Uma história da Teologia da Libertação

CHEZA, M. et alii Dictionnaire historique de la théologie de la libération. Namur: Lessius, 2017, 656 p. – ISBN 9782872993130.

CHEZA, M. et alii Dictionnaire historique de la théologie de la libération. Namur: Lessius, 2017, 656 p.

 

Dicionário conta história da Teologia da Libertação

Cristina Fontenele – Adital – 15.12.2015

Escrito quase na totalidade por teólogos latino-americanos, está em finalização o Dicionário Histórico da Teologia da Libertação (TdL), que será lançado para o mundo francófono (Europa e Canadá), pela editora belga Lessius, com o apoio de professores eméritos. Com previsão para setembro do próximo ano, a obra será produzida nas versões francês, castelhano, português e inglês. O trabalho, que já dura três anos, tem o objetivo de apresentar um panorama da evolução da TdL desde o seu surgimento, na época do Concílio Vaticano II [1965], até os dias atuais.

Luis Martínez, teólogo chileno que vive em Bruxelas, na Bélgica, e um dos coordenadores do projeto, explica que o dicionário está organizado em três grandes blocos. A primeira parte desenvolve 10 temas principais da TdL, como, por exemplo, o tema Libertação, que foi escrito por Leonardo Boff; Cristologia, pelo teólogo Jorge Costadoat, de Santiago [Chile]; e comunidades de base, por Socorro Martínez, da Ameríndia. “A Gutiérrez [Gustavo Gutiérrez, considerado o pai da TdL] não pedimos nada, o deixamos tranquilo, mas ele está muito presente em todo o dicionário. Há uma nota bibliográfica, a maior, sobre ele, assim como a de Boff.”

Martínez, por sua vez, escreveu uma nota sobre o sacerdote chileno Ronaldo Muñoz. “Ele foi meu professor, estudamos Teologia e fundamos juntos a Comunidade Teológica do Sul. Em geral, quem escreveu sobre alguém é porque o conhecia”.

Em um segundo bloco, o livro faz um desenvolvimento geográfico da TdL por país e, na terceira parte, são apresentadas em torno de 150 biografias, entre bispos, teólogos, mártires e laicos, que acompanharam a TdL e a mantiveram com sua prática. Este último bloco é precedido de uma introdução histórica, com os obstáculos, as resistências e as conquistas alcançadas pela TdL. Martínez relata que praticamente todos os teólogos presentes no II Congresso de Teologia da Ameríndia, realizado em Belo Horizonte, em outubro deste ano, escreveram algum verbete para o dicionário. “90% da obra foi escrita por teólogos latino-americanos, que falam sobre os próprios colegas e sua realidade. É como escutar uma família falando dela mesma”.

Com a chegada de Papa Francisco, Martínez destaca que a Teologia da Libertação volta a ser “posta sobre a mesa”, quando era creditada por muitos como uma Teologia “morta”. A principal expectativa com o lançamento do Dicionário é, de acordo com o teólogo, apresentar ao resto do mundo um caminho sólido percorrido pela América Latina, a partir da grande recepção do Concílio, sobretudo, à Igreja europeia.