Resenhas na RBL: 06.11.2014

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Walter Brueggemann
The Practice of Prophetic Imagination: Preaching an Emancipating Word
Reviewed by Leonard Mare

Michael H. Burer
Divine Sabbath Work
Reviewed by Margaret Daly-Denton

Timo Eskola
Beyond Biblical Theology: Sacralized Culturalism in Heikki Räisänen’s Hermeneutics
Reviewed by Vernon K. Robbins

Irmtraud Fischer and Mercedes Navarro Puerto, eds., with Andrea Taschl-Erber
Torah
Reviewed by Elaine T. James

Philip Goodwin
Translating the English Bible: From Relevance to Deconstruction
Reviewed by Stephen Pattemore

George Anton Kiraz
The New Syriac Primer: An Introduction to The Syriac Language
Reviewed by H. F. van Rooy

Aaron J. Koller
The Semantic Field of Cutting Tools in Biblical Hebrew: The Interface of Philological, Semantic, and Archaeological Evidence
Reviewed by Stephen J. Bennett

Zhixiong Niu
“The King Lifted up His Voice and Wept”: David’s Mourning in the Second Book of Samuel
Reviewed by David G. Firth

Mark Allan Powell
Jesus as a Figure in History: How Modern Historians View the Man from Galilee
Reviewed by Brian C. Small

Emmanuel L. Rehfeld
Relationale Ontologie bei Paulus: Die ontische Wirksamkeit der Christusbezogenheit im Denken des Heidenapostels
Reviewed by Lars Kierspel

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A sonda Rosetta

A última quarta-feira, 12 de novembro de 2014, foi um dia para entrar na história!

No dia 12/11/2014, pela primeira vez, uma sonda espacial pousou em um cometa, a mais de 500 milhões de km da Terra.

A sonda Rosetta, da Agência Espacial Europeia, está estudando o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, que contém materiais restantes da formação do Sistema Solar, cuja idade é de 4,56 bilhões de anos, aproximadamente. A pesquisa ajudará a entender a formação de nosso sistema.

Por que o nome Rosetta? Confira aqui e aqui. E o módulo que pousou no cometa chama-se Philae.

Siga as notícias a partir de Robô liberado pela sonda Rosetta pousa em cometa, confirma agência e dos links desta página.

E não deixe de ler o artigo do astrônomo Cássio Barbosa sobre o pouso da Philae no cometa.

Mais notícias e fotos no site da Agência Espacial Europeia – ESA, especialmente aqui e aqui.

Versão em português de Portugal aqui.

Fontes: G1 e ESA.

A memética negativa das narrativas midiáticas

Chegamos ao clímax de uma campanha eleitoral que reflete uma cultura de criminalização que produz uma ativa rejeição da política, apresentada cotidianamente em narrativas midiáticas que ficcionalizam as notícias e novelizam a política, com reiteradas associações da política e dos políticos com corrupção, ilegalidade, traições, intrigas. Uma memética negativa que afasta e despolitiza os muitos do que realmente está em jogo: interesses econômicos, especulação contra a vida, a privatização das riquezas, o moralismo e conservadorismo em que assujeitam minorias e diferenças.

Essa cultura do “ódiojornalismo” e o estilo Veja também aparecem na retórica dos articulistas e colunistas de diferentes jornais e veículos de mídia que formam hoje uma espécie de “tropa de choque” ultraconservadora (Arnaldo Jabor, Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo, Merval Pereira, Demétrio Magnoli, Ricardo Noblat, Rodrigo Constantino, são muitos), que alimentam uma fábrica de memes de uma ultradireita que se instalou e trabalha para minar projetos, propostas, seja de programas sociais, seja de ampliação dos processos de participação da sociedade nas políticas públicas, seja de processos de democratização da mídia e todo o imaginário dos movimentos sociais.

Sabemos que uma revista como a Veja é motivo de piada em todos os Cursos de Comunicação do país, não apenas pelo nível de distorção e editorialização de suas capas, mas como exemplo de um singular negócio. A moeda da Veja e de parte da mídia nunca foi o jornalismo, mas a “produção de crise” e sua capacidade de produzir instabilidade política e destruir reputações. Essa é sua única moeda: a ameaça de produção de crise e o restabelecimento da “estabilidade”.

Leia: As polarizações não dão conta das mudanças de imaginário

Entrevista da professora Ivana Bentes, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFRJ, à IHU On-Line – 05/11/2014.

Livro de Finkelstein: leitura obrigatória

K. L. Noll, da Universidade Brandon, Canadá, resenhista da obra de Israel Finkelstein citada no post anterior, diz:

Quem tiver estudado cuidadosamente as publicações de Israel Finkelstein não precisa ler este livro. Mas esta é uma leitura essencial para aqueles que não acompanharam este prolífico e importante pesquisador. A obra é um excelente resumo das conclusões das investigações arqueológicas de Finkelstein, bem como uma avaliação equilibrada e sensata de outras significativas pesquisas arqueológicas, epigráficas e bíblicas publicadas nos últimos anos. Em suma, este livro é uma leitura obrigatória para todos os estudiosos da Bíblia, arqueólogos, epigrafistas e estudantes de pós-graduação.

Anyone who has studied carefully every publication by Israel Finkelstein need not read this book, but it is essential reading for those who have not kept pace with this prolific and important researcher. The Forgotten Kingdom is a concise summary of Finkelstein’s conclusions from his own archaeological investigations, as well as a balanced and reasonable assessment of other significant archaeological, epigraphic, and biblical research published in recent years. In short, this book is a must-read for every biblical scholar, archaeologist, epigrapher, and graduate student associated with the Society of Biblical Literature and its affiliates.

Francisco: comprometido com o povo

“Sinto que agora temos um Papa comprometido com seu povo, com pensamento revolucionário, com sentimento social, e sobretudo com propostas para mudar e acabar com a injustiça, a violência e a guerra” (Evo Morales, Presidente da Bolívia).

Francisco: Igreja e justiça social – Editorial: La Jornada, México, em Carta Maior 30/10/2014

No marco do Encontro Mundial de Movimentos Populares, do qual o presidente da Bolívia, Evo Morales, participou o papa Francisco indicou que este nosso encontro responde a um compromisso muito concreto, algo que qualquer pai, qualquer mãe quer para seus filhos; um compromisso que deveria estar ao alcance de todos, mas que hoje vemos, com tristeza, cada vez mais longe da maioria: terra, teto e trabalho, e acrescentou: “É estranho, mas se falo disto para alguns, dizem que o Papa é comunista (…) Não entendem que o amor aos pobres está no centro do Evangelho”.

A frase citada é a ratificação, nas palavras pontifícias, de um compromisso social que a Igreja católica havia abandonado há muito tempo…

Leia o texto completo.

 

Francisco: Iglesia y justicia social –  La Jornada 29/10/2014

Ayer, en el marco del Encuentro Mundial de Movimientos Populares, al que asistió el presidente de Bolivia, Evo Morales, el papa Francisco indicó que este encuentro nuestro responde a un anhelo muy concreto, algo que cualquier padre, cualquier madre quiere para sus hijos; un anhelo que debería estar al alcance de todos, pero hoy vemos con tristeza cada vez más lejos de la mayoría: “tierra, techo y trabajo”, y añadió: “Es extraño, pero si hablo de esto para algunos resulta que el Papa es comunista (…) No se entiende que el amor a los pobres está al centro del Evangelio”. La alocución referida es la ratificación, en palabras pontificias, de un compromiso social que la Iglesia católica había abandonado hace mucho (…) El deslinde de Francisco de sus predecesores inmediatos y la recuperación de los postulados de justicia social del catolicismo son de por sí alentadores, pero lo es más que esa discusión no parezca destinada a quedarse entre los muros vaticanos y que, por el contrario, empiece a prender en las comunidades católicas de diversas latitudes e incluso en gobiernos como el del propio Evo Morales, quien ayer afirmó respecto de lo expresado por Bergoglio: “siento que ahora tengo Papa comprometido con su pueblo, con pensamiento revolucionario, con sentimiento social, y sobre todo con propuestas para cambiar y acabar con la injusticia, la violencia y la guerra”.

Leia Mais:
Carta dos Excuídos aos Excluídos
Sobre a desigualdade no capitalismo: Francisco e Piketty

Direita brasileira está cada vez mais assanhada

O pedido de auditoria na eleição presidencial feito pelo PSDB poderia ser considerado uma tolice, não fosse a revelação de que se trata de operação combinada com pelo menos um dos principais jornais do país, o Estado de S. Paulo. Qual seria o efeito de tal notícia no ambiente das redes sociais digitais? Evidentemente, essa manobra tende a acirrar o radicalismo na parcela mais aloprada do eleitorado, aquela que prega diariamente o golpe militar e até o assassinato de adversários como ação política legítima. O episódio coloca a sexta-feira, 31 de outubro, no calendário de horrores criado pela simbiose bizarra entre a imprensa hegemônica e a oposição ao Executivo federal. Numa escala imaginária de despautérios, fica apenas alguns graus abaixo da manobra consumada no último fim de semana, às vésperas do segundo turno da eleição presidencial, por um panfleto de campanha distribuído sob o logotipo da revista Veja.

 

Nova direita surgiu após junho, diz filósofo – Eleonora de Lucena: Folha de S. Paulo: 31/10/2014

O “surto de impaciência” revelado pelas manifestações de junho de 2013 “provocou um surto simétrico e antagônico que é o surgimento de uma nova direita, um dos fenômenos mais importantes do Brasil contemporâneo. Uma direita não convencional, que não está contemplada pelos esquemas tradicionais da política”. Quem faz a análise é o filósofo Paulo Eduardo Arantes, professor aposentado da USP (Universidade de São Paulo). Ele compara o que acontece aqui com a dinâmica nos Estados Unidos: “A direita norte-americana não está mais interessada em constituir maiorias de governo. Está interessada em impedir que aconteçam governos. Não quer constituir políticas no Legislativo e ignora o voto do eleitor médio. Ela não precisa de voto porque está sendo financiada diretamente pelas grandes corporações”, afirma. Por isso, seus integrantes podem “se dar ao luxo de ter posições nítidas e inegociáveis. E partem para cima, tornando impossível qualquer mudança de status quo. Há uma direita no Brasil que está indo nessa direção”, diz o filósofo. Segundo ele, “a esquerda não pode fazer isso porque tem que governar, constituir maiorias, transigir, negociar, transformar tudo em um mingau”. Nesse confronto, surge o que sociólogos nos EUA classificam como uma “polarização assimétrica”, com um lado sem freios e outro tentando contemporizar. Na avaliação de Arantes, o conceito de polarização assimétrica se aplica ao Brasil. “A lenga-lenga do Brasil polarizado é apenas uma lenga-lenga, um teatro. Nos Estados Unidos, democratas e liberais se caracterizam pela moderação – como a esquerda oficial no Brasil, que é moderada. O outro lado não é moderado. Por isso a polarização é assimétrica”. “Fora o período da eleição –que é um teatro em se engalfinham para ganhar– um lado só quer paz, amor, beijos, diálogo, tudo. Uma vez que se ganha, as cortinas se fecham e todo mundo troca beijos, ministérios –e governa-se. Mas há um lado que não está mais interessado em governar”, afirma. Arantes fez essa análise no final da tarde de quarta-feira (29), em palestra sobre as manifestações de junho de 2013 no 16º Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação de Filosofia, que acontece nesta semana em Campos do Jordão (SP).

Leia o texto completo.

Este mesmo texto pode ser lido em Maria Frô, publicado em 31/10/2014 sob o título: Nova direita, financiada por corporações, deseja impedir que governos atuem

Triunfalismo aecista em Minas Gerais vira farelo

A projeção triunfalista de que Aécio ganharia as eleições presidenciais com grande folga em Minas acabou se transformando na principal debilidade do PSDB. Ao contrário dos piores prognósticos tucanos, o candidato perdeu na sua terra natal por mais de 500 mil votos no 2º turno.

Muitos aecistas, inconformados com a derrota, ainda estão se perguntando: Por que Aécio perdeu em Minas? Por que Aécio perdeu em casa?

Hoje li algo interessante.

O artigo Por que Aécio perdeu em casa? de Najla Passos. Foi publicado em Carta Maior em 29/10/2014.

Começa assim:

Com forte controle da imprensa, cooptação dos poderes e um grande arco de alianças que, nas eleições municipais de 2008, chegou a envolver até mesmo a maioria do PT estadual, o PSDB passou quase uma década vendendo a imagem de uma Minas Gerais unificada em torno da figura do tucano Aécio Neves, que governou o Estado de 2003 a 2010. Mas o partido enalteceu tanto a imagem do Estado que vendia nas propagandas oficiais que acabou acreditando nela.

A projeção triunfalista de que Aécio ganharia as eleições presidenciais com grande folga em Minas acabou se transformando na principal debilidade do PSDB. Ao contrário dos piores prognósticos tucanos, o candidato perdeu na sua terra natal por mais de 500 mil votos no 2º turno.

Mais para a frente diz:

De acordo com o cientista político Juarez Guimarães, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) … a vitória do candidato petista Fernando Pimentel para o governo de Minas, somada à derrota de Aécio para Dilma no Estado, já no 1º turno, provocou intensa movimentação na base de apoio do PSDB, formada por mais de 20 partidos. Com a vitória do petista e a derrota de Aécio na sua terra natal, prefeitos do interior do Estado, de várias legendas, começaram a migrar para o PT. “Uma das explicações fortes é que houve essa migração de bases fisiológicas do Aécio Neves para a candidatura da Dilma. Em uma vitória em 2º turno por 51,64% a 48,36% dos votos, esta migração teve grande relevância”, esclarece.

Além disso, o professor explica que os mineiros entraram no 2º turno frente a duas grandes derrotas para Aécio, o que dissolveu toda a aura e toda a simbologia política da sua condição de disputar as eleições nacionais com o discurso de que ele representava Minas Gerais, de que ele reafirmava a unidade de Minas Gerais.

“É importante lembrar, inclusive, que nas últimas disputas eleitorais no Estado, o PSDB chegava a afirmar que ‘Minas é Aécio’. Uma afirmação talvez mais forte do que aquela de Luiz XIV de que ‘O Estado sou eu’. Em Minas, é ‘O Estado e a sociedade sou eu’. Uma afirmação muito triunfalista, que revelava essa ideologia do aecismo em Minas Gerais”, acrescenta Juarez.

E ainda:

Já a inédita exposição do projeto tucano ao contraditório no Estado, ainda conforme ele [Juarez], se deve a um processo mais amplo. Para o cientista político, o PSDB monopolizou o discurso eleitoral no Estado por quase uma década, com base em um forte controle midiático e no enfraquecimento da oposição. Em Minas Gerais, ao contrário do resto do país, houve uma aliança entre a maioria do PT com o PSDB, em 2008, para indicar Marcio Lacerda, do PSB, à prefeitura de Belo Horizonte.

“Por alguns anos, a oposição ao Aécio ficou muito enfraquecida, pelo fato do seu principal partido apoiar o governo. Então, nós passamos de uma situação em que o Aécio não tinha que enfrentar o contraditório para uma situação em que ele teve que lidar com forte contraditório, com capacidade de vocalização pública. E, ao invés de conseguir unir Minas, acabou por revelar as forças sociais que dividem o Estado”, esclarece.

E, quase no final:

Juarez Guimarães ressalta, por fim, que, nos últimos anos, no Estado, houve um acúmulo muito importante dos movimentos sociais de oposição ao projeto do PSDB, que conseguiram criar um espírito público de oposição no Estado.

Leia o texto completo.

Leia Mais:
Eleições 2014: quem ganhou e quem perdeu?
Aécio