Evolução e fé cristã segundo Teilhard de Chardin

O futuro que advém. A evolução e a fé cristã segundo Teilhard de Chardin.

Este é o tema de capa da edição 304 da revista IHU On-Line, de 17/08/2009.

Do editorial:
Para entender melhor a genial e peculiar visão de Pierre Teilhard de Chardin sobre a evolução do cosmos, na vigília do IX Simpósio Internacional Ecos de Darwin, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, nos dias 9 a 12 de setembro, na Unisinos, a revista IHU On-Line desta semana, além do professor John Haught, da Universidade de Georgetown, EUA, entrevistou Jacques Arnould, dominicano francês, doutor em Ciências e em Teologia, George Coyne, matemático, astrônomo e jesuíta norte-americano, Ludovico Galleni, cientista italiano, Luís Miguel Sebastião, professor da Universidade de Évora, Portugal, Paul Schweitzer, matemático e professor da PUC-Rio, Pedro Guimarães Ferreira, doutor em Engenharia de Sistemas e Computação e professor na PUC-Rio, e Waldecy Tenório, professor da PUC-SP. Esta edição foi feita em parceria com o Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH) da PUC-Rio.

The Eagle has landed – A Águia pousou

Li agora no blog do Luís Nassif, justamente quando acabava de publicar o texto abaixo e voltava do site da NASA, a postagem escrita por Luiz Horácio, A fantasia da viagem à lua e a Apolo 11 [link sumiu], de 20/07/2009 – 09:33. E gostei demais deste trecho:

As pessoas que hoje têm menos do que 40, 40 e poucos anos, talvez não tenham tido um “contato imediato de terceiro grau” com a “era espacial”. Como há o computador hoje, havia o espaço antes, e não era apenas ficção, acontecia naquele momento (…) Nasci em 58, plena era do Sputinik (…) Hoje, 20 de julho de 2009, 40 anos depois da Apolo 11, tenho a sensação de que estamos atrasados, de que nos perdemos dessa grande aventura. O Espaço seria o novo desconhecido a ser explorado, além de um planeta que foi quase todo conquistado (mais do que devia). O espírito humano precisa disso em suas buscas da existência, mas ficamos com o foguete e esquecemos o espaço, preferimos as guerras e esquecemos a aventura, preferimos a violência e deixamos de lado a autêntica ousadia. Que pena, que saudade de 20 de julho de 1969, na sala à noite com minha família, vendo Neil Armstrong descer de uma pequena escadinha, na Lua.

Mais informações? Leia aqui.

Apollo 11: comemoração dos 40 anos

One small step for (a) man, one giant leap for mankind

É um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade

Neil Armstrong, 20 de julho de 1969

Em 20 de julho de 1969 Neil Armstrong tornou-se o primeiro homem a pisar na Lua

Evolução e Fé: Ecos de Darwin

Diz o Editorial:
“O legado do cientista britânico Charles Darwin (1809-1882) e sua obra A origem das espécies, lançada há 150 anos, é o tema da edição número 300 da IHU On-Line [de 13/07/2009]. A presente edição é um subsídio para as discussões do IX Simpósio Internacional IHU: Ecos de Darwin, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, em parceria com o PPG em Filosofia da Unisinos, de 9 a 12 de setembro de 2009, no campus da Unisinos.

John F. Haught, filósofo norte-americano, criador do conceito de teologia evolucionista, sustenta que as teorias da evolução e da criação divina se complementam, e que vivemos em um universo “emergente”, em constante criação. Para ele, o confronto entre fé e ciência é salutar.

O filósofo norte-americano Daniel Dennett acentua que não fomos criados à semelhança de Deus, e sim que Ele foi criado à nossa semelhança. Darwin destronou-nos de nosso antropocentrismo, provoca.

Massimo Pigliucci, geneticista e biólogo italiano, pondera que ciência não é sinônimo de ateísmo, e que a teoria da evolução teve o mesmo impacto que a revolução copernicana.

A compatibilidade entre epigenética e teoria da evolução é o tema da geneticista Eva Jablonka. Segundo ela, a herança comportamental na evolução se apresenta de várias maneiras, sobretudo por meio de tradições, e os mecanismos epigenéticos recém descobertos ampliam noções de hereditariedade, variação e evolução.

O teólogo dominicano Jean-Michel Maldamé contribui com um artigo exclusivo, no qual aborda a compatibilidade entre ciência e espiritualidade.

O biólogo Nélio Bizzo (USP), que percorreu alguns dos trechos do caminho feito por Darwin a bordo do Beagle, menciona aspectos interessantes dessa viagem. Ele pontua, também, que houve uma trama ardilosa para desacreditar A origem das espécies”.

As entrevistas:

  • Eva Jablonka: Epigenética e teoria da evolução. Suas compatibilidades
  • Massimo Pigliucci: “A ciência não significa, necessariamente, ateísmo”
  • Daniel Dennett: Não fomos criados à semelhança de Deus: Ele é que foi criado à nossa semelhança
  • John F. Haught: A nossa compreensão de Deus não pode ser a mesma depois de Darwin
  • Jean-Michel Maldamé: Ciência e espiritualidade
  • Nélio Bizzo: Nos passos de Darwin

Ravasi fala sobre o relato do Gênesis e a evolução

Uma entrevista que vale a pena ler. Feita por Alexandre Gonçalves. Publicada em O Estado de S. Paulo de 16/03/2009.

É bom lembrar: muito antes de ocupar cargo no Vaticano, Gianfranco Ravasi, o entrevistado, já era conhecido biblista.

Reproduzida por Notícias – IHU On-Line em 17/03/2009, com o título ‘Se a fé não é pensada, não é nada”. O que a Igreja pensa da evolução?

“Não cabe à Igreja dizer se a evolução é uma tese, uma hipótese ou qualquer outra coisa”, afirmou o arcebispo italiano Gianfranco Ravasi ao Estado. Ele foi o principal responsável pelo congresso sobre darwinismo patrocinado pelo Vaticano no início do mês. Presidente do Conselho Pontifício para a Cultura – órgão da Santa Sé que promove o diálogo da Igreja católica com o mundo contemporâneo -, Ravasi comentou também o ensino do evolucionismo nas escolas, a interpretação dos textos bíblicos sobre a criação e o fenômeno contemporâneo do ateísmo.

 

Por que a Igreja realizou um congresso sobre evolucionismo?

As relações entre ciência e fé foram turbulentas. É justo reconhecer que houve momentos negativos. Refiro-me sobretudo ao caso Galileu. No ano 2000, João Paulo II quis pedir perdão e enterrar este passado. Agora, procuramos nos orientar para o futuro. O tema este ano é a evolução. Vale a pena lembrar que a Igreja católica nunca condenou Darwin ou seus escritos. Em 1950, Pio XII considerava compatíveis evolução biológica e doutrina católica. Em 1996, João Paulo II disse que a teoria da evolução é praticamente um consenso entre os cientistas, o que convida a um diálogo com a teologia, que naturalmente se move em um plano diferente. Por isso, patrocinamos este congresso internacional que contou com a presença de cientistas de renome que conversaram com filósofos e teólogos. Cada um segundo sua própria perspectiva.

Bento XVI fez alguma indicação concreta?

O papa deixou muito livre o debate. Participaram do congresso pesquisadores que não creem ou professam outros credos, como budistas, por exemplo. Estiveram presentes várias expressões culturais e cada uma delas pode falar. Mesmo na filosofia e na teologia estavam representadas diversas abordagens. Bento XVI quis reafirmar, como em outras ocasiões, a importância do diálogo entre razão e fé. Inspira-se em Agostinho de Hipona que dizia: “Se a fé não é pensada, não é nada.” Bento XVI não deu nenhuma indicação precisa porque prejudicaria o diálogo.

O que a Igreja pensa da evolução?

A Igreja católica não deve pensar nada, porque é uma questão especificamente científica. João Paulo II disse que “novos conhecimentos levam a considerar que a teoria da evolução é mais do que uma hipótese”. Foi simplesmente uma constatação, pois o papa desejava abrir o diálogo teológico. No entanto, cabe ao cientista argumentar sobre o status do darwinismo. Se a evolução é a posição dominante entre os pesquisadores, faz sentido começar a reflexão teológica sobre ela. Mas não cabe à Igreja dizer se a evolução é uma tese, uma hipótese ou qualquer outra coisa.

Como compreender a narrativa bíblica da criação?

A religião judaico-cristã não é uma religião do livro. A Palavra de Deus precede e ultrapassa a Bíblia. Por isso, na sua forma escrita final, necessita interpretação. Tradicionalmente, há dois caminhos para compreender a Escritura. O primeiro tenta distinguir os “sentidos espirituais” do texto sagrado – a mensagem divina expressa nas palavras humanas. O segundo é a análise histórico-crítica que investiga as palavras humanas – pronunciadas em idiomas concretos e ligadas a uma cultura particular, a coordenadas históricas precisas e a determinados gêneros literários. Os dois métodos precisam dialogar. É um relacionamento análogo ao que deve existir entre ciência e teologia.

Mas como interpretar os primeiros capítulos do Gênesis?

No Gênesis, fala-se da origem histórica da humanidade para revelar seu sentido profundo, que é meta-histórico. Fala-se do primeiro homem, não porque desejamos descrever o que aconteceu durante a evolução – não se pensava nisso quando a Bíblia foi escrita: as espécies são fixas na sua narrativa -, mas para compreender a humanidade. É uma realidade histórica que somos filhos de Adão – ou seja, todos descendemos da mesma linhagem humana -, mas a mensagem principal é meta-histórica. O relato do Gênesis procura identificar as três relações fundamentais: com o Criador, com a criação e com o próximo. A Bíblia coloca naquele personagem primordial o rosto de todos os homens. O nome Adão, em hebraico, confirma esta intenção: ha’-adam. Ha é o artigo definido “o”. ‘adam significa “aquele que tem a cor ocre da argila”. É o Homem com “H” maiúsculo. Não é um nome próprio, mas uma representação. Trata-se de uma análise sapiencial, o que não significa uma análise teórica ou vaga. Procuro quem sou eu refletindo sobre minha origem. Mas a pergunta “quem sou eu” tem um caráter metafísico e meta-histórico. Não é uma indagação científica sobre a origem biológica do homem.

É possível harmonizar o relato bíblico com a teoria da evolução?

A evolução, quando lida do ponto de vista teológico, é a obra criadora de Deus que não compreende só um instante no qual tudo se constitui, mas um verdadeiro itinerário, assim como a história da salvação descrita na Bíblia é um percurso com diversas etapas. Dentro deste itinerário evolutivo, no surgimento do homem, há um selo singular de Deus, que costumamos chamar alma. A Bíblia só usa este termo em épocas mais tardias. De qualquer forma, é uma palavra para designar a especifidade da criatura humana. O genoma do homem é 97% semelhante ao do chimpanzé. Uma diferença genética de apenas 3% torna-se imensa quando consideramos a capacidade simbólica, estética e racional do ser humano. A teologia não pretende saber quando esta diferença surgiu dentro da trama evolutiva. Mas, quando o homem se constitui de forma vital, existe naquele momento a alma humana, com seu mistério, sua transcendência e sua capacidade de amar até a doação de si que vai muito além do instinto natural – às vezes, até a morte. Aqui começa aquela dimensão que é propriamente humana e se constitui objeto de estudo da filosofia e da teologia.

Na sua opinião, como deve ser ensinada a origem do homem nos colégios?

É uma questão complexa. A ciência não deve considerar a teologia ou a filosofia como discursos de um passado arqueológico, mas como reflexões necessárias que – de modo semelhante à arte – revelam dimensões secretas da pessoa. Por outro lado, a teologia não deve impor seus próprios esquemas como já aconteceu no passado. Movendo-se em planos diferentes, precisam dialogar. Nas escolas, uma não deve invadir o espaço da outra, mas mostrar que são abordagens diferentes para os mistérios do homem e da natureza. Seria conveniente que os dois professores manifestassem mutuamente seus pontos de vista e, depois, apresentassem as diferentes perspectivas aos alunos. Nos temas mais prementes, como a origem do homem ou a bioética, poderiam estar juntos para fomentar o confronto de idéias. Esta interdisciplinaridade é a linha adotada em muitas universidades. De alguma forma, fizemos isso no congresso sobre Darwin.

A Bíblia diz: “Os céus narram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Sl 18, 2). Para muitas pessoas, os céus e o firmamento não dizem nada sobre Deus.

Descobrir no interior do cosmos, não a casualidade e o caos, mas uma mensagem, é um caminho espiritual. O famoso teólogo Daniélou chamava este itinerário de “revelação cósmica”. Todos os homens deveriam se esforçar para compreender o pergaminho que se estende do céu até a terra – a palavra secreta da própria criação. Tiro esta imagem da tradição sinagogal. Muitos homens veem o cosmos e permanecem insensíveis porque perderam a capacidade de se admirar. Contemplam o mundo com um olhar técnico, frio. Talvez por isso, violentemos a terra e escondamos os céus atrás da poluição. Precisamos fomentar a disposição que animava Pascal. Ele olhava os espaços infinitos, considerava a fragilidade humana e ficava perplexo diante de um contraste tão grande. O escritor inglês Chesterton dizia que o mundo não perecerá por falta de maravilhas – são muitas – mas por falta de admiração. A verdadeira ciência é diferente da técnica. A técnica mede. A ciência tenta compreender o conjunto dos fenômenos. O físico Max Planck escreveu: “Ciência e religião não estão em conflito, mas se completam na mente do homem que pensa de forma integral”. A verdadeira ciência ajuda-nos a compreender que estamos imersos em um mistério. A priori, não vou qualificá-lo como divino, mas seguramente transcende a razão humana e a própria humanidade. Recordo a belíssima imagem de Newton que se via como uma criança que brinca na praia e descobre conchas, seixos, pedras… contudo, diante dela, abre-se o imenso oceano da realidade.

A ciência e as religiões

Em artigo publicado na Folha de S. Paulo de 22/02/2009 e reproduzido por Notícias – IHU On-Line no mesmo dia, Marcelo Gleiser, professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover, NH, USA, reflete sobre a relação entre a ciência e as religiões por ocasião das comemorações que lembram os feitos de Darwin e Kepler. E Galileu.

No início do artigo, ele diz:
Como escrevi em colunas recentes, neste ano celebramos dois grandes aniversários. O primeiro, o bicentenário do nascimento de Charles Darwin e o sesquicentenário da publicação de seu revolucionário “A Origem das Espécies”. O segundo, os quatrocentos anos da publicação do livro “Astronomia Nova”, em que Johannes Kepler mostrou que a órbita de Marte é elíptica, inferindo que todas as outras seriam também. No mesmo ano, 1609, Galileu Galilei apontou o seu telescópio para os céus mudando a astronomia para sempre. Em ambos os casos, as descobertas científicas criaram sérios atritos com as autoridades religiosas. Atritos que, infelizmente, sobrevivem de alguma forma até hoje, principalmente com as religiões monoteístas que dominam o mundo ocidental e o Oriente Médio: judaísmo, cristianismo e islamismo. O momento é oportuno para iniciarmos uma reavaliação das suas causas e apontar, talvez, resoluções.

E termina assim:
Fechar os olhos para os avanços da ciência é escolher um retorno ao obscurantismo medieval, quando homens viviam suas vidas assombrados por espíritos e demônios, subjugados pelo medo a aceitar a proteção de Deus. A escolha por uma devoção religiosa – se é essa a sua escolha – não deveria ser produto do medo. No fim de semana passado, a catedral de São Paulo em Melbourne, Austrália, ofereceu um simpósio sobre Darwin. Nos EUA, outro simpósio reuniu cerca de 800 pastores e rabinos para discutir modos de reconciliação entre ciência e religião. Parece que finalmente um novo diálogo está começando. Já era tempo.

 

O artigo

Como escrevi em colunas recentes, neste ano celebramos dois grandes aniversários. O primeiro, o bicentenário do nascimento de Charles Darwin e o sesquicentenário da publicação de seu revolucionário “A Origem das Espécies”. O segundo, os quatrocentos anos da publicação do livro “Astronomia Nova”, em que Johannes Kepler mostrou que a órbita de Marte é elíptica, inferindo que todas as outras seriam também.

No mesmo ano, 1609, Galileu Galilei apontou o seu telescópio para os céus mudando a astronomia para sempre.

Em ambos os casos, as descobertas científicas criaram sérios atritos com as autoridades religiosas. Atritos que, infelizmente, sobrevivem de alguma forma até hoje, principalmente com as religiões monoteístas que dominam o mundo ocidental e o Oriente Médio: judaísmo, cristianismo e islamismo. O momento é oportuno para iniciarmos uma reavaliação das suas causas e apontar, talvez, resoluções.

Simplificando, pois temos apenas algumas linhas, o problema maior não começa no embate entre a ciência e a religião. Começa no embate entre as religiões. Existe uma polarização cada vez maior já dentro das religiões entre correntes mais ortodoxas e aquelas mais liberais. As diferenças são enormes. Por exemplo, no caso do judaísmo, podemos hoje encontrar rabinas liderando congregações, algo que enfureceria ao meu avô e a seus amigos.

Nos EUA, algumas correntes protestantes, como os episcopélicos, têm pastores e bispos abertamente homossexuais. Nessas correntes mais liberais dentre as religiões se vê também uma relação completamente diferente com a ciência.

Em vez do radicalismo imposto por uma interpretação liberal da Bíblia, as correntes mais liberais tendem a ver o texto bíblico de forma simbólica, como uma representação metafórica de acontecimentos e fatos passados com o intuito -dentre outros- de fornecer uma orientação moral para a população. (A questão da necessidade de um código moral de origem religiosa deixo para outro dia.)

Escuto pastores e rabinos afirmarem regularmente que é absurdo insistir que a Terra tenha menos de 10 mil anos ou que Adão e Eva surgiram da terra. Para um número cada vez maior de congregações, é fútil fechar os olhos para os avanços da ciência.

Para eles, a preservação dos valores religiosos, da coesão de suas congregações depende de uma modernização de suas posições de modo que possam refletir o mundo em que vivemos hoje e não aquele em que pessoas viviam há dois mil anos.

O mundo mudou, a sociedade mudou, a religião também deve mudar.

Insistir na rigidez da ortodoxia é condenar a congregação a viver no passado, numa realidade incompatível com a sociedade moderna. Se o pastor ou rabino ortodoxo tem câncer e recebe terapia de radiação, ele deve saber que é essa mesma radiação que permite a datação de fósseis com centenas de milhões de anos. É hipocrisia aceitar a cura da radiação nuclear e ainda assim negar os seus outros usos.

Fechar os olhos para os avanços da ciência é escolher um retorno ao obscurantismo medieval, quando homens viviam suas vidas assombrados por espíritos e demônios, subjugados pelo medo a aceitar a proteção de Deus. A escolha por uma devoção religiosa -se é essa a sua escolha- não deveria ser produto do medo.

No fim de semana passado, a catedral de São Paulo em Melbourne, Austrália, ofereceu um simpósio sobre Darwin. Nos EUA, outro simpósio reuniu cerca de 800 pastores e rabinos para discutir modos de reconciliação entre ciência e religião. Parece que finalmente um novo diálogo está começando. Já era tempo.

Fonte: Notícias – IHU On-Line: 22/02/2009

Charles Darwin Bicentenário

‘Salvem Darwin dos extremos’, afirma centro de pesquisas em teologia
Apenas 37% das pessoas no Reino Unido acreditam que a teoria da evolução de Darwin está “além de qualquer dúvida racional”, afirma o Theos, um centro de pesquisa público em teologia (…) Dos entrevistados, 32% acreditam que o Criacionismo da Terra Jovem (CTJ, “a crença de que Deus criou o mundo em algum momento dos últimos 10 mil anos) é tanto “definitivamente ou provavelmente verdadeiro”, e 51% dizem o mesmo a respeito do Design Inteligente (que o Theos define como “a idéia de que a evolução sozinha não é suficiente para explicar as complexas estruturas de algumas formas de vida, então a intervenção de um designer é necessária em estágios-chave”) (…) O fato de que esses dados não fazem sentido mostra como a população está confusa e geralmente se contradiz em suas opiniões, afirmam os autores do relatório “Rescuing Darwin” [Resgatando Darwin], Nick Spencer, diretor de estudos do Theos, e Denis Alexander, diretor do Faraday Institute for Science and Religion. Eles descrevem-no como um “triste estado das coisas”, em uma época em que a teoria é agora incontestável em círculos científicos e quando os avanços na genética fortaleceram-na. Os autores dizem que as razões para isso são complexas, mas parece estar na má-interpretação de que a ciência e a religião são, de alguma forma, descrições rivais da forma como o mundo funciona, ou explicações concorrentes para o mistério da vida. Eles chamam a atenção para o agnosticismo autoproclamado de Darwin, a rejeição explícita da idéia de que a evolução necessitaria do ateísmo e o comprometimento respeitoso com todos no debate – um espírito que descrevem como “muito em falta” nas discussões atuais. “A posição de Darwin e o seu espírito de engajamento precisam ser resgatados do fogo cruzado da batalha entre os religiosos militantes e os ateus militantes, que, apesar de serem pólos opostos em tantas questões, parecem concordam que a evolução ameaça a crença em Deus”…

Fonte: IHU – 15/02/2009

Leia também:
:: Conferência no Vaticano fará estudo crítico sobre design inteligente – Notícias – IHU On-Line: 15/02/2009
Uma conferência organizada pelo Vaticano sobre evolução irá incluir um estudo crítico da teoria do design inteligente, que, dizem os organizadores, representa uma teologia e ciência pobres.

:: Um feliz aniversário cristão-progressista para Charles Darwin – Notícias – IHU On-Line: 15/02/2009
Susan Brooks Thistlethwaite, professora e ex-presidente do Chicago Theological Seminary e membro sênior do Center for American Progress, publicou artigo em que analisa o amplo legado de Darwin e critica a postura dos “cristãos conservadores”, cujo enfoque na evolução “é muito mais político do que puramente teológico”.

:: Brasil tem comemorações darwinianas; saiba onde e quando – Folha Online: 12/02/2009

:: Acompanhe passo a passo como foi a viagem de Darwin pelo mundo – Folha Online: 12/02/2009

Ecos de Darwin

IX Simpósio Internacional IHU Ecos de Darwin

:: Apresentação
Com o objetivo de debater a importância e as repercussões da obra de Charles Darwin por ocasião dos 200 anos de seu nascimento e dos 150 anos da publicação da primeira edição da Origem das Espécies, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU – conjuntamente com o PPG em Filosofia da Unisinos e com o apoio do Colégio Anchieta de Porto Alegre, promove o IX Simpósio Internacional IHU Ecos de Darwin a ser realizado na Unisinos, de 9 a 12 de setembro de 2009

:: Realização
Início: 09 de setembro de 2009
Término: 12 de setembro de 2009
Horário: conforme o programa
Duração total: 40 horas
Local: Anfiteatro Pe. Werner – Av. Unisinos, 950 – São Leopoldo – RS

:: Objetivo
. Expor as raízes históricas da teoria darwiniana na Origem das Espécies
. Discutir as implicações da revolução científica, metodológica e epistemológica do evolucionismo darwiniano
. Explorar as novas perspectivas epistemológicas, éticas, sociais e religiosas suscitadas pela discussão do pensamento darwiniano

:: Público-alvo
Professores (as), pesquisadores (as), estudantes universitários(as) e comunidade em geral

Einstein em São Paulo

Começa exposição sobre Einstein no parque Ibirapuera – Folha Online: 24/09/2008

Abre ao público hoje no parque Ibirapuera a exposição “Einstein”, sobre o legado científico e cultural do físico alemão Albert Einstein, adaptada e ampliada a partir de uma mostra concebida pelo Museu Americano de História Natural, em Nova York. As instalações exibem objetos pessoais, fotos, fac-símiles de cartas e manuscritos e máquinas interativas.

“A proposta é retratar esse personagem histórico, mas de uma forma que as pessoas consigam entender essas teorias extremamente complexas por meio de interatividade”, diz Bianca Rinzler, diretora do Instituto Sangari, que organizou a mostra.

A coordenação científica da versão brasileira da exposição é do físico Marcelo Knobel, da Unicamp. “Tentamos desmistificar um pouco a pessoa dele [Einstein], que foi alguém como nós; enfrentou problemas familiares, divórcio etc.”, diz.

O lado genial e singular de Einstein, porém, está amplamente retratado na exposição, sobretudo em painéis de textos e ilustrações didáticas.

A exposição foi aberta a jornalistas ontem, mas a maior parte das obras interativas ainda não havia sido instalada para a estréia, confirmada para hoje. Está prometida a projeção de filmes em 3-D explicando as teorias da relatividade. Há também brinquedos mostrando movimentos dos átomos e princípios da física quântica. Uma boa parte dos setores inéditos da exposição brasileira tratam da relação das teorias de Einstein com o país, bem como de sua visita em 1925. Há uma seção com trabalhos de artistas plásticos brasileiros sobre o físico. (Rafael Garcia)

EINSTEIN
Quando: de hoje a 14.dez.2008; de ter. a sex. das 9h às 21h; sáb., dom. e feriados das 10h às 21h
Onde: Pavilhão Engenheiro Armando de Arruda Pereira – Parque Ibirapuera, Portão 10