O livro de Josué na pesquisa recente

Thomas B. Dozeman, professor de Bíblia Hebraica no United Theological Seminary, Dayton, Ohio, USA, publicou, em 2017, na revista Currents in Biblical Research, um artigo sobre o livro de Josué na pesquisa recente.

DOZEMAN, T. B. The Book of Joshua in Recent Research. Currents in Biblical Research, Vol. 15(3), p. 270­–288, 2017.

O artigo analisa estudos sobre Josué nos últimos dez anos.

Este texto é um resumo e uma tradução livre minha. Os autores citados no texto e suas obras podem ser consultados na bibliografia do artigo, que está disponível para download gratuito aqui.

 

Resumo

A pesquisa sobre o livro de Josué está se desenvolvendo significativamente em uma variedade de áreas diferentes.DOZEMAN, T. B. The Book of Joshua in Recent Research. Currents in Biblical Research, Vol. 15(3), p. 270­–288, 2017.

O artigo resume os estudos atuais em seis diferentes abordagens metodológicas:
1. Crítica textual
2. Composição e contexto literário
3. História, arqueologia e geografia
4. Violência, genocídio e conquista
5. Estudos literários e ideológicos
6. História da recepção

O artigo será concluído com um breve resumo de obras coletivas e comentários recentes sobre Josué.

O foco da interpretação serão os últimos dez anos, sendo assim um complemento para o artigo de GREENSPOON, L. J. The Book of Joshua – Part 1: Texts and Versions. Currents in Biblical Research, Vol. 3 (2), p. 229-261, 2005.

Abstract

Research on the book of Joshua is developing significantly in a variety of different areas. The review summarizes current scholarship in six distinct methodological approaches: (1) textual criticism; (2) composition and literary context; (3) history, archaeology and geography; (4) violence, genocide and conquest; (5) literary and ideological studies; and (6) reception history. The article will conclude with a brief summary of recent collected studies and commentaries on Joshua. The focus of interpretation will be the last ten years supplementing Greenspoon (2005).

 

1. Crítica textual

O estudo das versões antigas de Josué continua, especialmente os trabalhos que abordam o texto grego antigo [LXX], como De Troyer 2006; van der Meer 2006; Tov 2007; den Hertog 2009; Krause 2012c; Sipilå 2013; o texto dos Manuscritos do Mar Morto, como García Martinez 2008, 2011; Feldman 2013; mas também o latim antigo (Ulrich 2012), a Vulgata (Sipilå 2011) e o Targum de Josué (Van Staaldune-Sulman 2010).

Há diferenças entre as versões: o texto grego (LXX) é cerca de 4 a 5 por cento mais curto do que o texto massorético (TM), mas também há passagens em que o texto grego é mais detalhado do que o texto massorético. Além do que há cerca de 600 diferenças entre eles, que T. C. Butler (Joshua. Waco, TX: Word Books,1983) classificou nas categorias de erros mecânicos de cópia; incompreensão de significado, forma ou sintaxe; melhorias literárias; uso de frases familiares; interpretação homilética e exegese; corte de linguagem inaceitável [trecho lido em L. J. Greenspon, 2005, p. 234].

A visão tradicional sobre estas diferenças textuais sustenta que o tradutor do hebraico para o grego trabalhou com uma versão antiga semelhante ao texto massorético, de maneira literal, sem se preocupar com a audiência grega. Isto, somado às omissões e aos erros de tradução, explicaria as diferenças entre o texto grego e o texto massorético.

O problema desta visão é que tanto o texto massorético quanto o texto grego são textos expandidos, com acréscimos, harmonização e desenvolvimentos feitos por escribas, mas independente um do outro. Donde se percebe que as diferenças entre o grego e o hebraico não são devidas apenas às características da versão antiga e do texto massorético do livro de Josué, mas também ao desenvolvimento textual de cada um deles.

Assim, hoje se pensa que:
1. O tradutor grego do livro de Josué não fez uma versão literal, mas foi criativo, oferecendo novas interpretações do texto hebraico, que usou como fonte, para sua audiência grega (van der Meer 2009, 2012)
2. O texto hebraico que o tradutor usou é diferente e mais antigo do que o TM (Auld 2012)
3. As diferenças entre a LXX, o TM e os Manuscritos do Mar Morto de Josué representam tradições textuais distintas e não relacionadas, ou seja, não provêm de um único texto original (Sanders 2005).

O resultado desta teoria é uma visão pluralista do desenvolvimento literário de Josué, com diferentes versões independentes surgidas em comunidades distintas.

 

2. Composição e contexto literário

A identificação do(s) autor(es) do livro de Josué desempenhou um papel significativo na interpretação do livro desde o século XIX. Os intérpretes há muito observam conflitos em temas e motivos, o que sugere uma obra composta por mais de um autor. O tema central da conquista, por exemplo, permanece sem solução no livro, com alguns textos indicando o extermínio completo de reis, cidades e pessoas (11,21-23), enquanto outros textos afirmam que nações originais permanecem na terra (Js 23).

O problema da composição é agravado pelo contexto literário de Josué, que é um livro que faz a ligação entre o Pentateuco e os Profetas Anteriores. Por isso, há quem o veja como parte de um Hexateuco (Gênesis – Josué) e há quem o veja como parte de uma Obra Histórica Deuteronomista (Josué – Reis). E há também, no debate atual, quem defenda uma autoria independente para o livro ou, por outro lado, uma inclusão em um possível Eneateuco (Gênesis- Reis).

Pesquisas recentes tendem a se afastar da identificação de fontes [J, E, P] no texto, e tentam explicar a composição de Josué como um processo de suplementação textual ou sucessivas redações.

Os contextos literários distintos do Hexateuco, da Obra Histórica Deuteronomista e, mais recentemente, do Eneateuco, influenciam as pesquisas atuais, embora a data de composição tenha tendido, em todos elas, a se mover para o período pós-exílico.

Blum (2006, 2012), Ausloos (2012), Achenbach (2014) e Rösel (2009) exploram o papel de uma redação do Hexateuco no estágio final da composição de Josué.

Becker (2006), Römer (2005, 2010), Bieberstein (2011), Koorevaar (2012) e Krause (2014) pesquisam a composição de Josué no contexto literário da Obra Histórica Deuteronomista, ao mesmo tempo em que defendem modificações para a proposta de Martin Noth de um só autor e falem de vários autores.

Albertz (2007) e Boorer (2011) examinam a função da literatura sacerdotal, não como uma fonte, mas como uma redação mais recente na formação de Josué.

Rösel (2008) avalia criticamente a hipótese da Obra Histórica Deuteronomista como o contexto literário para interpretar Josué, enquanto Dozeman (2012) argumenta que Josué foi composto inicialmente como um livro independente.

Knauf (2012) muda o foco para explorar a composição de Josué com base em seu público-alvo, observando três estágios de desenvolvimento: (1) o Josué pré-canônico vinculado ao Pentateuco e voltado para as elites intelectuais; (2) o Josué deuterocanônico separado do Pentateuco, mas ainda voltado apenas para as elites intelectuais; e (3) a versão canônica disponível para todos os judeus por meio de cópias destinadas ao culto na sinagoga.

Muitos estudos exploram a composição de passagens particulares como uma oportunidade para explicar a formação do livro de Josué (Bartfeld 2008a, 2008b; Krause 2012a). Assim, a repetição da notícia da morte de Josué em Js 24,29-34 e em Jz 2, 6-9, que já era um problema central para Martin Noth (1981) ao defender a hipótese da Obra Histórica Deuteronomista, continua a ser um tópico de pesquisa (Römer 2006; Frolov 2008).

Pesquisas recentes também exploram a relação de Josué com outros livros dos Profetas Anteriores como um recurso para avaliar a sua composição. Assim, Auld (2011) vê Samuel como uma fonte para a composição de Josué; Hamiel e Rösel (2012) focam mais especificamente nas narrativas de conquista em Josué 6-11 como sendo moldadas por tradições presentes em Juízes, Samuel e Reis; Edenburg compara Josué 9 com o Deuteronômio (2012a) e Josué 7–8 com a o Código Deuteronômico (2015); Nihan (2007) compara os relatos da leitura da Lei em Siquém em Josué 8 com relatos semelhantes no Deuteronômio, enquanto Seebass (2012) examina a relação de Josué e Números.

 

3. História, arqueologia e geografia

A reconstrução histórica do Israel tribal e o exame histórico-crítico das tradições de conquista desempenharam um papel significativo na interpretação de Josué ao longo do século XX (por exemplo, Albright 1961 e Alt 1953). Pesquisadores atuais continuam a refinar as reconstruções anteriores da geografia histórica.

Farber (2012), por exemplo, explora o papel etiológico de Timnat Heres na formação das tradições de Josué. Hess (2008a) examina os relatos de Jericó e Ai em relação ao início da história tribal, assim como Briggs (2005). Knauf (2010) avalia criticamente a recuperação da história por trás do livro de Josué.

A geografia do livro de Josué continua sendo um importante tópico de pesquisa.

Tappy (2008) examina as planícies mencionadas em Js 15,33-47. Saur (2012) explora o significado de Sídon e Tiro (Js 19,24-31). de Vos (2003) fornece um estudo abrangente das fronteiras geográficas de Judá em Js 15.

O estudo da geografia também foi ampliado da geografia histórica para a avaliação do papel dos territórios, cidades e fronteiras na historiografia antiga (Curtis 2007) e na descrição das terras conquistadas e não conquistadas (Levin 2012).

A ideologia da representação geográfica está se tornando uma área de estudo especialmente importante.

Younger (2008) explora a construção retórica das narrativas de conquista. Wazana (2013) examina o papel da geografia nas descrições de limites do antigo Oriente Médio como uma ampla estrutura para interpretar Josué, e Damien (2012) investiga o conflito entre a geografia histórica e as narrativas de conquista. Ballhorn (2011, 2012) avalia a topografia do livro de Josué e a travessia do Jordão como exemplos de heterotopia – a teoria da geografia humana desenvolvida por Michel Foucault segundo a qual os espaços podem ter camadas múltiplas e simultâneas de significado que vão desde o lugar físico até as construções mentais. Havrelock (2007a, 2007b, 2011) estende essa mesma linha de pesquisa para os mapas panorâmicos da terra prometida (por exemplo, Js 1,3-4) e para a função do rio Jordão como um lugar de divisão.

 

4. Violência, genocídio e conquista

A guerra e a legitimação divina para o extermínio de todos os cananeus sempre foram um desafio na interpretação de Josué. A pesquisa atual pode ser resumida em três tópicos sobrepostos: a. o problema teológico da violência associada ao monoteísmo; b. o problema ético do genocídio; c. o desafio da guerra santa e suas implicações contemporâneas.

a. O problema da violência no livro de Josué é teológico (Douglas 2005), pois é o Deus de Josué que exige genocídio (Collins 2014). Albertz (2009) explora como a concepção religiosa do monoteísmo pode reforçar a intolerância religiosa em Josué; Jacobs (2009) amplia a análise para debater o problema do monoteísmo nas três principais tradições religiosas: judaísmo, cristianismo e islamismo. Hawk defende uma leitura que postula a presença de vários autores debatendo a violência divina no livro de Josué (2008a), no qual a representação da divindade pode ter sido modificada em redações posteriores do livro (2008b). Wolterstorff (2011) sugere que o relato é hagiográfico, enquanto Brueggemann (2009) contextualiza a violência como a luta divina contra monarcas opressores para apoiar o projeto de uma sociedade igualitária.

b. O papel central do anátema em Josué levanta a questão ética do genocídio. Cowles, Merrill, Gard e Longman (2010) apresentam quatro visões concorrentes sobre a violência como genocídio, todas elas em perspectiva cristã. As reflexões variam amplamente de genocídio em Josué originado de um mal-entendido entre Josué e Deus (Cowles), à necessidade de genocídio por causa da relação exclusiva entre Deus e Israel (Merrill), chegando até à reinterpretação do genocídio como guerra espiritual para os cristãos (Gard e Longman). Davies analisa uma série de abordagens literárias e éticas anteriores para interpretar o problema da violência e do genocídio (2010). Earl (2011) amplia a leitura cristã do problema do genocídio, com foco em Orígenes, enquanto Scheinhorst-Schönberger (2012) oferece uma reflexão aprofundada sobre a natureza do poder associado a histórias como Josué 6.

c. A violência em Josué também alimentou uma ampla gama de pesquisas sobre a guerra e a guerra santa no mundo antigo e sua influência nos leitores contemporâneos. Hess (2008b) e Schmitt (2011) analisam o significado e a função da guerra santa no mundo antigo. Kim (2004) e Kuan (2009) focam mais especificamente na retórica da violência em textos sobre a guerra santa. Levin (2011) examina a retórica da guerra dentro da tradição judaica. Jenkins (2011) avalia a ética da guerra santa e da violência nas origens da tradição cristã, e argumenta que deve ser rejeitada na vida contemporânea. Handy (2009) e Warrior (2006) exploram os efeitos da violência da guerra santa na tradição ocidental contemporânea.

 

5. Estudos literários e ideológicos

O estudo literário de Josué floresceu na última década, com autores fornecendo leituras perspicazes de muitas narrativas do livro. Os estudos vão desde a análise de técnica literária e crítica narrativa até estudos mais orientados ideologicamente, incluindo formas de análise feministas, queer e pós-coloniais.

Thomas B. DozemanEstudos literários detalhados de Josué incluem Assis (2012), que fornece uma análise do complexo relato da travessia do Jordão (Josué 3-4); Marcus (2007) retorna à narrativa de Raab e os espiões enfocando a função da história dentro do plano maior do livro; Strba (2008) fornece um estudo exaustivo do confronto entre Josué e o comandante do exército de Iahweh (Js 5,13-15); Ska (2010) interpreta a cerimônia em Siquém (Js 8,30-35) como indicando a posse da terra por Israel; Popović (2009) explora a função de Josué 24 dentro do livro, e Wénin (2012) fornece uma análise literária de toda a primeira metade do livro (Js 1-12). Outros estudos exploram a relação literária de Josué com Abraão (Gosse 2012), com Ester (Leder 2012) e com Reis (Van Wieringen 2012).

Os personagens centrais, Josué e Raab, continuam atraindo a atenção dos intérpretes.

Hall (2010) fornece uma ampla interpretação do personagem Josué, enfocando seu papel em Josué 1-11. Outras interpretações mais focadas de Josué incluem Chapman (2009), que destaca o papel profético de Josué, assim como Oeste (2013). Dozeman (2010) avalia criticamente a interpretação de Josué como representante do rei ideal modelado a partir do papel de Josias na Obra Histórica Deuteronomista, argumentando que Josué representa um líder antimonárquico.

Leith (2007) fornece um resumo do papel de Raab em Josué 2; Sherwood (2006) reexamina o papel de Raab como prostituta, enquanto Scholz (2013) explora a complexa história da interpretação de Raab como uma convertida, uma prostituta e uma traidora – todos papéis do anti-herói. Benjamin (2013) e Davidson (2013) comparam e contrastam Raab e Jael como personagens que funcionam dentro do contexto do império.

Interpretações ideológicas adicionais de Josué exploram a ambivalência da narrativa em Josué (Brueggeman 2013), a apresentação do ‘outro’ (Hawk 2013), bem como leituras críticas feministas (Kirk-Duggan 2013; Creanga 2007), queer (Carden 2006) e pós-coloniais (Butler 2013).

 

6. História da recepção

A recepção do livro de Josué é hoje uma área de destaque na pesquisa.

A metodologia da história da recepção traça a influência do livro de Josué na formação da religião, política e cultura ocidentais. Hans Georg Gadamer (1975: 263) fornece o objetivo da história da recepção, quando afirma que o objetivo da interpretação não é reproduzir o significado objetivo de um texto, mas esclarecer as condições em que a compreensão ocorre. Essa definição amplia as lentes de interpretação do estudo de Josué como um objeto isolado no passado para a interação entre Josué e o leitor ao longo do tempo. Gadamer caracteriza a relação dinâmica entre o texto e o leitor como Wirkungsgeschichte, “a história dos efeitos” de um texto oficial sobre os leitores. A interpretação da “história dos efeitos” requer o estudo do texto bíblico, mas também a localização social e os preconceitos dos leitores subsequentes, uma vez que ambos são necessários para descrever “as condições em que o entendimento ocorre” (p. 263).

A relação inerente entre o livro de Josué e as circunstâncias sociais dos leitores garante que a interpretação sempre mudará com o tempo, uma vez que o horizonte ou ponto de encontro entre o texto e diferentes leitores nunca é o mesmo. Interpretações recentes exploram o impacto do livro ao longo da história ocidental, desde o período antigo, passando pelo medieval, até chegar no cenário contemporâneo.

Begg fornece uma interpretação abrangente da recepção de Josué no período antigo, focando particularmente na interpretação de Raab (2005a), a queda de Jericó (2005b) e as campanhas de Josué (2007) em Josefo, bem como a reescrita de Josué no Pseudo-Fílon (2012). Corley dedica dois estudos à interpretação de Josué no Eclesiástico, o primeiro explorando a função de Josué como guerreiro (2010) e o segundo comparando a interpretação de Josué e Samuel (2011). Earl (2010) fornece um extenso exame da interpretação de Josué feita por Orígenes. Nissan (2011) interpreta Josué no Pseudo Ben-Sira. Schnocks (2012) visa a função de Josué no livro dos Macabeus e Avemarie (2007) fornece um estudo mais amplo de Josué em todo o judaísmo antigo. Koch (2012) e de Vos (2012) focalizam a interpretação de Josué em o Novo Testamento. Noort (2006) também traça a história da recepção de Josué por meio de Josefo e do Pseudo-Fílon, mas depois amplia para incluir as Crônicas Samaritanas, onde o oponente de Josué o descreve como um “lobo voraz”.

A influência de Josué na tradição ocidental posterior também é objeto de estudo. Elssner (2008) resume a influência da guerra em Josué em autores do período antigo (por exemplo, Eclesiástico e Macabeus), mas também estende o estudo para incluir os primeiros cristãos (por exemplo, Clemente, Justino Mártir, Orígenes, Agostinho), os medievais (por exemplo, Tomás de Aquino) e autores renascentistas (por exemplo, Hugo Grotius). Houtman (2009) traça o uso de Josué em pensadores livres ateus, como Jean Meslier (1664-1729), que cita a violência no livro para repudiar o cristianismo. Noort (2007a, 2007b) concentra-se na história de Josué parando o sol (Josué 10) para descrever o conflito entre as cosmovisões heliocêntricas e geocêntricas que entram em foco com a publicação do De Revolutionibus de Copérnico (1508) e a reescrita de Josué no oratório de Händel sobre Josué (1747).

O impacto de Josué na guerra e nas reivindicações de terras é forte em escritores contemporâneos. O padre palestino Ateek (2006) critica o uso de Josué nas reivindicações israelenses de terra. Rohde (2012) avalia a teologia do pastor palestino Mitri Raheb no que diz respeito às reivindicações contemporâneas da “terra sagrada”. Havrelock (2007b) avalia o papel do rio Jordão como uma fronteira nas mitologias de pátria israelense e palestina contemporâneas. Wacker (2012) avalia o papel de Josué na liderança de Davi Ben-Gurion, enquanto Warrior (2006) avalia criticamente a aplicação do mito da conquista em Josué à experiência americana de posse da terra do ponto de vista de um nativo americano.

 

Obras coletivas e comentários recentes

Este resumo da pesquisa sobre Josué está limitado à última década (2006– 2016). Noort fornece um resumo exaustivo da pesquisa sobre Josué em Das Buch Josua: Forschungsgeschichte und Problemfelder (1998). Este estudo é complementado com uma revisão da pesquisa até o presente no artigo, “Josua im Wandel der Zeiten: Zu Stand und Perspektiven der Forschung am Buch Josua” (2012). O artigo fornece a introdução para uma obra coletiva sobre Josué no volume The Book of Joshua (2012).

A última década também incluiu um número significativo de comentários sobre Josué que variam tanto na metodologia quanto no público-alvo. Os comentários são listados em ordem cronológica de publicação.

Abadie (2005) fornece um estudo histórico-crítico de Josué, avaliando a historicidade e os desafios teológicos do livro, especialmente no que diz respeito à violência.

Knauf (2008) escreveu uma análise completa da história da composição do livro, do período monárquico tardio ao helenístico, juntamente com uma interpretação das mudanças no cenário social e do público-alvo de cada revisão.

Robert L. Hubbard Jr. (2009) escreve para um público evangélico em geral, com o objetivo de traduzir a mensagem chocante de violência no livro de uma forma que possa falar sobre a vida de fé hoje.

Pitkänen (2010) investiga os antecedentes históricos de Josué com foco nas evidências arqueológicas que auxiliam na interpretação da conquista israelita.

Hawk (2010) lê Josué como um espelho da experiência humana em geral, um mito das origens, e como uma história que influencia o mito norte-americano do destino manifesto.

Earl (2010) faz um comentário genérico sobre Josué, com o objetivo mais de recuperar a leitura de Orígenes do que fornecer uma nova leitura.

McConville e Williams (2010) fornecem uma interpretação cristã de Josué, colocando sua história violenta no contexto mais amplo do cânone cristão e da teologia cristã.

Rösel (2011) resume uma vida inteira de pesquisas sobre Josué em um comentário histórico-crítico.

Matties (2012) aborda a mensagem violenta de Josué propondo uma conversa teológica.

Butler (2014) apresenta uma revisão exaustiva da pesquisa sobre Josué nesta reedição em dois volumes de seus primeiros trabalhos (1983). Embora o público-alvo sejam leitores evangélicos, o exame cuidadoso do texto irá beneficiar a todos.

Dozeman (2015) explora a relação entre a crítica textual e literária na evolução do livro de Josué, prestando especial atenção à mudança de apresentação da violência na história textual do livro.

Laughlin (2015) revê a história da interpretação e da arqueologia para condenar a ideologia violenta do livro de Josué.

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