Einstein

Alice: “So how did you get so smart anyway?”Albert Einstein: 14 de março de 1879 - 18 de abril de 1955

Albert: “I have no special talent, but I am very, very curious, Alice. All I do is ask questions, just like you do. Anybody can do that.” (Genius – A vida de Einstein)

Recomendo:

:: A história de Albert Einstein – Documentário do History Channel sobre a vida de Albert Einstein. Vídeo no Youtube publicado em 12 de maio de 2011.

:: Dentro da Mente de Einstein – O Enigma do Tempo e Espaço – Documentário publicado no Youtube em 7 de dezembro de 2017. Este documentário está também na Netflix.

:: Genius – A vida de Einstein – Série do National Geographic em 10 episódios iniciada em 25 de abril de 2017. Pode ser encontrada na web.

Senet: jogo de tabuleiro do Egito antigo

O Senet é um dos mais antigos jogos de tabuleiro conhecidos. Senet, cujo nome significa “Jogo de Passagem” era um jogo de tabuleiro egípcio, dos períodos pré-dinástico e antigo, extremamente popular em todas as camadas da sociedade. Muitos historiadores creem que este seja um antepassado do gamão. O mais antigo hieróglifo representando um jogo de Senet é datado entre 3500 e 3100 a.C., o que faz dele o jogo de tabuleiro mais antigo registado pelo homem. Tabuleiros de aproximadamente 2650 a.C. estão registrados em tumbas egípcias. Nunca foram encontradas regras para o Senet, seja em papiros ou em paredes de tumbas. Acredita-se que, pelo fato de ter sido tão popular, ele tenha sido ensinado exclusivamente de um jogador para outro, sem necessidade de regras escritas. Ainda assim, com base em pinturas do jogo em tumbas, nas referências feitas a ele na escrita egípcia e olhando para os seus descendentes modernos, como o gamão, historiadores criaram o que se acredita ser a mais próxima reconstrução das regras de Senet.

Tabuleiro de Senet em faiança, gravado para Amenhotep III (ca. 1390-1353 a.C.) - Museu do Brooklyn, New York

:: Senet: Play Store (Android)
Há mais de uma opção. Testei este jogo aqui.

:: Senet: LuduScience
Site em português de Portugal. Além de breve apresentação, as regras podem ser baixadas em formato pdf. Confira, no menu, outros jogos antigos em “Jogos tradicionais”.

:: Como jogar Senet: Mitra Criações
Vídeo que ensina regras possíveis para o Senet. Publicado em 26 de março de 2016. Em português.

:: Senet: Board and Pieces
Site sobre jogos abstratos. História da descoberta do jogo e explicação detalhada, com desenhos, de como jogar. Há, neste site, uma bibliografia. Em inglês.

:: Senet – Game of 30 Squares: Ancient Games
Site de Eli Gurevich. História do jogo e explicação de como jogar. Há também um blog sobre jogos antigos. Em inglês.

:: The Rules of Senet: Masters Traditional Games
Traz as regras do jogo e suas variações, discutindo duas ou três possibilidades. Há regras para vários jogos tradicionais de tabuleiro aqui. Confira também a página Ancient & Historical Board Games. Em inglês.

:: 98 imagens de Senet: Blog de Dmitriy Skiryuk (Дмитрий Скирюк)
Estas imagens estão no blog de Dmitriy Skiryuk, um reconstrutor russo de jogos. As legendas podem ser traduzidas do russo para o português com o auxílio do Google Tradutor.

:: How Senet Works: HowStuffWorks
Como o Senet funciona? Texto de Laurie L. Dove. Publicado em 4 de abril de 2012. Em inglês.

Senet de Tutankhamon (ca. 1332–1323 a.C.) - Museu Egípcio do Cairo

Trecho de PICCIONE, P. A. In Search of the Meaning of Senet. Archaeology, vol. 33, n. 4 – July/August 1980 – p. 55-58 [em pdf aqui]:

Senet began as a, strictly secular game and its evolution can be analyzed in a practical as well as mystical sense. Historically, senet made it first known appearance in the Third Dynasty mastaba or tomb of Hesy-re, the overseer of the royal scribes of King Djoser at Saqqara, dating to approximately 2686 BC. Unidentified senet-like boards have also been found in Predynastic and First Dynasty burials at Abydos and Saqqara and date to about 3500-3100 BC. These and a number of First Dynasty (3100 BC) senet board hieroglyphics indicate that the game may be even older. Annotated depictions of people playing the game also appear on the walls of later Old Kingdom (2686-2160 BC) mastabas among other daily life scenes

Trecho de CRIST, W. ; DUNN-VATURI, A-E ; DE VOOGT, A. Ancient Egyptians at Play: Board Games Across Borders. London: Bloomsbury, 2016, 232 p. – ISBN 9781474221177:

Perhaps the best-known board game from ancient Egypt, senet, also appears in the offering list in Prince Rahotep’s tomb. As it was for mehen, this is the oldest known inscription offering the name of this game that is well attested in New Kingdom contexts. Much like mehen, this game also appears to have held strong connotations with the afterlife. The word zn.t means “passing” in Egyptian, and though any specific religious meaning the game may have held is unclear before the New Kingdom, its name does suggest at least a similar connection with the passing of the ba through the duat that is made explicit in the Book of the Dead. Piccione believes the full name of the game, zn.t n.t hb, “the passing game,” comes from the nature of gameplay where the pieces pass each other on the board. A canonical senet board is between 12 and 55 cm long, laid out in three rows of ten playing spaces, often with certain spaces marked, likely indicating a special outcome during the play of the game, as is shown below. Piccione points out that the name senet is only directly attributed to this pattern of spaces in the New Kingdom, and that Egyptologists have assumed that, when it appears in earlier texts, it refers to the same game. Without any evidence to suggest the name was once used for a different game, it is Piccione’s judgment the name senet referred to the same game in the Old and Middle Kingdoms as it did in the New Kingdom. The origins of senet in Egypt are confusing as there are no intact game boards that date before the Fifth Dynasty, though fragmentary boards, playing pieces and textual and representational art have been found to suggest its earlier existence (…) Toward the end of the Second Intermediate Period [nota: 1640-1550 a.C. – dinastias XV-XVII], senet game boxes appear in the archaeological record, though they probably existed earlier. While senet only appears in the material record as slabs or graffiti prior to the Second Intermediate Period, beginning in the Seventeenth Dynasty game boxes start to appear in Egypt.

Leia Mais:
Jogo Real de Ur

Estudos Bíblicos: Fome e alimento na Bíblia

Fome e alimento na Bíblia – Estudos Bíblicos 137, Jan/Mar 2018

Fome e alimento na Bíblia - Estudos Bíblicos 137, Jan/Mar 2018

Fabrizio Zandonadi Catenassi. Reclamando “de barriga cheia”: o maná e as codornizes em Qibrot-hatta’awah (Nm 11,4-35)

Luiz Alexandre Solano Rossi. Entre a fome e o desespero: análise bíblico-teológica de Neemias 5,1-5

Júlio Paulo Tavares Mantovani Zabatiero. Comprai e comei; comprai, sem dinheiro e sem pagar, vinho e leite (Is 55,1-2)

Rogério Goldoni Silveira. O SENHOR dá pão para os famintos: estudo do Salmo 146

Patrícia Zaganin Rosa Martins. Deus visitou o seu povo dando-lhe pão: A luta pela sobrevivência no livro de Rute

Flávio Henrique de Oliveira Silva. O Pão nosso de cada dia dá-nos hoje: observações à luz do Evangelho de Mateus

Ildo Perondi. As refeições de Jesus em Lucas

Cristina Aleixo Simões. As refeições entre as primeiras comunidades cristãs

Talmud online

Para quem tem interesse no Talmud, lembro que a tradução de Adin Steinsaltz está online em hebraico e inglês no site Sefaria.

Sobre isso dois artigos, em inglês, podem ser lidos:

:: Online library sets Talmud ‘free’ with full, no-charge translations – By Ben Sales – 8 February 2017 – The Times of Israel
For centuries, studying a page of the Talmud has come with a bevy of barriers to entry. Written mostly in Aramaic, the Talmud in its most commonly printed form also lacks punctuation or vowels, let alone translation. Its premier explanatory commentary, composed by the medieval sage Rashi, is usually printed in an obscure Hebrew typeface read almost exclusively by religious, learned Jews. Even then, scholars can still spend hours figuring out what the text means. And that’s not to mention the Talmud’s size and cost: 37 full volumes, called tractates, take up an entire shelf of a library and can cost several thousand dollars. Now, a website hopes to build on these earlier breakthroughs and break all the barriers at once. Sefaria, a website founded in 2013 that aims to put the seemingly infinite Jewish canon online for free, has published an acclaimed translation of the Talmud in English. The translation, which includes explanatory notes in relatively plain language, was started by Rabbi Adin Steinsaltz in 1965 and is considered by many to be the best in its class (…) The translation’s publication was made possible by a multimillion-dollar deal with the Steinsaltz edition’s publishers, Milta and Koren Publishers Jerusalem, and financed by the William Davidson Foundation, a family charity. The edition will be known as The William Davidson Talmud.

:: The Babylonian Talmud Is Now Available Free Online in English and Hebrew – By Yair Rosenberg – February 7, 2017 – Tablet
One of the most accessible Hebrew and English translations of the Babylonian Talmud is going open source. Today, Sefaria, an online nonprofit bringing traditional Jewish texts to the internet, announced that it will be posting the entire compendium with the crisp bilingual translation of Jerusalem polymath Rabbi Adin Steinsaltz Even-Yisrael. A multi-decade scholarly effort first published in Israel, the Hebrew Steinsaltz Talmud has long been a print staple of the beit midrash, while the English edition has been distributed by Random House and Koren Publishers. Now, however, both translations will be available to anyone with an internet connection, thanks to a grant from the William Davidson Foundation.

Quem é Adin Steinsaltz? Confira aqui, aqui e aqui.

Observo que o site Sefaria está também disponível em aplicativos gratuitos para Android e iOS.

A Bíblia desenterrada de Finkelstein e Silberman em nova edição

É isto que os autores deste livro pretendem contar: “A história do antigo Israel e o nascimento de suas escrituras sagradas a partir de uma nova perspectiva, uma perspectiva arqueológica”. Os autores pretendem separar história de lenda. Enfim, declaram, seu propósito não é simplesmente desmontar conhecimentos ou crenças, mas partilhar as mais recentes percepções arqueológicas “não apenas sobre o quando, mas também sobre o porquê a Bíblia foi escrita, e porque ela permanece tão poderosa ainda hoje”.

FINKELSTEIN, I. ; SILBERMAN, N. A. A Bíblia desenterrada: A nova visão arqueológica do antigo Israel e das origens dos seus textos sagrados. Petrópolis: Vozes, 2018, 392 p. – ISBN 9788532658074.

FINKELSTEIN, I. ; SILBERMAN, N. A. A Bíblia desenterrada: A nova visão arqueológica do antigo Israel e das origens dos seus textos sagrados. Petrópolis: Vozes, 2018, 392 p.

Esta obra, um marco na História de Israel, que fora lançada em português em 2003 [A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa, 2003, 515 p. – ISBN 8589876187], e está esgotada, recebe agora nova edição pela Vozes, certamente bem mais cuidada e com título muito mais adequado.

Eu a utilizo, desde seu lançamento em inglês, em 2001, como bibliografia básica em meu curso de História de Israel.

Recomendo a leitura de minha resenha do original em inglês:

FINKELSTEIN, I. ; SILBERMAN, N. A. The Bible Unearthed: Archaeology’s New Vision of Ancient Israel and the Origin of Its Sacred Texts. New York: The Free Press, 2001, xii + 385 p. – ISBN 9780684869124

Expedition: revista online do Penn Museum

 

Expedition - Volume 55 / Issue 2 - 2013

Since 1958, Expedition has been published as the members’ magazine of the Penn Museum. Here you can find a complete online archive of nearly 2,000 articles published in Expedition up to last year. Special issues focus on themes, current excavations, research projects, or upcoming exhibitions. To explore the Museum’s other digital content, visit The Digital Penn Museum.

Jogo Real de Ur

O Jogo Real de Ur foi encontrado nas escavações feitas na cidade mesopotâmica de Ur pelo arqueólogo britânico Sir Leonard Woolley na década de vinte do século passado. Um dos tabuleiros encontra-se no Museu Britânico, em Londres, desde 1928. Foi datado como sendo de aproximadamente 2500 a.C. e pertence à cultura suméria.

Jogo Real de Ur - The Royal Game of Ur (The British Museum)

:: Jogo Real de Ur – The Royal Game of Ur: Play Store (Android)
Há mais de uma opção. Testei este jogo aqui, mas há outras opções, como este tabuleiro aqui. Após entrar no jogo, veja um tutorial de como jogar.

:: Jogo Real de Ur: LuduScience
Site em português de Portugal. Além de breve apresentação, as regras podem ser baixadas em formato pdf. Confira, no menu, outros jogos antigos em “Jogos tradicionais”.

:: The Royal Game of Ur: The British Museum
Site do Museu Britânico. Apresentação do jogo, descrição da descoberta, imagens do jogo, bibliografia. Em inglês.

:: The Royal Game of Ur: Board and Pieces
Site sobre jogos abstratos. História da descoberta do jogo e explicação detalhada, com desenhos, de como jogar. Há, neste site, uma bibliografia. Em inglês.

:: Royal Game of Ur – Game of 20 Squares: Ancient Games
Site de Eli Gurevich. História do jogo e explicação de como jogar. Há também um blog sobre jogos antigos. Em inglês.

:: The Rules of the Royal Game of Ur: Masters Traditional Games
Traz as regras do jogo e suas variações, discutindo duas ou três possibilidades. Há regras para vários jogos tradicionais de tabuleiro aqui. Confira também a página Ancient & Historical Board Games. Em inglês.

:: Deciphering the world’s oldest rule book – Irving Finkel: The British Museum
Vídeo em inglês, com legendas em português, no qual o curador do Museu Britânico Irving Finkel conta como encontrou e traduziu as regras do Jogo Real de Ur. Publicado em 23 de novembro de 2015.

:: Tom Scott vs Irving Finkel: The Royal Game of Ur: The British Museum
Vídeo em inglês, com legendas em português, onde podemos ver Irving Finkel e Tom Scott jogando o Jogo Real de Ur no Museu Britânico. Publicado em 28 de abril de 2017.

:: Irving Finkel, On the Rules for the Royal Game of Ur: Academia.edu
Sobre as regras do Jogo Real de Ur: texto do livro de FINKEL , I. Ancient Board Games in Perspective: Papers from the 1990 British Museum Colloquium. London: British Museum Press, 2007, 352 p.  ISBN 9780714111537. Confira o livro na Amazon aqui. O texto está disponível para download em Academia.edu. É bastante técnico, porém. Em inglês.

:: 126 imagens do Jogo Real de Ur: Blog de Dmitriy Skiryuk (Дмитрий Скирюк)
Estas imagens estão no blog de Dmitriy Skiryuk, um reconstrutor russo de jogos. As legendas podem ser traduzidas do russo para o português com o auxílio do Google Tradutor.

:: BELL, R. C. Board and Table Games from Many Civilizations. Mineola, NY: Dover Publications, 2012, 464 p. – ISBN 9780486238555
Um livro muito elogiado sobre jogos de tabuleiro. Em inglês.

Leia Mais:
Histórias de criação e dilúvio na antiga Mesopotâmia
Histórias do Antigo Oriente Médio: uma bibliografia

Desdemocracia e epistemicídio

A agenda neoliberal impôs-se como uma nova forma de governamentalidade normativa, que estende a lógica do capital ao mundo inteiro, instalando a pós-democracia ou desdemocracia. O que vimos, entre inertes e revoltados na noite de 2 de setembro de 2018, aqui no Brasil, foi a concretização do epistemicídio em seu estágio mais primitivo e violento.

Museu Nacional - Rio de Janeiro - 02/09/2018

O Brasil sem Brasil: emblema da tragédia do Museu Nacional – por Rosane Borges: CartaCapital — 03/09/2018

A tragédia que se abateu sobre o Museu Nacional, a instituição científica mais antiga do Brasil, foi a peça que estava faltando para dar sentido à engrenagem de destruição do país da qual somos, simultaneamente, ferramentas e operadores (in)voluntários. 

A agenda neoliberal impôs-se como uma nova forma de governamentalidade normativa, que estende a lógica do capital ao mundo inteiro, instalando a pós-democracia ou desdemocracia, nas palavras dos especialistas no assunto, Pierre Dardot e Christian Laval.

DARDOT, P. ; LAVAL, C. A nova razão do mundo: Ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.

Com a balada altissonante do neoliberalismo, retorna-se ao capitalismo em seu estado bruto, em sua vida nua; destrói-se e confisca-se direitos adquiridos (relembremos o que o STF fez com a CLT, abrindo as porteiras para a terceirização indiscriminada); hasteia-se a bandeira da terra arrasada para que todos saibamos que não há mais saída, restando-nos a triste constatação de que vivemos (e viveremos) por nossa própria conta.

Para quem ainda não tinha entendido a morfologia da destruição à brasileira, a anedótica pergunta “Quer que eu desenhe?” mostrou sua face. E o desenho foi pintado, ou melhor, filmado em nossas telas ao vivo e em cores de fogo, convertendo-nos em testemunhas oculares, telespectadores desesperados,  céticos em relação ao que víamos.               

A carbonização do Museu Nacional desponta como um emblema real e simbólico do que a regressão neoliberal representa. Responsável por abrigar parte significativa do nosso patrimônio científico, histórico e artístico (em torno de 23 milhões de peças lá estavam abrigadas), o Museu vinha agonizando já algum tempo, emitindo sinais de que (sobre)vivia numa atmosfera de deterioração que pressagiava um iminente colapso.

Leia o texto completo*.

* A lista de obras destruídas pelo incêndio do Museu Nacional citada no artigo pode não ser correta. Confira aqui e aqui.

Para compreender Francisco

:: A Igreja, Francisco e as resistências. Entrevista com Daniele Menozzi – IHU Online: 01/09/2018

De que modo Francisco entende a relação entre Igreja e sociedade? E como ele manifesta isso no seu pontificado?

Parece-me que o núcleo fundamental da posição de Francisco em relação à sociedade contemporânea consiste na percepção de que a relação entre a Igreja e as pessoas não pode ser deduzida a partir de uma doutrina estabelecida a priori e considerada válida em todos os tempos e em todos os lugares. Isso não significa que a Igreja caia no relativismo, como consideram os tradicionalistas que se opõem veementemente ao pontífice. A Igreja tem o Evangelho como ponto de referência inevitável e absoluto.

Mas Bergoglio entendeu que o Evangelho só pode ser compreendido e comunicado no devir da história. A pretensão de estar fora e acima da história, como a Igreja fez nos últimos dois séculos, significou a sua renúncia a se colocar em sintonia com o mundo contemporâneo. Em suma, são os sinais dos tempos que permitem entender quais são os traços da mensagem evangélica que interceptam, em uma determinada situação histórica, as perguntas profundas dos seres humanos.

O Papa Francisco captou que, na condição da sociedade atual, a misericórdia representa o núcleo profundo do Evangelho que encontra ressonância em uma vida coletiva marcada pela difusão, em nível planetário, de problemas dramáticos: a crescente pobreza material; as iminentes ameaças de guerra, até mesmo nucleares; as estreitas respostas nacionalistas às grandes ondas migratórias; uma organização econômica marcada pela idolatria do lucro; uma degradação ambiental aparentemente incontrolável.

A opinião é do historiador italiano Daniele Menozzi, professor da Scuola Normale Superiore di Pisa, estudioso do papado moderno e contemporâneo, em entrevista concedida a Lorenzo Prezzi e publicada em Settimana News, 30/08/2018.

 

Original italiano:

:: La Chiesa, Francesco, le resistenze – Settimana News: 30/08/2018

In che modo Francesco comprende il rapporto tra Chiesa e società? E come lo manifesta nel suo pontificato?

Mi pare che il nucleo fondamentale della posizione di Francesco verso la società contemporanea consista nella percezione che il rapporto tra la Chiesa e gli uomini non può essere dedotto da una dottrina stabilita a priori e ritenuta valida in ogni tempo e in ogni luogo. Questo non significa che la Chiesa cada nel relativismo, come ritengono i tradizionalisti che si oppongono strenuamente al pontefice. La Chiesa ha come punto di riferimento ineludibile e assoluto il Vangelo.

Ma Bergoglio ha capito che il Vangelo può essere compreso e comunicato solo nel divenire della storia. La pretesa di stare al di fuori e al di sopra della storia, come la Chiesa ha fatto negli ultimi due secoli, ha significato una sua rinuncia a porsi in sintonia con il mondo coevo. Sono insomma i segni dei tempi che permettono di capire quali siano i tratti del messaggio evangelico che intercettano, in una determinata situazione storica, le domande profonde degli uomini.

Papa Francesco ha colto che, nella condizione della società odierna, la misericordia rappresenta il nucleo profondo del Vangelo che trova risonanza in una vita collettiva segnata dalla diffusione, a livello planetario, di drammatici problemi: la crescente povertà materiale; le incombenti minacce di guerra, anche nucleare; le grette risposte nazionalistiche alle grandi ondate migratorie; un’organizzazione economica segnata dall’idolatria del profitto; un degrado ambientale apparentemente inarrestabile.

Leia a entrevista completa.