Aos 10 anos, Caros Amigos continua ícone do jornalismo progressista
“Revista que foi pensada e adotada como sua pela nata do jornalismo e da intelectualidade boêmia da esquerda brasileira mantém vitalidade após 10 anos, idade respeitável para veículos desta natureza. Sérgio de Souza, o editor, conta essa história”. Por Verena Glass – Carta Maior: 23/04/2007
Caros Amigos: ano XI, n. 121, abril de 2007. Do Editorial Felizes aniversários:
“E o menino Gabriel chega conosco aos 10 anos de idade. Prontos, ambos, para um segundo ciclo de existência. Ele, no vôo fantástico para a adolescência; nós, na renovação da roupagem, sob o corte de Michaella Pivetti, a editora de arte de Caros Amigos. O, felizmente, prestigiado conteúdo da revista permanece o mesmo, apenas ganhamos espaço para mais reportagens e vamos estrear invejáveis colaboradores, a começar nesta edição com os desenhistas Voss e Hermes, inaugurando uma página dupla de quadrinhos que se completa com tiras clássicas, internacionais e nacionais, consagradas como obras de arte. A matéria de capa, para reafirmar a preocupação central que nos move desde o número 1, parece uma provocação e é mesmo. As respostas à abrangente enquete que realizamos, perguntando a personalidades de cada uma das áreas responsáveis pelo presente e futuro do país o que é ser de esquerda, comprovam, no grosso, que estamos vivendo um momento de vácuo ideológico, um curioso temor de definições pessoais…”
Mês: abril 2007
A biblioteca de Les Editions du Cerf
Para quem lê francês, uma visita a La bibliothèque du Cerf, da editora parisiense Les Éditions du Cerf, pode ser interessante.
Alguns textos online, inclusive de Bíblia, podem ser úteis, como La Bible de Jérusalem (2003) e La Traduction oecuménique de la Bible ou TOB (2004), ambas em edição integral com introduções e notas. Tudo totalmente gratuito [Alô, Miguel, do segundo ano de Teologia, você que é fanático pela TEB – a TOB em português – não deixe escapar esta chance].
Passando por ali, conheci também outra página: Lexilogos, de Xavier Nègre.
Neste site há uma grande quantidade de material bíblico online. Bíblias em várias línguas é um dos pontos fortes do site. Vale a pena conhecer. Mots et merveilles des langues d’ici et d’ailleurs!
Resenhas na RBL – 23.04.2007
As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:
A. K. M. Adam
Faithful Interpretation: Reading the Bible in a Postmodern World
Reviewed by Joel B. Green
William Foxwell Albright; introduction by Theodore J. Lewis
Archaeology and the Religion of Israel
Reviewed by Philip R. Davies
Peter Arzt-Grabner, Ruth Elisabeth Kritzer, Amfilochios Papathomas, and Franz Winter
1. Korinther
Reviewed by Joseph Verheyden
Erhard Blum, William Johnstone, and Christoph Markschies, eds.
Das Alte Testament-Ein Geschichtsbuch? Beiträge des symposiums “Das Alte Testament und die Kultur der Moderne” anlässlich des 100. Geburtstags Gerhard von Rads (1901-1971) Heidelberg, 18.-21.Oktober 2001
Reviewed by Petr Sláma
Charles E. Hill
From the Lost Teaching of Polycarp: Identifying Irenaeus’ Apostolic Presbyter and the Author of Ad Diognetum
Reviewed by Mark Weedman
Steven Katz, ed.
The Cambridge History of Judaism: The Late Roman-Rabbinic Period
Reviewed by Marvin A. Sweeney
Matthew Brook O’Donnell
Corpus Linguistics and the Greek of the New Testament
Reviewed by Paul Elbert
Otto Wahl
Die Sacra-Parallela-Zitate aus den Büchern Josua, Richter, 1/2 Samuel, 3/4 Könige sowie 1/2 Chronik
Reviewed by A. Graeme Auld
N. T. Wright
Evil and the Justice of God
Reviewed by D. A. Carson
Arie W. Zwiep
Judas and the Choice of Matthias: A Study on Context and Concern of Acts 1:15-26
Reviewed by Loveday Alexander
Batismo de Sangue e os bastidores da ditadura
Batismo de sangue
Frei Betto – 13/04/2007
Este é um filme a ser visto especialmente por quem não viveu os anos de chumbo. Ali está o estupro da mãe gentil, gigante entorpecido, o Brasil sem margens plácidas, arrancado do berço esplêndido, resgatado à democracia pelos filhos que, por amor e esperança, e sem temer a própria morte, não fugiram à luta.
Levei dez anos para escrever “Batismo de Sangue” (editora Rocco), de 1973, ao sair de quatro anos de prisão, a 1983. Reviver toda a saga de um grupo de frades dominicanos na luta contra a ditadura militar fez-me sofrer. Revirei a memória, fiz entrevistas e pesquisas, revisitei os locais dos acontecimentos, consultei arquivos. Sim, arquivos. O governo federal, comandado por dois ex-presos políticos (Lula na presidência e Dilma Rousseff na Casa Civil), desconsidera a memória nacional ao não abrir os arquivos das Forças Armadas. Felizmente existem arquivos fora do controle militar. Sobretudo arquivos vivos, sobreviventes da grande tribulação.
Deu-me trabalho levantar os últimos momentos do líder revolucionário Carlos Marighella e o intrincado cipoal em torno de seu assassinato pela repressão, em 4 de novembro de 1969. E doeu-me descrever em detalhes a paixão e morte de frei Tito de Alencar Lima, levado ao suicídio em 1974, aos 28 anos, em decorrência das torturas sofridas nas dependências do II Exército, em São Paulo. Queriam forçá-lo a assinar confissões falsas e delatar pessoas. Não escutaram senão o silêncio daquele religioso que sabia ser “preferível morrer do que perder a vida”, como escreveu em sua Bíblia.
Um dia dei o livro a Helvécio Ratton, que também militou na resistência à ditadura e esteve exilado. Escrevi na dedicatória: “Helvécio, a vida supera a ficção”. Diretor de cinema, ele tomou a si o desafio e levou às telas “Batismo de Sangue”, que estreia a 20 de abril. As cenas – ambientação precisa dos anos 60 – foram rodadas no Brasil e na França. Integram o elenco Caio Blat (no papel de Frei Tito), Ângelo Antônio (frei Oswaldo), Léo Quintão (frei Fernando), Odilon Esteves (frei Ivo), Daniel de Oliveira (que me interpreta), Marku Ribas (Carlos Marighella), Marcélia Cartaxo (Nildes), Cássio Gabus Mendes (delegado Fleury) e outros.
Filmes nem sempre retratam adequadamente os livros nos quais se inspiram. Em geral, a literatura ganha em profundidade da arte cinematográfica, obrigada a condensar-se num par de horas. O livro, traduzido para o francês e o italiano (e, em breve, para o espanhol), merecedor do mais conceituado prêmio literário do Brasil, o Jabuti, atrai o interesse dos leitores desde sua publicação há 24 anos. Falei ao Helvécio: “Livro é livro, filme é filme; não quero interferir”. O máximo que solicitou, a mim e aos frades Fernando de Brito, Oswaldo Rezende e ao ex-dominicano Ivo Lesbaupin, foi conversar com os atores sobre a nossa experiência na guerrilha urbana e na prisão. Li o roteiro de Dani Patarra, considerei-o excelente, mas preferi não opinar.
Em março, no Festival de Brasília, vi o filme pela primeira vez. Fiquei transtornado: arrancou-me lágrimas, reavivou-me a indignação contra o arbítrio, ativou-me as teias da emoção, enlevou-me pela trilha sonora, fez-me agradecer a Deus pertencer a uma geração que, aos 20 anos, injetava utopia nas veias. Fiquei embevecido frente à força estética das imagens produzidas pelo talento de Helvécio Ratton. O Festival de Brasília concedeu-lhe os prêmios de Melhor Direção e Melhor Fotografia (Lauro Escorel). No Festival de Tiradentes, a plateia de mais mil pessoas, a maioria jovens, expressou a emoção em prolongadas palmas.
A arte brasileira adianta-se ao governo e escancara os bastidores da ditadura. Este é um filme a ser visto especialmente por quem não viveu os anos de chumbo. Ali está o estupro da mãe gentil, gigante entorpecido, o Brasil sem margens plácidas, arrancado do berço esplêndido, resgatado à democracia pelos filhos que, por amor e esperança, e sem temer a própria morte, não fugiram à luta.
“Batismo de Sangue” é um hino à liberdade. Nele se revela a história recente de uma nação e a fé libertária de um grupo de cristãos. Emerge, contundente, a subjetividade dos protagonistas, como frei Tito, em quem se transubstanciou a dor em amor, o sofrimento em oblação, as algemas em matéria-prima desta invencível esperança de construirmos um mundo em que a paz seja filha da justiça, e a felicidade, sinônimo de condição humana.
Dominicanos presos pela ditadura assistem à sua história no cinema
Por André Campos – Repórter Brasil: 30/01/07
Cerca de 60 frades reuniram-se quinta-feira (25) para ver o filme “Batismo de Sangue”, ainda inédito, que mostra a atuação dos dominicanos contra a ditadura pós-1964. Entre os presentes, religiosos que foram perseguidos e torturados pelo regime
“Vocês vão ver que é um filme muito forte”, já alertava frei Betto à plateia antes de a projeção começar. “E mais forte foi a realidade”, completa.
Anualmente, os dominicanos do Brasil – representantes da Ordem dos Pregadores, fundada há oito séculos por São Domingos de Gusmão – reúnem-se para uma semana de reflexões sobre os rumos da atuação religiosa posta em prática pelos seus membros. Este ano, contudo, os debates sacros foram momentaneamente interrompidos para a revisão de um passado tão mundano quanto doloroso. Na última quinta-feira (25), cerca de 60 membros da Ordem foram até o cinema para assistir a uma exibição fechada de “Batismo de Sangue”, filme ainda inédito no país. O longa-metragem – uma ficção baseada no livro homônimo de frei Betto – retrata a atuação dos dominicanos no combate ao regime militar instaurado após o golpe de 1964.
Durante os primeiros anos da ditadura, jovens frades seguidores de São Domingos desempenharam papel importante na resistência às forças armadas. Deram cobertura à Ação Libertadora Nacional (ALN), grupo guerrilheiro comandado por Carlos Marighella – ex-deputado federal e um dos principais opositores do governo. Os frades defendiam que viver o evangelho era integrar-se à comunidade através de práticas sociais concretas, que defendessem os injustiçados. Pagaram alto preço: perseguição, cadeia, tortura e exílio.
Em 1969, os freis Ivo e Fernando foram os primeiros dominicanos a cair. Capturados pela polícia e submetidos a fortes torturas, acabaram forçados a servir de isca e marcar um encontro com Marighella. A emboscada revelou-se um sucesso: após troca de tiros, morreu o líder da ALN.
Frei Tito, então com 24 anos, foi o próximo dominicano colocado atrás das grades, capturado no próprio convento dos dominicanos. Cinco dias depois, frei Betto – hoje conselheiro pessoal do presidente Lula – também foi preso. Estava escondido no Rio Grande do Sul, ajudando opositores do governo a fugirem do país pela fronteira.
Dentre todos esses religiosos, é a história de frei Tito que o filme aborda com mais profundidade. Durante 42 dias, ele foi submetido ao pau-de-arara, a choques elétricos nos ouvidos e genitais, a socos, pauladas, palmatórias e queimaduras de cigarro, entre outras perversidades. Em certa ocasião, foi lhe ordenado que abrisse a boca para receber a “hóstia sagrada” (dois eletrodos com corrente elétrica). Teve a boca queimada a ponto de não conseguir falar. Tentou suicídio nessa época, cortando-se com uma gilete. Os militares, no entanto, o mantiveram vivo e sob tortura psicológica.
Em dezembro de 1970, Tito foi incluído na lista de presos políticos trocados por um embaixador suíço sequestrado. Partiu para o exílio, passando pelo Chile e pela Itália antes de se estabelecer definitivamente na França. Do Brasil, contudo, Tito não saiu sozinho. Levou consigo a lembrança obsessiva do delegado Sérgio Paranhos Fleury, seu principal algoz nos porões ditadura. Alucinava o espectro de seu torturador e sentia sua presença entre as árvores do convento de La Tourette – onde passou a viver. O delegado lhe dava ordens: não entrar, não deitar, não comer… Tito oscilava entre resistir e obedecer. Em 1974, atormentado por essa realidade, o frade enforcou-se em uma árvore nos arredores do convento.
História de resistência
Entre os dominicanos presentes à exibição do filme, muitos participaram ativamente dessa história. Um deles é Xavier Passat, hoje coordenador da campanha de combate ao trabalho escravo da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Xavier nasceu na França e viveu em La Tourette nos anos 1970. Acompanhou de perto o calvário de frei Tito – tendo saído ele próprio, em algumas ocasiões, a sua procura após as constantes fugas do convento.
Para Xavier, ao contrário do que muitos pensam, o suicídio de Tito não pode ser considerado um ato de entrega. Na verdade, foi uma tentativa de libertar-se do jugo de Fleury, que continuava a torturá-lo de dentro de sua mente. Um último ato resistência contra a opressão da ditadura, encarnada na figura daquele sinistro delegado. “Melhor morrer do que perder a vida”, havia escrito Tito um pouco antes de falecer.
Frei Oswaldo, hoje diretor da Escola Dominicana de Teologia em São Paulo, foi outro a rever o próprio passado em “Batismo de Sangue”. Era ele o dominicano que originalmente fazia a ponte entre Marighella e os frades. Mas como estava muito exposto, seus superiores decidiram enviá-lo para a Europa pouco antes das prisões começarem. Acolheu Tito quando este veio à França, acompanhou seu calvário de perto. Só retornou ao Brasil há oito anos.
“Em maior ou menor grau, esse período foi traumático para os dominicanos envolvidos e para a Ordem em seu conjunto”, explica Oswaldo. “Todos os grandes projetos que nós tínhamos foram talhados, impedidos de continuar.” Entre eles, o frade destaca o Instituto de Teologia Católica na Universidade de Brasília (UnB) – iniciativa comandada por frei Mateus que foi abortada – e o extinto jornal de esquerda Brasil Urgente, também capitaneado por dominicanos.
Oswaldo afirma que a repressão levou a Ordem dos Dominicanos a não acolher nenhum novo membro no país durante quase quinze anos. “Como iríamos aceitar jovens que, pelo simples fato de ingressarem, já eram considerados suspeitos?”, indaga.
Mas já diziam os militares: “apesar de poucos, fazem muito barulho”. Estão hoje espalhados pelos quatro campos do território, envolvidos com diversas organizações religiosas e humanitárias. Combate ao trabalho escravo, defesa dos direitos indígenas, das mulheres e dos presidiários são apenas algumas das linhas de atuação adotadas pelos seus membros.
Segundo Oswaldo, há hoje um clima de retomada de projetos dominicanos em desenvolvimento no Brasil. A lembrança daquele passado, no entanto, jamais se apagará de sua memória. “É curioso. Há tempos na vida, às vezes três, quatro ou cinco anos, em que a intensidade é tal que parece termos vivido um século”, reflete o frade.
A estreia de “Batismo de Sangue” nos cinemas nacionais está prevista para abril deste ano.
Ficha técnica
Título Original: Batismo de Sangue
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 110 minutos
Ano de Lançamento (Brasil / França): 2007
Estúdio: Quimera Filmes / V&M do Brasil
Distribuição: Downtown Filmes
Direção: Helvécio Ratton
Roteiro: Dani Patarra e Helvécio Ratton, baseado no livro “Batismo de Sangue”, de Frei Betto
Produção: Helvécio Ratton
Música: Marco Antônio Guimarães
Fotografia: Lauro Escorel
Direção de Arte: Adrian Cooper
Figurino: Marjorie Gueller e Joana Porto
Edição: Mair Tavares
Elenco
Caio Blat (Frei Tito)
Daniel de Oliveira (Frei Betto)
Cássio Gabus Mendes (Delegado Fleury)
Ângelo Antônio (Frei Oswaldo)
Léo Quintão (Frei Fernando)
Odilon Esteves (Frei Ivo)
Marcélia Cartaxo (Nildes)
Marku Ribas (Carlos Marighella)
Murilo Grossi (Policial Raul Careca)
Renato Parara (Policial Pudim)
Jorge Emil (Prior dos dominicanos)
IHU On-Line discute a Teologia da Libertação
A recente ‘notificatio’ do Vaticano sobre duas obras cristológicas de Jon Sobrino, teólogo jesuíta, motivou o tema de capa da revista IHU On-Line desta semana. Leonardo Boff, João Batista Libânio, Faustino Teixeira, José Maria Vigil, Luiz Felipe Pondé, o teólogo anglicano John Milbank e a nota do centro Cristianisme i Justicia de Barcelona debatem a Teologia da Libertação.
O impacto e as reações à censura de Jon Sobrino foi amplamente repercutida na página virtual do IHU. Jon Sobrino, jesuíta que sobreviveu à chacina de seis companheiros que com ele trabalhavam na Universidade Centro Americana – UCA, em San Salvador, inclusive o reitor Ignácio Ellacuría, é um dos teólogos mais proeminentes da Teologia da Libertação. Ele foi um dos principais assessores teológicos de D. Oscar Romero, arcebispo de San Salvador, assassinado há 27 anos. Assim, a censura do Vaticano a Jon Sobrino é simbolicamente muito forte. Mais ainda se se leva em conta que a ‘notificatio’ é publicada dois meses antes do início da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, em Aparecida.
Isto está na edição 214, de 2 de abril de 2007, da Revista do Instituto Humanitas Unisinos.
Manuscritos do Mar Morto: resenhas na RBL
>> Última atualização: 02.09.2015 – 16h30
Aqui é o caso de só indicar como acessar a informação, tal é o número de obras resenhadas…
Primeiro, vá até a página da Review of Biblical Literature (RBL).
Clique em Search Reviews e deixe marcada a opção Search all books. Não preencha Title e nem Author/ Editor/ Translator. Em Subject (Assunto) marque Dead Sea Scrolls e clique, em seguida, em Search.
Como se vê hoje, dia 2 de setembro de 2015, às 16h30, há 236 títulos, que, total ou parcialmente, tratam dos Manuscritos do Mar Morto. É só clicar no título e ir para a resenha, que está em formato pdf.
Se quiser ser mais específico coloque em Title: Dead Sea Scrolls. O retorno, hoje, é de 60 títulos. E, do mesmo modo, o resultado para Qumran é de 61 títulos.
A maior parte das obras resenhadas – e das resenhas – estão em inglês e alemão. Mas, de vez em quando aparece uma obra em francês ou italiano.
Observo, por último, que, no caso de Qumran e dos essênios, é fundamental conferir as propostas de Gabriele Boccaccini.
Manuscritos do Mar Morto: recursos para estudo
Um estudante pediu-me hoje orientação bibliográfica para uma pesquisa sobre os Manuscritos do Mar Morto e, especialmente, para a tese de Norman Golb.
De repente, dei-me conta de que nossa bibliografia em português está defasada em cerca de 10 anos. Nossas editoras simplesmente pararam no tempo. Não traduziram nenhuma das grandes obras que saíram no final do século XX, quando eram comemorados os 50 anos da descoberta dos Manuscritos. Agora, já são 60 anos desde a descoberta e vejo um grande vazio bibliográfico em português nos últimos dez anos.
Reuni abaixo algumas indicações de recursos para estudo. Divididos em: 1. Recursos Online e 2. Bibliografia. Não é nada completo, pois os recursos sobre os Manuscritos do Mar Morto e Qumran são enormes, especialmente em inglês e alemão. São indicações para uma pesquisa básica.
Contudo, quero, mais uma vez, deixar meu apelo: é preciso ler inglês! E a maioria de nossos estudantes não lê inglês! Escolas, governantes, professores, estudantes: acordem! Sem inglês, só com as poucas traduções que temos, sempre estaremos 10, 15, 20 anos atrasados. E observem que atualmente acontece um fenômeno raro em nossa história: livros em inglês podem ser comprados em livrarias virtuais norte-americanas por preços até menores do que suas (eventuais) traduções para o português.
Quanto aos exegetas, não preciso fazer outra coisa senão me lembrar da frase sempre repetida por Frei Rosário Joffily, lá na Serra da Piedade, Caeté, MG, para o Benjamim, o Emanuel e eu, quando, estudando em janeiro e julho no Asilo São Luiz, ao pé da Serra, íamos visitá-lo após o jantar: “Vocês exegetas jamais devem ler traduções. Leiam um livro sempre em sua língua original”. Aliás, como ele sempre fazia em sua enorme biblioteca, naquele frio vento que zunia no topo da Serra.
1. Recursos Online
ANE
Arquivos da lista de discussão ANE, na Universidade de Chicago.
ANE-3
Arquivos da lista de discussão ANE-3.
Os essênios: a racionalização da solidariedade
Artigo na Ayrton’s Biblical Page. Além do texto, que trata desde a descoberta dos Manuscritos até a teologia dos essênios, há links e bibliografia em português e inglês.
Qumranica.com
Blog criado para um curso sobre os Manuscritos do Mar Morto ministrado por James R. Davila (do biblioblog PaleoJudaica.com), na Universidade St. Andrews, Escócia. O curso começou em 8 de fevereiro e terminou em 11 de maio de 2005.
The Bible and Interpretation: Dead Sea Scrolls
Vários artigos sobre os Manuscritos do Mar Morto publicados na revista The Bible and Interpretation
The Dead Sea Scrolls and Other Hebrew MSS Project
Vários artigos sobre os Manuscritos do Mar Morto. Um dos organizadores deste projeto, do Instituto Oriental da Universidade de Chicago, é Norman Golb.
The Orion Center for the Study of the Dead Sea Scrolls and Asssociated Literature
O Orion Center pertence ao Instituto de Estudos Judaicos da Universidade Hebraica de Jerusalém. Variados e atualizados recursos para o estudo dos Manuscritos.
2. Bibliografia
BILDI – Bibelwissenschaftliche Literaturdokumentation Innsbruck
Banco de dados bibliográfico sobre literatura bíblica. Do Departamento para Estudos Bíblicos e Teologia Fundamental da Faculdade de Teologia Católica da Universidade Leopold Franz de Innsbruck, Áustria. Em alemão e inglês.
Dead Sea Scrolls Bibliography
Bibliografia sobre os Manuscritos do Mar Morto, do Orion Center. Lista livros, artigos e resenhas que tratam dos Manuscritos do Mar Morto de 1995 até hoje. A bibliografia é atualizada semanalmente.
Index Theologicus (IxTheo)
Banco de dados da Biblioteca da Universidade de Tübingen, Alemanha. Nele podem ser feitas buscas de artigos de mais de 600 periódicos em Teologia e Bíblia, ensaios de Festschriften, publicações de Congressos e textos publicados na Internet. O banco de dados pode ser acessado em alemão e inglês.
Searching for academic research on the web
Recursos sofisticados para buscas acadêmicas na web, organizados por David Instone-Brewer, da Tyndale House, Cambridge, Reino Unido.
Testi di Qumran – Alcuni suggerimenti per la ricerca
Bibliografia e orientação para a pesquisa em texto elaborado pelo Prof. Joseph Sievers na página do Pontifício Instituto Bíblico, Roma.
WorldCat
Um grande banco de dados de livros, artigos, documentos, fotos e vídeos que podem ser encontrados em bibliotecas da maior parte do mundo.
Best Blogs about Biblical Studies: a Review
Ontem, já bem tarde da noite, fiz um giro pela blogosfera em busca de opiniões e avaliações das 3 listas sobre Estudos Bíblicos que criei no UnSpun by Amazon.com. Busca rápida, e que acabou se limitando à principal lista que é Best Blogs about Biblical Studies, com menos de 20 resultados, mas bastante significativos.
Hoje gostaria de complementar a busca com uma avaliação das listas de Blogs sobre Estudos Bíblicos no UnSpun by Amazon. Farei isso apontando o que considero os prós e os contras (pros and cons) na estrutura e funcionamento deste tipo de lista.
Prós
- Uma lista de Biblioblogs pode ser útil especialmente para tornar a comunidade de pesquisadores, professores e estudantes de Estudos Bíblicos, que produzem seus blogs, mais conhecida. Como eu disse no comentário ao post do Dr. Claude Mariottini sobre a lista: “Há muitos estudantes de Bíblia que ‘estão saindo da toca’ com seus Biblioblogs. Gente que eu nem imaginava existir!”. Ou Danny Zacharias: “This list, while ultimately of limited value, has alerted me to a few blogs that I have not known of previously”
- Tivemos a satisfação de ver, pelo menos durante esta primeira semana, a lista Best Blogs about Biblical Studies [Obs.: lista desativada em 2008 pela Amazon.com] em segundo lugar entre as mais populares dos últimos 30 dias do UnSpun by Amazon. Como disse Patrick George McCullough: “On the UnSpun homepage, their Most Popular Lists breakdown for the past 30 days currently has our biblioblogs list (“Best Blogs about Biblical Studies”) at #2, behind “Missing Apple Announcements.” Come on, we can beat out all the iStuff fanatics! :)”
- Há uma bem elaborada FAQ, explicando o funcionamento de uma lista no UnSpun
- Embora a lista possa não refletir de modo adequado quais são os melhores biblioblogs, porque possui falhas estruturais, ela reflete (parcialmente) o pensamento e as atitudes da comunidade biblioblogueira, que, ao criar seu ranking pessoal e votar, manifesta sua opinião
- Muitos participantes mantiveram a netiqueta e votaram nos biblioblogs dos outros – e não tentaram desesperadamente colocar o seu próprio biblioblog em primeiro lugar. Isto está claro no depoimento de Mark Goodacre, que mantém, pelos votos de muitos, o merecido primeiro lugar: “Thanks to all those who have voted for the NT Gateway weblog on the Best Blogs about Biblical Studies over at Unspun by Amazon”. E de April DeConick: “It is a fun website to take a look at… Thanks to all my readers!” Ou Michael L. Westmoreland-White a propósito da lista de blogs de Teologia, mas cuja fala cabe também aqui: “And log-in and vote. And, if you think I am ranked too high or too low, change that. I take no offense–I’m still surprised to find myself even on the list! Unspun may be a waste of time on the internet, but it can be fun and we all need some fun in our lives”.
Contras
- O problema mais grave é que o mundo virtual está povoado por pessoas irresponsáveis que até hoje insistem em colocar sites, blogs e outros nomes impróprios e até ofensivos na lista. Infelizmente, Jim West está certo quando diz: “And yet, there seems to be a lot of totally depraved persons taking the poll”. A lista, para ser mais profissional, não deveria permitir acesso tão fácil a pessoas que não se identificam de modo transparente para toda a comunidade.
- Quando a lista foi criada, algumas pessoas insistiram em listar ali blogs de Teologia (Theoblogs), o que não é adequado para uma lista de Estudos Bíblicos. Mas o fenômeno foi minimizado, quase desaparecendo, com a criação, por WTM, do Top Theology Blogs.
- Outras pessoas não leram as regras básicas para a participação na lista. Confundiram, deste modo, a lista com Top 50 Best Biblical Studies Blogs, só porque aparecem, em cada página, 50 blogs. Basta clicar em “Next” e se verá que há bem mais de 50 biblioblogs. Além do mais, não é isso que diz o título. De novo, cito Jim West: “Polls. They just can’t be trusted (because SOME people can’t read the rules….)”
- A área de Estudos Bíblicos é bem estabelecida faz tempo, mas há gente que não sabe disso e insiste em pensar que blogs devocionais são desta área, inserindo-os na lista inadequada. Para ser um biblista não basta sair por aí citando a Bíblia. Há regras exegéticas consolidadas que devem ser respeitadas.
- O problema não é só dos biblistas, mas é grave entre nós: os blogs são, na sua grande maioria, de língua inglesa, as ferramentas também, e blogs em outras línguas são deixados de lado, porque inacessíveis para muitos. Defendo que um biblista precisa ler, além das línguas bíblicas e da língua inglesa, porque dominante no mundo atual, outras línguas modernas. O conhecimento de outras línguas amplia os horizontes culturais de um estudioso. Como alguém que lê grego, hebraico, aramaico, ugarítico, copta etc não se esforça um pouco para ler alemão, francês, italiano, espanhol? Quem conhece o grego e o latim – e um biblista em geral conhece – tem enorme facilidade para aprender as línguas neolatinas.
- Voltar sempre à lista para afastar os desordeiros toma tempo demais. A comunidade toda de biblioblogueiros é que deve exercer esta função e manter a lista limpa (clean).
- O widget é muito largo para ser colocado em certos modelos (templates) de blogs. Henry Neufeld observou: “I think it is too bad they are so wide”.
Best Blogs about Biblical Studies: a Roundup
Best Blogs about Biblical Studies [Obs.: lista desativada em 2008 pela Amazon.com] – created on: Apr 14, 2007 by airtonjo at UnSpun by Amazon.
Faz hoje uma semana que criei a lista e a comunidade biblioblogueira a incrementou. Por isso, fiz um rápido giro pelo Google para ver os comentários. Afinal, são 2109 votos em 106 biblioblogs, dados por 193 pessoas. Isto até às 23h50 de 21 de abril de 2007, horário de Brasília.
O resultado que transcrevo abaixo certamente não é completo, mas serve de amostra de como a lista balançou a biblioblogosfera. E, como alguns notaram, ficamos, até agora, uma semana inteira, em segundo lugar (#2) entre as listas mais populares dos últimos 30 dias do UnSpun da Amazon.com.
Uma análise pode ser feita? Claro. Mas, como já é bem tarde, fica para amanhã. Ou depois.
April 14, 2007
Best Blogs about Biblical Studies – Observatório Bíblico, by airtonjo (Airton José da Silva)
April 15, 2007
UnSpun – Chrisendom, by Chris Tilling
UnSpun’s Biblioblog List – The Busybody, by Loren Rosson III
April 16, 2007
Best Blogs about Biblical Studies – NT Gateway Weblog, by Mark Goodacre
Best Blogs about Biblical Studies – Dr. Claude Mariottini, by Dr. Claude Mariottini
Best Biblical Studies Blogs – The Forbidden Gospels Blog, by April DeConick
Rankings – Sean the Baptist, by Dr Sean Winter
Bibliografia sobre o evangelho de Judas
April DeConick, Professora de Estudos Bíblicos na Rice University, disponibiliza em The Forbidden Gospels Blog uma bibliografia comentada sobre o evangelho de Judas.
O post é Bibliography for the Gospel of Judas (in English). Vale a visita e a leitura.