Elezioni e dimissioni di Ratzinger, entrambe concordate con Martini
Martini, a renúncia de Bento XVI e o conclave de 2005 – Andrea Tornielli – IHU: 20/07/2015
As confidências do biblista padre Silvano Fausti, jesuíta, que morreu no último dia 24 de junho, confessor e guia espiritual do cardeal Carlo Maria Martini, reacenderam os holofotes sobre o papel desempenhado pelo ex-arcebispo de Milão no conclave de 2005, que elegeu Bento XVI.
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada no sítio Vatican Insider, 17-07-2015.
Em uma vídeo-entrevista (GliStatiGenerali.com), Fausti relata dois episódios. Um relativo à renúncia do Papa Ratzinger e a aquela última conversa com Martini, ocorrido em Milão, no dia 2 de junho de 2012, por ocasião do Encontro Mundial das Famílias.
O purpurado jesuíta, gravemente doente com Parkinson (ele morreria três meses depois), encontrou-se com Ratzinger no início da tarde, no arcebispado.
Naquela ocasião, segundo o relato de Fausti, Martini disse a Bento XVI que havia chegado o momento de ele renunciar, porque a Cúria Romana parecia ser irreformável: “É justamente agora, aqui não se consegue fazer nada”.
O padre Fausti é uma fonte de primeira mão, dada a relação que o ligava a Martini. Além disso, é bem conhecido que Ratzinger e Martini se estimavam, embora a partir de posições diferentes. Não há dúvida de que, com franqueza, em um momento doloroso para a Santa Sé, no meio do escândalo Vatileaks, o arcebispo emérito de Milão tenha sugerido a renúncia a Bento XVI.
Sabe-se também que o Papa Ratzinger tinha em mente a possibilidade de renunciar há algum tempo, provavelmente desde o início do seu pontificado. Ele tinha vivido perto os últimos anos de João Paulo II e tinha visto como a doença do pontífice havia aumentado o poder da sua comitiva.
Além disso, o que atesta a reflexão de Bento XVI sobre a possibilidade da renúncia é o livro-entrevista com Peter Seewald (“Luz do mundo”), publicado em novembro de 2010. Por admissão dos seus colaboradores mais próximos, também se sabe que a decisão foi tomada por Ratzinger após a viagem para o México e Cuba, em março de 2012. O pontífice tinha voltado exausto daquela travessia intercontinental e tinha tomado consciência de que não conseguiria cumprir a viagem já programada para o Brasil, para a Jornada Mundial Juventude em julho de 2013.
Nessa situação, inseriu-se o escândalo do Vatileaks, que, paradoxalmente, não acelerou a renúncia, mas a atrasou.
O secretário de Estado de Bento XVI, Tarcisio Bertone, declarou ter recebido a comunicação da decisão da renúncia “em meados de 2012”, portanto, presumivelmente, no mês de junho. O mesmo foi contado pelo bispo Georg Gänswein, prefeito da Casa Pontifícia e secretário particular de Ratzinger. Dom Georg desmente categoricamente que a razão para a renúncia esteja ligada ao Vatileaks, observando que o anúncio chegou depois da conclusão do caso, isto é, depois do fim do processo contra o mordomo Paolo Gabriele e a audiência com Bento XVI, que o perdoou.
Tanto Bertone quanto Gänswein haviam tentado – em vão – convencer Ratzinger a permanecer no cargo. Nesse contexto, colocam-se as palavras de Martini. Não é possível saber se Bento XVI, no último breve encontro no arcebispado no dia 2 de junho, falou com Martini sobre as suas intenções. É mais provável que tenha sido o cardeal jesuíta que lhe falou sobre isso, como o padre Fausti relata.
Muito mais complexas de decifrar são as confidências do padre Fausti sobre o conclave de 2005, quando, segundo a sua reconstrução, Martini teria deslocado os seus consensos para Ratzinger, para evitar “jogos sujos” que visavam a eliminar todos os dois para eleger “um da Cúria, muito rastejante, que não conseguiu”.
Segundo Fausti, Ratzinger e Martini “tinham mais votos, Martini um pouco mais”. Teria havido uma manobra para eleger um purpurado curial. “Descoberto o truque, Martini foi à noite ao encontro de Ratzinger e lhe disse: ‘Aceite amanhã se tornar papa com os meus votos’.” Tratava-se de fazer limpeza. “Ele lhe dissera: ‘Aceite você, que está na Cúria há 30 anos e é inteligente e honesto: se conseguir reformar a Cúria, bom, senão vá embora”.
Dada a autoridade da fonte e o seu papel de confessor e diretor espiritual de Martini, não há motivo para duvidar do fato de que o arcebispo emérito de Milão, naquele seu primeiro e único conclave, finalmente votou e fez os seus apoiadores votarem em Ratzinger.
No entanto, continua sendo discutível e discutida a parte que atribui a Martini um pacote de votos importantes e, ao menos inicialmente, até mesmo superiores aos dos Ratzinger. Não há dúvida de que, naquela eleição papal, o único grupo organizado, que tinha começado há muito tempo uma obra de convencimento dos outros cardeais, era o dos apoiadores de Ratzinger.
Trabalhavam nesse sentido o cardeal Bertone, na época arcebispo de Gênova, durante anos número dois do purpurado bávaro na Congregação para a Doutrina da Fé; o cardeal colombiano curial Alfonso López Trujillo; diversos alunos de Ratzinger, entre os quais, por exemplo, o arcebispo de Viena, Christoph Schönborn.
Segundo as reconstruções mais credenciadas daquele conclave, o cardeal Joseph Ratzinger, personalidade reconhecida e respeitada mesmo por aqueles que estavam em posições diferentes, que tinha conduzido com grande equilíbrio e sabedoria como decano do colégio a fase do pré-conclave, tinha partido, desde a primeira votação da noite, com um consistente pacote de votos (entre 30 e 40, segundo alguns; mais de 40, segundo outros). O grupo dos apoiadores de Martini haviam totalizado muitos menos (cerca de 10).
O arcebispo emérito de Milão, já doente de Parkinson (a mesma doença que atingira João Paulo II, o papa recentemente falecido), tinha aceitado ser candidato, mas apenas “de bandeira”, para permitir que os seus apoiadores contassem, deixando bem claro que, por causa das suas condições de sua saúde, ele não aceitaria a eleição.
O segundo votado naquele conclave, portanto, não foi Martini, mas Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires, que, de acordo com a reconstrução oferecida por Lucio Brunelli na revista Limes, graças à publicação do diário de um purpurado, alcançou na terceira votação do conclave (a segunda da manhã do dia da eleição) nada menos do que 40 votos. Um pacote substancial, que agitou os apoiadores de Ratzinger.
Foi decisivo a hora do almoço. Tendo voltado à Capela Sistina, os purpurados, na quarta votação, elegeram Bento XVI. Não é difícil imaginar que, diante da possibilidade de soluções improvisadas no caso de um impasse que levaria, no terceiro dia do conclave, a novas candidaturas em relação às duas principais que haviam surgido, Martini tenha preferido apoiar uma personalidade como a de Ratzinger.
Mas também existem outros testemunhos, segundo os quais, na hora do almoço daquele 19 de abril, alguns purpurados, incluindo Martini, teriam tido a percepção de que o dia podia se concluir sem a eleição. E isso eliminaria da corrida tanto Ratzinger – que havia aceitado a candidatura contanto que a eleição fosse rápida e não dividisse o Colégio Cardinalício –, quanto o segundo mais votado, isto é, Bergoglio. O que faria despontar um terceiro candidato, que até aquele momento tinha permanecido na sombra.
Martini, la rinuncia di Benedetto e il conclave 2005 – Andrea Tornielli – Vatican Insider: 17/07/2015
Le confidenze di padre Silvano Fausti, recentemente scomparso, attribuiscono al porporato gesuita un ruolo decisivo nell’elezione di Ratzinger e anche nella decisione della rinuncia. Altre fonti però tendono a ridimensionarlo
Le confidenze del biblista padre Silvano Fausti, gesuita, scomparso lo scorso 24 giugno, confessore e guida spirituale del cardinale Carlo Maria Martini hanno riacceso i riflettori sul ruolo giocato dall’ex arcivescovo di Milano nel conclave del 2005 che elesse Benedetto XVI. In una video-intervista (glistatigenerali.com), Fausti racconta due episodi. Uno riguardante la rinuncia di Papa Ratzinger e quell’ultimo colloquio con Martini, avvenuto a Milano il 2 giugno 2012, in occasione dell’incontro mondiale delle famiglie. Il porporato gesuita, gravemente ammalato di Parkinson (morirà tre mesi dopo), incontrò Ratzinger nel primo pomeriggio, in arcivescovado.
In quella occasione, secondo il racconto di Fausti, Martini disse a Benedetto XVI che era venuto il momento di dimettersi perché la Curia romana appariva irreformabile: «è proprio ora, qui non si riesce a fare nulla». Padre Fausti è una fonte di prima mano dato il rapporto che lo legava a Martini. È inoltre ben noto che Ratzinger e Martini si stimassero, pur da posizioni diverse. Non c’è da dubitare che con franchezza, in un frangente doloroso per la Santa Sede, nel pieno dello scandalo Vatileaks, l’arcivescovo emerito di Milano abbia suggerito a Benedetto la rinuncia.
È altrettanto noto che Papa Ratzinger aveva presente la possibilità di dimettersi già da tempo, probabilmente fin dall’inizio del suo pontificato. Aveva vissuto da vicino gli ultimi anni di Giovanni Paolo II, e aveva visto come la malattia del Pontefice avesse fatto crescere il potere dell’entourage. Del resto, ad attestare la riflessione di Benedetto XVI sulla possibilità della rinuncia è il libro-intervista con Peter Seewald («Luce del mondo»), pubblicato nel novembre 2010. Inoltre, per ammissione dei più suoi stretti collaboratori, si sa che la decisione venne presa da Ratzinger all’indomani del viaggio in Messico e a Cuba, del marzo 2012. Il Pontefice era tornato stremato da quella trasferta intercontinentale e aveva preso coscienza che non ce l’avrebbe fatta a compiere il già programmato viaggio in Brasile per la Giornata mondiale della Gioventù nel luglio 2013. Su questa situazione si è innestato lo scandalo di Vatileaks, che paradossalmente non ha accelerato la rinuncia, ma l’ha ritardata.
Il Segretario di Stato di Benedetto XVI, Tarcisio Bertone, ha dichiarato di aver ricevuto la comunicazione della decisione della rinuncia «a metà 2012», dunque presumibilmente nel mese di giugno. Lo stesso ha raccontato il vescovo Georg Gänswein, Prefetto della Casa Pontificia e segretario particolare di Ratzinger. Don Georg smentisce categoricamente che la ragione delle dimissioni sia legata a Vatileaks, facendo notare che l’annuncio è arrivato dopo la conclusione della vicenda, cioè dopo la fine del processo al maggiordomo Paolo Gabriele e l’udienza con Benedetto che lo perdonava. Sia Bertone che Gänswein avevano tentato – invano – di convincere Ratzinger a restare in carica. In questo contesto si collocano le parole di Martini. Non è possibile sapere se Benedetto XVI nell’ultimo breve incontro in arcivescovado del 2 giugno, abbia parlato a Martini delle sue intenzioni. È più probabile che sia stato il cardinale gesuita a parlargliene, come padre Fausti riferisce.
Molto più complesse da decifrare sono invece le confidenze di padre Fausti in merito al conclave del 2005, quando, secondo la sua ricostruzione, Martini avrebbe spostato i suoi consensi su Ratzinger per evitare «giochi sporchi» che puntavano a eliminare tutti e due per eleggere «uno di Curia, molto strisciante, che non ci è riuscito». Secondo Fausti, Ratzinger e Martini «avevano più voti, un po’ di più Martini». Ci sarebbe stata una manovra per eleggere un porporato curiale. «Scoperto il trucco, Martini è andato la sera da Ratzinger e gli ha detto: accetta domani di diventare Papa con i miei voti… Gli aveva detto: accetta tu, che sei in Curia da trent’anni e sei intelligente e onesto: se riesci a riformare la Curia bene, se no te ne vai».
Vista l’autorevolezza della fonte e il suo ruolo di confessore e direttore spirituale di Martini, non c’è motivo di dubitare sul fatto che l’arcivescovo emerito di Milano, in quel suo primo e unico conclave, abbia alla fine votato e fatto votare i suoi sostenitori per Ratzinger. Discutibile e discussa rimane invece la parte che assegna a Martini un pacchetto di voti importante e almeno inizialmente persino superiore a quelli di Ratzinger. Non c’è dubbio che in quella elezione papale l’unico gruppo organizzato, che aveva per tempo iniziato un’opera di convincimento presso gli altri cardinali, era quello dei sostenitori di Ratzinger. Lavoravano in questo senso il cardinale Bertone, all’epoca arcivescovo di Genova, per anni numero due del porporato bavarese alla Congregazione per la dottrina della fede; il cardinale curiale colombiano Alfonso Lopez Trujillo; diversi allievi di Ratzinger, tra i quali ad esempio l’arcivescovo di Vienna Christoph Schönborn.
Secondo le più accreditate ricostruzioni di quel conclave, il cardinale Joseph Ratzinger, personalità riconosciuta e rispettata anche da chi era su posizioni diverse che aveva condotto con grande equilibrio e sapienza da decano del collegio la fase del pre-conclave, era partito fin dalla prima votazione della sera con un consistente pacchetto di voti (tra i trenta e i quaranta, secondo alcuni; oltre i quaranta, secondo altri). Il gruppo dei sostenitori di Martini ne aveva totalizzati molti meno (una decina). L’arcivescovo emerito di Milano, già malato di Parkinson (lo stesso morbo che aveva colpito Giovanni Paolo II, il Papa appena scomparso) aveva accettato di fare il candidato ma soltanto «di bandiera», per permettere ai suoi sostenitori di contarsi, mettendo bene in chiaro che a causa delle sue condizioni di salute non avrebbe accettato l’elezione.
Il secondo votato in quel conclave non fu dunque Martini, ma Jorge Mario Bergoglio, arcivescovo di Buenos Aires, che secondo la ricostruzione offerta da Lucio Brunelli su «Limes» grazie alla pubblicazione del diario di un porporato, raggiunse nella terza votazione del conclave (la seconda della mattinata del giorno dell’elezione) ben quaranta voti. Una pacchetto consistente, che mise in agitazione i sostenitori di Ratzinger. Decisivo fu il momento del pranzo. Ritornati nella Sistina, i porporati alla quarta votazione elessero Benedetto XVI. Non è difficile immaginare che di fronte alla possibilità di soluzioni di ripiego nel caso di un empasse che avrebbe portato nel terzo giorno di conclave verso nuove candidature rispetto alle due principali che erano emerse, Martini abbia preferito sostenere una personalità come quella Ratzinger.
Esistono però anche altre testimonianze, secondo le quali al momento del pranzo di quel 19 aprile, alcuni porporati, tra i quali Martini, avrebbero avuto la percezione che la giornata si poteva chiudere senza l’elezione. E questo avrebbe eliminato dalla corsa sia Ratzinger – il quale aveva accettato la candidatura a patto che l’elezione fosse rapida e non spaccasse il collegio cardinalizio – sia il secondo più votato, cioè Bergoglio. Il che avrebbe fatto spuntare un terzo candidato, fino a quel momento rimasto nell’ombra.
Quando Martini disse a Ratzinger: ”A Cúria não muda. Você tem que sair” – IHU: 17/07/2015
O relato do padre Silvano Fausti: no conclave de 2005, o ex-arcebispo de Milão apontou para o alemão para evitar jogos sujos de um papável “rastejante”.
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 16-07-2015.
O padre Silvano Fausti contava que o momento tinha sido quando Bento XVI e Carlo Maria Martini se viram pela última vez. Milão, Encontro Mundial das Famílias, dia 2 de junho de 2012, o cardeal, doente há algum tempo, saíra do Aloisium de Gallarate para ir ao encontro do papa.
Foi então que se olharam nos olhos, e Martini, que morreria no dia 31 de agosto, disse a Ratzinger: a Cúria não se reforma, não lhe resta senão sair.
Bento XVI havia voltado exausto da viagem a Cuba no fim de março. No verão, ele começou a falar a respeito com os colaboradores mais próximos que tentavam dissuadi-lo. Em dezembro, convocou um consistório no qual criou seis cardeais e nenhum europeu para “reequilibrar” o Colégio. No dia 11 de fevereiro de 2013, declarou a sua “renúncia” ao pontificado.
Renúncia “já programada” desde o início do papado – se as coisas não andassem como deveriam –, desde que, no conclave de 2005, Martini deslocou os seus consensos para Ratzinger, para evitar os “jogos sujos” que visavam a eliminar os dois e eleger “um da Cúria, muito rastejante, que não conseguiu”, revela o padre jesuíta.
Silvano Fausti morreu no dia 24 de junho passado, aos 75 anos, depois de uma longa doença. Biblista e teólogo, uma das vozes mais ouvidas e lidas do pensamento cristão contemporâneo, era a pessoa mais próxima de Carlo Maria Martini. O cardeal o escolhera como guia espiritual e confessor, confiava nele.
Esses bastidores, confidenciados três meses antes de morrer ao sítio GliStatiGenerali.com – a entrevista em vídeo foi agora divulgada na rede (veja abaixo, em duas partes) – corresponde àquilo que o padre Fausti contava em privado na sua casa de campo de Villapizzone, na periferia de Milão, onde vivia há 37 anos com outros jesuítas na comunidade que tinha fundado.
Quase um testamento que, sobre Ratzinger e Martini, remonta aos dias do conclave de dez anos atrás. Eram as duas personalidades mais proeminentes e, conta Fausti, “os dois que tinham mais votos; Martini um pouco mais” (já então doente de Parkinson), um pelos “conservadores” e o outro pelos “progressistas”.
Havia uma manobra para “derrubar a ambos” e eleger um cardeal “muito rastejante” da Cúria. “Descoberto o truque, Martini foi à noite ao encontro de Ratzinger e lhe disse: ‘Aceite amanhã se tornar papa com os meus votos’.” Tratava-se de fazer limpeza. “Ele lhe dissera: ‘Aceite você, que está na Cúria há 30 anos e é inteligente e honesto: se conseguir reformar a Cúria, bom, senão vá embora”.
Martini, revela Fausti, disse que o papa, depois, fez um discurso “que denunciava essas manobras sujas e fez muitos cardeais corarem”. No dia 24 de abril de 2005, na homilia de início de pontificado, Bento XVI disse: “Rezem por mim, para que eu não fuja, por medo, diante dos lobos”.
O padre Fausti lembra também o gesto que Ratzinger faria no dia 28 de abril de 2009, na cidade de Aquila, devastada pelo terremoto. Estava prevista apenas uma homenagem, mas Bento XVI semeou o pânico cruzando a Porta Santa da basílica periclitante de Collemaggio para depositar o seu pálio na teca de Celestino V, o papa da “grande recusa”.
Ratzinger e Martini, embora diferentes, se reconheciam e se estimavam. “Sempre tentavam colocá-los contra, para gerar notícia. Enquanto, com Wojtyla, Martini apresentava todos os anos a renúncia…”
A renúncia de Bento XVI eram uma possibilidade desde o início do seu pontificado, explica Fausti. Até que, em Milão, naquele dia, Martini lhe disse: “É precisamente agora, aqui não se consegue fazer nada”. Na última entrevista, Martini falou de uma Igreja que “ficou 200 anos para trás: como é possível que ela não se sacuda?”.
Ratzinger não fugiu diante dos lobos, apesar dos ataques e dos venenos internos que, até o Vatileaks, marcaram o pontificado. Ele sabia que era urgente agir e fazer limpeza, mas sentia que não tinha mais forças. Era preciso uma sacudida.
Na sua renúncia “em plena liberdade”, ele diz que, “para governar o barco de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor tanto do corpo quanto da alma”, que, “nos últimos meses”, veio a lhe faltar.
O conclave, dali a um mês, elegeria Jorge Mario Bergoglio. Padre Fausti, no vídeo, sorri: “Quando vi Francisco como bispo de Roma, cantei o Nunc dimittis, finalmente! Eu esperava desde os tempos de Gregório Magno um papa assim!”.
«Quando Martini disse a Ratzinger: la Curia non cambia, devi lasciare» – Gian Guido Vecchi – Corriere della Sera: 16/07/2015
Il racconto di padre Silvano Fausti: al Conclave del 2005 l’ex arcivescovo di Milano puntò sul tedesco per evitare giochi sporchi di un papabile «strisciante»
CITTÀ DEL VATICANO Padre Silvano Fausti raccontava che il momento era stato quando Benedetto XVI e Carlo Maria Martini si videro per l’ultima volta. Milano, incontro mondiale delle Famiglie, 2 giugno 2012, il cardinale malato da tempo era uscito dall’Aloisium di Gallarate per raggiungere il Papa. Fu allora che si guardarono negli occhi e Martini, che sarebbe morto il 31 agosto, disse a Ratzinger: la Curia non si riforma, non ti resta che lasciare. Benedetto XVI era tornato sfinito dal viaggio a Cuba, a fine marzo. In estate cominciò a parlarne ai collaboratori più stretti che tentavano di dissuaderlo, a dicembre convocò il concistoro dove creò sei cardinali e neanche un europeo per «riequilibrare» il Collegio, l’11 febbraio 2013 dichiarò la sua «rinuncia» al pontificato. Dimissioni «già programmate» dall’inizio del papato – se le cose non fossero andate come dovevano -, fin da quando al Conclave del 2005 Martini spostò i suoi consensi su Ratzinger per evitare i «giochi sporchi» che puntavano a eliminare tutti e due ed eleggere «uno di Curia, molto strisciante, che non ci è riuscito», rivela il padre gesuita.
Silvano Fausti è morto il 24 giugno a 75 anni, dopo una lunga malattia. Biblista e teologo, una delle voci più ascoltate e lette del pensiero cristiano contemporaneo, era la persona più vicina a Carlo Maria Martini, il cardinale lo aveva scelto come guida spirituale e confessore, si confidava con lui. Il retroscena affidato tre mesi prima di morire a glistatigenerali.com – l’intervista video è stata ora diffusa in Rete – corrisponde a ciò che padre Fausti raccontava in privato nella cascina di Villapizzone, alla periferia di Milano, dove viveva da 37 anni con altri gesuiti nella comunità che aveva fondato. Quasi un testamento che, a proposito di Ratzinger e Martini, risale ai giorni del Conclave di dieci anni fa. Erano le due personalità più autorevoli e, racconta Fausti, «i due che avevano più voti, un po’ di più Martini» (già allora malato di Parkinson), uno per i «conservatori» e l’altro per i «progressisti». C’era una manovra per «far cadere ambedue» ed eleggere il cardinale «molto strisciante» di Curia. «Scoperto il trucco, Martini è andato la sera da Ratzinger e gli ha detto: accetta domani di diventare Papa con i miei voti» . Si trattava di fare pulizia. «Gli aveva detto: accetta tu, che sei in Curia da trent’anni e sei intelligente e onesto: se riesci a riformare la Curia bene, se no te ne vai».
Martini, rivela Fausti, disse che il Papa fece poi un discorso «che denunciava queste manovre sporche e ha fatto arrossire molti cardinali». Il 24 aprile 2005, nell’omelia di inizio pontificato, Benedetto XVI disse: «Pregate per me, perché io non fugga, per paura, davanti ai lupi». Padre Fausti ricorda anche il gesto che avrebbe fatto Ratzinger, il 28 aprile 2009 nell’Aquila devastata dal terremoto. Era previsto solo un omaggio, ma Benedetto XVI seminò il panico varcando la porta santa della basilica pericolante di Collemaggio per deporre il suo pallio sulla teca di Celestino V, il Papa del «gran rifiuto». Ratzinger e Martini, pur diversi, si riconoscevano e si stimavano. «Cercavano sempre di metterli contro per fare notizia. Mentre, con Wojtyla, Martini dava ogni anno le dimissioni…». Le dimissioni di Benedetto XVI erano una possibilità dall’inizio del pontificato, spiega Fausti. Finché a Milano, quel giorno, Martini gli disse «è proprio ora, qui non si riesce a fare nulla». Nell’ultima intervista, Martini parlò di una Chiesa «rimasta indietro di 200 anni: come mai non si scuote?».
Ratzinger non è scappato davanti ai lupi, nonostante attacchi e veleni interni che fino a Vatileaks ne hanno funestato il pontificato. Sa che è urgente agire e fare pulizia, ma sente di non averne più la forza. Ci vuole una scossa. Nella sua rinuncia «in piena libertà» dice che «per governare la barca di san Pietro e annunciare il Vangelo, è necessario anche il vigore sia del corpo, sia dell’animo» che «negli ultimi mesi» gli è venuto a mancare. Il conclave, di lì a un mese, eleggerà Jorge Mario Bergoglio. Padre Fausti, nel video, sorride: «Quando ho visto Francesco vescovo di Roma ho cantato il nunc dimittis , finalmente!, ho aspettato dai tempi di Gregorio Magno un Papa così…».
Os dois vídeos da entrevista de Silvano Fausti para o site Gli Stati Generali: aqui e aqui.
Fontes: CartaCapital / IHU On-Line / Vatican Insider / Gli Stati Generali