Sete perguntas instigantes sobre a farsa do dossiê

Crônica de um golpe anunciado

Vimos acompanhando todos, já faz alguns meses, inúmeros pedidos de impeachment sendo plantados e acalentados pela grande imprensa, semana sim semana também. O esdrúxulo e extemporâneo impeachment não colou, pois, além de não haver base legal que justificasse o impedimento do presidente da República, como se sabe, Luiz Inácio Lula da Silva e seu governo têm altos índices de aprovação junto à população. A “vocalização” do impedimento do presidente na grande imprensa parecia ter apenas a intenção de causar ao governo algum desgaste político. Parecia. Mas, percebe-se agora, visava preparar o terreno para um golpe que pretende desalojar Lula do Palácio do Planalto “na raça”, na base do golpe sujo, utilizando-se de métodos escusos.

Os velhos “donos do poder” (utilizando-se de expressão cunhada por Faoro) desejam a chefia do executivo federal de volta às suas mãos de qualquer jeito – pois o poder seria deles “de direito”, algo que lhes seria devido, inato. Como a candidatura do “decepcionante” Alckmin não decolou, a última cartada seria mesmo “ganhar no tapetão”.

Primeiro, a 15 dias das eleições, arma-se uma arapuca “fatal” para Lula e o PT (seu partido). Com a devida manipulação do episódios na mídia, cria-se um clima de comoção, decepção e desalento, e faz-se, em seguida, pesquisas no calor da hora. Se nem assim o candidato dos “coronéis” (os cordatos e os nem tanto) subir, manipulam-se algumas pesquisas. E, se nem com essa bem urdida “arapuca”, conseguirem acabar com a candidatura Lula, o jeito seria embargar sua candidatura na Justiça ou, se eleito, impedi-lo de governar criando várias CPIs e revivendo o turbilhão político do último ano e meio de seu primeiro mandato. O lance é não permitir um segundo mandato, de qualquer jeito. Vamos à cronologia e etapas dos últimos acontecimentos.

Na semana do feriado de 7 de setembro, começaram a circular boatos de que uma “bomba” envolvendo o presidente Lula estava por ser detonada pela oposição – envolveria pessoa muito próxima ao presidente e seria avassaladora. Como esse tipo de “chantagem”, boatos e ameaças são comuns ao jogo eleitoral, não lhes dei muita atenção e importância. Na semana seguinte ao 7 de Setembro, já na segunda-feira, 11, porém, os boatos começaram a se intensificar.

Foi quando, para minha surpresa, no dia 14, surgiu pela primeira vez na “blogosfera”, mais precisamente no blog do Noblat, a notícia de que vinha, sim, uma bomba, mas era, ao contrário do esperado, um artefato que explodiria no colo da candidatura de José Serra: em entrevista os Vedoin (pai e filho) comprometiam José Serra com a chamada máfia dos “sanguessugas”, mostrando, inclusive, farta documentação comprobatória. Noblat postou essa notícia às 21h12 do dia 14 como já dito. Acompanhei a repercussão dessa notícia, durante todo o dia 14, nos sites das grandes empresas jornalísticas. Não houve. Não saiu uma nota sequer. No dia seguinte, procurei nos jornais dos grandes grupos de comunicação: nem uma notinha de pé de página (registro que o “blog do Noblat” é acolhido pelo grupo O Estado de São Paulo, um jornal, todos sabem, “de direita”, conservador). Curiosamente, a notícia, inicialmente postada pelo Noblat, só começou a ser veiculada na Folha e em outros “jornalões” quando já se tinha a notícia de que duas pessoas supostamente ligadas ao PT haviam sido presas com R$1,7 milhão que seriam utilizados para comprar um tal dossiê envolvendo José Serra e Geraldo Alckmin (esse seria supostamente o ingrediente novo: o envolvimento de Alckmin) com a máfia das ambulâncias (ou dos “sanguessugas”, como queira). O que antes parecia algo restrito a atingir a candidatura de José Serra ao governo do estado de São Paulo, também resvalava em Alckmin. Na verdade, comprovar-se-ia depois, a intenção daquele episódio todo era atingir a candidatura Lula – agora, com a citação em depoimento de um assessor do presidente isso ficou evidenciado. Bingo! O petardo havia então acertado o alvo. O foco central, a notícia sobre o envolvimento de Serra com a máfia dos “sanguessugas”, foi abandonado, deixado de lado. O foco da notícia agora passava a ser o Partido dos Trabalhadores e o governo Lula. O PT e Lula estavam de volta ao patíbulo.

O que estava ocorrendo, afinal? – perguntavam-se todos, entre incrédulos e perplexos. Uma bem urdida “armação? Uma orquestração? Uma “arapuca” armada pelos tucanos e/ou pefelistas, que haviam buscado aproximar os Vedoin de petistas desavisados? Compraram alguns “petistas” na bacia das almas? – na verdade, pessoas infiltradas no partido Ou seria mais uma “tremenda vacilada” de algum petista incauto? Para quem ainda se lembrava do inverossímil episódio dos tais dólares na cueca, tudo era possível. Mas, algumas perguntas restam ser respondidas, pois há indícios sérios, mais ou menos evidentes, que nos causam estranheza ou, no mínimo, desconfiança de uma armação.

1. Por que um dos cidadãos detidos foi logo dizendo, de imediato, que era do PT? Só faltou, para ficar bem na foto, a camisa do PT vestindo o meliante. Lembram do seqüestro de Abílio Diniz – hoje com Lula? Não seria esperado que ele, o cidadão detido em flagrante, caso estivesse realmente a serviço do partido, não revelasse essa informação nem sob tortura?

2. Por que supostos petistas comprariam por, repito, R$1,7 milhão um “dossiê” que continha fatos e informações que não valiam nem um tostão furado – disseram que pediram inicialmente R$20 milhões? Aquelas fotos já haviam saído na imprensa e sido amplamente divulgadas.

3. Por que os petistas, sabendo que os Vedoin estavam sob investigação da Polícia Federal e do Ministério Público, não avisariam a própria PF e ao MP sob a tentativa dos indiciados de vender-lhes essas provas? – assim eles obteriam as provas graciosamente e ainda incriminariam mais os verdadeiramente envolvidos com a máfia (os Vedoin e agora, ao que parece, José Serra).

4. Por que só agora resolveram denunciar José Serra? Estavam negociando o dossiê antes com o PSDB?

5. Por que envolveram, de imediato, um assessor da Presidência da República nessa mal contada história – se o depoente não sabia sequer precisar o nome da pessoa. Por que na acareação o acusador tão falante até então, calou-se?

6. Afinal, quem negociou por parte do PT foi o Diretório Estadual, como se disse no início, ou o Nacional, como se diz agora? Não é estranho que um militante recém-ingressado no partido (filiou-se em 2004) seja destacado para tão importante, delicada e “suicida” missão às vésperas da eleição?

7. E esse novo episódio do grampo nos telefones dos ministros do TSE? Não lhes parece estranho? Por que a varredura foi feita? Por que foi divulgada sem que antes houvesse uma necessária investigação? A quem interessaria a essa altura conturbar o processo eleitoral? É da democracia que o presidente do TSE reúna-se com políticos da oposição para estudarem juntos uma forma de impugnar a candidatura do presidente em exercício? Certamente que não!

Enfim, prezado leitores, é tão absurda e impensável toda essa situação que só mesmo aguardando uma competente e acurada investigação da Polícia Federal. Não precipitemos o julgamento. Foi armação? Teria sido uma contramedida de uma dos “gestapos” incrustados no Estado para favorecer José Serra – lembram-se do caso Lunus, que destruiu a candidatura de Roseana Sarney? Lembram do Dossiê Cayman – era verdadeiro ou não? E a lista de Furnas? E a pasta rosa? Há uma vasta oferta de Dossiês no mercado negro da política.

Só que, passado o calor do momento, para o dia 1º de outubro, o estrago na campanha à reeleição de Lula já terá sido fato consumado. Ao passo que a campanha de Alckmin, e, principalmente, a do Serra, passam incólumes. Quem foi a priori condenado nesse episódio, pela grande imprensa, foi, de novo, o PT. Será esse episódio suficiente e necessário para servir como um novo pretexto a um recrudescimento do já evidente parcialismo da grande imprensa pró-Alckmin e pró-Serra? Só nos restar aguardar, e, de olhos bem atentos e vigilantes, reclamar um tratamento mais equânime às candidaturas na mídia. E denunciar, sempre.

E que não insistam em velhas receitas e estratégias golpistas, pois, essa democracia que aí está, com toda sua fragilidade e podridão, hipocrisia e “gansgsterianismo” das máfias políticas, é a que temos, por enquanto, enquanto a tão necessária reforma política não vem. E se o “rei” tentar derrubar o “peão” “no tapetão” sairemos todos às ruas para, como nas Diretas-Já, fazer valer a vontade do povo.

Fonte: Lula Miranda – Carta Maior: 19/09/2006

Mais uma vez o Javista se despede do Pentateuco. Mas para onde ele estaria indo?

A SBL, na sua coleção SBL Symposium Series, publicou, recentemente, mais um estudo sobre o Pentateuco:

 

DOZEMAN, Thomas B; SCHMID, Konrad. (eds.) A Farewell to the Yahwist? The Composition of the Pentateuch in Recent European Interpretation. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2006, viii + 198 p.

Ou seja: Um adeus para o Javista? A composição do Pentateuco na interpretação européia recente.

 

Para quem vem acompanhando o debate sobre Pentateuco e, especialmente, o caso do Javista, vale a pena conferir primeiro o que escrevi no dia 5 de agosto passado no Observatório Bíblico com o título O que aconteceu com o Javista na atual pesquisa do Pentateuco? Ele desapareceu e levou consigo a Hipótese Documentária, explica Rolf Rendtorff, e no dia 24 de agosto com o título O que aconteceu com o Javista na atual pesquisa do Pentateuco? Van Seters responde a Rolf Rendtorff.

Neste volume temos valiosas contribuições de alguns dos maiores nomes da pesquisa na área de Pentateuco. Eis o sumário:

Introduction: Thomas B. Dozeman and Konrad Schmid

Part 1: Main Papers
  • Thomas Christian Römer: The Elusive Yahwist: A Short History of Research
  • Konrad Schmid: The So-Called Yahwist and the Literary Gap between Genesis and Exodus
  • Albert de Pury: The Jacob Story and the Beginning of the Formation of the Pentateuch
  • Jan Christian Gertz: The Transition between the Books of Genesis and Exodus
  • Erhard Blum: The Literary Connection between the Books of Genesis and Exodus and the End of the Book of Joshua
  • Thomas B. Dozeman: The Commission of Moses and the Book of Genesis

 

Part 2: Responses
  • Christoph Levin: The Yahwist and the Redactional Link between Genesis and Exodus
  • John Van Seters: The Report of the Yahwist’s Demise Has Been Greatly Exaggerated!
  • David M. Carr: What Is Required to Identify Pre-Priestly Narrative Connections between Genesis and Exodus? Some General Reflections and Specific Cases

A sinopse da editora diz o seguinte:

Since the “assured results” of scholarship are rarely certain, it should come as no surprise that the classical formulation of the Documentary Hypothesis has yet again been called into question. However, many North American scholars are unfamiliar with the work of a new generation of European scholars who are advancing an alternate view of the compositional history of the Pentateuch. A growing consensus in Europe argues that the larger blocks of pentateuchal tradition, especially the stories of the patriarchs and Moses, were not redactionally linked before the Priestly Code, as the J hypothesis suggests, but existed side by side as two independent, rival myths of Israel’s origins. This volume makes available both the most recent European scholarship on the Pentateuch and its critical discussion, providing a helpful resource and fostering further dialogue between North American and European interpreters.

Lembrando, finalmente, que Thomas B. Dozeman é Professor de Bíblia Hebraica no United Theological Seminary, em Dayton, Ohio, USA, enquanto Konrad Schmid é Professor de Antigo Testamento na Universidade de Zurique, Suiça. E que uma versão desta obra, em capa dura (hardback), foi publicada pela Editora Brill.

O livro pode ser encontrado em muitas livrarias online, inclusive na Amazon.com.

Mavi – Museu Aquemênida Virtual e Interativo

Musée achéménide virtuel et interactif – Mavi

Un vaste “Musée achéménide virtuel et interactif” (Mavi) de plus de 8.000 pièces, consacré au patrimoine de l’Empire Perse de Cyrus à Alexandre le Grand, est désormais consultable sur internet à l’initiative d’un professeur du Collège de France, Pierre Briant. Il s’agit d’un “outil qui n’existe sous aucune autre forme”, destiné au grand public comme aux scientifiques, a souligné Pierre Briant en présentant son oeuvre. “On a constitué un répertoire qui n’existe nulle part”, a-t-il ajouté. Il a rassemblé dans son musée virtuel objets, sceaux, pièces de monnaie, iconographie, reproductions d’ouvrages, palais…”relevant d’un espace-temps historique, le Moyen-Orient de l’Indus à la Méditerranée sous la domination des Perses achéménides, de 550 à 330 avant J.C.” Les photos sont complétées par plus de 32.000 notices explicatives. Les oeuvres présentées – “qui n’ont jamais été rassemblées auparavant et ne l’auraient jamais été” sans ce projet, a souligné le Pr Briant – roviennent de la plupart des grands musées du monde – Louvre, British Museum, Oriental Institute de Chicago, Musée archéologique de Téhéran…

Notícia encaminhada à lista de discussão ANE-2 por Chuck Jones em 15 de setembro de 2006.

Blogger continua com problemas

Se você encontrar um blog meio estranho, sem todos os detalhes do modelo, com a página toda acinzentada… infelizmente é porque o Blogger ainda está com problemas! As coisas estão funcionando pela metade, por aqui.

Estão tentando corrigir, é o que dizem no Blogger Status.

Atualizando: por volta das 22h00 o funcionamento já estava normal.

Aproveito e recomendo: se algo no Blogger não estiver funcionando corretamente, o lugar para verificar o que está acontecendo é a página do Blogger Status.

Iraq may lose many of its Sumerian and Babylonian treasures for ever

Os problemas arqueológicos do Iraque continuam… Leia:

The Times: September 15, 2006

Fears for ancient treasures with Shia radical in charge

From Ned Parker in Baghdad

IRAQ’S archaeological riches face a dangerous new threat following the appointment of a minister from a radical Islamic party to run the department responsible for antiquities. Within months qualified staff have been purged from their posts, archaeologists have been threatened by gunmen and some of Mesopotamia’s ancient sites have been left open to looters. There are fears that Iraq may lose many of its Sumerian and Babylonian treasures for ever (cont.)


Leia sobre o assunto também no biblioblog PaleoJudaica, de Jim Davila: Bad News for Iraq’s Antiquities.

Dom José Mauro Pereira Bastos, bispo de Guaxupé, faleceu hoje em acidente de carro

Faleceu hoje, 14 de setembro, em acidente de carro, na estrada de Guaxupé a Belo Horizonte, perto de Carmópolis de Minas, MG, Dom José Mauro Pereira Bastos, bispo de Guaxupé, MG. Dom José assumiu a Diocese de Guaxupé recentemente, em 18 de junho, vindo de Janaúba, MG. Leia a notícia na página da CNBB.

No grave acidente, que envolveu carros e caminhões na BR-381, segundo agências de notícias, teriam morrido quatro pessoas, enquanto outras estariam internadas em estado grave. Dom José, de 51 anos de idade, morreu carbonizado. No dia 17 de setembro completaria 6 anos de episcopado.

Dom José era Mestre em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma.

Leia Mais:
Acidente de carro mata bispo e outras três pessoas em MG

Pesquisa sobre a blogosfera brasileira

Folha Online – Deutsche Welle: 13/09/2006 – 19h22

Blogosfera em português é maior que a em alemão

da Deutsche Welle, na Alemanha

 

Estatísticas sobre uso de internet na Alemanha sugerem uma situação muito melhor que a do Brasil, onde atinge apenas 14% da população. Mesmo assim, quando o assunto é weblog, o desempenho dos brasileiros surpreende. Algum tempo atrás, se alguém se perguntasse o que é um weblog, a resposta seria fácil: trata-se… (cont.)

Leia Mais:
Pesquisa Verbeat Blogosfera Brasil (pdf)

Para quem nunca parou para pensar em nosso tamanhinho

Muita gente acha que é o centro do mundo, que é o maior, que tudo gira em torno dele – ou que deveria girar -, que isso, que aquilo, que etc etc.

Nunca viu gente assim? Ah, mas que há, isso há! Como se diz na língua dos “hermanos”: Yo no creo en brujas pero que las hay… las hay.

Nada como uma visita a The Size Of Our World para um “prepotente” dar de cara com sua real dimensão espacial.

Se nos destruíssemos todos de uma só vez, nossa ausência seria percebida?

Juntando os bilhões de seres que vivem atualmente no terceiro planeta do sistema solar, não chegamos nem mesmo a um pixel nesta enorme tela espacial!