Como o Linux funciona?

Um livro para o usuário com alguma experiência que gosta de saber porque o Linux faz as coisas que faz e como as faz.

WARD, B. How Linux Works: What Every Superuser Should Know. 2. ed. San Francisco: No Starch Press, 2014, 392 p. – ISBN 9781593275679. Edição para Kindle aqui.

(…) How Linux Works deals less with practical day-to-day issues and deals more with what the operating system is doing under the surface while we are using it. While other texts talk about creating files or scanning through logs, How Linux Works deals with the methods programs use to talk to the Linux kernel and how files are organized and located on the hard drive. Other books discuss setting up permissions on files and directories, How Linux Works shows us how permissions are implemented. Recently we’ve been hearing debates over different types of init software, How Linux Works discusses how each init implementation works and goes over the benefits and drawbacks of each one.

Brian Ward’s book is for a specific sort of person, someone that is less interested in what their operating system does and more interested in why. Why is accessing swap space slow? What do inodes do and why do we have them? How do threads work? What goes on behind the scenes when the kernel is scheduling processes? Why do we need a boot loader to bring the operating system on-line? All good questions curious people want answers to and Ward has those answers (and many, many more).

Something I like about How Linux Works is there is a certain abstract approach to the text. There are relatively few practical examples or tutorials on display, most of the book is focused on explaining what goes on in the background when we do certain things (…) Admittedly, if you are new to Linux and trying to figure out web browsing and package management, then this book is probably going to provide more information than you want to digest right now. However, if you are curious as to how Linux (and similar operating systems) do the things they do, if you want to know (in gritty detail) how the pieces of your operating system fit together, then How Linux Works will answer your questions in clear, concise terms. (da resenha publicada por Jesse Smith em DistroWatch – 15/12/2014)

Diz o autor Brian Ward no prefácio do livro:
I wrote this book because I believe you should be able to learn what your computer does. You should be able to make your software do what you want it to do (within the reasonable limits of its capabilities, of course). The key to attaining this power lies in understanding the fundamentals of what the software does and how it works, and that’s what this book is all about. You should never have to fight with a computer.

Linux is a great platform for learning because it doesn’t try to hide anything from you. In particular, most system configuration can be found in plaintext files that are easy enough to read. The only tricky part is figuring out which parts are responsible for what and how it all fits together (…)

Although Linux is beloved by programmers, you do not need to be a programmer to read this book; you need only basic computer-user knowledge. That is, you should be able to bumble around a GUI (especially the installer and settings interface for a Linux distribution) and know what files and directories (folders) are. You should also be prepared to check additional documentation on your system and on the Web. As mentioned earlier, the most important thing you need is to be ready and willing to play around with your computer.

Sobre as duas edições do livro:
A primeira edição é de 2004, e sobre as novidades da segunda, publicada agora em novembro de 2014, diz o autor:  I have omitted some older and perhaps less relevant material… Of course, so much of the original subject matter in this book has changed over the years, and I’ve taken pains to sort through the material in the first edition in search of updates… I’ve also omitted some of the historical information that was in the first edition, primarily to keep you focused.

Quem é Brian Ward?
Brian Ward has been working with Linux since 1993. He has a Ph.D. in computer science from the University of Chicago, and currently works in San Francisco as a consultant and instructor.

Leia Mais:
Lista de etimologias de termos usados em computação

Descalço sobre a Terra Vermelha

A partir de hoje, 13 de dezembro, às 21h30, a TV Brasil apresenta a minissérie Descalço sobre a Terra Vermelha.

Em três episódios com 52 minutos, a produção conta a trajetória de vida do bispo emérito de São Félix do Araguaia, o catalão Dom Pedro Casaldáliga. O religioso é uma figura emblemática, tanto na Espanha quanto no Brasil, por sua incansável luta em favor dos desfavorecidos da região do Mato Grosso, no Centro-Oeste brasileiro.

Baseada na obra homônima de autoria do escritor Francesc Escribano, a série narra a relevante atuação do religioso – seja em conflitos entre latifundiários no Mato Grosso, contra o regime militar e lutando contra a miséria e opressão da população local – de forma delicada e profunda. Dirigida pelo cineasta catalão Oriol Ferrer, a obra é resultado da coprodução entre a TV Brasil, a espanhola TVE, a catalã TV3, a brasileira Raiz Produções e a Minoria Absoluta, produtora espanhola.

Três episódios de 52 minutos cada, nos dias 13, 20 e 27/12/2014, às 21h30, na TV Brasil.

Leia Mais:
Entrevista com Dom Pedro Casaldáliga

A condenação moral da corrupção não basta II

Continuação de A condenação moral da corrupção não basta I

Um procedimento recorrente nos estudos da corrupção é a concentração da atenção no comportamento dos funcionários do Estado que se desviam de suas funções. Essa abordagem do problema tem suas raízes na maneira como a lei brasileira caracteriza a prática da corrupção, mas conserva também as marcas de uma abordagem teórica, que privilegia o estudo dos desvios daqueles que estão diretamente ligados à máquina de Estado e à aplicação de suas determinações como inerente à constituição do objeto de estudo que deve interessar aos cientistas políticos. Embora esse seja um aspecto fundamental do problema, tem se revelado inadequado. Se não podemos descurar das práticas dos funcionários de Estado, a esfera pública e suas interfaces com a esfera dos interesses privados têm se mostrado um terreno bem mais complexo do que aquele sugerido por algumas análises correntes. É claro que a presença de funcionários públicos nos escândalos políticos não pode ser descurada, mas com alguma frequência ela é apenas a ponta de um processo que transcende não apenas os limites do serviço público, mas também as fronteiras dos Estados. Prestar atenção à dimensão pública da corrupção pode levar a obscurecer o fato de que ela afeta igualmente os domínios privados. O funcionário corrupto é apenas uma parte de uma engrenagem que envolve atores privados, que representam interesses econômicos ou políticos que não são explicitados na esfera pública.

Há um senso comum recorrente que associa o fenômeno da corrupção à própria identidade do brasileiro. Por essa visão, o Brasil seria inevitável e definitivamente corrupto devido a certos valores e práticas que, presentes desde a origem, tornaram-se parte de seu caráter e de seu jeito de ser. Tal explicação, além de incorporar uma boa dose de preconceito, essencializa a história e simplifica ao atribuir uma sobrecarga explicativa à cultura, em detrimento de suas articulações variadas com outras dimensões da vida social. Uma coisa é reconhecer que na formação do Estado nacional e na constituição de nosso regime republicano houve escassos valores públicos e forte privatismo, ambígua situação legal e baixa adesão a procedimentos impessoais. Outra é deixar de reconhecer a variação histórica dos padrões de corrupção, de sua intensidade, generalidade e profundidade, segundo as várias fases do desenvolvimento econômico e democrático do país. Uma coisa é identificar sentimentos de conformismo, na cultura das elites e na cultura popular, em relação ao fenômeno da corrupção. Outra é deixar de lado, desvalorizar as atitudes e movimentos de opinião pública que expressam a revolta contra a reiteração dos fenômenos da corrupção. Enfim, a explicação tautológica que o Brasil é corrupto em função de sua identidade quase prescinde de refletir teoricamente e estudar empiricamente o fenômeno da corrupção. Não deixa de ser, apesar da crítica aparente, uma forma de se conformar à sua realidade.

Uma das tarefas à qual o livro pretende se dedicar é a de oferecer um conjunto de reflexões e estudos que alarguem a compreensão do fenômeno da corrupção para além das fronteiras que lhe são assinaladas pelos procedimentos analíticos aos quais nos referimos. Para isso, deixamos de lado o estudo direto dos casos recentes de corrupção, que foram muito explorados tanto pelos meios de comunicação quanto pelos estudiosos da vida pública, para tentar oferecer ao leitor as ferramentas necessárias para uma abordagem que junta ao estudo do presente o de suas raízes históricas e culturais. Isso não quer dizer que o livro não pretenda realizar uma contribuição ao processo de combate à corrupção: ele pretende mostrar quais são os fundamentos culturais e históricos que determinaram uma trajetória que, muito provavelmente, está chegando ao seu final. Ele também aponta com muita clareza qual é o elemento ou o conceito-chave para a superação da corrupção: o resgate do conceito de interesse público (…).

A primeira seção do livro está voltada para as diversas teorias da corrupção. O ponto de partida é a investigação do pensamento de autores que desde a Antiguidade se dedicaram a estudar o problema (…) Na segunda seção estão reunidos estudos que dizem respeito à história brasileira e à cultura. No que se refere à história da corrupção no Brasil, os organizadores fizeram a opção por um conjunto pequeno, mas significativo, de ensaios e verbetes. Os ensaios sobre Brasil colonial, Brasil imperial e Brasil republicano têm o objetivo de dar uma perspectiva histórica sobre como a corrupção emergiu e foi tratada ou ignorada em todos estes períodos (…) Na última seção aparecem as análises de temas, problemas de atualidade e instituições que são imprescindíveis no combate à corrupção (…)

Não temos nenhuma dúvida de que, sob o ponto de vista do tratamento institucional da corrupção, o país passou por avanços significativos. No entanto, do ponto de vista da percepção do cidadão, o Brasil enfrenta um dilema: quanto mais a corrupção é combatida, mais ela é noticiada, e quanto mais ela é noticiada, maior é a sua percepção. Do ponto de vista do cidadão, o combate à corrupção gera a aparência de uma maior presença desta na vida administrativa do país. O objetivo deste livro é oferecer ao leitor um instrumental capaz de situá-lo no longo percurso de combate à corrupção nas democracias ocidentais e no Brasil. Esperamos que cada leitor se aproprie dele a partir da pluralidade de perspectivas inerente a um fenômeno que desperta mais paixões que qualquer outro na política brasileira contemporânea.

Participam do livro: Sérgio Cardoso, Helton Adverse, Marilena Chauí, Renato Janine Ribeiro, Cícero Araújo, Marcelo Santus Jasmin, Jessé Souza, Álvaro de Vita, Newton Bignotto, Juarez Guimarães, André Macedo Duarte, Wanderley Guilherme dos Santos, Leonardo Avritzer, Olgária Chain Féres Matos, Fernando Filgueiras, João Feres Júnior, Rubens Goyatá, José Maurício Domingues, Carlos Antônio Leite Brandão, Luciano Raposo Figueiredo, Evaldo Cabral de Mello, Lilia Moritz Schwarcz, José Murilo de Carvalho, Rodrigo Patto Sá Motta, Heloisa Maria Murgel Starling, Isabel Lustosa, Ram Mandil, Rosangela Patriota, Alcides Freire Ramos, Marcela Telles Elian Lima, Myrian Sepúlveda dos Santos, Maria Rita Kehl, Fátima Anastasia, Luciana Santana, Carlos Ranulfo Melo, André Marenco, Fábio Wanderley Reis, Cláudio Beato, Luiz Eduardo Soares, Jean Hébette, Raul da Silva Navegantes, Marlise Matos, Regis Moraes, Cristina Zurbriggen, Celi Regina Jardim Pinto,  Antônio César Bocheneck, Alberto Olvera, Enrique Peruzzotti, Francisco Gaetani, Aline Soares, Aaron Schneider, Venício A. de Lima, Rubem Barboza Filho, Maria Tereza Sadek, Bruno Speck, Marcelo Barros Gomes, Ricardo de Melo Araújo, Mário Spinelli, Vânia Vieira e  Ludovico Feoli.

A condenação moral da corrupção não basta I

Quando as dimensões concretas da sociedade não são levadas em conta, as questões políticas sofrem uma redução de seu conteúdo, perdendo sua autonomia. São consideradas de maneira abstrata, conduzidas ao espaço da ética, restritivamente, e resolvidas no moralismo.

Estive lendo AVRITZER, L. et alii (orgs.) Corrupção: ensaios e críticas. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012, 503 p. – ISBN 9788570419651.

E acho que há aqui muitas coisas proveitosas nestes dias em que a palavra mais ouvida no Brasil é “corrupção”.

Esta obra, escrita especialmente por professores das áreas de ciências políticas e sociais, história, filosofia e direito, foi publicada pela primeira vez em 2008, reeditada em 2012, e é organizada por Leonardo Avritzer, Newton Bignotto, Juarez Guimarães e Heloisa Maria Murgel Starling.

Alguns trechos da introdução clareiam o objetivo e a importância dos mais de 60 ensaios que compõem o livro. O assunto foi aqui dividido em duas postagens, I e II. Algumas coisas podem ser vistas aqui.

A corrupção é hoje um tema central para todos os que se preocupam com os destinos das democracias ocidentais. Fenômeno recorrente na história de muitas nações, na América Latina, ele tem se mostrado resistente às mudanças institucionais, que contribuíram para que a vida pública de alguns países pudesse ser regida por parâmetros democráticos cuja ausência foi uma das responsáveis pela extensão das práticas corruptas a amplas esferas da vida pública ao longo do século 20. A história recente brasileira, particularmente depois da Constituição de 1988, mostra que a redemocratização do país tornou visíveis fatos que antes não chegavam ao conhecimento da opinião pública, mas não evitou que o fenômeno se repetisse. Dos escândalos do Governo Collor aos acontecimentos mais recentes envolvendo membros dos governos Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva [e Dilma Rousseff – acréscimo meu], as evidências de que a corrupção está longe de ser um acontecimento marginal no interior da vida pública se acumulam. Essa constatação povoa as páginas dos jornais, a cada vez que surgem fatos incriminadores envolvendo personagens centrais da República, mas não gera necessariamente uma melhor compreensão de seus efeitos e de suas raízes. À justa indignação contra aqueles que são responsáveis pelos atos corruptos, segue-se com frequência uma condenação moral que, embora essencial, não dá conta de toda a complexidade do fenômeno. Uma das ambições deste livro é fornecer para o leitor um conjunto de referências que, sem negar a pertinência das abordagens morais e sem recusar a indignação como uma manifestação política legítima, permita avançar na compreensão de algo que faz parte da longa história política do Ocidente e resiste a toda análise unilateral de suas determinações.

Com muita frequência, a corrupção é abordada pelos meios de comunicação, e por cientistas sociais, por intermédio de índices que medem a “percepção da corrupção” pela população. Tais índices revelam a importância concedida a fenômenos que possuem um peso negativo na avaliação geral das políticas públicas. Eles apontam para o fato de que a população em geral não apenas tem consciência do fenômeno, mas se preocupa com seus efeitos sobre suas vidas. Não podemos, entretanto, esquecer que eles aferem a percepção, mas não servem para esclarecer os mecanismos internos aos processos aludidos. Um segundo instrumento recorrente nas análises da corrupção são os estudos realizados por institutos, os quais classificam os países segundo uma tabela que permite a comparação entre experiências distribuídas por todos os continentes. Nesse caso, o que se torna patente é o caráter internacional da corrupção e o fato de que é possível tanto concordar com um diagnóstico da situação de uma dada nação que leve em conta parâmetros partilháveis com outros países, quanto instituir práticas de controle, cuja eficácia pode ser medida por meio das mesmas referências que servem para fixar o diagnóstico.

As duas fontes anteriormente citadas nos ajudam a aquilatar a importância do problema da corrupção, sobretudo quando pensamos numa avaliação de políticas públicas e das instituições estatais concernidas. Elas possuem, no entanto, algumas limitações que devem ser levadas em conta. A primeira delas é que, para chegar a resultados mensuráveis, elas deixam de lado a grande complexidade do fenômeno estudado. A corrupção existe tanto em países democráticos quanto em países não democráticos, assim como em países com ampla liberdade de imprensa e em países com quase nenhuma liberdade de opinião. Evidentemente, a existência de instituições democráticas e a revelação da corrupção estão profundamente associadas, e não é possível avaliar comparativamente o fenômeno sem levar em conta a maior ou menor possibilidade de percebê-lo. Tal constatação nos permite entender um pouco melhor onde situar o Brasil em uma perspectiva comparada: trata-se de um dos países que tem mudado fortemente os comportamentos públicos e privados em relação à corrupção. No que diz respeito a comportamentos públicos, todos esses atos fazem com que a opinião pública volte seus olhos para as práticas dos funcionários de Estado.

Continua em A condenação moral da corrupção não basta II

Uma história de Israel baseada na Bíblia fracassa

Estive lendo a introdução do livro de LEMCHE, N. P. Changing Perspectives 3: Biblical Studies and the Failure of History. New York: Routledge, 2013, 352 p. – ISBN 9781781790175 – Ebook Kindle na Amazon do Brasil.

Os 21 capítulos deste livro de Niels Peter Lemche retomam textos publicados em revistas e obras coletivas entre 1974 e 2003. Estão em ordem cronológica.

A introdução é de John Van Seters. E começa assim:

The author of the collection of essays in this third volume of the Changing Perspectives series is widely known as the founder of the ‘Copenhagen School,’ a term that has become synonymous with rather radical and ‘minimalist’ views to many in biblical scholarship, especially in North America, and often without any clear idea about Lemche’s contributions to scholarship. Niels Peter Lemche conducted his theological studies and graduate research at the University of Copenhagen during the period of 1964 to 1978, and from there he had his first teaching appointment at the University of Aarhus, during 1978 to 1986. It was there that he published his very important doctoral thesis, Early Israel: Anthropological and Historical Studi­es on the Israelite Society before the Monarchy (in Danish, 1984, and English, 1985), and shortly thereafter became Professor of Theology at the University of Copenhagen (1987), where he has remained even since. It was primarily through this work, Early Israel, with its strong emphasis on anthropological and sociological approaches to Israelite history, that he became known to the English-speaking world of scholarship.

I wish to call special attention to this period of the mid-1980s because in the chapters that follow in this collection, this time period constitutes a significant divide between the first six, which would appear to most scholars as rather conservative in method and conclusions, and the rest, which reflect the various themes for which he is now famous [sublinhado meu]. In this way this division reflects Lemche’s own ‘change in perspective’ and the fact that during this early period in his career he was fully conversant with all of the biblical scholarship that was associated with the pre-monarchical origins of ‘early Israel’ and the possibility of Late Bronze Age traditions being reflected in biblical texts. The fact is that because of the prevailing trend in biblical scholarship during the 1960s and 1970s, it was expected that one have expertise in Akkadian and Ugaritic, in addition to the biblical languages, as well as a command of the history and civilization of the Near East back to the third millennium, and this is reflected very well in these opening articles, in which he is a master of this material. It is to this first group of articles that we will now turn.

Para ler toda a introdução clique, na página da Routledge, em View Inside this Book.

Sobre o livro, diz a editora:
Until the 1970s biblical studies belonged to the historical-critical school and had reached a point where all problems were believed to have been solved. Then all assumptions began to be turned on their head. Previously, historical studies constituted the backbone of biblical studies; now, every aspect of biblical history began to be questioned. The idea of the Old Testament as a source of historical information was replaced by an understanding of the texts as a means for early Jewish society to interpret its past. Biblical Studies and the Failure of History brings together key essays which reflect the trajectory of this scholarly shift in order to illuminate the state of biblical studies today. The early essays present historical-critical studies tracing historical information. Further essays employ a more critical and interpretive perspective to examine seminal issues ranging from the Hellenistic contexts of biblical tradition to the functioning of Old Testament society.

 

Um aviso: alguns livros publicados pela Equinox foram para a Acumen em 2012. Estes livros estão agora na Routledge, que adquiriu a Acumen. É o caso dos estudos bíblicos.

Some books previously published by Equinox moved to Acumen Publishing in late 2012 as part of a demerger. Books affected by this  now reside with Routledge following their acquisition of Acumen.

Devair, meu colega no CEARP, foi nomeado bispo

Devair Araújo da Fonseca, da diocese de Franca, SP, foi nomeado hoje bispo auxiliar de São Paulo.

Devair foi meu aluno no CEARP, onde fez a graduação em Teologia. Mestre em Teologia Dogmática pela Gregoriana, Roma, foi, nos últimos anos, meu colega no CEARP, onde lecionava disciplinas de sua área na Faculdade de Teologia.

Parabéns, Devair.

Quatrocentos não é pouco, um é muito

Eles eram 400 nas ruas de São Paulo, no primeiro sábado de dezembro de 2014, pedindo intervenção militar. Quatrocentos não é pouco. Um é muito.

Quando escuto brasileiros fazendo manifestação pela volta da ditadura, penso que eles não podem saber o que estão dizendo. Quem sabe, não diz. Mas esse primeiro pensamento é uma mistura de arrogância e de ingenuidade. O mais provável é que uma parte significativa desses homens e mulheres que têm se manifestado nas ruas desde o final das eleições, orgulhosos de sua falta de pudor, peçam a volta dos militares ao poder exatamente porque sabem o que dizem. Mas talvez seja preciso manter não a arrogância, mas a ingenuidade de acreditar que não sabem, porque quem sabe não diria, não poderia dizer. Não seria capaz, não ousaria. É para estes, os que desconhecem o seu dizer, estes, que talvez nem existam, que amplio aqui a voz das crianças torturadas, de várias maneiras, pela ditadura.

Crianças. Torturadas. De várias maneiras.

Leia: Aos que defendem a volta da ditadura – Eliane Brum: El País 08/12/2014

Sobre o livro Infância Roubada

O livro Infância Roubada: Crianças atingidas pela Ditadura Militar no Brasil  é resultado do ciclo de audiências “Verdade e Infância Roubada”, realizada pela Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” entre 6 e 20 de maio de 2013. Na ocasião, foram ouvidos cerca de 40 testemunhos de filhos de presos políticos, perseguidos e desaparecidos da ditadura. Hoje, adultos na faixa de 40, 50 anos, cujas histórias ainda não haviam sido contadas. Os depoimentos foram marcados por lembranças da prisão, do exílio, do desamparo, de questionamentos em relação às suas identidades, de medo, insegurança, isolamento, solidão e vazio que, em muitos casos, são traumas não superados.

Leia Mais:
Relatório final da CNV está na Internet
Brasil 2014: mais leituras sobre direita e golpismo
“As marcas da tortura sou eu. Fazem parte de mim”

Estudos Bíblicos na Digital Commons Network

Na Digital Commons Network estão disponíveis, hoje, para leitura online e download 2.843 textos completos de artigos na área bíblica. De 1.363 diferentes autores. Totalmente gratuitos. Clique aqui.

Biblical Studies Commons. Open Access. Powered by Scholars. Published by Universities. 2,843 Full-Text Articles. 1,363 Authors.

The Digital Commons Network provides free access to full-text scholarly articles and other research from hundreds of universities and colleges worldwide. Curated by university librarians and their supporting institutions, this dynamic research tool includes peer-reviewed journal articles, book chapters, dissertations, working papers, conference proceedings, and other original scholarly work.

Relatório final da CNV está na Internet

O relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), entregue hoje à Presidenta Dilma Rousseff, está disponível na Internet.

Diz a página da CNV:

O relatório final da Comissão Nacional da Verdade foi entregue hoje em cerimônia oficial no Palácio do Planalto à presidenta Dilma Rousseff. Dividido em três volumes, o relatório é o resultado de dois anos e sete meses de trabalho da Comissão Nacional da Verdade, criada pela lei 12528/2011.

Instalada em maio de 2012, a CNV foi criada para apurar e esclarecer, indicando as circunstâncias e a autoria, as graves violações de direitos humanos praticadas entre 1946 e 1988 (o período entre as duas últimas constituições democráticas brasileiras) com o objetivo de efetivar o direito à memória e a verdade histórica e promover a reconciliação nacional.

Para isso, a CNV adotou preceitos internacionais e delimitou que as graves violações de direitos humanos são as cometidas por agentes do Estado, a seu serviço ou com a conivência/aquiescência estatal, contra cidadãos brasileiros ou estrangeiros.

São graves violações de direitos humanos: as prisões sem base legal, a tortura e as mortes dela decorrentes, as violências sexuais, as execuções e as ocultações de cadáveres e desaparecimentos forçados. Praticadas de forma massiva e sistemática contra a população, essas violações tornam-se crime contra a humanidade.

Ao longo de sua existência, os membros da CNV colheram 1121 depoimentos, 132 deles de agentes públicos, realizou 80 audiências e sessões públicas pelo país, percorrendo o Brasil de norte a sul, visitando 20 unidades da federação – somadas audiências, diligências e depoimentos (continua).

Brasil 2014: mais leituras sobre direita e golpismo

Há uma vontade de desestabilização estratégica em curso que está forçando os seus espaços de legitimação para além da institucionalidade democrática e constitucional e que não será paralisada ou isolada por procedimentos ou acordos, escreve Juarez Guimarães em 09/12/2014.

::  Na CartaCapital

Brasil: ressaca eleitoral ou polarização política? – Deutsche Welle – 06/12/2014
Faixas “Fora, Dilma” e “Fora, comunistas” em meio a gritos de “Somos coxinhas”. Assim, cerca de 500 manifestantes pediram o impeachment da presidente Dilma Rousseff no fim de semana passado, em São Paulo. As manifestações de grupos de direita e esquerda têm se intensificado no país desde as eleições presidenciais. Em novembro, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) fez uma marcha na Avenida Paulista contra o ato de eleitores anti-PT descontentes com o resultado das urnas. Mesmo diante da divisão política expressada nas ruas, especialistas argumentam que o Brasil não vive uma polarização nos moldes de Estados Unidos e Venezuela. A divisão, afirmam, é apenas passageira (…) “O país vive, na verdade, uma ressaca política depois de uma eleição muito apertada. As pessoas estão usando a palavra ‘polarização’ de uma maneira bastante equivocada”, avalia Timothy Power, diretor do Programa de Estudos Brasileiros da Universidade de Oxford (…) Para Power, o descontentamento de uma pequena parte da população se concentra na escolha para presidente, por causa dos programas sociais criados pelos governos petistas desde 2002.

O PSDB vai se aproximar da extrema-direita? –  Renan Truffi –  27/11/2014
Para o cientista político Francisco Fonseca, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o PSDB deixou de ser um partido de centro-esquerda e está, cada vez mais, à direita no espectro político. “O PSDB saiu do centro para a direita de cabeça. É um partido que se originou nas modernas classes médias, representada em Mario Covas e o Fernando Henrique daquela época, que era um professor de Sociologia antenado com as questões urbanas”, afirma. “Agora não. Virou um partido reacionário que flerta com essa extrema direita”, argumenta (…) Mas será que o caminho natural do PSDB é aglutinar essa nova classe ultraconservadora? “Tenho dúvidas que o PSDB vá abrigar essa extrema-direita, até pela reação que os seus membros começam a ter em relação a isso”, afirma Couto. “O que eu sinto, entretanto, é que há uma juventude tucana flertando com a extrema-direita, tendo posições realmente muito conservadores a ponto de cultuar ideólogos ultraconservadores como esse que eu falei”, conclui o cientista político Claudio Couto. “Acho que há motivos para alguém ficar com a pulga atrás da orelha com essa migração do PSDB para uma posição mais à direita”.

A democracia em risco – Marcos Coimbra – 24/11/2014
O ano de 2014 caminha para terminar de forma preocupante na política. Não era para ser assim. Há menos de um mês, realizamos uma eleição geral na qual a população escolheu o presidente da República, os governadores dos 26 estados e do Distrito Federal, um terço do Senado, a totalidade da Câmara dos Deputados e das Assembleias estaduais. Mesmo em democracias consolidadas, momentos como aquele, em que todos são convocados a participar diretamente das grandes escolhas de um país, são esporádicos e precisam ser respeitados e valorizados (…) Em quase tudo, o Brasil mostrou-se capaz de igualar ou superar as mais sólidas democracias na capacidade de fazer eleições legítimas. Menos no comportamento de parte das oposições à direita. Ao contrário do eleitorado e das instituições, reagiram de forma arcaica e atrasada aos resultados. Desde a hora em que ficou clara a derrota, insurgiram-se. Seu inconformismo em aceitar o simples fato de não contarem com o apoio da maioria da sociedade o levou a posições descabidas (…) Essa mistura canhestra de preconceitos, invencionices jurídicas e péssima aritmética seria apenas cômica se não fosse trágica. Se não tivesse o apoio da mídia hegemônica conservadora e se não tivesse contraparte na ação de segmentos autoritários espalhados na sociedade e incrustada em nichos da máquina pública, em especial no Judiciário e no Ministério Público. Mundo afora, existem e procuram impor-se correntes de opinião antidemocráticas e intolerantes. Neonazistas assombram a Europa, os Estados Unidos não conseguem se livrar dos supremacistas brancos, em muitos lugares o antissemitismo permanece vivo e perigoso. Lamentavelmente, o Brasil tem radicais de extrema-direita, a espalhar seus ódios e preconceitos. Um anticomunismo ridículo e a saudade da ditadura os identificam. Agora se acham no direito de questionar a eleição. O PSDB precisa refletir a respeito de quem pretende representar. Fazer o têm feito e falar o que têm falado algumas de suas lideranças apenas serve para açular os ultraconservadores.

Guilherme Boulos: “A elite brasileira é atrasadíssima e semeia o ódio” – Renan Truffi – 15/11/2014
À frente do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos tem se firmado como uma nova liderança social no País. Nesta quinta-feira 13, Boulos foi responsável por uma passeata que reuniu pelo menos 10 mil pessoas, segundo a PM, na região central de São Paulo, durante três horas e sob forte chuva. A manifestação tinha o objetivo de “enfrentar a direita atrasada” e, ao mesmo tempo, deixar um recado para o governo da presidenta Dilma Rousseff (PT): se a próxima gestão petista não for voltada para reformas populares, como prometido nas urnas, o MTST não vai sair das ruas. “É preocupante que os primeiros sinais da presidenta [Dilma] não tenham sido esses [de que o governo será progressista]”, afirma. “Esse ato também tem o sentido de dar o recado que o povo vai lutar nas ruas pelo programa que foi eleito nas urnas”. Ao mesmo tempo, diz o líder do MTST, o ato foi um recado à direita conservadora. “[Há] um ranço de classe, de uma elite, de uma burguesia, que nunca aprendeu a conviver com o povo, uma elite que sequer admitiu a abolição da escravatura”, afirma Bouolos. “Então, para eles, falar de Bolsa Família é revolução socialista, falar de investimentos sociais é algo inaceitável”, diz. Segundo Boulos, o povo vai dar uma “resposta à altura, defendendo as reformas populares”. Leia a íntegra da entrevista, feita antes da manifestação.

:: No Brasil 24/7

PSDB radicaliza e se reinventa à direita – Breno Altman – 09/12/2014
Não são poucos aqueles que tratam de classificar como doidivanas o atual comportamento da oposição conservadora. O senador Aécio Neves e seus seguidores são vistos, por observadores de distintas origens, como se estivessem fora da casinha. A trupe pode ser acusada de representar os mais reacionários interesses políticos e de classe. Também resplandece o caráter antidemocrático e adverso à soberania popular de suas aleivosias. Mas não é um bando de loucos. Animados pela forte polarização da campanha eleitoral, oposicionistas de barricada estão rasgando fantasias e disputando a sociedade com um discurso sem maquiagem. Deram-se conta que parte importante do país, da qual brotam votos e apoios à coalizão política chefiada pelo PSDB, não deseja mais orbitar no campo de gravidade do centro político, cenário que se impôs desde a transição pactuada da ditadura para a democracia. Este setor quer ver suas aspirações, ideias, valores e emoções defendidos sem rapapés. Constitui-se de frações políticas e sociais que estão desembarcando da normalização implícita aos regimes democráticos liberais. Sua atitude passou a ter novos paradigmas, baseados em confrontação programática, ocupação de espaços públicos, tensão institucional e mobilização militante. Relevantes meios de comunicação funcionam como banda de música desta dança conservadora, além de fornecer bardos e menestréis para o minueto. São as vias de reinvenção da direita brasileira.

PML: a quem interessa a palavra impeachment? –  Paulo Moreira Leite – 09/12/2014
O jornalista Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília, questiona o uso da palavra ‘impeachment’ no noticiário sobre as manobras da oposição, em sintonia com parcela do Judiciário e dos meios de comunicação, para tratar das dificuldades que cercam o segundo governo Dilma. “Em primeiro lugar, impeachment é uma forma democrática de um país declarar o impedimento de um presidente que, acusado gravemente numa investigação criminal, tornou-se incapaz de responder pelas responsabilidades de governar”, diz ele. “Não é isso o que assistimos no Brasil de hoje: temos uma oposição que faz ensaios para um golpe de Estado, mascarado pelo apoio de uma parcela do Judiciário e dos meios de comunicação, na esperança de dar ares de legalidade a uma infâmia.” O efeito do uso abusivo da expressão, diz ele, é o desgaste de Dilma. “Nesta circunstância, a palavra impeachment tem um único efeito: enfraquecer uma presidenta que se movimenta para dar novas bases ao segundo mandato”, afirma. “Num bolivarianismo ao contrário, a oposição tenta ir às massas na tentativa de construir uma base social para um jogo sujo. Encontra o vazio político, que é produto da  aprovação do governo, que permanece em patamares vergonhosamente altos para seus adversários. Enquanto gatos pingados carregam cartazes que pedem intervenção militar, 66% da população confirma seu apego a democracia”. Segundo PML, é preciso tratar as coisas como elas são. “O golpismo de 2014, que se inspira em 1964 e 1954, deve ser repudiado como aquilo que é: um ataque a democracia, que prefere entregar o país à treva em vez de respeitar a vontade da maioria.”

Se o golpe no TSE vingasse, todos perderiam – Eduardo Guimarães – 09/12/2014
Já que os fatos finalmente estão mostrando que jamais foi “alarmismo” denunciar (com muita antecedência) que a análise das contas de campanha de Dilma pela Justiça Eleitoral iriam produzir os devaneios golpistas que estão produzindo, pulemos a parte do “eu avisei” para a parte sobre “o que fazer”, que, no frigir dos ovos, é o que interessa a todos (…) Como se sabe, Lula já está se preparando para enfrentar um golpe no TSE que ainda há quem diga que é delírio (…) Suponhamos, agora, que, no TSE, os ministros João Otávio Noronha, Gilmar Mendes, Luiz Fux e Dias Toffoli cumpram o script e, por maioria de quatro a três, rejeitem as contas de campanha de Dilma (…) Nesse momento, o PT estaria recorrendo ao STF contra a decisão do TSE (…) Com a hipotética derrota também no STF, Dilma perderia o mandato e novas eleições seriam convocadas. O país, nesse momento, estaria conflagrado e afundando economicamente. A radicalização de parte a parte racharia a sociedade, o eleitorado. Com Dilma impedida, Lula se candidataria, a menos que prevalecesse a sugestão do Reinaldo Azevedo e o PT fosse colocado na ilegalidade, em pleno século XXI. Como aí já é demais, pois seria a volta da ditadura militar, suponhamos que Lula não seria preso e o PT não seria posto na ilegalidade. Assim, com o país conflagrado, a economia afundando, Aécio Neves e Lula disputariam uma nova eleição. O mais provável é que Lula venceria, mas mesmo se perdesse e Aécio fosse eleito, ele receberia um país conflagrado e uma oposição tão feroz quanto a que está comandando. Será que vale a pena herdar um governo assim? Será que vale a pena atirar o país em tal buraco achando que não será cobrado pelo que os brasileiros vierem a passar? Só o que já se pode garantir é que, até lá – e até o país se recuperar disso tudo –, você, cidadão comum que odeia o PT, se não for ligado a políticos provavelmente estaria desempregado e com a vida virada de cabeça para baixo. E é possível garantir que a mídia e o PSDB não resolveriam os seus problemas pessoais só por você odiar o PT. A pergunta que fica, pois, é a seguinte: vale a pena correr tal risco só por marra da oposição e da mídia, só porque não querem aceitar uma derrota nas urnas e esperar a próxima eleição? Você tem certeza de que é isso o que quer? Vale a pena afundar um país só por birra? Você, que apoia essa aventura, tem certeza de que sabe o que está fazendo?

Lula organiza reação ao golpe contra Dilma – Tereza Cruvinel – 08/12/2014
Está em curso uma escalada política para sangrar a presidente Dilma, buscando condições para um eventual impeachment, desconstruir a imagem mítica do ex-presidente Lula, para inviabilizar sua eventual candidatura a presidente em 2018, e ferir de morte o PT.  Estão tentando realizar o que Jorge Bornhausen pregou em 2005, quando disse que era preciso “acabar com esta raça”, tem dito o ex-presidente aos mais próximos (…) Diante de todos os sinais de que a ofensiva de agora tem elementos mais corrosivos dos que os utilizados em 2005, Lula e o comando petista decidiram fazer em Brasília, na quarta-feira, um ato político de resposta, de denúncia e mobilização da militância para a conjuntura difícil que está se desenhando.

E se o Nassif tiver razão? – Miguel do Rosário – 08/12/2014
Há semanas que o blogueiro Luis Nassif, em geral um analista moderado e pacato, como convêm a um bom mineiro, tem martelado que a escolha de Gilmar Mendes para relatar as contas de campanha de Dilma Rousseff, não foi uma coincidência. Aliás, duas coincidências: Gilmar foi “sorteado” para relatar as contas da campanha de Dilma e também do PT. Reza a lenda que o raio da tempestade não cai jamais no mesmo lugar. Não foi o caso desta vez. O raio caiu três vezes no mesmo lugar. Gilmar foi sorteado para relatar as contas de Dilma. Gilmar foi sorteado para relatar as contas do PT. Gilmar foi sorteado para relatar a interpelação que o PT decidiu fazer contra Aécio Neves, quando este disse que perdeu as eleições para uma “organização criminosa”. Nassif especulou, com base na sua intuição mineira e quiçá em alguma informação mais sólida, que Toffoli entrou para o esquema da mídia e do golpe [Luis Nassif: Armado por Toffoli e Gilmar, já está em curso o golpe sem impeachment – 18/11/2014 e A ópera do impeachment perto do primeiro grand finale – 07/12/2014]. E por isso teria fraudado o processo de escolha do relator das contas de campanha da Dilma duas vezes: 1) ao não esperar a nomeação de um novo ministro do TSE, aproveitando-se da viagem da presidenta para fora do país; 2) manipulando o sorteio para escolher Gilmar Mendes. A teoria de conspiração de Nassif, apesar de irretocável, não fez muito sucesso. Eu mesmo não acreditei. Pois agora começo a acreditar.