O tema do Mês da Bíblia 2019 é “Para que n’Ele nossos povos tenham vida – Primeira Carta de João”. Trata-se do quarto e último ano do ciclo do tema “Para que n’Ele nossos povos tenham vida”. No primeiro ano em 2016 refletiu-se sobre a Profecia de Miqueias. No segundo ano em 2017 foi a Primeira Carta aos Tessalonicenses. Em 2018 no terceiro ano foi o Livro da Sabedoria. Neste quarto ano 2019 é a vez da Primeira Carta de João.
O lema do Mês da Bíblia 2019 é “Nós amamos porque Deus primeiro nos amou” (1Jo 419). O verbo amar é uma palavra chave da Primeira Carta de João. O lema recorda que o amor provém de Deus e chega a todas as criaturas. O amor é convite que pede uma resposta que é amar. Assim a resposta ao amor de Deus é o amor aos irmãos.
O mês de setembro se tornou referência para o estudo e a contemplação da Palavra de Deus, tornando-se em todo o Brasil, desde 1971, o Mês da Bíblia. Desde o Concílio Vaticano II, convocado em dezembro de 1961, pelo papa João XXIII, a Bíblia ocupou espaço privilegiado na família, nos círculos bíblicos, na catequese, nos grupos de reflexão, nas comunidades eclesiais.
Este ano, 2019, será o 48º em que a Igreja no Brasil comemora o Mês da Bíblia. Neste sentido, a Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dando continuidade ao ciclo do tema “Para que n’Ele nossos povos tenham vida” propôs para o Mês da Bíblia o estudo da Primeira Carta de João, com destaque para o lema “Nós amamos porque Deus primeiro nos amou” (1Jo 4,19).
Dom Peruzzo, presidente da Comissão ressalta que o texto-base não se trata de um livro para especialistas, tampouco para quem desconhece a Primeira Carta de João. “Certamente servirá de aprofundamento para agentes de pastoral, para animadores de comunidades, para catequistas (…)”, afirmou o bispo.
Ele garante também que a boa didática e a sensibilidade pedagógica presentes nas páginas escritas pelo autor, o professor Cláudio Malzoni, de Recife, ensejarão grande apreço por este escrito do Novo Testamento. “Que o estudo da Primeira Carta de João mova-nos e comova-nos a diálogos fraternos e a convivências pacificadoras, amando-nos uns aos outros”, exorta o bispo.
No texto-base, lançado pela Editora CNBB, logo em suas primeiras páginas são dadas algumas orientações básicas sobre a Primeira Carta de João, importantes para situá-la em seu contexto histórico, literário e teológico. À medida que o leitor avança poderá encontrar informações básicas referentes ao gênero literário, ao autor e aos interlocutores, aos temas teológicos principais, à época e ao lugar de composição da Carta. Nos capítulos seguintes, o autor busca fazer uma exposição passo a passo.
O subsídio pode ser adquirido no site da Edições CNBB: www.edicoescnbb.com.br
Fonte: CNBB
Primeira carta de João. Vida Pastoral, São Paulo, n. 329, 2019.
A primeira carta de João é o texto escolhido para estudo no mês da Bíblia deste ano. Vida Pastoral traz até você nossa colaboração para reflexão, aprofundamento e vivência da riqueza deste escrito sagrado.
Sabe-se que a carta é um dos meios de comunicação mais antigos do mundo. Foi também a principal forma de comunicação entre as primeiras comunidades cristãs. A carta geralmente leva em conta circunstâncias próprias e contém informações de interesse específico do destinatário.
Escrita por volta dos últimos anos do século I, a primeira carta de São João se destina a um grupo de igrejas ligadas diretamente ao apóstolo, especificamente a um público misto de pagãos e de judeus convertidos ao cristianismo. O tema central diz respeito à fé na encarnação do Filho de Deus e ao amor ao próximo.
Havia nas primeiras comunidades cristãs uma confusão imensa acerca da identidade de Jesus Cristo. Certos grupos dissociavam o Jesus histórico do Cristo da fé, de modo que separavam a fé da vida como ela é. Alguns, inclusive, tinham uma visão totalmente negativa sobre a condição humana, concepção que os levava a não admitir que Jesus fosse verdadeiramente humano. Isso gerava a mentalidade de que não era necessário o amor ao próximo, mas somente o amor a Deus, bem como o conhecimento que a pessoa tinha de sua origem e destino. A primeira carta de João se insere justamente nessas circunstâncias, com o objetivo de conscientizar as mentes e resolver os conflitos na comunidade. O que interessa a João é esclarecer seus leitores sobre o verdadeiro Jesus. “Quem reconhece que Jesus Cristo veio na carne, esse vem da parte de Deus” (1Jo 4,2).
Em posse do texto da primeira carta de João, o leitor pode notar que cada capítulo é uma espécie de homilia ou meditação, exortando a comunidade sobre os perigos de uma concepção errada de Jesus e a necessidade de conversão; isto é, para um testemunho autêntico da fé, é necessário que cada cristão testemunhe em palavras e atitudes Jesus Cristo feito carne. Isso se dá mediante a experiência do amor ao próximo. O amor nos aproxima de Deus. “Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (1Jo 4,8). Quem ama não nega Jesus feito homem, verdadeira carne humana.
O amor é a verdadeira luz que ilumina a comunidade e a faz capaz de dissipar a treva da divisão. Portanto, no mundo os cristãos são chamados a realizar aquilo que Jesus realizou. O sopro de Deus que levou Jesus a realizar sua obra está também em nós. O sopro é o que nos faz perceber e sentir que no amor não há o medo. Em tempos de ódio e de imposição de medos, a leitura e meditação da primeira carta de João nos inspiram a ternura e a alegria de viver no amor.
Fonte: Carta do editor – Vida Pastoral: Setembro-Outubro de 2019