O que aprendemos com os Manuscritos do Mar Morto?

Um texto bem didático de John J. Collins, professor da Yale University, publicado no Huffington Post em 22.10.2012.

Leia: Dead Sea Scrolls: What Have We Learned? [Manuscritos do Mar Morto: o que aprendemos com eles?]

Os 4 primeiros parágrafos do texto dizem:

“The Dead Sea Scrolls, discovered near the site of Qumran, south of Jericho in the years 1947-1956 were dubbed ‘the academic scandal of the 20th century’ because of the long delay in publication. Over the last 20 years or so, however, they have been fully published, except for occasional scraps that continue to come to light. Ever since their discovery, they have aroused passions on a scale that is extraordinary for an academic subject. Now that those passions have cooled, the time is ripe to ask what we have really learned from this remarkable discovery.

First, it may be well to recall some basic facts. Fragments of approximately 930 manuscripts, dating from the late third century B.C.E. to the first century C.E. have been discovered — 750 in Hebrew, 150 in Aramaic and a small number in Greek. Before the discovery of the Scrolls we had no extant literature in Hebrew or Aramaic from Israel in this period. The Scrolls, then, shed unprecedented light on Judaism around the turn of the era, at the time when Christianity was born.

Since the initial batch of scrolls included a rule for a sectarian religious community, the immediate assumption was that the scrolls had been the property of that community. This assumption appeared to be confirmed by the excavation of the ruins at Qumran. Consequently, the corpus of texts became known as ‘the library of Qumran.’ But it is difficult to believe that a community at this remote location had a library equal to that of the largest Mesopotamian temples. The scrolls do seem to be a sectarian collection, but they were probably brought from diverse sectarian communities to be hidden in advance of the Roman army during the Jewish revolt of 66-70 C.E. [sublinhado meu].

The Scrolls, then, were not the property of a small secluded community. They contain much that reflects Judaism of the time. They include copies of all the Hebrew Bible except Esther, but we cannot be sure that they regarded them all as ‘biblical’ in our sense of the word. They included editions of some ‘biblical’ books that differ from those that came down to us, and had multiple copies of several books that are not in our Bibles. They show that the process of the formation of the Hebrew Bible was not yet complete around the turn of the era”.

Leia o texto completo e veja as 21 fotografias no final.

E, para se divertir, uma “pérola” de um comentário ao texto acima recolhida por Deane Galbraith, e que mostra como as teorias conspiratórias continuam soltas por aí, pode ser vista em John J. Collins in the Huff Post: Dead Sea Scrolls are Great for Knowledge about Ancient Judaism, Even Better for Fueling Conspiracy Theories.

:: Quem é John J. Collins?

 

:: Um livro de John J. Collins sobre os Manuscritos do Mar Morto?

COLLINS, J. J.  The “Dead Sea Scrolls”: A Biography. Princeton: Princeton University Press, 2012, 288 p. – ISBN: 9780691143675.

O bóson de Higgs e a formação do Universo

O Bóson de Higgs e a elegância invejável do Universo

Este é o tema de capa da revista IHU On-Line, n. 405, de 22.10.2012.

Diz o Editorial:

“Estranho, belo, assimétrico, fértil e cada vez em mais acelerada expansão. Assim os cientistas entrevistados pela IHU On-Line desta se referiram ao Universo analisando o seu surgimento, bem como a recente confirmação da existência do Bóson de Higgs. Envolto em uma polêmica em função da duvidosa nomenclatura ‘Partícula Deus’, o Bóson inspirou a presente edição da revista, e trouxe ao debate as origens do cosmos, os grandes desafios da Física e mostrou que há muito mais perguntas do que respostas quando procuramos saber mais sobre o Universo.

Para o físico Arthur Maciel, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de Janeiro, a partícula recentemente descoberta no European Organization for Nuclear Research – CERN não resolve todas as incógnitas das teorias atuais, e inclusive cria novos problemas. Talvez essa seja a ponta de ‘um grande iceberg de novos fenômenos físicos’ que entusiasma os cientistas.

O matemático jesuíta George Coyne (Universidade do Arizona) acentua que o acaso, a necessidade e a fertilidade se imbricam na composição da concepção de Universo como se fossem ‘três bailarinas’.

Gerard’t Hooft, Prêmio Nobel em Física em 1999 e professor de Física Teórica no Spinoza Institut, em Utrecht, na Holanda, acentua que as interações entre físicos e matemáticos têm se mostrado importantes para o avanço da ciência. Contudo, a aproximação com outros ramos do conhecimento ainda é difícil.

O diretor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Basílio Santiago, dá detalhes sobre o projeto Dark Energy Survey – DES, do qual faz parte, e que procura mapear o céu e compreender um pouco mais sobre a expansão do Universo e sua formação.

De acordo com o físico jesuíta Gabriele Gionti, do Observatório Vaticano, para as pessoas de fé a harmonia do Universo expressa a beleza e bondade do Criador, mas não o prova.

Demonstração fundamental porque comprova a hipótese do preenchimento do espaço vazio com uma sustância invisível que permeia o Universo, encontrar o Bóson tem papel fundamental em determinar as características das partículas elementares, afirma Gian Giudice (CERN), físico de partículas e cosmólogo.

O jesuíta Guy Consolgmagno, astrônomo do Observatório Vaticano, menciona que a tentativa de encontrar ordem no Universo é o que move a ciência, mas não podemos usá-la para provar Deus.

O físico brasileiro e professor no Dartmouth College, nos Estados Unidos, Marcelo Gleiser, diz que apesar de ‘bela’ a ideia de que há uma teoria final da Natureza não possui suporte nas observações feitas do Universo. São as imperfeições e assimetrias que possibilitam a complexidade do cosmos.

A energia escura e o Bóson de Higgs como problemas que ainda não possuem solução são examinados por Rogério Rosenfeld, diretor do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP. Ele adverte que são necessários mais dados experimentais para comprovar se a partícula descoberta é mesmo o bóson do Modelo Padrão.

Oferecer uma compreensão detalhada sobre o que é o Bóson-H é o fio condutor do artigo de Mario Novello, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas – CBPF”.