PUC-Campinas está comemorando hoje seu 65º aniversário

A PUC-Campinas comemora neste 7 de junho, seu 65º aniversário de fundação. Durante o dia, a data foi marcada por três celebrações religiosas – uma em cada campi, simultaneamente –, às 12h, e pela concessão de um título Doutor Scientiae et Honoris Causa, sua mais importante honraria acadêmica, às 19h. O reitor, professor e padre Wilson Denadai, celebrou uma das missas, na capela do Campus I. O arcebispo emérito de Campinas e presidente da Sociedade Campineira de Educação e Instrução (Scei), Dom Gilberto Pereira Lopes, celebrou a missa do Campus II, na Igreja Nossa Senhora da Esperança. E o arcebispo metropolitano de Campinas e grão-chanceler da PUC-Campinas, Dom Bruno Gamberini, celebrou a missa do Campus Central – no Auditório Nobrinho –, onde a Universidade iniciou seus primeiros cursos há 65 anos.

Às 19h, ocorreu uma sessão solene no Auditório Monsenhor Salim, no Campus II. Alunos, funcionários e professores que contribuíram para o desenvolvimento da PUC-Campinas foram homenageados juntamente com o ex-reitor da Instituição, professor e padre José Benedito de Almeida David, que recebeu o título Doutor Scientiae et Honoris Causa. Esta é a mais importante honraria acadêmica a ser concedida e o padre David é o sexto homenageado com o título. David é professor da Faculdade de Teologia e Ciências Religiosas, da qual foi diretor.

Mais informações sobre os 65 anos da PUC-Campinas e os eventos comemorativos programados ao longo do ano estão no site PUC-Campinas 65 anos. Na página, cada fase da história da Universidade nestas seis décadas e meia é resgatada com fotos, depoimentos e citações dos acontecimentos que marcaram a construção da primeira instituição de ensino superior do Interior Paulista (da Assessoria de Imprensa da PUC-Campinas)

John Trever

No dia 30 de abril noticiei a morte de John Trever.

Leia mais sobre ele em

John C. Trever, 90; His Photos of Dead Sea Scrolls Preserved the Documents for Biblical Research

John C. Trever, one of the first Americans to examine the Dead Sea Scrolls in 1948 and whose photographs of the ancient texts also became important historical John C. Trever: 1916-2006 - Photo by Lou Mack/Los Angeles Times via Getty Imagesdocuments, has died. He was 90.

Trever, who was the last surviving member of the original group of Western scholars to study the scrolls, died Saturday at his home in Lake Forest, his family said. No cause of death was given.

As an American student in Jerusalem, Trever came face-to-face with the scrolls when Syrian monks brought them to be evaluated at what is now the W.F. Albright Institute of Archaeological Research.

When Trever unrolled one of the scrolls on a cot in his living quarters, he couldn’t believe what he was seeing. The document — said to have been found in a cave by a Bedouin shepherd in 1947 — contained text from the biblical book of Isaiah.

A student of ancient handwriting, Trever thought the writing on the scroll resembled that of the Nash Papyrus, then the oldest known fragment of an Old Testament text, a sample of which happened to be hanging on the wall.

“I put a magnifying glass to the scroll … and said to myself: ‘Oh, my Lord, can I really be looking at something 2,000 years old?” Trever told the Chicago Tribune in 1989. “Then I remembered that in the haggling customs of the Near East, one doesn’t tip his hand precipitously. ‘Yes,’ I told the Syrians, ‘this might be worth something.’ ”

An avid amateur photographer, Trever persuaded the monks to let him photograph the three manuscripts.

After he sent copies of the photographs to biblical scholar W.F. Albright at Johns Hopkins University, Albright responded via letter: “My heartiest congratulations on the greatest manuscript discovery of modern times!”

Today, Trever’s original negatives are housed at the Ancient Biblical Manuscript Center at the Claremont School of Theology, one of several colleges at which he taught.

“The scholarly world and the general public should be indebted to him for preserving images of the Dead Sea Scrolls,” said Marvin Sweeney, who runs the manuscript center and is a professor of Hebrew Bible at the Claremont school.

The photographs are central to the documentation of the scrolls because they reflect their color and condition when first studied. The scrolls have since deteriorated and are best studied under infrared light, Sweeney said.

John Cecil Trever was born Nov. 26, 1915, in Milwaukee. He received a bachelor’s degree from USC in 1937 and a doctorate in Old Testament studies from Yale University in 1943.

During the late 1940s and early ‘50s, Trever worked for the National Council of Churches, promoting and explaining the revised standard version of the Bible.

The quiet scholar spent much of his life lecturing and writing books on the scrolls.

His 1965 book “The Untold Story of Qumran” provides the most complete account of the initial discovery of the scrolls, wrote James VanderKam and Peter Flint in their 2002 book, “The Meaning of the Dead Sea Scrolls.”

Trever is survived by his wife of 68 years, Elizabeth; sons, James and John, who is a political cartoonist for the Albuquerque Journal; six grandchildren; and eight great-grandchildren.

Fonte: Valerie J. Nelson – Los Angeles Times: May 4,2006

Tributo a Senna, Ayrton

Ayrton Senna da Silva nasceu em 21 de março de 1960. Ficou encantado em 1º de maio de 1994, na curva Tamburello, no GP de San Marino, em Ímola, na Williams, disputando o 162º GP de sua estonteante carreira na Fórmula 1.S do Senna

Leia, Ouça, Veja
Ayrton Senna da Silva
Ayrton Senna: 18 anos
BBC – On this day

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É Guimarães Rosa quem nos alerta, em Grande Sertão: Veredas: As pessoas não morrem, ficam encantadas!

Títulos de Senna

  • Tricampeão paulista de kart: 1974, 1975, 1976
  • Tetracampeão brasileiro de kart: 1978, 1979, 1980, 1981
  • Bicampeão sul-americano de kart: 1977, 1978
  • Campeão inglês de Fórmula Ford 1600: 1981
  • Campeão inglês e europeu de Fórmula Ford 2000: 1982
  • Campeão inglês de Fórmula 3: 1983
  • Tricampeão mundial de Fórmula 1: 1988, 1990, 1991

Morreu John Trever

John C. Trever: 1916-2006 - Photo by Lou Mack/Los Angeles Times via Getty ImagesI am sorry to inform you that John Trever died on Saturday morning“. Assim começa Jim Davila seu post no PaleoJudaica.com, comunicando a morte de John C. Trever, que teve papel importante na descoberta dos Manuscritos do Mar Morto, como se pode ler aqui.

Leia sobre John C. Trever na Wikipedia.

Vale a pena ler seu livro The Dead Sea Scrolls: A Personal Account. A Revised Edition of the Author’s Untold Story of Qumran. Piscataway, NJ: Gorgias Press, 2003, 268 p. – ISBN 9781593330422.

Fotos mostram que Che Guevara foi assassinado, não morreu em confronto

Folha Online: 28/04/2006 – 10h59

Fotos mostram a agonia de Che Guevara

Descobertas recentemente, as fotos da agonia do guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara, ícone mundial da esquerda e um dos líderes da Revolução Cubana, recompõem os seus últimos momentos no interior da Bolívia (…) O material chegou em um envelope anônimo às mãos do escritor argentino Pacho O’Donnell, ex-secretário da Cultura da Argentina e autor de uma conhecida biografia do Che. Foram publicadas primeiramente em fevereiro no jornal argentino “Clarín”, e na semana passada, acompanhados de um ensaio assinado pelo próprio O’Donnell, publicadas na revista semanal “Noticias” (cont.)


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Faleceu o biblista e assiriólogo Emanuel Bouzon

Acabei de tomar conhecimento através de e-mail enviado para a lista de discussão ANE-2 e de nota da Assessoria de Comunicação Social da PUC-Rio do falecimento de Emanuel Bouzon. O ilustre professor e pesquisador faleceu ontem, dia 28 de março de 2006, aos 73 anos de idade, vítima de câncer pulmonar, depois de duas semanas internado no Hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro.

Emanuel Bouzon nasceu em 1933. Estudou Filosofia na PUC-RJ, onde graduou-se em 1954. Cursou Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma, ordenando-seEmanuel Bouzon (Manaus, 1933 - Rio de Janeiro, 2006) padre em 1958. Estudou Ciências Bíblicas no Pontifício Instituto Bíblico, Roma, e Ciências Orientais no Instituto Oriental de Roma e especializou-se em Assiriologia, Egiptologia, Semitistica e História Antiga na Westfälische Wilhelms-Universität de Münster, Alemanha, onde estudou com o célebre orientalista Wolfram von Soden. Em 1988 conseguiu, em Münster, o Pós-Doutorado. Foi um dos fundadores do Departamento de Teologia da PUC-Rio, universidade onde trabalhou por mais de quarenta anos. Foi, também, um dos tradutores da Bíblia de Jerusalém para o português.

No seu Currículo Lattes lemos o seguinte quadro de sua formação acadêmica:

1987-1988 – Pós-Doutorado: Westfälische Wilhelms Universität Münster, Alemanha.

1964-1969 – Doutorado em História Antiga e Medieval: Pontifício Instituto Bíblico, PIB, Itália.
Título: Die Prophetenkorporationen in Israel und im Alten Orient. Ein Beitrag zur Geschichte der nebiistischen Bewegung, Ano de Obtenção: 1969.
Orientador: Ernst Vogt.

1960-1964 – Especialização em Assiriologia e História Antiga. Westfälische Wilhelms Universität Münster, Alemanha. Ano de finalização: 1964.

1958-1960 – Mestrado em História Antiga Oriental: Pontifício Instituto Bíblico, PIB, Itália.
Título: As Corporações Proféticas no Antigo Israel, Ano de Obtenção: 1960.
Orientador: Ernst Vogt.

1954-1958 – Graduação em Teologia. Pontificia Universidade Gregoriana, PUG, Itália.

1951-1954 – Graduação em Filosofia. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-RJ, Brasil.

Entre suas muitas publicações, destaco:

BOUZON, E. O Código de Hammurabi. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2003.:. O Código de Hammurabi. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2003. 238 p.
:. Uma Coleção de Direito Babilônico Pré-Hammurabiano. Leis do Reino de Eshnunna. 1. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. v. 1. 207 p.
:. Contratos Pré-Hammurabianos do Reino de Larsa. 1. ed. Porto Alegre: Edipucrs, 2000. v. 1. 391 p.
:. As Cartas de Hammurabi. 1. ed. Petrópolis: Vozes, 1986. 240 p.
:. As Leis de Eshnunna. 1. ed. Petrópolis: Vozes, 1981. 171 p.

O e-mail repassado hoje cedo (quarta-feira, 29 de março de 2006 04:02) por Chuck Jones para a lista de discussão ANE-2 foi enviado por Marcelo Rede ontem (date: Tue, 28 Mar 2006 16:31:26) e está em francês:

“Chère Madame, cher Monsieur, Je suis dans la triste obligation de vous informer du décès du Professeur Emanuel BOUZON, survenu hier à Rio de Janeiro, Brésil. Le père Bouzon a suivi des études d’assyriologie, d’histoire ancienne et biblique à l’Institut Biblique de Rome, et à Münster où il a été l’élève de Von Soden. Professeur à l’Université Catholique, il a été l’initiateur des études mésopotamiennes au Brésil. Parmi ses nombreux ouvrages, on peut citer les premières traductions en portugais du Code de Hammurabi, des lois d’Eshnunna, des lettres de Hammurabi ainsi que des contrats de Larsa. Le vide laissé par sa disparition est immense pour ses étudiants et collègues ainsi que pour la science”.

 

Morreu hoje Stanislaw Lem, autor de Solaris

Folha Online: 27/03/2006 – 13h50

Morre o escritor Stanislaw Lem, autor de “Solaris”

Morreu nesta segunda aos 84 anos o escritor polonês Stanislaw Lem, que ficou consagrado pelo gênero ficção científica, como o livro “Solaris” – adaptado para o cinema duas vezes. Lem morreu na Cracóvia, Polônia. Não foram revelados detalhes sobre a sua morte. Vendedor de mais de 27 milhões de cópias pelo mundo, Lem teve suas obras traduzidas para 40 idiomas (cont.)

Um livro incrível, que sempre me fascinou!

Albert Vanhoye, professor do PIB, nomeado cardeal

O papa Bento 16 anunciou na quarta-feira passada, dia 22 de fevereiro de 2006, o primeiro consistório de seu Pontificado, que será instituído no dia 24 de março, quando o papa nomeará 15 novos cardeais. Entre eles está Albert Vanhoye, 82 anos, professor emérito do Pontifício Instituto Bíblico de Roma e ex-secretário da Pontifícia Comissão Bíblica. Professor de Novo Testamento, Vanhoye é especialista na Carta aos Hebreus.

Veja a notícia, em português, aqui. Informações mais completas estão no texto em francês, citado abaixo. Uma entrevista com Vanhoye sobre o documento A Interpretação da Bíblia na Igreja, de 1993, pode ser lida em Catholicism and the Bible: An Interview with Albert Vanhoye.

Le P. Albert Vanhoye, un professeur très aimé et bientôt cardinal

Le P. Albert Vanhoye, jésuite, exégète, 82 ans, sera également créé cardinal par Benoît XVI le 24 mars prochain : un professeur très aimé de ses étudiants. Professeur émérite d’exégèse du Nouveau Testament à l’Institut biblique pontifical de Rome, dont il a été recteur, et ancien secrétaire de la Commission biblique pontificale, consulteur de la congrégation pour l’Education Catholique et de la congrégation pour la Doctrine de la Foi, dont dépend la commission biblique, le P. Vanhoye est connu en particulier pour ses travaux sur l’Epître aux Hébreux. Né le 24 juillet 1923 à Hazebrouck, en France (département du Nord), le père Vanhoye a été nommé cardinal “en considération des services rendus à l’Eglise” a indiqué le pape. Agé de plus de 80 ans, il ne fera pas partie du collège des cardinaux électeurs. Entré chez les jésuites le 11 septembre 1941, il a été ordonné prêtre en 1954. Docteur en écriture sacrée, il a enseigné à l’université pontificale grégorienne et a été membre de la commission biblique pontificale de 1984 à 2001 et secrétaire de 1990 à 2001. Il a également été consultant au conseil pontifical pour la promotion de l’unité des chrétiens (1980-96), à la congrégation pour l’éducation catholique à partir de 1978 et, à partir de 1990, à la congrégation pour la doctrine de la foi, présidée par le cardinal Joseph Ratzinger. Le P. Vanhoye a été en outre très aimé de ses étudiants, attirés par la limpidité, la précision et la richesse spirituelle de son approche de l’Ecriture Sainte, et par sa charité délicate et affable, qui le rendait accueillant pour tous, sans acception de personne. Parmi ses ouvrages en français figurent “La Structure littéraire de l’épître aux Hébreux” (1963, Studia Neotestamentica 1, Desclée de Brouwer, Bruges/Paris, 285 p., 2ème éd. 1976, 331 pp.), “Situation du Christ. Epître aux Hébreux” (1969, coll. “Lectio divina 58”, Ed. Du Cerf, Paris, 403 pp.), ainsi que “Prêtres anciens, prêtre nouveau selon le Nouveau Testament” (1980, coll. “Parole de Dieu 20”, Ed. du Seuil Paris, 373 p., trad. anglais, espagnol, italien).

Homenagem a Benjamim

No dia 23 de junho de 2005 faleceu, em Belo Horizonte, o meu amigo e colega biblista Benjamim Carreira de Oliveira. Hoje, oito meses após sua morte, quero prestar-lhe minha homenagem. E vou fazê-lo citando um texto muito bonito escrito por Léssio Lima Cardoso na revista Diretrizes, da Diocese de Caratinga, MG, n. 767, de agosto de 2005 e reproduzido no GS58 de novembro de 2005, nas páginas 65-67. O GS58 – Grupo Sacerdotal de 1958 – é uma publicação dirigida por Mons. Raul Motta de Oliveira, também de Caratinga. Mas vamos ao artigo.

Faleceu, em Belo Horizonte, dia 23 de junho, Pe. Benjamim Carreira de Oliveira. Dos professores do Seminário Diocesano de Caratinga que permanecem na ativa, parece-nos que, mais antigos que ele, somente Mons. Raul e Mons. Levy. Vinha à Diocese todo final de semestre para agradáveis aulas de Sagrada Escritura. Pe. Benjamim nasceu em Caeté, MG [em 11/05/1940], tinha 65 anos e estava há pelo menos 30 em Belo Horizonte, Bairro Floresta, Paróquia Nossa Senhora das Dores, sem capelas, mas com 25 mil habitantes e muitos colégios. Lecionava também na PUC-MG. “Traduziu dois livros de ‘A Bíblia de Jerusalém’. Passeava pela Bíblia toda com facilidade”, relatou a Diretrizes seu amigo, Dom Emanuel Messias de Oliveira, Bispo de Guanhães. Os dois se conheceram estudantes no início da década de 1970, em Roma. Pe. Benjamim terminou o curso bíblico em 1974. Já no Brasil, se uniram a Airton José da Silva e criaram a tradição de, a partir de 1977, reservar parte do mês de janeiro para estudar ou preparar aulas na “Casa do Padre”, na Serra da Piedade, região próxima à capital mineira. “Estudávamos cada um na sua parte de uma mesa enorme. Interrompíamos para comentários, perguntas, casos, novidades. Fazíamos caminhadas com conversas descontraídas. Saía muita piada. O Beijo (Pe. Benjamim) tinha sempre uma nova”, conta Dom Emanuel com a familiaridade que só uma longa convivência permite (…). Ao falar, Dom Emanuel ainda usa os verbos no presente como se não assimilasse por inteiro a perda. A proximidade entre os três biblistas era tamanha que Pe. Benjamim confiou-lhes as chaves da casa paroquial. “Nem avisava que estava indo. Ia direto para o meu quarto. Tinha também a chave do quarto do Beijo para ver TV e pesquisar em sua biblioteca (…). Ele lia uns quatro livros de uma vez”. Conhecia História, Língua Portuguesa, Literatura, Música, artes em geral. Gostava de astronomia, tinha um telescópio pelo qual dava para ver bem, por exemplo, as montanhas e crateras da Lua. Falava e escrevia em espanhol, italiano e francês; lia em inglês. Visitou a Palestina pelo menos duas vezes. “Foi um intelectual desperdiçado, porque não gostava de escrever”, lamenta o bispo. Pe. Benjamim se considerava numa espécie de prorrogação. “Qualquer hora estou indo”, dizia desde que teve de instalar uma válvula no coração (…) Nunca imaginava que ia passar 33 dias numa UTI. Antes de ser operado, recebeu a Unção dos Enfermos. Disse estar tranqüilo, realizado. Nunca mais se comunicou. “Falei ao ouvido dele: ‘É Dom Emanuel. Estou rezando por você’. Não fez sinal. Houve uma vez uma lágrima. Tentou outra vez abrir a boca, mas não saiu som”. Depois de duas operações, um rim parou, fez hemodiálise, o pulmão foi a 70% de secreção, fez três punções para retirar a água da pleura, fez traqueostomia, depois tiveram que tirar água do corpo, muito inchado. Dom Emanuel fez a encomendação do corpo. “A gente percebia uma piedade peculiar no altar. Pregações bíblicas, atualizadas, pé no chão. Muito simples, andou muito tempo de fusca, mesmo numa paróquia de muitos recursos. Despojado no guarda-roupa. Investia em livros. Praticamente um irmão meu”.

Até aqui o artigo.

Quero dizer que conheci Benjamim na viagem para Roma em setembro de 1970, quando, durante 14 dias, atravessamos o Atlântico e parte do Mediterrâneo no navio Augustus, rumo à Itália, onde íamos estudar. Ele ia para o Pontifício Instituto Bíblico fazer o Mestrado. Eu, com 19 anos de idade, ia para a Pontifícia Universidade Gregoriana fazer a graduação em Teologia e, em seguida, o Mestrado em Bíblia. Emanuel (hoje, o Dom), já fora meu colega, um ano adiantado, em Mariana. Estava na Teologia da Gregoriana, em Roma, desde 1969 e, iria, também, em seguida, para o Mestrado no Bíblico. Emanuel nos esperava no porto de Nápolis, com enorme alegria. De lá nos dirigimos a Roma, para o Colégio Pio Brasileiro, onde iríamos morar. Benjamim ficou quatro anos, Emanuel e eu ficamos seis anos. Dos três, fui o último a retornar ao Brasil no final de 1976.

Fiquei dias na casa do Benjamim, na Floresta, em Belo Horizonte. Foi ele que nos levou até o Asilo São Luiz – apesar do nome, um orfanato – das Irmãs Auxiliares de N. S. da Piedade, pertinho de Caeté, onde, como se disse, desde 1977, passamos a nos encontrar para estudar Bíblia nas férias. Primeiro em janeiro. Depois em janeiro e julho. Irmã Genoveva cuidava da gente.

Foi com Benjamim – e Ivo Storniolo, que também estava cursando o Bíblico – que aprendi a gostar da Bíblia. E foi Benjamim quem me apresentou às músicas de Chico Buarque e ao violão. O violão anda encostado, mas nunca mais deixei de ouvir Chico.

Na manhã em que Benjamim se foi, ao ser avisado por telefone, liguei para o Emanuel. Ele me disse: “Perdemos um irmão”. Concordei. Palavras tristes, palavras certas.