message
Reviewed by Tony Costa

Craig A. Blaising, Carmen S. Hardin, and Quentin F. Wesselschmidt, eds.
Psalms (2 volumes)
Reviewed by Gert T. M. Prinsloo

Delbert Burkett
Rethinking the Gospel Sources, Volume 2: The Unity and Plurality of Q
Reviewed by Tobias Hagerland

Greg Carey
Sinners: Jesus and His Earliest Followers
Reviewed by Burgert De Wet

Andrie Du Toit; edited by Cilliers Breytenbach and David S. Du Toit
Focusing on Paul: Persuasion and Theological Design in Romans and Galatians
Reviewed by Sheila E. McGinn

Carole R. Fontaine
With Eyes of Flesh: The Bible, Gender and Human Rights
Reviewed by Robin Gallaher Branch

J. R. Daniel Kirk
Unlocking Romans: Resurrection and the Justification of God
Reviewed by Jens Herzer

Kenneth L. Schenck
Cosmology and Eschatology in Hebrews: The Settings of the Sacrifice
Reviewed by Thomas Kraus

Gerhard Sellin
Der Brief an die Epheser
Reviewed by Angela Standhartinger

Benjamin D. Sommer
The Bodies of God and the World of Ancient Israel
Reviewed by Gilbert Lozano

David Toshio Tsumura
The First Book of Samuel
Reviewed by Phillip Camp

Edna Ullmann-Margalit
Out of the Cave: A Philosophical Inquiry into the Dead Sea Scrolls Research
Reviewed by Samuel Thomas

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CEARP: Aula Inaugural de 2010

No dia 27 de janeiro recebi uma comunicação do Secretário Geral do CEARP, Luiz Henrique Bugnolo, solicitando que, junto com os Professores Francisco de Assis Correia e Alfeu Piso, participasse da Aula Inaugural no dia 1 de fevereiro de 2010, fazendo uma memória do que vivemos ao longo dos 32 anos de existência do Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto.

Airton José da Silva - Aula inaugural no CEARP, Brodowski, em 01.02.2010Por que nós três e por que agora? Em 2008 o Curso de Teologia completou 30 anos e o CEARP 40 anos. E nenhum evento fora realizado para comemorar as datas. E nós três? Por sermos os mais antigos professores em atividade no CEARP…

Alfeu declinou do convite, pela urgência do tempo. Francisco fez um histórico da instituição desde o seu início em 1968, quando ainda se chamava Curso de Preparação ao Presbiterato. Em 11 tópicos e com muita clareza, mostrou as várias etapas de constituição e funcionamento do CEARP até hoje, apontando, também, possíveis perspectivas para o futuro.

Eu, que só cheguei aqui em 1979, quando já começava o segundo ano de Teologia, limitei-me a este curso – nunca trabalhei na Filosofia – e fiz algo um pouco diferente, que chamei pretensiosamente, creio, de Fazer Teologia no CEARP Hoje. O que vou transcrever aqui é apenas um roteiro do que falei para Diretores, Professores e alunos da Teologia e Filosofia nos 25 minutos que me foram concedidos. Durante a fala, alguns aspectos foram mais desenvolvidos do que aparecem neste roteiro.

No final, após os testemunhos e/ou questões levantadas pelos presentes, nós três, Francisco, Alfeu e eu fomos homenageados pelo Diretor Geral do CEARP, Nilton Peres, que nos entregou placas comemorativas do evento.

 

Fazer Teologia no CEARP Hoje

Abordo três pontos:
. O que é próprio da Teologia
. Algumas características do mundo atual
. Onde se insere o CEARP neste processo

> Coloco um pressuposto: Uma Teologia que não aborda os problemas de sua época não serve para nada.

:: Teologia como discurso que tematiza as relações de homens e mulheres no tempo e no espaço com as epifanias de Deus. Donde, teologias – no plural – que:

. Caracterizam-se pelo uso de sistemas conceituais, trabalhando a partir de regras bem – ou razoavelmente bem – definidas

. Distinguem-se do discurso religioso, enquanto este é altamente simbólico e tem uma preocupação direta e imediatamente prática, como os discursos catequéticos, homiléticos, proféticos etc.

. Sendo mais eficazes quando são teorias sobre a Fé e não teorias da Fé – as Teologias devem procurar produzir conhecimento e não reconhecimento

. Concluindo-se, assim, que as melhores Teologias são aquelas que não tomam o lugar da Fé e nem deixam que esta tome o seu (cf. BOFF, Cl. Teologia e Prática: Teologia do Político e suas mediações. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1993, II parte, cap. III).

:: Mundo atual como mundo plural: talvez uma das mais marcantes características da chamada pós-modernidade:

. Realidade plural: pluralismo das sociedades, culturas, religiões

. Realidade contraditória: desigualdades econômicas, sociais, culturais

. Realidade fragmentada: pessoas integradas e pessoas marginalizadas – nações inteiras – até continentes

. Onde não é mais possível postular a centralidade da cultura ocidental e nem a sua supremacia

. E nem o cristianismo como religião superior ou o Cristo “em sua roupagem ocidental” como centro absoluto, em contraposição às demais mediações históricas consideradas como relativas

. A globalização realçou as diferenças, multiplicou os discursos, acirrou os enfrentamentos e tornou inadiáveis as alianças regionais como barreiras contra a avalanche do pensamento único do único Império

. Mundo que colocou em nossas telas, e delas saltou para nossas mentes e corações, a contingência do existir: as novas mídias nos fazem partilhar, quase em tempo real, as tragédias da natureza e da sociedade e nos dão a dimensão de nossa fragilidade e de nossa força.

. Paradoxo? Homens e mulheres sempre conseguiram, nos últimos 4 milhões de anos – desde Ardi, ou Ardipithecus ramidus, “símio do chão”, uma fêmea de hominídeo primitivo, que viveu há 4,4 milhões de anos – encontrar soluções para os problemas que enfrentaram.

:: Onde se insere, neste processo, o CEARP em seus trinta e poucos anos de existência?

. O CEARP visto como estrutura de ensino (local de reprodução do saber), de pesquisa (produção do saber) e de extensão do saber (serviço à comunidade)

. Como aprendiz de Teólogo, vejo que o Curso de Teologia nos coloca três desafios:
– Aprender Teologia: apreender os conceitos básicos da área e ter o seu controle
– Fazer Teologia: todo cristão/ã faz alguma teologia quando produz um discurso religioso, mas um Curso de Teologia requer um nível mais rigoroso, exige o uso consciente de regras internas próprias do discurso teológico, herdadas da Tradição e solicitadas pela Comunidade e pelo Magistério atuais, sendo que Magistério e Teologia não estão em relação de subordinação, mas de colaboração, pois ambos estão subordinadas à Palavra e a Serviço do Povo de Deus
– Viver a Teologia: como biblista, considero como coisa séria a paixão pelo que se faz, com envolvimento total, em tempo integral; o construir o saber com método, com seriedade e rigor – sabedoria e ciência caminhando de mãos dadas; a consciência crítica que tenta se manter alerta e lúcida na rejeição do superado e no acompanhamento do que é proveitoso nas pesquisas mais recentes. Viver a Teologia como uma paixão profética! Como fazia o profeta Jeremias! Tenho desgosto e manifesto meu desapreço por uma Teologia morna e repetitiva, que olha apenas para si mesma e ignora a realidade ao seu redor. A volta aos fundamentos deveria ser para nos dar impulso, nos fortalecer face às novas situações, não para recriar um impossível passado e nele nos acomodarmos.

. Vejo, neste contexto, o CEARP com muita potencialidade, mas não totalmente desenvolvida. Muitas conquistas foram feitas nestes trinta e poucos anos, muitas iniciativas foram experimentadas com maior ou menor resultado, como seminários temáticos, revista, painéis, simpósios, palestras, melhoria significativa da biblioteca, das estruturas de ambiente e administração, semanas teológicas, semanas culturais, participação de professores em Congressos etc. Mas há – por razões internas e externas – certa estagnação, acomodação, discurso pronto, feito e satisfeito. Vejo que é preciso se lançar avante. Ousar. Sair do isolamento, da domus, do doméstico.

. Há muitas possibilidades: novas mídias, novos meios, novas produções: computadores, internet, blogs e páginas convencionais, revista eletrônica, seminários temáticos, ler e escrever, produzir, enfim.

. Ainda: debates com outras Faculdades de Teologia – questões como reconhecimento dos cursos de Teologia pelo MEC e suas consequências, a relação leigo/clero no campo do fazer teológico, a solidão teológica dos padres, o desafio das ciências e da cultura, as muitas vertentes da Teologia atual, a relação da Teologia com as Ciências da Religião, as conquistas (cada vez mais ameaçadas) do Vaticano II… São tarefas para muitos e para muito tempo.

. Como disse Kant, no início de sua fala, quando questionado sobre o significado da Aufklärung – O que são as Luzes? Sapere aude [Ouse saber]! Tenha a coragem de te servir de teu próprio entendimento*!

* Confira o texto mais ampliado e o original alemão clicando aqui

> Este texto foi publicado em Cadernos do CEARP, Brodowski, n. 12, p. 11-14, 2021.

Uma leitura agrária da Bíblia

“Agrarianism is a way of thinking and ordering life in community that is based on the health of the land and of living creatures.”

Produzir alimentos e sustentar a vida sem destruir o planeta. Onde está isto na Bíblia? O livro de Ellen F. Davis, Professora da Universidade Duke, Durham, NC, USA, mostra. Confira:

DAVIS, E. F. Scripture, Culture, and Agriculture: An Agrarian Reading of the Bible. Cambridge: Cambridge University Press, 2009, xvii + 234 p. – ISBN 9780521732239.

For anyone who believes that the Old Testament is a powerful voice in support of our sustainable use of the planet’s resources (which some deny) but is dissatisfied with current attempts to demonstrate that (e.g., the very tired “stewardship” idea), Ellen Davis’s Scripture, Culture, and Agriculture: An Agrarian Reading of the Bible is your answer. This is a triumphantly novel and successful work of scholarship that on the all-important question of our relationship to the earth allows vast sweeps of the Old Testament to give vent to its deep intelligence and profound moral insights that were always available if only someone asked the right questions (…) Professor Davis has turned to agrarian theory, typified in the work of Wendell Berry (who has written a foreword to this volume) and other writers, such as Wes Jackson and Bruce Colman. An agrarian approach insists that we have been given the land to care for, in an attitude of reverence and humility before it. It brings out the importance of our connection with and memory of particular localities from which we draw the sustenance we require. Above all, it stresses that we must use the earth sustainably, by not compromising its means of sustaining itself. It sets up the ideal of the small-holder closely connected with the land and farming in a diversified way in sharp contrast with the large-scale industrialized farming of agribusiness, heavily dependent on fertilizer and single cropping, remorselessly driving down the nutrient levels in the land and leading to depopulation of rural areas. As Davis states in her first sentence, “Agrarianism is a way of thinking and ordering life in community that is based on the health of the land and of living creatures.” Agrarianism is a perspective for undertaking exegesis, not a distinct method (da resenha de Philip F. Esler, da Universidade St. Andrews, St. Andrews, Escócia).

A resenha, que elogia o livro de ponta a ponta, escrita por Philip F. Esler, foi publicada na Review of Biblical LIterature em 12 de setembro de 2009.

Uma leitura obrigatória para todos os exegetas e teólogos que vivem na terra do agronegócio…

Portinari e Pixinguinha

O pintor Cândido Portinari faleceu em 6 de fevereiro de 1962. Abaixo, Quadros de Portinari, com a música Um a Zero, de Pixinguinha…

O aniversário da morte de Portinari


Fonte: Luis Nassif Online: 06/02/2010

Tea Party: extrema-direita furiosa

:: Estados Unidos fascistas: Já chegamos lá? – Carta Maior: 09/09/2009

:: A fúria da extrema-direita dos EUA contra Barack Obama – Carta Maior: 14/10/2009

:: Oposição anti-Obama prega “volta à sanidade” – Folha Online: 04/02/2010 – 10h03

:: Movimento “Tea Party” busca inspirar Partido Republicano – Folha Online: 05/02/2010 – 08h59

:: Movimento “Tea Party” manipula raiva das pessoas – Folha Online: 07/02/2010 – 02h28

:: Sarah Palin prevê um bom ano para conservadores – Folha Online: 07/02/2010 – 04h59

Leia Mais:
Um susto, logo cedo

Resenhas de softwares para estudos bíblicos

Quem precisar de um programa para estudos bíblicos que não exija maior conhecimento das línguas originais, deve dar uma olhada no post Bible Software Reviews.

O texto diz:
This list of resources reflects free or low-cost Bible study options that might be recommended to persons who may not have original language training or who do not want to invest in the major Bible software programs like Accordance, BibleWorks, or Logos.

O post foi publicado por Mark Vitalis Hoffman em seu blog Biblical Studies and Technological Tools no dia 03.02.2010.

Resenhas na RBL: 04.02.2010

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Linda M. Day
Esther
Reviewed by Jean-Daniel Macchi

Charles L. Echols
“Tell Me, O Muse”: The Song of Deborah (Judges 5) in the Light of Heroic Poetry
Reviewed by Klaas Spronk

John Goldingay
Psalms: Volume 3: Psalms 90-150
Reviewed by Leonard Mare

Jonathan Knight
Christian Origins
Reviewed by Markus Oehler

Kasper Bro Larsen
Recognizing the Stranger: Recognition Scenes in the Gospel of John
Reviewed by Dorothy Lee

Ramsay MacMullen
The Second Church: Popular Christianity A.D. 200-400
Reviewed by Charles Bobertz

John P. Meier
A Marginal Jew: Rethinking the Historical Jesus, Volume 4: Law and Love
Reviewed by Susan Graham

Stanley E. Porter and Wendy J. Porter, eds.
New Testament Greek Papyri and Parchments: New Editions: Texts and Plates
Reviewed by Thomas Kraus

Paul L. Redditt
Introduction to the Prophets
Reviewed by Timothy Sandoval

Magne Sæbø, ed.
Hebrew Bible/Old Testament: The History of Its Interpretation, II: From the Renaissance to the Enlightenment
Reviewed by W. Dennis Tucker Jr.

Loren Stuckenbruck
1 Enoch 91-108
Reviewed by Archie T. Wright

Jerry L. Sumney
Colossians: A Commentary
Reviewed by Angela Standhartinger

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Do uso adolescente e/ou adulto da Internet

Adolescentes perdem interesse por blogs, indica pesquisa
Os internautas mais jovens estão perdendo o interesse nos blogs e se voltando cada vez mais para formas mais curtas e portáteis de comunicação pela rede, enquanto a popularidade dos blogs entre os mais velhos se mantém inalterada, segundo indica uma pesquisa norte-americana. Segundo o estudo feito pelo Pew Research Center, o número de jovens internautas norte-americanos entre 12 e 17 anos que escrevem blogs caiu de 28% para 14% desde 2006. Os adolescentes que disseram ter feito comentários em blogs de colegas caiu de 76% para 52% no mesmo período. A pesquisa indica que os adolescentes vêm preferindo colocar postagens curtas em sites de redes sociais ou de microblog, como o Facebook ou o Twitter, além de acessar a internet pelo telefone celular. Ao mesmo tempo, a proporção de internautas adultos que disseram manter um blog na rede se manteve constante de 2006 para cá, em cerca de 10%.

Leia a notícia completa.

Fonte: Folha Online – BBC Brasil: 04/02/2010 – 11h15

Os biblistas e a Palestina ocupada

Todos conhecemos a gravidade da luta pela terra na Palestina.

Leia Biblical Scholarship and the Israeli-Palestinian Conflict, texto escrito por Julia M. O’Brien, do Lancaster Theological Seminary, Lancaster, PA, USA, na revista The Bible and Interpretation.

Ela se espantou com a intensidade da presença israelense nos territórios palestinos. E pergunta: What role do–and should–biblical scholars play in the Israeli-Palestinian conflict? Qual é o papel dos estudiosos de Bíblia no conflito Israel-Palestina?

Ela diz, no começo do texto:

Essa é uma das questões que enfrento depois de regressar de 17 dias de viagem pela Cisjordânia e Israel. Eu estava co-liderando um grupo de 21 estudantes de teologia da minha instituição em uma experiência transcultural internacional necessária do cristianismo em uma situação minoritária ou tênue. Não visitava a região desde 1999 e fiquei chocada com a deterioração da situação. Esta foi a minha primeira experiência com o “separation wall” e as “warrior fences”, e embora já tivesse visitado assentamentos israelenses na Cisjordânia, nunca tinha visto tantos ou testemunhado tantas construções ativas.

That’s one of the questions I face after returning from 17 days traveling in the West Bank and Israel. I was co-leading a group of 21 theological students from my institution on a required international cross-cultural experience of Christianity in a minority or otherwise tenuous situation. I had not visited the area since 1999 and was shocked by the deterioration of the situation. This was my first experience of the “separation wall” and “warrior fences,” and while I had visited Israeli settlements in the West Bank before I had never seen so many or witnessed so much active construction.

E quase no final:

E, no entanto, esta viagem convenceu-me ainda mais de que é também a minha missão como educadora teológica desafiar uma identificação acrítica do Israel bíblico com as políticas do Estado israelita moderno. A situação atual é o produto de impérios e de respostas pós-coloniais ao império, e não simplesmente uma continuação divinamente decretada do conflito entre Ismael e Isaac. Assim como o meu ensino sublinha a diferença entre as construções antigas e modernas de gênero, sexualidade e justiça econômica, também precisa estabelecer uma distância crítica entre o passado e o presente em termos de distribuição justa de terras.

And yet, this trip has further convinced me that it is also my mission as a theological educator to challenge an uncritical identification of biblical Israel with the policies of the modern Israeli state. The current situation is the product of empires and post-colonial responses to empire, not simply a divinely-decreed continuation of the conflict between Ishmael and Isaac. Just as my teaching underscores the difference between ancient and modern constructions of gender, sexuality, and economic justice, it also needs to establish a critical distance between past and present in terms of just distribution of land.