A Doutrina Bush: guerra preventiva com a justificativa de proteção

Bush reafirma doutrina de ataque a outros países nesta quinta

O governo de George W. Bush divulga nesta quinta feira documento em que apresenta sua disposição e “direito” de realizar disputas bélicas, sem esperar que o oponente ataque. As afirmações constam da nova versão da “Estratégia de Segurança Nacional dos EUA”, que será publicada nesta quinta-feira.

Conhecida como Doutrina Bush [que prevê ações militares preventivas com a justificativa de proteção], a versão atualizada identifica o Irã como inimigo principal dos EUA e também critica a Rússia e a China, segundo os quatro jornais que receberam antecipadamente o texto de 48 páginas, que será apresentado pelo assessor de Segurança Nacional, Stephen Hadley.

Em janeiro do ano passado, ao assumir seu segundo mandato frente ao governo dos EUA, Bush disse que daria prosseguimento à política que marcou seus quatro primeiros anos de governo [a Doutrina Bush] e que os EUA levariam “esperança a todos aqueles que vivem em tirania, sem esperança e oprimidos”.

“A política dos EUA é conseguir e apoiar governos democráticos e eliminar a tirania do nosso mundo. Lançaremos mão de armas quando for necessário”, declarou ele.

O novo documento aponta que o país “tomará todas as medidas necessárias” para se defender das pretensões nucleares tanto do Irã como da Coréia do Norte, mas insiste que os EUA “não enfrentam nenhum desafio maior de um só país que o do Irã”, segundo os jornais “The Washington Post”, “Wall Street Journal”, “The New York Times” e “Financial Times”.

“Se for necessário, sob os estabelecidos princípios de autodefesa, não descartamos o emprego da força antes que ocorram ataques [contra os EUA], ainda se persistir a incerteza sobre o momento e o lugar do ataque do inimigo”, diz o texto.

“Quando as conseqüências de um ataque com armas de destruição em massa são potencialmente tão devastadoras, não podemos ficar quietos enquanto crescem perigos graves”, acrescenta.

Documento

A estratégia expande o plano de segurança desenvolvido pela administração de Bush em setembro de 2002, antes da invasão do Iraque.

A doutrina gerou polêmica na época, quando muitos críticos afirmaram que a estratégia era uma tentativa de justificar a invasão do Iraque, mesmo sem a localização de armas de destruição em massa no país.

O documento prevê que a “capacidade e habilidade” de um inimigo são suficientes para justificar uma “guerra preventiva”.

Em sua versão revisada, Bush afirma que a política “continua a mesma” e que sua aplicação é “necessária” em alguns momentos. No entanto, o documento afirma que é necessário trabalhar “ao lado dos aliados” e que a diplomacia tem “forte preferência”.

Segundo o jornal americano “Washington Post”, o documento cita ainda tópicos como o genocídio, o tráfico de humanos e a epidemia de AIDS como questões a serem combatidas pela Doutrina Bush, descrita como “idealista em seus objetivos e realista em seus meios.”

Irã

Em relação ao Irã, os atuais esforços diplomático, com os aliados europeus, para frear seu programa nuclear “têm que ser bem-sucedidos para que se evite um confronto”, adverte a doutrina, citada pelo “Times”.

Hadley assegurou ao jornal nova-iorquino que “a frase se aplica tanto ao Irã como à Coréia do Norte”.

Um alto membro da administração de Bush disse ao “Financial Times” que o problema com o Irã não é só a questão nuclear, mas também seu apoio ao terrorismo.

Segundo o “Financial Times”, o texto começa com uma mensagem taxativa: “Os Estados Unidos estão em guerra. Esta é uma estratégia de tempos de guerra exigida pelo desafio grave que temos diante (… ) o terrorismo fomentado por uma ideologia agressiva de ódio e assassinatos”.

Fone: Folha Online – 16/03/2006

 

US backs first-strike attack plan

The US will not shy away from attacking regimes it considers hostile, or groups it believes have nuclear or chemical weapons, the White House has confirmed.

In the first restatement of national security strategy since the invasion of Iraq in 2003, the US singles out Iran as the greatest single current danger.

The new policy backs the policy of pre-emptive war first issued in 2002, and criticised since the Iraq war.

But it stresses that the US aims to spread democracy through diplomacy.

The new strategy also highlights a string of other global issues of concern to the US, such as the spread of Aids, the threat of pandemic flu and the prospect of natural and environmental disasters.

National Security Adviser Stephen Hadley is due to make a speech launching the new strategy on Thursday.

Other key points include:

  • Stressing US preference for “transformational diplomacy” and coalition building, but not necessarily within United Nations or Nato frameworks
  • Criticising the lack of democratic freedoms in Russia and China
  • Branding Venezuelan President Hugo Chavez a “demagogue” aiming to destabilise the region
  • Urging Palestinian militant group Hamas to recognise Israel, renounce violence and disarm.

Seven despots

The substance of the revised strategy focuses on the challenges facing the US in the wake of the Iraq war.

In a nod to previous high-level foreign policy statements, which singled out individual countries as potential enemies of the US, the new document highlights seven “despotic” states.

They are: North Korea, Iran, Syria, Cuba, Belarus, Burma and Zimbabwe.

The policy of the US, according to the opening words of the 49-page document, is “to seek and support democratic movements and institutions in every nation and culture, with the ultimate goal of ending tyranny in our world”.

These motives underpin US policy towards the continuing stand-off over Iran’s nuclear programme, the document says.

But it stresses that continuing diplomatic efforts must succeed if confrontation is to be avoided, vowing to take “all necessary measures” to protect US interests against Iran.

‘Bush doctrine’

The new document, overseen and approved by Mr Bush, leaves the so-called “Bush doctrine” of pre-emptive war largely unchanged.

Before 2002 the US largely focused on the deterrence and containment of unfriendly states.

However, likening the current international situation to the early years of the Cold War, the new document insists on the right of the US to protect its interests using force.

“If necessary, however, under long-standing principles of self-defence, we do not rule out use of force before attacks occur, even if uncertainty remains as to the time and place of the enemy’s attack,” it says.

“When the consequences of an attack with WMD [weapons of mass destruction] are potentially so devastating, we cannot afford to stand idly by as grave dangers materialise.”

Fonte: BBC – 16 March 2006

Bibliotheca Alexandrina: antiga e moderna

Em SansBlogue, de Tim Bulkeley, de 2 de março de 2006, você pode ler sobre a antiga e famosa Biblioteca de Alexandria, Egito, que está “renascendo”, toda recheada de tecnologia…

Ele diz:

The International Journal of the Book has just started a blog, presumably if biblical scholars who blog are bibliobloggers this must be a biblionblog… Their first post is Bibliotheca Alexandrinaabout the three libraries of Alexandria.

After comparing the goals of the ancient Great Library of Alexandria with those of the modern Bibliotheca Alexandrina the post contrasts the technologies used.

The library also contains an Internet center, specialized sections for audio-visual and electronic materials, microforms and rare books, as well as a Planetarium, study rooms, reading halls, museums, and spaces for conferences and art galleries.

The post concludes:

Is this a story of destruction and rebirth, of transformation and technological progress, relating the legendary past, the present and the changing future? Certainly, it is. But it also suggests that irrespective of its form, content, reading or access techniques, the role of the library was, is and will remain the same, i.e. that of a radiating repository for universal knowledge.

My conclusion is different, technology makes a great difference. The ancient library (until the late 20th century in fact) was localised, and only one person at a time could consult each “book”. So one had to visit Alexandria to consult it’s riches. The digital library (which the modern Bibliotheca Alexandrina includes) can be anywhere and everywhere. It can even through Book Mobiles (go to http://www.bibalex.org/english/initiatives/mybook.htm and scroll down) go to the poor and deprived. Print began a process of democratising books. That, in part, is how Luther could run rings round the pope and the emperor. But digitisation takes this process to a new level.

As long as “books” remain physical objects they remain sources of sensual pleasure for rich (or at least comfortably provided) readers. Once they are digital there is more chance that they can be liberated by the less wealthy. The digital divide is potentially a temporary aberration. (How many people could afford a copy of the first edition of Gutenberg’s Bible?

Por falar em conflito…

Após invadir prisão, Israel teme ações terroristas

 

Leia Mais:

Bombardeios de Israel deixam 340 mil desabrigados e mais de 1,4 mil mortos em Gaza; metade são mulheres e crianças – G1: 12/10/2023

Sem energia por conta de bloqueio, hospitais vão virar necrotérios, diz Crescente Vermelho; ministro israelense diz que território ficará sem energia, água e comida até a libertação dos cerca de 150 reféns levados pelo Hamas após o ataque terrorista de sábado.

De olho no senhor…

Google recusa informações ao governo americano

O Google recusou a exigência do governo dos Estados Unidos para entregar arquivos de buscas feitas no site durante uma semana.

O maior site de buscas do mundo entregou a recusa em um tribunal, em resposta à exigência oficial do governo americano.

No documento, recheado de palavras fortes, a empresa afirma que o pedido violaria a privacidade de seus usuários e revelaria segredos comerciais a seus rivais.

A direção do Google também argumenta que entregar os registros e dados exigidos pelo governo seria impraticável e não iria trazer os resultados esperados pelo governo.

Pedido

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos fez o pedido de entrega de uma semana de registros de buscas em janeiro. Pedidos semelhantes foram feitos à Microsoft, ao Yahoo e para a AOL.

Desde o início, o Google resistiu e a resposta entregue ao tribunal critica o próprio pedido de uma lista com as palavras mais usadas em buscas durante uma semana típica.

Com o pedido, o Departamento de Justiça queria subsídios para mostrar que a regulamentação voluntária não é suficiente para manter as crianças protegidas de conteúdos como pornografia na internet.

O documento registrado pelo Google afirma que a direção da empresa não acredita no argumento de que uma lista de palavras usadas em buscas possa ajudar a entender o comportamento dos usuários da internet.

Críticas

“Afirmar isto demonstra tanta desinformação, como falta de bom senso,” diz o documento do Google.

Ainda segundo o documento, os engenheiros do Google também demorariam mais de uma semana trabalhando para compilar a lista.

E acrescenta: “Os usuários acreditam que quando entram no site e digitam palavras para busca que vamos manter sua privacidade, a não ser que sejamos obrigados a revelar o conteúdo”.

A União de Liberdades Civis americanas também registrou um documento apoiando a posição do Google e afirmando que “este é o mais recente exemplo de que o governo acredita que pode exigir que entidades privadas entreguem todo o tipo de informações sobre os seus clientes, só porque o governo diz que precisa destas informações”.

Um tribunal vai decidir a questão no dia 13 de março.

Apesar da posição dura adotada nos Estados Unidos, o Google aceitou restringir suas buscas na China por exigência do governo e a empresa foi duramente criticada em todo o mundo.

Uma comissão no Congresso americano criticou duramente a conduta de empresas como Microsoft, Yahoo, Cisco Systems e Google na China.

Fonte: BBC Brasil – 20 de fevereiro, 2006

Google quer comercializar acesso online a publicações

Folha Online: 15/03/2006 – 13h11

da Efe, em São Francisco

O Google planeja lançar um serviço que proporcionaria acesso a publicações sujeitas a direitos de propriedade intelectual mediante sua ferramenta de “busca dentro dos livros”, anunciou nesta semana a empresa em seu site. Por enquanto, os usuários do “Google Book Search” podem consultar fragmentos de livros sujeitos a direitos de propriedade intelectual catalogados em seu serviço, mas não podem ter acesso a textos completos. O novo serviço permitiria aos usuários registrados pagar pelo acesso imediato às publicações (cont.)

 

 

The Google Books Partner Program is developing tools for publishers to experiment with new and innovative ways to increase book revenue. The first of these tools allows you to sell online access to your book. Once you set a price for your book, users who discover it through Google Book Search will be able to pay for access to its full contents. The book will only be available to the user once they’ve signed in with their personal account, and will only be available through their browser. Users will not be able to save a copy on their computer nor copy pages from the book (cont.)

Sobre as origens de Israel

O problema das origens de Israel é um dos mais importantes itens de minha disciplina História de Israel (no CEARP – Ribeirão Preto) ou História da Época do Antigo Testamento (FTCR da PUC-Campinas).

Esta é uma questão tão debatida hoje que já se tornou lugar comum em congressos ou salas de aula a seguinte constatação, feita por George Mendenhall em um artigo publicado em 1962:

Não existe problema da história bíblica que seja mais difícil do que a reconstrução do processo histórico pelo qual as Doze Tribos do antigo Israel se estabeleceram na Palestina e norte da Transjordânia.

O artigo é The Hebrew Conquest of Palestine e pode ser lido em CARTER, C. E. & MEYERS, C. L. (eds.) Community, Identity and Ideology: Social Sciences Approaches to the Hebrew Bible. Winona Lake, Indiana: Eisenbrauns, 1996, p. 152-169.

Sobre as origens de Israel neste blog, confira vários posts aqui.

Blog do mês de março 2006: Higgaion, de Chris Heard

Blog of the Month: March 2006

O blog do mês de março 2006, escolhido por Biblioblogs.com, é Higgaion, de Christopher Heard, de Oak Park, Califórnia, USA. Chris Heard é professor de Antigo Testamento na Pepperdine University, Malibu, Califórnia. Higgaion tem como proposta tratar de “meditations on biblical studies, church life, and any other topics I find to be of spiritual interest”.

Na entrevista, quero destacar uma das respostas de Chris Heard, e é justamente sobre as vantagens e desvantagens do ato de blogar:

BB: What have you found to be the advantages and disadvantages of blogging?
CH: The advantage to me is that when I have something to say, I can say it, and those who care can listen and respond. As I mentioned before, the main value to me is in communicating with friends new and old about topics of mutual interest. At times blogs can seem sort of like parallel monologues, so it’s an interesting kind of communication medium. One of the things I really like about blogs is that scholars, graduate students, and interested non-specialists interact in the blogosphere with a free and nonhierarchical exchange of ideas; there is no “pulling rank” or, usually, flouting of credentials. If nothing else, it’s a way for me to think out loud, but the “democratization” of academic discourse in the blogosphere also creates a sense of responsibility and accountability that I don’t always feel when dealing with my own students, who are far more likely to “take my word for it” even if I encourage them not to do that. The primary disadvantage to blogging is that it’s one more thing on my “to do” list.

O Código de Hammurabi

No blog Awilum.com, me deparo, de repente, ao abrir o leitor de feeds, com uma boa foto do Código de Hammurabi. Nesta semana, este foi um dos assuntos de minha aula de História de Israel, no item Noções de Geografia do Antigo Oriente Médio. É por isso que a melhor tradução deste código feita no Brasil, está aqui, diante de mim, em minha mesa.

Em 1792 Hammurabi (1792-1750 a.C.) subiu ao trono de Babilônia. Consolidou sua posição frente aos vizinhos da Baixa Mesopotâmia e em seguida estendeu seu domínio a Mari, aos elamitas, assírios e gútios. No 31º ano de seu reinado Hammurabi já era senhor da Suméria e de Akkad. Entre outras realizações, Hammurabi desenvolveu uma legislação que ficou famosa através de seu conhecido código, que hoje está no Louvre, em Paris.

Eis um trecho do Epílogo do Código de Hammurabi na tradução de BOUZON, E. O Código de Hammurabi. Introdução, tradução do texto cuneiforme e comentários. 4a edição totalmente revista e melhorada. Petrópolis: Vozes, 1987, p. 222-223:BOUZON, E. O Código de Hammurabi. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2003.

(Estas são) as sentenças de justiça, que Hammurabi, o rei forte, estabeleceu e que fez o país tomar um caminho seguro e uma direção boa. Eu (sou) Hammurabi, o rei perfeito. Para com os cabeças-pretas, que Enlil me deu de presente e dos quais Marduk me deu o pastoreio, não fui negligente, nem deixei cair os braços; eu lhes procurei sempre lugares de paz, resolvi dificuldades graves, fiz-lhes aparecer a luz. Com a arma poderosa que Zababa e Ishtar me outorgaram, com a sabedoria que Ea me destinou, com a habilidade que Marduk me deu, aniquilei os inimigos em cima e embaixo, acabei com as lutas, promovi o bem-estar do país (…). Para que o forte não oprima o fraco, para fazer justiça ao órfão e à viúva, para proclamar o direito do país em Babel, a cidade cuja cabeça An e Enlil levantaram, na Esagila, o templo cujos fundamentos são tão firmes como o céu e a terra, para proclamar as leis do país, para fazer direito aos oprimidos, escrevi minhas preciosas palavras em minha estela e coloquei-a diante de minha estátua de rei da justiça (…). Que o homem oprimido, que está implicado em um processo, venha diante da minha estátua de rei da justiça, leia, atentamente, minha estela escrita e ouça minhas palavras preciosas. Que minha estela resolva sua questão, ele veja o seu direito, o seu coração se dilate! (…) Que nos dias futuros, para sempre, um rei que surgir no país observe as palavras de justiça que escrevi em minha estela, que ele não mude a lei do país que eu promulguei, as sentenças do país que eu decidi, que ele não altere os meus estatutos!

Uma indicação: quem quiser começar a entender a estrutura da sociedade babilônica da época de Hammurabi e conhecer melhor o que poderá ter significado este Código, leia a Introdução da obra de Emanuel Bouzon, nas p. 15-38. Traz como título Hammurabi, seu tempo e sua obra.