Naḥal Ḥever: 8ḤevXIIgr

Em 8 de setembro de 1986, R. P. Pierre Benoit, OP, apresentou às autoridades competentes seu desejo, com base na idade e no estado de saúde, de renunciar ao cargo de editor-chefe da coleção Discoveries in the Judaean Desert. Ele havia assumido esse cargo em 1971, como sucessor de R. P. Roland de Vaux, OP, em uma idade em que a maioria dos homens se preparava para a aposentadoria, e conduziu o projeto tanto através das dificuldades substanciais que se seguiram às mudanças no status político de Jerusalém, quanto através da publicação de dois volumes do DJD, juntamente com várias obras independentes da coleção.

Ele não pôde desfrutar de uma aposentadoria bem merecida. Sete meses e meio após renunciar ao cargo de editor, em 23 de abril de 1987, ele morreu em Jerusalém, e agora repousa entre seus professores e colegas no cemitério do Priorado de Santo Estêvão.

Como seu sucessor, o corpo de editores indicou o abaixo assinado. Esta nomeação foi posteriormente confirmada pelas autoridades governamentais, que expressaram a esperança de ver, de ora em diante, um ritmo de publicação mais rápido da coleção, uma esperança que o novo editor-chefe partilha.

O presente volume é o primeiro a apresentar a coleção ‘Seiyal’, que também foi confiada ao nosso grupo editorial; seguir-se-á mais tarde um segundo volume Seiyal, a Col. B1–2 (de acordo com E. Tov) do Manuscrito dos Profetas Menores em grego de Nahal Hever (8HevXIIgr)ser editado por J.-T. Milik, E. Puech e J. Schwarz.

Essa coleção foi adquirida em 1952-4 pelo Museu Arqueológico Rockefeller, de escavadores clandestinos que demonstraram pouco respeito pelas fronteiras políticas. Eles nos disseram que a proveniência desses documentos era ‘o Wadi Seiyal’ e a coleção foi nomeada de acordo com essa informação.

Mais tarde, em 1960-1, escavações na mesma região feitas pela Expedição ao Deserto da Judeia (dirigida pelo Professor Y. Yadin) encontraram, em algumas das grutas que eles haviam registrado e escavado, vestígios de escavações anteriores e, às vezes, até fragmentos de material escrito, cujas partes maiores nos foram trazidas anteriormente, como provenientes de ‘Seiyal’.

Outro grupo de estudiosos, sob os auspícios do Santuário do Livro, está atualmente preparando para publicação o material escrito encontrado pela Expedição ao Deserto da Judeia, e os dois grupos editoriais procuram trabalhar em coordenação. Para a maior parte da coleção em nosso segundo volume de Seiyal, a gruta de proveniência não pode ser identificada com mais precisão do que ‘Seiyal’, e devemos usar esse nome e abreviatura (Se) para os manuscritos dessa coleção, não pretendendo proveniência de um wadi específico ou gruta.

No entanto, descobertas posteriores tornaram possíveis localizações mais precisas. Assim, o presente manuscrito dos Profetas Menores em grego, nº 2 na coleção ‘Seiyal’ (o chamado Se2grXII), foi reunido com alguns outros fragmentos dele que vieram da Gruta 8 em Naḥal Ḥever (8ḤevXIIgr), escavada por Y. Aharoni em 1961, e publicado preliminarmente por B. Lifshitz. Visto que para este manuscrito a verdadeira proveniência de todos os fragmentos é conhecida, sugerimos o uso de uma sigla comum para todos os fragmentos: 8ḤevXIIgr.

O manuscrito publicado aqui, contendo grandes trechos dos Profetas Menores em uma revisão antiga da versão da Septuaginta, foi publicado em parte de forma preliminar e discutido longamente por R. P. Dominique Barthelemy, OP, de Friburgo. Esperava-se que o mesmo autor produzisse também a edição completa. Mas à medida que se tornava cada vez mais pressionado por outras obrigações, ele recorreu a outro especialista da Septuaginta, o professor Emanuel Tov, da Universidade Hebraica de Jerusalém, convidando-o a assumir seu lugar como editor. A edição resultante será, espero, tão bem-vinda para os estudiosos da Septuaginta quanto para o editor-chefe.

Jerusalém, junho de 1987

John Strugnell – Editor chefe

 

Preface

On 8 September 1986, R. P. Pierre Benoit, OP, submitted to the competent authorities his desire, on grounds of age and health, to resign from the post of editor-ill-chief of the series Discoveries in the Judaean Desert. He had taken up that post in 1971, as successor to R. P. Roland de Vaux, OP, at an age when most men would be preparing for retirement, and has led the project both through the substantial difficulties which followed the changes in the political status of Jerusalem, and also through the publication of two volumes of DJD, together with several assorted books hors serie. He was not long to enjoy a well-earned retirement; seven and a half months after resigning the editorship, on 23 April 1987, he died in Jerusalem, and now rests among his teachers and colleagues in the cemetery of St Stephen’s Priory. As his successor, the body of editors nominated the under-signed; this nomination was subsequently confirmed by the governmental authorities, who at that time expressed a pressing hope for seeing a quicker rate of publication of the series in the future, a hope which the new editor-in-chief shares, and will do his best to realize.

Emanuel Tov The present volume is the first to present the ‘Seiyal’ collection, which was also entrusted to our editorial group; one more Seiyal volume will follow, to be edited by J.-T . Milik, E. Puech and J. Schwarz. This collection was acquired in 1952-4 by the Rockefeller (or, as it was then called, Palestine) Archaeological Museum, from clandestine excavators who had shown little respect for political frontiers. They told us that the provenance of these document s was ‘the Wadi Seiyal’ and the collection was named accordingly. Later, in 1960-1, excavations in the same general region by the Expedition to the Judaean Desert (directed by Professor Y. Yadin) found, in certain of the caves which they had recorded and excavated, traces of previous excavations, and sometimes even fragments of written material of which larger parts had earlier been brought to us as coming from ‘Seiyal’. Another group of scholars, under the auspices of the Shrine of the Book, are currently preparing for publication the written material found by the Expedition to the Judaean Desert, and the two editorial groups try to work in co-ordination . For most of the collection in our second Seiyal volume the cave of provenance cannot be identified any more precisely than ‘Seiyal’, and we must use that name and abbreviation (Se) for manuscripts in that collection, not intending provenance from a specific wadi or cave. Sometimes, however, later discoveries have made more precise localizations possible. Thus the present scroll of the Minor Prophets in Greek, No. 2 in the ‘Seiyal’ collection (as it were, Se2grXII), has been reunited with some other fragments of it which came from cave 8 in Naḥal Ḥever (8ḤevXIIgr), excavated by Y. Aharoni in 1961, and published preliminarily by B. Lifshitz. Since for this manuscript the true provenance of all the fragments is known, we suggest using a common siglum for all the fragments: 8ḤevXIIgr.

The scroll published here, containing large parts of the Minor Prophets in an early revision of the Septuagint version, was published in part in a preliminary fashion, and discussed at length, by R. P. Dominique Barthelemy, OP, of Fribourg. It had been expected that the same author would produce the full edition too; but as he became more and more pressed by other obligations, he turned to another Septuagint specialist, Professor Emanuel Tov of the Hebrew University in Jerusalem, inviting him to take over his own place as editor. The resultant edition will be, I hope, as welcome to Septuagint scholars as it is to the editor-in-chief.

Jerusalem, June I987

John Strugnell – Editor-in-chief

Fonte: Prefácio do livro de TOV, E. The Greek Minor Prophets Scroll from Naḥal Ḥever (8ḤevXIIgr): The Seiyâl Collection, I. (Discoveries in the Judaean Desert VIII). Oxford: Clarendon Press, 1990, 184 p. – ISBN 9780198263272.

Fragmentos de manuscritos bíblicos encontrados no deserto da Judeia

Desde 2017 a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA – Israel Antiquities Authority), em cooperação com outros departamentos do governo israelense, vem fazendo o levantamento das grutas do deserto da Judeia. Agora, dia 16 de março de 2021, importantes resultados das escavações foram divulgados pela IAA.

Em uma gruta, conhecida como “Gruta do Horror“, de difícil acesso, onde judeus se esconderam durante a revolta liderada por Bar-Kokhba contra os romanos, entre Fragmentos de textos bíblicos encontrados no deserto da Judeia. © Shai Halevi, Israel Antiquities Authority131 e 135 d.C., foram descobertos fragmentos de um manuscrito, em pergaminho, contendo trechos, em grego, dos profetas Zacarias e Naum.

Além dos fragmentos dos textos bíblicos, a operação revelou outras achados como moedas judaicas da época de Bar-Kokhba, pontas de flechas, sandália, pente. E coisas extraordinárias, como um esqueleto de uma criança, com idade entre 6 e 12 anos, de cerca de 4 mil a.C., embrulhado em um tecido e mumificado, e uma grande cesta, intacta, de 8.500 a.C., a mais antiga do mundo até agora encontrada.

Explica William A. Ross, em seu blog Septuaginta &c., no post The New Dead Sea Scroll Discoveries and the Septuagint, de 16 de março de 2021:

É uma história fantástica, mas a versão resumida é que, pela primeira vez em sessenta anos, os arqueólogos descobriram vários novos itens da chamada Gruta do Horror no wadi Naḥal Ḥever. As descobertas são o resultado de esforços renovados da Autoridade de Antiguidades de Israel para evitar mais saques de tesouros culturais.

Se você acha que os estudos bíblicos são monótonos, dê uma olhada no vídeo das escavações [confira o link abaixo]. Como você pode ver no vídeo, a Gruta do Horror – carinhosamente conhecida como “Gruta 8” – está situada a algumas centenas de metros da encosta de um penhasco íngreme. Os estudiosos sabem sobre a caverna desde a década de 1950, quando ela foi descoberta por beduínos. Originalmente, continha mais de quarenta esqueletos humanos – daí o seu nome – que pertenceram a judeus durante a revolta de Bar Kokhba contra os romanos, junto com um manuscrito dos Profetas Menores em grego conhecido como 8ḤevXIIgr (Ra 943).

Fragmentos dos Doze Profetas Menores encontrados no deserto da Judeia © Orit Kuslansky Rosengarten, Israel Antiquities AuthorityParece que os fragmentos agora encontrados vieram daquele mesmo manuscrito maior descoberto por Yohanan Aharoni nos anos 60 (8ḤevXIIgr) e posteriormente examinado por Dominique Barthélemy.

Esses fragmentos, escritos por dois diferentes escribas, já estão sendo estudados por Tanya Bitler, Oren Ableman e Beatriz Riestra. Até agora, onze linhas de texto foram reconstruídas a partir de Zc 8,16-17 e Na 1,5-6, onde o Tetragrama aparece escrito em paleo-hebraico.

Parte do que torna esses fragmentos – e o manuscrito do qual eles fazem parte – tão significativos é que esta versão grega específica dos Profetas Menores difere em certos aspectos da que temos no Texto Massorético (TM), que constitui a base textual de praticamente todos traduções modernas do Antigo Testamento.

Recomendo as fotos e vídeos das escavações. Podem ser acessados aqui e aqui.

Para ler mais:

Fragmentos bíblicos encontrados em Israel. É a mais importante descoberta dos últimos 60 anos – Paolo Ondarza: Vatican News – 16/03/2021Col. B1–2 (de acordo com E. Tov) do Manuscrito dos Profetas Menores em grego de Nahal Hever (8HevXIIgr)

Joseph Lauer’s Roundup of Sources For the Latest Dead Sea Scroll Discovery – Jim West: Zwinglius Redivivus – 16 Mar 2021

A challenging Israel Antiquities Authority operation has uncovered thrilling finds in the Judean Desert Nature Reserve – The Friends of the Israel Antiquities Authority: March 16, 2021

Bible scroll fragments among dazzling artifacts found in Dead Sea Cave of Horror – By Amanda Borschel-Dan: The Times of Israel – 16 March 2021

New Nahal Hever LXX Fragments of the Minor Prophets – By Peter Curry: Evangelical Textual Criticism – March 16, 2021

Revisitando o legado de Layard

Livro disponível para download gratuito. Em inglês.

ERMIDORO, S. ; RIVA, C. (eds.) Rethinking Layard 1817-2017. Istituto Veneto di Scienze, Lettere ed Arti: Venezia, 2020, 228 p. – ISBN 9788892990005.

Atti del convegno promosso dall’istituto Veneto di Scienze, Lettere ed Arti e Università Ca’ Foscari Venezia, Dipartimento di Studi Umanistici (Venezia, 5-6 marzo 2018).

Austen Henry Layard: 1817-1894

Repensando Layard 1817-2017 marcou o bicentenário do nascimento do famoso arqueólogo e diplomata Austen Henry Layard (1817-1894). O volume reúne contribuições para a conferência internacional de dois dias, que foi organizada por Stefania Ermidoro e Cecilia Riva, com o apoio do Istituto Veneto di Scienze, Lettere e Arti e Scuola Dottorale na Storia delle Arti da Universidade Ca ’Foscari.

Usando uma abordagem interdisciplinar, os ensaios coletados neste volume pretendem expandir e cruzar novos materiais não publicados sobre Layard e suas atividades, realizações e legado de longo prazo em Londres e Veneza do século XIX. Uma atenção particular é dada à contribuição de Layard para a arte, arqueologia, política e diplomacia.

 

This volume contains the papers presented at the Conference Rethinking Layard 1817-2017 and is promoted by Istituto Veneto di Scienze, Lettere ed Arti and by Università Ca’ Foscari Venezia, Dipartimento di Studi Umanistici (Venice, 5-6 March 2018).

Rethinking Layard 1817-2017 marked the bicentenary of the birth of the famous archaeologist and diplomat Austen Henry Layard (1817-1894). The volume brings together contributions to the international two-day conference, which was organised by Stefania Ermidoro and Cecilia Riva, with the support of the Istituto Veneto di Scienze, Lettere e Arti and Scuola Dottorale in Storia delle Arti of Ca’ Foscari University. Using an interdisciplinary approach, the essays collected in this volume intend to expand and cross-relate new, unpublished materials about Layard and his activities, achievements, and long-term legacy in nineteenth-century London and Venice. Particular attention is placed upon Layard’s contribution to art, archaeology, politics, and diplomacy.

Contents

Andrew R. George, Layard of Nineveh and the Tablets of Nineveh

Silvia Alaura, Austen Henry Layard and Archibald Henry Sayce: an Anatolian Perspective

John Curtis, Layard’s Relationship with F.C. Cooper and His Other Artists

Georgina Herrmann, Austen Henry Layard, Nimrud and His Ivories

Stefania Ermidoro, A Family Treasure: the Layard Collection at Newcastle University

Henrike Rost, New Perspectives on a Supranational Elite in Venice: Lady Layard’s Musical Activities and Her Autograph Book (1881-1912)

Jonathan P. Parry, Henry Layard and the British Parliament: Outsider and Expert

Maria Stella Florio, Rawdon Brown and Henry Layard in Venice

Frederick Mario Fales, Layard, Saleh, and Miner Kellogg: Three Worlds in a Single Painting

Cecilia Riva, Austen Henry Layard and His Unruly Passion for Art

 

Um trecho do Prefácio:

Uma primeira série de artigos enfatiza o papel de Layard como pioneiro e defensor dos estudos arqueológicos e revive seu legado. Layard não apenas estabeleceu as bases da assiriologia, como Andrew George argumenta, mas também contribuiu para a arqueologia pré-clássica da Anatólia, como Silvia Alaura descreve em seu ensaio sobre a troca de experiência entre Layard e Archibald Henry Sayce.

John Curtis aborda a relação de Layard com os artistas que o acompanharam nas escavações em Nimrud e Nínive, cujas ilustrações contribuíram para uma contextualização mais precisa das descobertas de Layard, bem como para uma melhor compreensão da arte assíria entre os estudiosos e o público. Mario F. Fales explica como as descobertas assírias chegaram à América, analisando o retrato orientalista idealizado que Miner K. Kellogg pintou de Layard. Partindo da função dessas representações visuais da Assíria e do Oriente em geral, Georgina Herrmann oferece um exame detalhado de alguns dos marfins siro-fenícios e egípcios descobertos por Layard, mantidos no Museu Britânico.

Depois de mergulhar no arquivo da família de Layard, que foi recentemente depositado na Biblioteca Philip Robinson da Universidade de Newcastle, Stefania Ermidoro apresenta Layard de uma perspectiva nova e mais íntima. Sendo um repositório de memórias pessoais e materiais de trabalho, o arquivo fornece um ponto de acesso aos variados interesses e atividades de Layard, bem como aos de sua esposa, Lady Enid Layard, nascida Guest. Henrike Rost dirige sua atenção para o álbum de autógrafos de Lady Layard e as noites musicais organizadas no Ca ‘Cappello Layard, que oferece uma visão fascinante do círculo social do casal. Entre as atividades que os Layards desenvolveram em Veneza estava o investimento na fabricação de vidro de Murano, que Rosa Barovier Mentasti descreveu na conferência; sua apresentação pode ser vista no canal do Istituto Veneto no Youtube.

O contexto veneziano de meados do século XIX em diante é explorado por Maria Stella Florio. Ela desvia o olhar dos Layards para apresentar outro ilustre anglo-veneziano, embora da geração anterior, Rawdon Brown. A comparação entre essas duas personalidades e sua abordagem de Veneza e suas instituições é complementada pelo ensaio de Cecilia Riva, no qual a atividade de coleta e os relacionamentos de Layard são explorados. Ela se concentra principalmente no corpo diplomático britânico em Veneza e seu papel no mercado de arte. Na verdade, a ambição de toda a vida de Layard, desde sua primeira viagem a Constantinopla, era ser um diplomata de alto escalão, um status que ele parcialmente conquistou. Johnathan Parry destaca como suas ambições diplomáticas também guiaram sua carreira parlamentar, enquanto lançava uma nova luz sobre um dos aspectos menos conhecidos da vida de Layard.

A variedade e amplitude dos ensaios, bem como seu conteúdo inter-relacionado, contribuem para uma imagem rica e complexa de Layard. Rethinking Layard 1817-2017 chamou a atenção para o envolvimento de Layard nas muitas instituições públicas das quais ele participou, tanto em Londres quanto em Veneza. Em particular, os colaboradores lançaram luz sobre as atividades de Layard como colecionador e colaborador de vários museus e coleções particulares. Finalmente, o legado contínuo de Layard atrai muita atenção, especialmente nos campos da arqueologia, questões do mercado de arte, estudos de vidro e história da política.

 

A first series of papers stresses the role Layard played as a pioneer and supporter of archaeological studies and revives his legacy. Not only did Layard establish the foundations of Assyriology, as Andrew George argues, but he also contributed to the pre-classical archaeology of Anatolia, as Silvia Alaura outlines in her essay on the exchange of expertise between Layard and Archibald Henry Sayce.

John Curtis addresses Layard’s relationship with the artists who accompanied him on the excavations in Nimrud and Nineveh, whose illustrations contributed to a more precise contextualization of Layard’s discoveries, as well as to a better understanding of Assyrian art among scholars and the public. Mario F. Fales explains how Assyrian discoveries reached America, by analysing the idealised Orientalist portrait Miner K. Kellogg painted of Layard. Drawing back from the function of these visual representations of Assyria and the Orient in general, Georgina Herrmann offers a close examination of some of the Syro-Phoenician and Egyptianizing ivories discovered by Layard, kept at the British Museum.

Having delved into the Layard’s family archive that was recently deposited to the Philip Robinson Library at Newcastle University, Stefania Ermidoro presents Layard from a new and more intimate perspective. Being a repository of personal memories and working materials, the archive furnishes a point of access to Layard’s varied interests and activities, as well as to those of his wife, Lady Enid Layard, née Guest. Henrike Rost directs her attention to Lady Layard’s autograph album and the musical evenings organised at Ca’ Cappello Layard, which gives a fascinating insight into the couple’s social circle. Among the activities the Layards pursued in Venice was their investment in Murano glass-making, which Rosa Barovier Mentasti described at the conference; her presentation can be seen on the Istituto Veneto’s Youtube channel.

The Venetian context of the mid-nineteenth century onwards is explored by Maria Stella Florio. She shifts the emphasis away from the Layards by introducing another illustrious Anglo-Venetian, albeit of the previous generation, Rawdon Brown. The comparison between these two personalities and their approach to Venice and its institutions is complemented by Cecilia Riva’s essay, in which Layard’s collecting activity and networks are explored. She focuses particularly on the British diplomatic corps in Venice and its role in the art market. Indeed, Layard’s lifelong ambition since his first journey to Constantinople was to be a diplomat of the top rank, a status he partly achieved. Johnathan Parry points out how his diplomatic ambitions also guided his parliamentary career, while shedding new light on one of the least-known aspects of Layard’s life.

The sheer variety and breadth of the essays, as well as their cross-relation in content, contribute to a rich and complex picture of Layard. Rethinking Layard 1817-2017 drew attention to Layard’s involvement in the many public institutions in which he took part, both in London and in Venice. In particular, the contributors shed light on Layard’s activities as a collector and contributor to various museums and private collections. Finally, Layard’s ongoing legacy elicits much attention, especially in the fields of archaeology, art market issues, glass studies, and history of politics.

Ugarit e Baal

Ugarit (Ras Shamra), na região siro-fenícia, é importante para o estudioso de Bíblia por causa de sua grande literatura, relacionada com a literatura bíblica e sua língua, parente da hebraica. As escavações aí realizadas enriqueceram muito os estudos bíblicos nos últimos tempos.

Ugarit, na região siro-feníciaAssim se deu sua descoberta: em março de 1928, um lavrador alauita, arando sua propriedade a cerca de 12 km ao norte de Latakia, antiga Laodicea ad mare, remove uma pedra na qual seu arado bate e encontra os restos de uma tumba antiga. Colocado a par da descoberta, o Serviço de Antiguidades da Síria e do Líbano, na época sob mandato francês, encarrega um especialista, M. L. Albanese, que imediatamente notifica a presença de uma necrópole e identifica a tumba como sendo do tipo micênico, datável aí pelos séculos XIII ou XII a.C.

Uma necrópole supõe a existência de uma cidade. Por isso, Albanese e Dussaud prestaram atenção à colina vizinha, chamada Ras Shamra, de uns 20 metros de altitude, que tinha toda a aparência de ser um tell arqueológico, ou seja, um acúmulo de ruínas antigas, e que podia corresponder à cidade procurada.

Um ano mais tarde, no dia 2 de abril de 1929, sob o comando de Claude F. A. Schaeffer, começaram as escavações, primeiro da necrópole, e logo em seguida, no dia 8 de maio, no tell, que tem um extensão de uns 25 hectares e se encontra a cerca de 800 metros da costa. Ao norte se vê o Jebel Aqra’, “monte pelado”, ou Monte Zafon (o monte Casius, dos romanos) que separa a região dos alauitas do vale e da desembocadura do rio Orontes.

Poucos dias mais tarde, foram feitas as primeiras descobertas: tabuinhas de argila escritas em caracteres cuneiformes, objetos de bronze e de pedra.

A identificação do nome do local não foi difícil, pois os textos descobertos sugeriram imediatamente que se tratava de Ugarit (ú-ga-ri-it), já conhecida por referências da literatura egípcia e mesopotâmica, sobretudo pelas Cartas de Tell el-Amarna, onde se encontram algumas provenientes da própria Ugarit. Entre os textos encontrados aparece o nome da cidade.

Os textos foram encontrados todos no primeiro nível arqueológico (1500-1100 a.C.) , pertencendo, portanto, à última fase da cidade, que foi destruída pelos “povos do mar“. Os textos estavam principalmente na “Biblioteca” anexada ao templo de Baal e no “Palácio Real” ou “Grande Palácio”, que possuía diversas dependências para arquivos.

As tabuinhas estão redigidas em sete sistemas diferentes de escrita, correspondente a sete línguas diferentes: em hieróglifos egípcios, em hitita hieroglífico e cuneiforme, em acádico, em hurrita, em micênico linear e cipriota e em ugarítico. Os textos que nos interessam estão em ugarítico, um sistema cuneiforme alfabético, que foi decifrado em poucos meses por H. Bauer, E. Dhorme e Ch. Virolleaud. Nesta língua, que é uma forma do cananeu, foram encontrados cerca de 1300 textos.

Para nós é muito importante o Ciclo de Baal (ou Ba’lu). As tabuinhas do Ciclo de Baal foram encontradas todas nas campanhas arqueológicas de 1930, 1931 e 1933 e estão hoje no Museu do Louvre, Paris, e no Museu de Aleppo, na Síria.

São seis tabuinhas que trazem um ciclo mitológico composto de três mitos ou composições autônomas que giram cada uma em torno de um mitema particular: Luta entre Ba’lu e Yammu (1.1-2), O palácio de Ba’lu (1,3-4) e a Luta entre Ba’lu e Môtu (1.5-6).

E o mais interessante no Ciclo de Baal é que as seis tabuinhas têm a mesma “caligrafia”, ou seja, foram escritas pelo mesmo escriba que se identifica como Ilimilku em 1.6 e 1.16, junto com o nome do Sumo Sacerdote, Attanu-Purlianni, para quem trabalhou e que deve ter ditado o texto, e a quem deveremos considerar como o autor, redator ou, quem sabe, apenas o transmissor desta versão tradicional do mito de Baal e o nome do rei, Niqmaddu, que governou Ugarit de 1370 a 1335 a.C.

Baal é um jovem deus, filho de El, que é o pai de todos os deuses do panteão ugarítico, mas também é conhecido como filho de Dagan. Baal significa “senhor”. É chamado igualmente de Hadad ou Haddu e considerado como “Cavalgador das Nuvens”, “Príncipe”, “Senhor da Terra”, “Poderoso”, “Soberano”.

Diz o mito da Luta entre Baal e Môt que Môt (deus da morte e da esterilidade) se sente prejudicado pela vitória de Baal (deus da chuva e da fertilidade) sobre Yam (deus do mar), vitória que afeta seu poder. Baal declara sua submissão e é intimado por Môt a descer por sua goela, sendo, assim, morto. É que no mundo subterrâneo de Môt ninguém é capaz de resistir ao seu poder.

El, o pai de Baal, lamenta profundamente a morte do “Senhor da Terra”:

“Chegamos junto de Baal, ele estava caído por terra. Baal de Ugarit - Museu do Louvre, Paris
Baal, o muito Poderoso, estava morto
o Príncipe, Senhor da Terra, tinha perecido.
Então El, o Misericordioso de grande coração,
desce de seu trono, assenta-se no escabelo
e do escabelo vai assentar-se na terra.
Espalha sobre sua cabeça a cinza do luto,
sobre seu crânio, a poeira da aflição.
cobre seus rins com um saco,
golpeia sua pele com uma pedra,
corta com uma navalha suas duas tranças,
lacera três vezes suas faces e seu queixo (…)
Eleva sua voz e exclama:
‘Baal morreu! Que vai ser do povo?
O filho de Dagan morreu! Que vai ser da multidão?’”

Mas Anat, deusa do amor, da fecundidade e da guerra, companheira de Baal, vai à sua procura, resgata seu corpo e enfrenta Môt, matando-o.

“Os dias passaram
os dias tornaram-se meses;
Anat, a Donzela, o procurou.
Como o coração da vaca por seu bezerro,
como o coração da ovelha por seu cordeiro,
assim batia o coração de Anat por Baal.
Agarrou o divino Môt,
com uma faca o partiu,
com um ancinho o limpou,
no fogo o queimou,
com pedras de moinho o triturou,
no campo o espalhou,
sua carne os pássaros comeram,
seus pedaços as aves devoraram
a carne à carne foi convidada”.

Com a morte de Môt, Baal revive e isto provoca grande alegria:

“Está vivo Baal, o Vitorioso (…)
que os céus chovam azeite
que as torrentes fluam com mel (…)
Alegrou-se El, o Misericordioso de grande coração, apoiou seus pés no escabelo
iluminou-se seu semblante e começou a rir”.

E, finalmente, os campos ressequidos voltam a receber a chuva que os fertiliza, porque Baal, o Senhor da Terra, está vivo.

Os mitos de Ugarit podem ser lidos em DEL OLMO LETE, G. Mitos y leyendas de Canaan según la tradición de Ugarit. Madrid: Institución San Jeronimo/Ediciones Cristiandad, 1981.

Ugarit – Ras Shamra

Série Ras Shamra – Ougarit

Vários volumes estão disponíveis online e para download. Sobre Ugarit (Ras Shamra), confira aqui.

A série Ras Shamra – Ougarit foi iniciada por Marguerite Yon, diretora da Missão Arqueológica Francesa de Ras Shamra de 1978 a 1998. Dezesseis volumes (I a XVI) foram publicados sob sua responsabilidade. A série foi então dirigida por Yves Calvet, diretor francês da Missão Arqueológica Siro-Francesa de Ras Shamra de 1999 a 2008, e desde 2009, por Valérie Matoïan, diretora francesa da missão. A série, que visa entregar documentação inédita à comunidade científica, inclui monografias e trabalhos coletivos. O volume XXVII foi lançado em 2019.

A grande maioria dos textos é escrita em francês. Os resumos em inglês estão associados às contribuições do volume XVII e aos resumos em árabe do volume XXIII.YON M., SZNYCER M. et BORDREUIL P. (éds), 1995, Le pays d’Ougarit autour de 1200 av. J.C., Actes du Colloque International, Paris, 28 juin- 1er juillet 1993, Ras Shamra-Ougarit XI, ERC, Paris.

Desde a sua criação, esta publicação tem recebido apoio constante do Ministério das Relações Exteriores. Desde 1983 e até 2007, a série foi publicada pela Éditions Recherche sur les Civilizations (Paris), de 2008 a 2012 pela Publications de la Maison de l’Orient et de la Méditerranée (Lyon), e desde 2012 pela Éditions Peeters em Lovaina .

O índice é apresentado para cada volume. Os volumes I a XVI também estão disponíveis online e para download. A operação de digitalização desses volumes recebeu o apoio do Ministério das Relações Exteriores e do Departamento de TI da Maison de l’Orient et de la Méditerranée. Para os volumes a seguir, os resumos das contribuições estão disponíveis online.

 

La série Ras Shamra – Ougarit a été initiée par Marguerite Yon, directrice de la Mission archéologique française de Ras Shamra de 1978 à 1998. Seize volumes (I à XVI) sont parus sous sa responsabilité. La direction de la série a ensuite été assurée par Yves Calvet, directeur français de la Mission archéologique syro-française de Ras Shamra de 1999 à 2008, et depuis 2009, par Valérie Matoïan, directrice française de la mission. La série, dont l’objectif est de livrer à la communauté scientifique la documentation inédite, comprend des monographies et des ouvrages collectifs. Le volume XXVII est paru en 2019.

La très grande majorité des textes sont rédigés en langue française. Des résumés en langue anglaise sont associés aux contributions depuis le volume XVII et des résumés en langue arabe depuis le volume XXIII.
Depuis sa création, cette publication reçoit un soutien constant du Ministère des Affaires étrangères. Depuis 1983 et jusqu’en 2007, la série est parue aux Éditions Recherche sur les Civilisations (Paris), de 2008 à 2012 aux Publications de la Maison de l’Orient et de la Méditerranée (Lyon), et depuis 2012 aux Éditions Peeters à Leuven.

La table des matières est présentée pour chaque volume. Les volumes I à XVI sont de plus consultables en ligne et téléchargeables. L’opération de numérisation de ces volumes a reçu le soutien du Ministère des Affaires étrangères et du Service informatique de la Maison de l’Orient et de la Méditerranée. Pour les volumes suivants, les résumés des contributions sont consultables en ligne.

Covid-19: fase vermelha

Todo o estado de São Paulo entrou neste sábado, 06.03.2021, na fase vermelha do plano São Paulo para conter o avanço do número de casos e mortes provocadas pelo Fase vermelha em São Paulo em 06.03.2021novo coronavírus. A fase restritiva da quarentena deve permanecer até o dia 19 de março de 2021.

Fase vermelha começa neste sábado

Veja o que pode e o que não pode funcionar na fase vermelha em Ribeirão Preto, SP

Brasil bate novo recorde e acumula 10 mil mortes por Covid em uma semana; médias de mortes e de casos são as maiores da pandemia – G1: 06/03/2021

Covid-19: Onda Roxa

A Onda Roxa prevê medidas mais restritivas para conter o avanço da contaminação pelo coronavírus, como restrição de circulação nas ruas em qualquer horário e barreiraOnda Roxa em Minas Gerais em 07.03.2021 sanitária. Elas são impostas pelo governo do Estado de Minas às prefeituras que estão à beira do colapso do sistema de saúde. Nesta onda, todos as cidades, independente da adesão ou não ao Minas Consciente, deverão seguir as determinações estaduais.

Mais duas regiões de MG vão para Onda Roxa e já são quase 200 municípios com regras mais rígidas no estado

Após alteração no ‘Minas Consciente’, macrorregiões Triângulo do Norte e Noroeste são inseridas na Onda Roxa

Macrorregião Triângulo do Sul é inserida na Onda Roxa, fase mais restritiva do programa ‘Minas Consciente’

A escavação arqueológica da cidade de Babilônia

Reproduzo aqui alguns trechos do livro de THELLE, R. Discovering Babylon. Abingdon: Routledge, 2019, p. 77-83.

Li o capítulo V do livro e gostei bastante do relato sobre a descoberta arqueológica da antiga Mesopotâmia.

Estes trechos traduzidos são deste capítulo e contam a história da escavação da cidade de Babilônia por Robert Koldewey, de 1899 a 2017.

As notas de rodapé (números 14-32) foram omitidas. O original inglês vem logo após a tradução em português.

 

A cidade de Babilônia

Em 1887 um arquiteto alemão chamado Robert Koldewey viajou para a Babilônia junto com o arabista Bruno Moritz e H.F. Ludwig Meyer, um comerciante. Koldewey jáTHELLE, R. Discovering Babylon. Abingdon: Routledge, 2019 havia participado como arquiteto na escavação americana de Assos na costa oeste da Turquia (1882-1883) e em 1885-1886 escavou na ilha de Lesbos em nome do Instituto Imperial Alemão de Arqueologia. Na viagem pelo sul do Iraque, Moritz e Koldewey realizaram escavações experimentais em Surghul e El-Hibba (Lagash), mas Koldewey não ficou impressionado. Muitos anos depois, ele comentou que se alguém lhe tivesse dito em 1887 que 20 anos depois ele escavaria a cidade de Babilônia, ele teria pensado que eles eram loucos.

Dez anos depois, após ter concluído vários outros projetos, Koldewey foi convidado a participar de uma pré-expedição à Mesopotâmia em busca de locais apropriados para as escavações alemãs. Nesta viagem, ele foi acompanhado pelo orientalista Eduard Sachau. Durante um período de seis meses, eles cobriram a área da Índia no leste ao Egito no oeste, de Aden no sul até Khorsabad e Aleppo no norte. No local da antiga Babilônia, eles encontraram vários fragmentos de tijolos vitrificados coloridos. Além de ser um linguista de línguas semíticas, Sachau era um especialista no estudioso muçulmano Al-Biruni, que viveu no século XI no atual Afeganistão e na Índia. Quando Sachau e Koldewey apresentaram suas descobertas perante a comissão em Berlim, Babilônia foi escolhida como o local para escavar, e Koldewey foi contratado para dirigir a escavação.

Chegam os alemães: escavando Babilônia

No final, foram os fragmentos de tijolos vitrificados coloridos que os franceses também descreveram quase 50 anos antes que convenceram as autoridades alemãs de que Babilônia merecia se tornar o foco de um grande projeto. Esta foi a primeira escavação em grande escala da Alemanha na Mesopotâmia. Em comparação com a Inglaterra e a França, os exploradores alemães procuravam objetos para seus museus nacionais no Oriente Médio há pouco tempo. Embora eles tivessem começado a explorar o Egito, a Grécia e algumas partes da Turquia, como Troia e até a Palestina em 1899, eles não o haviam feito na Mesopotâmia.

Desde a primeira época de descobertas em Nínive entre 1842 e 1852, grandes mudanças também aconteceram na Europa no cenário político. A Alemanha foi unificada como nação em 1871, após a guerra franco-prussiana. No início, a Alemanha, sob o chanceler Bismarck, optou por uma política externa bastante moderada que mantinha o equilíbrio de poder na Europa. Mas com o imperador Wilhelm II, uma nova época começou. Wilhelm II substituiu Bismarck por outro chanceler dois anos após sua ascensão ao trono imperial em 1888, e começou um período caracterizado por uma política externa cada vez mais ampliada que ele chamou de Weltpolitik. A Alemanha desenvolveu fortes laços com o Império Otomano, o que os ajudou a garantir boas condições para as escavações. A construção da ferrovia Berlim-Bagdá é um exemplo das grandes ambições do Império Alemão na Ásia Ocidental, o que acabou prejudicando seu relacionamento com a Rússia, França e Inglaterra.

 Robert Koldewey: 1855-1925Quando a escavação de Babilônia começou em 1899, os métodos arqueológicos já eram muito mais desenvolvidos e refinados do que quando Botta e Layard cavaram túneis para obter esculturas de pedra 50 anos antes. Além disso, em comparação com as escavações de Nippur e Lagash (Girshu-Telloh), a expedição alemã foi muito mais cuidadosa e sistemática. De muitas maneiras, a escavação da Babilônia estabeleceu o padrão para a metodologia arqueológica moderna. Além disso, como Koldewey era arquiteto, ele dirigiu a escavação sabendo como era importante obter uma visão geral da extensão dos edifícios e documentar o plano da cidade. Os métodos empregados na escavação da Babilônia passaram a servir de modelo para a metodologia de escavação nas ruínas desta área. O termo tell é usado para falar dessas elevações no Oriente Médio. Vem do hebraico e refere-se a uma colina artificial que é o resultado de séculos de camadas de ocupação humana. Os métodos usados ​​pelo pessoal de Koldewey foram transmitidos de geração em geração de trabalhadores contratados localmente, levando ao desenvolvimento de técnicas especializadas para localizar muralhas e traçar os contornos de edifícios nos tijolos de barro antigos e delicados ou nos tijolos secos ao sol. Foi dada atenção à estratigrafia (um método que requer a documentação das várias camadas de terra através das quais se cava) e à documentação do contexto de pequenos achados. As escavações no Iraque após a Primeira Guerra Mundial seguiram o que passou a ser chamado de “método alemão”, quer fossem lideradas por americanos, britânicos ou outros.

A escavação da Babilônia foi o primeiro projeto da recém-formada Sociedade Oriental Alemã (Deutsche Orient-Gesellschaft). Representantes dos Museus Reais de Berlim foram os comissários do projeto. Eles negociaram com as autoridades otomanas para obter as autorizações necessárias, contrataram Koldewey como diretor e deram à Sociedade Oriental Alemã a responsabilidade de supervisionar o projeto. Inicialmente, o empresário judeu James Simon disponibilizou o financiamento, que mais tarde foi continuado pelo próprio imperador. Simon era um personagem importante na Berlim da época; ele dirigia uma das maiores empresas de algodão da Europa e era o maior contribuinte de Berlim. Ele também apoiava a expansão da cultura alemã e era amigo do imperador Wilhelm. Simon dirigia muitos projetos filantrópicos para judeus na Alemanha e apoiava a presença judaica na Palestina.

A Porta de Ishtar, a Via Processional e o Templo de Marduk

Os restos encontrados pelos escavadores de Babilônia vieram principalmente do último período de grandeza da Babilônia, quando ela era o centro do império de Nabucodonosor II no século VI a.C. Nabucodonosor restaurou Babilônia ao seu antigo status de maior cidade do Oriente Médio. Essa foi a Babilônia que ameaçou, destruiu e devastou Jerusalém, pondo fim à monarquia da Judeia. Os escavadores também encontraram vestígios da primeira Babilônia, a cidade que fora a capital do primeiro reino real na Mesopotâmia – o Antigo Reino da Babilônia – com Hammurabi como seu rei mais famoso (1792–1750 a.C).

A descoberta mais espetacular da expedição alemã foi a Porta de Ishtar com a Via Processional que atravessa a porta e entra na cidade. Os pedaços de tijolos vitrificados coloridos que foram encontrados anteriormente vieram dessas estruturas. E as muralhas da cidade acabaram sendo tão maciças quanto Heródoto havia afirmado. As muralhas de Babilônia formavam um complexo sistema defensivo com uma muralha externa e outra interna, com espessura total de 22 metros. Em alguns lugares, as muralhas incluíam outras estruturas defensivas, tornando sua espessura ainda mais próxima da medida de Heródoto de 26 metros.

Os escavadores começaram com a maior elevação, chamado Kasr, o “monte do palácio”. Eles fizeram uma trincheira a partir do leste e estabeleceram uma ligação com a Via Processional, que corria na direção sul da Porta de Ishtar, ao longo do lado leste deste enorme complexo palaciano. No monte Kasr, os escavadores descobriram um dos palácios de Nabucodonosor, o Palácio Sudoeste, o maior edifício da Babilônia. Uma das salas do Palácio Sudoeste era a sala do trono de Nabucodonosor, cujas paredes também haviam sido cobertas com tijolos vitrificados e decorações coloridas. No canto noroeste do palácio, os escavadores descobriram um edifício com muitos arcos. Koldewey sugeriu que este poderia ser o local dos Jardins Suspensos da Babilônia.

A Porta de Ishtar foi completamente escavada apenas em 1909-1910. Descobriu-se que tinha sido construída em várias etapas. A camada superior, construída porPorta de Ishtar da cidade de Babilônia - Pergamonmuseum, Berlin Nabucodonosor, consistia em tijolos cobertos por esmalte colorido e era parcialmente visível acima do atual nível do solo. Sob o solo, havia restos de uma camada intermediária e um nível inferior completamente preservado. Os níveis inferiores da porta foram construídos em tijolos, com relevos de touros e uma criatura parecida com um dragão – chamada de mushhushu. Esses animais foram associados a dois dos deuses mais importantes da Babilônia: o touro com o deus da tempestade Adad e a criatura dragão com o deus da cidade da Babilônia, Marduk. Nabucodonosor havia construído sua porta sobre as fundações de construções anteriores.

Koldewey e sua equipe descobriram que a Via Processional havia sido elevada várias vezes, devido ao aumento contínuo das águas subterrâneas. A inundação é a principal razão pela qual resta tão pouco da cidade da Antiga Babilônia, da época de Hammurabi. Algumas seções do nível neobabilônico da Via Processional foram pavimentadas com grandes pedras de calcário colocadas em um material semelhante ao asfalto chamado betume (o material descrito na história bíblica da Torre de Babel). Imediatamente ao sul da Porta de Ishtar, algumas dessas pedras ainda estavam intactas. Em seguida, a rua cruzava uma área frequentemente inundada por águas que corriam para oeste até o braço do Eufrates. Nabucodonosor restaurou este trecho da rua, incluindo os sistemas de canais que levavam a água a fluir ao redor do Palácio Sul. Mais adiante, ao sul do monte Kasr, uma parte da rua pavimentada com calcários duros ainda estava intacta, com inscrições de Nabucodonosor. Alguns deles tinham o nome do rei assírio Senaquerib por baixo, e haviam sido reutilizados por Nabucodonosor. Senaquerib claramente acrescentou melhorias à cidade que acabou arrasando e, dessa forma, deixou sua marca em Babilônia quando a conquistou cerca de 100 anos antes da época de Nabucodonosor. Onde corre ao longo das muralhas externas do complexo Etemenanki (o complexo que incluía o antigo zigurate), a Via Processional tinha camadas de tijolos cozidos com o carimbo de Nabucodonosor. Koldewey descreve uma inscrição de construção que encontraram, afirmando que Nabucodonosor havia construído a via e dando uma data para a atividade de construção.

Os fragmentos de tijolos vitrificados que convenceram os financiadores a realizar escavações em Babilônia vieram dos relevos de touro e mushhushu da Porta de Ishtar, e também de relevos de leão que decoraram as muralhas paralelas ao longo da Via Processional. O leão era o símbolo da deusa Ishtar.

A maior elevação de Babilônia, com mais de 25 metros, tinha o nome de Tel Amran Ibn Ali e ficava a uma curta distância ao sul de Kasr. Neste monte estavam os restos do edifício mais importante da Babilônia, o Eságil, o templo de Marduk. Eságil é sumério e significa “a casa da cabeça erguida”. A elevação envolveu a escavação de poços através de mais de 20 metros de entulho e a remoção de enormes quantidades de entulho. O templo principal é quase quadrado, medindo aproximadamente 80 por 86 metros e com um pátio interno de cerca de 30 por 38 metros. Um dos edifícios mais antigos da Babilônia, partes dele podem ser datadas da época do Rei Hammurabi no período da Antiga Babilônia. O complexo do templo havia sido restaurado por Nabucodonosor e também continha pelo menos dois outros templos, talvez um para o deus Ea.

Entre Kasr e o Eságil estavam os restos do zigurate da Babilônia, o Etemenanki, “a casa do fundamento do céu e da terra”. Provavelmente era uma torre de sete ou oito andares, o edifício que inspirou a narrativa da Torre de Babel (Gn 11). O Etemenanki ficava dentro de uma grande construção retangular de tijolos, que incorporava vários edifícios associados à torre. Podem ter sido depósitos, salas para reuniões públicas e aposentos para os sacerdotes e outras pessoas associadas ao complexo do templo. Chegava-se a esta área por um portão na muralha leste do recinto, que fornecia uma entrada pela Via Processional. Em direção ao sul provavelmente havia uma porta que levava ao Eságil, que ficava a cerca de 251 metros ao sul do complexo Etemenanki.

No início, George Smith descreveu um texto descoberto na cidade de Uruk, no sul, que fala do Etemenanki. Este texto fala de uma torre de sete andares. O texto foi usado para orientar o trabalho de escavação e interpretação na Babilônia; infelizmente, porém, acabou não sendo de muita ajuda. Além disso, o texto real havia se perdido na época em que a escavação estava em andamento, e Koldewey e seu pessoal só tinham a descrição temporária feita por George Smith. Existem outros textos que descrevem os edifícios e bairros de Babilônia. Às vezes, isso gerou mais confusão do que clareza, mas também forneceu informações que ajudaram na identificação de estruturas e na elaboração de um plano da cidade.

Koldewey escavou vários outros templos na Babilônia, uma cidade que pode ter tido mais de 100 templos, incluindo os templos de Nabu, Ishtar e Ninmah. Os escavadores também investigaram uma área residencial e descobriram partes das maciças muralhas externas e internas da Babilônia. Cerca de 400 metros ao norte da Porta de Ishtar, fora das muralhas internas da cidade, mas dentro das muralhas externas, o Palácio de Verão dos reis neobabilônicos também foi escavado.

A escavação alemã forneceu uma visão geral detalhada da planta de uma antiga cidade mesopotâmica, disponibilizando essas informações pela primeira vez. Os novos métodos que os alemães desenvolveram permitiram traçar os contornos de edifícios e paredes construídas com tijolos crus de argila. Nenhuma escavação anterior havia registrado todas as descobertas com tanto cuidado. Os achados foram numerados, seu contexto anotado e tudo foi desenhado ou fotografado. Nos primeiros anos da escavação, especialistas em cuneiforme também participaram. Mais tarde, o próprio Koldewey assumiu a responsabilidade pelos achados textuais, que somam cerca de 5.000 tabuinhas. As escavações continuaram virtualmente sem interrupção por 17 anos, de 1899 a 1917. O próprio Koldewey permaneceu no Iraque continuamente desde o início em 1899. Após a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial, a Grã-Bretanha assumiu o poder na região e os alemães tiveram que se retirar de Babilônia.

 

 

The city of Babylon

In 1887 a German architect by the name of Robert Koldewey journeyed to Babylon together with the Arabist Bruno Moritz and H.F. Ludwig Meyer, a merchant oldewey had previously participated as an architect in the American excavation of Assos on the west coast of Turkey (1882–1883) and in 1885–1886 had dug on the island of Lesbos on behalf of the German Imperial Institute of Archaeology. On the trip around the south of Iraq, Moritz and Kodelwey conducted trial digs in Surghul and El-Hibba (Lagash), but Koldewey was not impressed. Many years later he commented that if anyone had told him in 1887 that 20 years later he would be excavating Babylon he would have thought that they were insane.

Ten years later, after he had completed several other projects, Koldewey was invited to join a pre-expedition to Mesopotamia to look for appropriate places for German excavations. On this trip he was joined by the Orientalist Eduard Sachau. Over a period of six months, they covered the area from India in the east to Egypt in the west, from Aden in the south to Khorsabad and Aleppo to the north. At the site of ancient Babylon, they had come across numerous fragments of colored glaze. In addition to being a linguist of Semitic languages, Sachau was an expert on the Muslim scholar Al-Biruni, who had lived in the 11th century in present-day Afghanistan and India. When Sachau and Koldewey presented their findings before the commission in Berlin, Babylon was chosen as the place to excavate, and Koldewey was commissioned to direct the excavation.

The Germans arrive: excavating Babylon

In the end, it was the fragments of colored glazed brick that the French had also described almost 50 years earlier that convinced the authorities that Babylon deserved to become the focus of a major project. This was Germany’s fi rst large-scale excavation in Mesopotamia. Compared to England and France, German explorers had been searching for objects for their national museums in the Middle East only for a short time. While they had begun to explore in Egypt, Greece, and some parts of Turkey, such as Troy, and even Palestine by 1899, they had not done so in Mesopotamia.

In the time since the first epoch of discoveries in Nineveh between 1842 and 1852, major changes had also happened in Europe on the political stage. Germany had been unifi ed as a nation in 1871 following the Franco-Prussian war. At first, Germany, under Chancellor Bismarck, chose a fairly restrained foreign policy which maintained the balance of power in Europe. But with Emperor Wilhelm II, a new epoch began. Wilhelm II replaced Bismarck with another chancellor two years after he ascended to the Imperial throne in 1888, and a period began characterized by an increasingly expansive foreign policy that he called Weltpolitik . Germany developed strong ties to the Ottoman Empire, which aided them in securing good terms for excavations. The building of the Berlin–Baghdad Railroad is one example of the German Empire’s great ambitions in Western Asia, which eventually came to damage its relationship with Russia, France, and England.

When the excavation of Babylon began in 1899, archaeological methods were much more developed and refi ned than they had been when Botta and Layard tunneled for stone reliefs over 50 years earlier. Further, compared to the excavations of Nippur and Lagash (Girshu-Telloh), the German expedition was much more careful and systematic. In many ways, the excavation of Babylon came to set the standard for modern archaeological methodology. In addition, because Koldewey was an architect, he directed the excavation with an understanding of how important it was to get an overview of the extent of the buildings and to document the city plan. The methods employed in the Babylon excavation came to serve as the model for excavation methodology in the ruin mounds of this area. The term tell is used to speak of these mounds in the Middle East. It comes from the Hebrew (Arabic tal ) and refers to an artificial mound that is the result of centuries of layers of human occupation. The methods used by Koldewey’s people were passed down from generation to generation of workers who were locally hired, leading to the development of specialized techniques for finding walls and tracing the contours of buildings in the ancient, delicate mudbrick or sun-dried bricks. Attention was paid to stratigraphy (a method which requires documentation of the various layers of earth through which one digs) and to documenting the context of small fi nds. Excavations in Iraq after World War I all followed what had begun to be called “the German method”, whether they were led by Americans, British, or others.

The Babylon excavation was the fi rst project of the newly formed German Oriental Society ( Deutsche Orient-Gesellschaft ). Representatives of the Royal Museums of Berlin were the commissioners of the project. They negotiated with the Ottoman authorities to obtain the necessary permits, hired Koldewey as the director, and gave the German Oriental Society the responsibility of overseeing the project. Initially, the Jewish businessman James Simon put up the funding, which was later continued by the Emperor himself. Simon was a high-profi le character in contemporary Berlin; he ran one of Europe’s largest cotton businesses and was the biggest taxpayer of Berlin. He was also a supporter of expanding German culture, and a friend of Emperor Wilhelm. Simon ran many philanthropic projects for Jews in Germany and was a supporter of a Jewish presence in Palestine.

The Ishtar Gate, the Processional Way, and the temple of Marduk

The remains found by the excavators of Babylon came mainly from Babylon’s last period of greatness, when it was the center of Nebuchadnezzar II’s empire in the 6th century bce. Nebuchadnezzar restored Babylon to its former status as the greatest city in the Middle East. This was the Babylon that had threatened, destroyed, and devastated Jerusalem, bringing an end to the Judean monarchy. The excavators also found traces of the fi rst Babylon, the city that had been the capital city of the fi rst royal kingdom in Mesopotamia—The Old Babylonian Kingdom—with Hammurabi as its most famous king (1792–1750 BCE).

The German expedition’s most spectacular discovery was the Ishtar Gate with the Processional Way that leads through the gate and into the city ( Figure 5.5 ). The pieces of colored glazed brick that had been found earlier came from these structures. And the city walls turned out to be just as massive as Herodotus had claimed. The walls of Babylon made up a complex defensive system with an outer and an inner wall, with a total thickness of 24 yards. In some places the walls included further defensive structures, making their thickness even closer to Herodotus’ measurement of 28.5 yards.

Excavators began with the largest mound, called Kasr, the “palace mound”. They cut a trench from the east, and came into contact with the Processional Way, which ran inEságil: templo de Marduk em Babilônia. Pergamonmuseum, Berlin a southerly direction from the Ishtar Gate, along the eastern side of this enormous palace complex. In the Kasr mound, the excavators uncovered one of Nebuchadnezzar’s palaces—the South-West Palace—the largest building in Babylon. One of the rooms in the South-West Palace was the throne room of Nebuchadnezzar, the walls of which had also been covered with colored glaze and decorations. Off the northwestern corner of the palace, excavators uncovered a building with many arches. Koldewey suggested that this could have been the site of the Hanging Gardens.

The Ishtar Gate was completely excavated only in 1909–1910. It turned out that it had been constructed in several layers. The top layer, which had been built by Nebuchadnezzar, consisted of bricks covered by colored glaze, and was partly visible above the present-day ground level. Under ground level, there were remains of a middle layer and a completely preserved lower level. The lower levels of the gate had been built in brick, with reliefs of bulls and a dragon-like creature—called mushhushu . These animals were associated with two of the most important gods of Babylon: the bull with the weather god Adad and the dragon creature with Babylon’s city god, Marduk. Nebuchadnezzar had built his gate on the foundations of earlier constructions.

Koldewey and his team discovered that the Processional Way had been raised several times, due to the continually rising ground water. The rising water is the main reason why there is so little left of the Old Babylonian city. Some sections of the Neo-Babylonian level of the Processional Way had been paved with large limestone stones laid down into the asphalt-like material called bitumen (the material described in the Bible’s story of the Tower). Immediately south of the Ishtar Gate some of these stones were still intact. Next, the street crossed an area often flooded by water fl owing west to the branch of the Euphrates. Nebuchadnezzar had restored this section of the street, including the channel systems that led the water to fl ow around the South Palace. Further on, south of the Kasr mound, a portion of the street paved with hard limestones were still intact, which had dedicatory inscriptions of Nebuchadnezzar. Some of these had the name of the Assyrian king Sennacherib on the underneath, and had been reused by Nebuchadnezzar. Sennacherib had clearly added improvements to the city that he ultimately razed, and had in this way set his mark on Babylon when he conquered it about 100 years before Nebuchadnezzar’s time . Where it runs along the outer walls of the Etemenanki complex (the complex that included the ancient ziggurat), the Processional Way had layers of baked bricks with Nebuchadnezzar’s stamp. Koldewey describes a building inscription they found, stating that Nebuchadnezzar had built the road and giving a date for the building activity.

The fragments of glazed brick that convinced the funders to dig in Babylon had come from the bull and mushhushu reliefs of the Ishtar Gate, and also from lion reliefs that had decorated the parallel walls along the Processional Way. The lion was the symbol of the goddess Ishtar.

The tallest mound in Babylon, standing over 25 meters, went under the name of Tel Amran Ibn Ali; it lay a short distance south of Kasr. In this mound lay the remains of the most important building in Babylon, the Esagil, the temple of Marduk. Esagil is Sumerian and means “the house of the lifted head”. Surveying it involved digging shafts down through over 20 meters of debris and removing enormous amounts of rubble. The main temple is almost quadratic, measuring approximately 80 by 86 meters and with an inner court about 30 by 38 meters. One of the oldest buildings in Babylon, parts of it may date back to the time of King Hammurabi in the Old Babylonian period. The temple complex had been restored by Nebuchadnezzar, and also contained at least two other temples, perhaps one for the god Ea.

Between Kasr and the Esagil lay the remains of Babylon’s ziggurat , the temple tower of Etemenanki, “the house of the foundation of heaven and earth”. This had likely been a tower of seven or eight stories, the inspiration for the Tower of Babel. The Etemenanki stood inside a large rectangular brick construction, that incorporated several buildings associated with the tower. These may have been storage rooms, rooms for public gatherings, and living quarters for the priests and other personnel associated with the temple complex. One arrived at this area through a gate in the eastern wall of the enclosure, which provided an entry from the Processional Way. Toward the south there had most likely been a gate which led toward the Esagil, which lay around 275 yards south of the Etemenanki complex.

Early on, George Smith had described a text discovered in the southern city of Uruk, which speaks of the Etemenanki. This text describes a tower of seven stories. The text was used to direct the work of excavating and interpreting in Babylon; unfortunately, however, it turned out not to be of much help. Moreover, the actual text had been lost by the time the excavation was underway, and Koldewey and his people only had the temporary description of it that George Smith had made. There are other texts that describe the buildings and town quarters of Babylon. These have sometimes led to confusion rather than clarity, but they have also given information that has helped in the identifi cation of structures and in delineating a plan of the city.

Koldewey excavated several other temples in Babylon, a city that may once have had over 100 temples, including the temples of Nabo, Ishtar, and Ninmah. Excavators also investigated an area of living quarters, and uncovered parts of Babylon’s massive outer and inner walls. Around one quarter of a mile north of the Ishtar Gate, outside the inner city walls but within the outer walls, the Neo-Babylonian kings’ Summer Palace was also excavated.

The German excavation provided a detailed overview of the city plan of an ancient city in Iraq, making this information available for the first time. The new methods they had developed allowed them to trace the contours of buildings and walls built with unfired clay bricks. No previous excavator had recorded all the finds so carefully before. The finds were numbered, their context noted, and everything was drawn or photographed. In the first few years of the excavation, cuneiform experts also participated. Later, Koldewey himself took on the responsibility for the textual finds, which amount to a total of around 5000 inscribed tablets. The excavations continued virtually without a break for 17 years, from 1899 to 1917. Koldewey himself stayed in Iraq continuously from the beginning in 1899–1914. After the German defeat in World War I, Great Britain took power in the newly created mandate area of Iraq, and the Germans had to pull out of Babylon.

Ensaios sobre os livros históricos da Bíblia Hebraica

KELLE, B. E. ; STRAWN, B. A. (eds.) The Oxford Handbook of the Historical Books of the Hebrew Bible. New York: Oxford University Press, 2021, 616 p. – ISBN 9780190261160.

Uma coleção de ensaios com recursos para a interpretação dos livros de Josué, Juízes, Samuel, Reis, Crônicas, Esdras e Neemias. O volume não é exaustivo emKELLE, B. E. ; STRAWN, B. A. (eds.) The Oxford Handbook of the Historical Books of the Hebrew Bible. New York: Oxford University Press, 2021 sua cobertura, mas examina aspectos desses livros que são considerados essenciais para a interpretação ou que são representativos de tendências significativas na pesquisa atual e futura.

The Oxford Handbook of Historical Books of the Hebrew Bible is a collection of essays that provide resources for the interpretation of the books of Joshua, Judges, Samuel, Kings, Chronicles, Ezra, and Nehemiah. The volume is not exhaustive in its coverage, but examines interpretive aspects of these books that are deemed essential for interpretation or that are representative of significant trends in present and future scholarship. The individual essays are united by their focus on two guiding questions: (1) What does this topic have to do with the Old Testament Historical Books? and (2) How does this topic help readers better interpret the Old Testament Historical Books? Each essay critically surveys prior scholarship before presenting current and prospective approaches.

Taking into account the ongoing debates concerning the relationship between the Old Testament texts and historical events in the ancient world, data from Assyrian, Babylonian, and Persian culture and history are used to provide a larger context for the content of the Historical Books. Essays consider specific issues related to Israelite/Judean history (settlement, state formation, monarchy, forced migration, and return) as they relate to the interpretation of the Historical Books. This volume also explores the specific themes, concepts, and content that are most essential for interpreting these books. In light of the diverse material included in this section of the Old Testament, the Handbook further examines interpretive strategies that employ various redactional, synthetic, and theory-based approaches. Beyond the Old Testament proper, subsequent texts, traditions, and cultures often received and interpreted the material in the Historical Books, and so the volume concludes by investigating the literary, social, and theological aspects of that reception.

 

Table of Contents

Preface
Abbreviations
List of Contributors
Introduction, Brad E. Kelle and Brent A. Strawn

I. Contexts: Sources, History, Texts
1. Historiography and History Writing in the Ancient World, Richard D. Nelson
2. Assyrian and Babylonian Sources, Martti Nissinen
3. Achaemenid Political History and Sources, Amélie Kuhrt
4. Text-Critical Issues with Samuel and Kings, Julio Trebolle Barrera and Eugene Ulrich
5. Text-Critical Issues in Ezra-Nehemiah and 1 Esdras, Lisbeth S. Fried
6. Early Israel’s Origins, Settlement, and Ethnogenesis, Ann E. Killebrew
7. Israelite State Formation and Early Monarchy in History and Biblical Historiography, Walter Dietrich
8. The Later Monarchy in History and Biblical Historiography, Paul S. Evans
9. New Perspectives on the Exile in Light of Cuneiform Texts, Laurie Pearce
10. New Perspectives on the Return from Exile and Persian-Period Yehud, Mary Joan Winn Leith

II. Content: Themes, Concepts, Issues
1. Israelite and Judean Society and Economy, Roger S. Nam
2. Politics and Kingship in the Historical Books, with Attention to the Role of Political Theory in Interpretation, Geoffrey Parsons Miller
3. The Distinctive Roles of the Prophets in the Deuteronomistic History and the Chronicler’s History, Marvin A. Sweeney
4. The Various Roles of Women in the Historical Books, Mercedes L. García-Bachmann
5. Exogamy and Divorce in Ezra and Nehemiah, Herbert R. Marbury
6. Yahwistic Religion in the Assyrian and Babylonian Periods, Richard S. Hess
7. Yahwistic Religion in the Persian Period, Melody D. Knowles
8. A Theological Comparison of the Deuteronomistic History and Chronicles, Matthew J. Lynch
9. Divine and Human Violence in the Historical Books, Douglas S. Earl

III. Approaches: Composition, Synthesis, Theory
1. The So-called Deuteronomistic History and Its Theories of Composition, Thomas Römer
2. Reading the Historical Books as Part of the Primary History, Richard S. Briggs
3. Synchronic Readings of Joshua-Kings, Serge Frolov
4. The Rise and Fall of the So-Called Chronicler’s History and the Current Study of the Composition of Chronicles, Ezra, and Nehemiah, Ralph W. Klein
5. 1 Esdras: Structure, Composition, and Significance, Kristin De Troyer
6. Synthetic and Literary Readings of Chronicles and Ezra-Nehemiah, Steven J. Schweitzer
7. The Role of Orality and Textuality, Folklore and Scribalism in the Historical Books, Susan Niditch
8. Feminist and Postcolonial Readings of the Historical Books, Cameron B. R. Howard
9. The Deuteronomistic History as Literature of Trauma, David Janzen

IV. Reception: Literature, Traditions, Figures
1. Joshua in Reception History, Zev I. Farber
2. Deborah in Reception History, Joy A. Schroeder
3. Samson in Reception History, Kelly J. Murphy
4. Saul in Reception History, Barbara Green
5. David in Reception History, Dominik Markl
6. Solomon in Reception History, Sara M. Koenig
7. Ezra and Nehemiah in Reception History, Armin Siedlecki
8. The Historical Books in the New Testament, Steve Moyise