Tissa Balasuriya: pioneiro do diálogo inter-religioso

No dia 17 de janeiro de 2013, em Colombo, no Sri Lanka, morreu, aos 89 anos, Tissa Balasuriya, uma das vozes mais poderosas da teologia da libertação asiática.

Ele defendia que é necessário repensar as religiões segundo uma lógica de complementaridade que substitua o espírito de competição. “As religiões mundiais tem um conjunto de valores centrais sobre os quais podem concordar e cooperar para a vida social prática”.

Veja a bibliografia de Tissa Balasuriya em seu blog. Alguns livros e artigos estão disponíveis para download, em inglês.

Quem é Tissa Balasuriya?

Leia:
Tissa Balasuriya, o teólogo que revelou o ”pecado original” da Igreja sobre o diálogo inter-religioso – Notícias: IHU On-Line – 31.01.2013.

Domingos Zamagna fala sobre frei Gorgulho

Faleceu no dia 26 de dezembro de 2012, às 6h20, o biblista frei Gilberto da Silva Gorgulho, aos 79 anos de idade. Meu amigo Domingos Zamagna, contemporâneo de estudos em Roma, biblista, intelectual finíssimo, presta, neste texto, sua homenagem a frei Gorgulho.

Frei Gilberto Gorgulho OP (1933-2012)

“Natural de Cristina-MG, de família muitíssimo cristã, que deu à Igreja também duas religiosas da Congregação da Providência de Gap, desde que se decidiu pela vida sacerdotal, cursou seminários clássicos e deles herdou o que eles tinham de muito bom: espírito de pobreza e serviço evangélicos, disciplina intelectual, fé sólida vivenciada na oração, espiritualidade, cultura, erudição.

Entrando na Ordem dos Dominicanos, os superiores acolheram seu desejo de especializar-se em Sagradas Escrituras, enviando-o para estudos avançados na França, em Saint-Maximin (Provence) e Toulouse (Haute Garonne). Em seguida passou pela Universidade Santo Tomás de Aquino (Angelicum) de Roma para a obtenção dos graus acadêmicos em Sagrada Escritura na Comissão Bíblica da Santa Sé. Especializou-se em seguida na École Biblique et Archéologique Française de Jérusalem (fundada pelo Pe. Marie-Joseph Lagrange OP e até hoje mantida pelos Dominicanos), filiada à École Pratique des Hautes Études, da Sorbonne-Paris (…)

Retornando ao Brasil, a partir da década de 60, Frei Gorgulho se dedicou intensamente ao magistério, principalmente na Escola Dominicana de Teologia, na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção e no Instituto Teológico Pio XI, em São Paulo, mas sempre dando cursos regulares em Petrópolis (RJ), Viamão (RS) e cursos e palestras em vários estados brasileiros e no exterior. Foi colaborador assíduo da CRB e da CNBB e sempre muito engajado nos trabalhos ecumênicos.

Durante décadas, Frei Gorgulho orientou centenas de dissertações e teses em estudos bíblicos, formando pelo menos duas gerações de biblistas brasileiros e latino-americanos.

Frei Gorgulho participou ativamente da preparação e difusão do Concílio do Vaticano II. Recordo-me de vários arcebispos e bispos que passavam horas em seu escritório no Convento de Santo Alberto Magno estudando com ele os documentos preparatórios do Concílio, dentre eles o então arcebispo de Ribeirão Preto, D. Agnelo Rossi, que mais tarde se tornou cardeal-arcebispo de São Paulo e lhe abriu as portas da arquidiocese para um trabalho qualificado de evangelização. A partir de 1971, quando D. Paulo Evaristo Arns OFM substituiu D. Agnelo, entre o novo arcebispo e o frade desenvolveu-se intensa colaboração pastoral, especialmente na evangelização das periferias, para a qual Frei Gorgulho não mediu esforços, colocando a serviço dos pobres seus conhecidos dons intelectuais, sua ousadia pastoral, seu discernimento teológico e sua liberdade de fiel Pregador da Palavra de Deus.

Teve colaboradores e bons companheiros, porque sempre soube trabalhar em equipe e fiel às amizades: D. Luciano Mendes de Almeida SJ, D. Cândido Padin OSB, D. Tomás Balduíno OP, D. Valdir Calheiros, Frei Carlos Josaphat OP, Pe. José Comblin (hoje no ostracismo em certas dioceses), Frei Carlos Mesters, O. Carm., Pastor Milton Schwantes, Profa. Ana Flora Anderson, Pe. Ticão, Mons. Lancelotti, Prof. Alfredo Bosi, o jornalista Evaldo Dantas e uma plêiade de leigos e leigas que se beneficiavam de seus ensinamentos.

Durante vários anos Frei Gorgulho dirigiu os trabalhos de tradução da Bíblia de Jerusalém, editada pela Paulus, editora pela qual lançou uma dúzia de títulos.

Colaborador de várias revistas, teve também uma coluna no jornal ‘O São Paulo’. Na década de 70 era um prazer ouvir seus comentários na TV Record, rápidos e profundos, num quadro chamado “Esta cidade tem alma”.

Intelectual finíssimo, e todavia sempre um homem de hábitos simples, modos de homem do povo do sul de Minas.

Como infelizmente sói acontecer, toda vez que alguém se dedica de corpo e alma, fielmente, à evangelização, aparecem alguns que o acusam de heterodoxia etc. Às vezes isso até pode ser verdade, mas é difícil conhecer alguém mais evangelicamente ortodoxo do que Frei Gorgulho! No entanto, isso é um leit-motiv na História da Igreja: aconteceu com Santo Tomás de Aquino, com Pe. Lagrange, Pe. Lyonnet… Essas indignidades fizeram com que Frei Gorgulho precisasse abandonar a cátedra na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, sem solidariedade dos professores, num momento em que esta instituição rompia com a Teologia da Libertação.

Foi acolhido durante alguns anos no Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências da Religião, da PUC-SP, orientando dezenas de trabalhos e publicando muitos artigos, até que a idade avançada começou a limitar  seus empreendimentos. Poucos sabem, mas a demissão da PUC-SP, numa vala-comum típica do capitalismo que justamente as instituições católicas gostam de criticar, juntamente com centenas de outros professores, causou-lhe profundo desgosto, sobretudo quando soube que o motivo alegado, mas que o burocrata de plantão não teve coragem de lhe dizer, foi  que ‘o seu tempo tinha passado'”…

Leia o texto completo.

Fonte: Notícias: IHU Online – 05/01/2013

:: Quem é Domingos Zamagna?

Morreu o biblista frei Gorgulho

Morreu hoje cedo, dia 26 de dezembro, às 6h20, frei Gilberto da Silva Gorgulho, aos 79 anos de idade. O corpo está sendo velado na Igreja São Domingos, na Rua Caiubi, 164, nas Perdizes, São Paulo. O cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, preside missa de corpo presente, hoje às 19h00. Amanhã, 27, haverá outra missa às 6h45. Às 8h00 o corpo segue para o Cemitério Santíssimo Sacramento, Avenida Doutor Arnaldo, 1200.

Frade dominicano, nasceu em Cristina – MG, na diocese de Campanha, em 9 de julho de 1933. Frei Gorgulho fez seus estudos de exegese na École Biblique et Archéologique Française de Jérusalem.

Formou gerações no pós-concilio na fidelidade ao espírito da “Dei Verbum”, sempre trabalhando com a exegeta norte-americana Anne Florence (Ana Flora) Anderson. Além de suas muitas publicações, vale lembrar que, junto com Ivo Storniolo e Ana Flora Anderson, Gorgulho coordenou a tradução da Bíblia de Jerusalém para o português.

Lecionou em vários institutos e faculdades de Teologia de São Paulo. Nos últimos anos esteve ligado ao programa de pós-graduação de Ciências da Religião da PUC-SP.

Gorgulho foi um dos colaboradores do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, então arcebispo de São Paulo, na assistência aos frades dominicanos presos durante o regime militar.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Morreu Oscar Niemeyer (1907-2012)

“A vida é mais importante do que a arquitetura”.

“Não é o ângulo reto que me atrai Nem a linha reta, dura, inflexível, Criada pelo homem.

O que me atrai é a curva livre e sensual, A curva que encontro nas montanhas do meu país, No curso sinuoso dos seus rios, Nas ondas do mar, No corpo da mulher preferida.

De curvas é feito todo o universo, O universo curvo de Einstein” (Oscar Niemeyer)

O nosso mais famoso arquiteto, Oscar Niemeyer, morreu ontem, 5 de dezembro de 2012, às 21h55, no Rio de Janeiro, aos 104 anos de idade. Hoje à tarde será velado no Palácio do Planalto, em Brasília.

Mas: Se realmente for verdade que só morre quem é esquecido, com centenas de projetos construídos em mais de 70 anos de vida profissional, vai ser difícil para Oscar Niemeyer deixar de ser lembrado.

Niemeyer: “Estou cansado de dizer adeus” – Renata Giraldi – Agência Brasil, em Carta Maior: 06/12/2012
Símbolo da vanguarda e da crítica ao conservadorismo de ideias e projetos, o carioca Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho, de 104 anos, que morreu na noite desta quarta (5), é apontado como um dos mais influentes na arquitetura moderna mundial. Os traços livres e rápidos criaram um novo movimento na arquitetura. A capital Brasília é apenas uma das suas numerosas obras espalhadas pelo Brasil e pelo mundo. Dono de um espírito inquieto e permanentemente em alerta, Niemeyer lançou frases que ficaram na memória nacional. Ao perder mais um amigo, ele desabafou: “Estou cansado de dizer adeus”. Em meio a um episódio de mais violência no Rio de Janeiro, perguntaram para Niemeyer se ele ainda se indignava, a resposta foi rápida e objetiva. “O dia em que eu não mais me indignar é porque morri.”

Arquiteto Oscar Niemeyer morre aos 104 anos no Rio; enterro será na sexta – Folha.com: 05/12/2012 – 21h56
O corpo será levado na manhã desta quinta (6) para a capital federal e retorna no fim do dia ao Rio, onde acontecerá uma cerimônia restrita a família e amigos no Palácio da Cidade, em Botafogo, sede da Prefeitura do Rio. Na manhã de sexta (7), o espaço deverá ser aberto ao público. O enterro ocorre na tarde de sexta, no cemitério São João Batista, também em Botafogo (veja galeria de fotos da vida e das obras de Niemeyer)

“A vida é mais importante do que a arquitetura”, escreveu Oscar Niemeyer – Folha.com: 05/12/2012 – 22h00
Nestes momentos de pausa e reflexão é que me permito dizer que a vida é mais importante do que a arquitetura. Que, um dia, o mundo será mais justo e a vida a levará a uma etapa superior, não mais limitada aos governos e às classes dominantes, atendendo a todos, sem discriminação.

Fundação Oscar Niemeyer
A Fundação Oscar Niemeyer é um centro de informação e pesquisa voltado para a reflexão e difusão da arquitetura, urbanismo, design e artes plásticas para a valorização e preservação da memória e do patrimônio arquitetônico moderno do país. Mas, além de reunir o maior acervo bibliográfico e documental sobre o arquiteto, a fundação promove atividades permanentes de atendimento a antigos e novos arquitetos interessados na divulgação da moderna arquitetura brasileira.

Imprensa internacional diz que estilo de Niemeyer deu vazão à sensualidade e à beleza – Renata Giraldi:  Agência Brasil: 06/12/2012 7h58
A imprensa internacional publica desde a noite de ontem (5) notícias sobre a morte do arquiteto Oscar Niemeyer, de 104 anos, devido a complicações renais e desidratação. A morte de Niemeyer virou destaque nos principais veículos de imprensa. Nos Estados Unidos, no Reino Unido, na França, nos países muçulmanos e na China, as agências de notícias, emissoras de televisão e jornais informaram sobre a morte lembrando sua trajetória e estilo. As agências internacionais de notícias Reuter, BBC e Bloomberg deram informações desde ontem à noite sobre a morte de Niemeyer. Ambas destacaram as obras do arquiteto, a construção de Brasília e as características peculiares do seu estilo. Em praticamente todas as reportagens havia fotos de Niemeyer e imagens de Brasília.

Muere Niemeyer, el poeta de la curva –  Francho Barón: El País – 6 Dic 2012
Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares (Río de Janeiro, 1907), Oscar Niemeyer, el último superviviente de los grandes maestros de la arquitectura del Siglo XX, el poeta de la curva, el pensador polifacético que encantó al mundo con la sinuosidad y la belleza estética de su prolífica obra, ha fallecido a los 104 años en Río de Janeiro. Tras haberle ganado una sucesión de pulsos a la muerte, ilusionado con celebrar su 105 cumpleaños el próximo 15 de diciembre rodeado por su esposa, Vera Lúcia, sus nietos, biznietos y tataranietos, Niemeyer no ha resistido el último embate de la enfermedad y la vejez. Deja atrás una interminable lista de premios y reconocimientos, entre los que constan el Pritzker de Arquitectura (1987), el Príncipe de Asturias de las Artes (1989) o la Royal Gold Medal del Royal Institute of British Architects (1998).

Oscar Niemeyer, “l’architecte de la sensualité” – Le Monde: 06.12.2012 à 08h21
Le Brésilien Oscar Niemeyer, mort mercredi à l’âge de 104 ans, était un fervent communiste amoureux des courbes féminines qui a révolutionné l’architecture. “Ce n’est pas l’angle qui m’attire. Ni la ligne droite, dure, inflexible. Ce qui m’attire, c’est la courbe sensuelle que l’on trouve dans le corps de la femme parfaite”, aimait à dire l’architecte de la nouvelle capitale brésilienne inaugurée le 21 avril 1960 au cœur du pays.

A Legendary Modernist – The New York Times: December 5, 2012
Oscar Niemeyer, the celebrated Brazilian architect whose flowing designs infused Modernism with a new sensuality and captured the imaginations of generations of architects around the world, died on Wednesday in Rio de Janeiro. He was 104.

Oscar Niemeyer, architect of Brazil’s capital, dies aged 104 –  By Jonathan Watts: The Guardian – 6 December 2012
The architect known for his distinctive and frequently curvy style designed the main buildings of capital city Brasilia. “Right angles don’t attract me. Nor straight, hard and inflexible lines created by man,” he wrote in his 1998 memoir, The Curves of Time. “What attracts me are free and sensual curves. The curves we find in mountains, in the waves of the sea, in the body of the woman we love.”

Addio a Niemeyer, maestro del Novecento – Corriere della Sera: 06/12/2012
Morto a Rio De Janeiro a 104 anni il grande architetto brasiliano, «Padre di Brasilia», tra i pionieri dell’uso del cemento armato.

Oscar Niemeyer: “Das Leben ist ein Hauch” – Deutsche Welle: 06/12/2012
Er gilt als Jahrhundertarchitekt und als der letzte große Vertreter der architektonischen Moderne. Ein Nachruf auf den verstorbenen Brasilianer Oscar Niemeyer, der deutsche Wurzeln hatte. “Ich zeichne gern. Ich sehe gern, wenn aus einem weißen Blatt Papier ein Palast, eine Kathedrale, die Figur einer Frau entsteht. Aber für mich ist das Leben viel wichtiger als die Architektur”.

Morreu o hititólogo Itamar Singer (1946-2012)

Morreu Itamar Singer, um grande especialista em hititologia.

Confira o livro dedicado ao estudioso por ocasião de sua aposentadoria:

COHEN, Y.; GILAN, A.; MILLER, J. L. (eds.) Pax Hethitica: Studies on the Hittites and their Neighbours in Honour of Itamar Singer.  Wiesbaden: Harrassowitz Verlag, 2010 xiv + 439 p. – ISBN 9783447061193.

Há uma resenha do livro na RBL. Veja mais detalhes sobre a obra aqui (pdf) como a lista completa dos ensaios, a biografia de Itamar Singer e sua bibliografia.

Sobre os hititas e a hititologia, conferir Hethitologie Portal Mainz.

Minhas condolências à esposa Graciela Gestoso Singer, com quem já mantive alguns contatos.

Leia: The Obituary of Itamar Singer – Jim West: Zwinglius Redivivus 20/09/2012

A homenagem do PIB a Martini

Pontifício Instituto Bíblico (= PIB) de Roma, prestou homenagem a Carlo Maria Martini em texto que reproduzo, na integra, a seguir. Martini foi aluno, professor e reitor do Bíblico. O texto está em italiano.

Carlo Maria Card. Martini

“Venerdì, 31 agosto, dopo una lunga malattia, si è spento, all’età di 85 anni, il cardinale Carlo Maria Martini, ex-alunno, professore e Rettore del Pontificio Istituto Biblico. In questa pagina vogliamo ricordare brevemente solo gli eventi che hanno legato la sua vita alla storia dell’Istituto.

Nato a Torino il 15 febbraio 1927, era entrato nella Compagnia di Gesù il 23 ottobre 1938.

Dopo aver compiuto gli studi di teologia nel teologato dei gesuiti di Chieri (Torino), il 12 luglio del 1952 era stato ordinato sacerdote. Dal 1954 al 1956 era stato studente del Pontificio Istituto Biblico, conseguendo la Licenza in S. Scrittura (summa cum laude) il 20 giugno 1956. Poi aveva preparato e difeso la tesi di dottorato in teologia alla Pontificia Università Gregoriana su Il problema storico della Risurrezione negli studi recenti, pubblicata nel 1959 (Analecta Gregoriana 104).

Dopo aver insegnato dal 1958 nel teologato di Chieri, fu inviato di nuovo al Pontificio Istituto Biblico nel 1962, dove intraprese l’anno di preparazione al dottorato in scienze bibliche e l’insegnamento della critica testuale nella Facoltà Biblica. Ottenne il dottorato in S. Scrittura (summa cum laude) con la tesi: Il carattere recensionale del testo lucano del codice B alla luce del Papiro Bodmer XIV, difesa il 12 maggio 1965 e pubblicata l’anno successivo nella collana ‘Analecta Biblica’ (n. 26). Nel suo iter formativo c’era stato anche un periodo di studi speciali di critica testuale a Münster (Germania).

Rimase al Pontificio Istituto Biblico come professore fino alla sua nomina ad Arcivescovo di Milano nel 1979. Nell’Istituto ricoprì anche l’incarico di Decano della Facoltà Biblica dal 1967 al 1969 e di Rettore dal 1969 al 1978.

Nominato da S.S. Giovanni Paolo II arcivescovo di Milano il 29 dicembre 1979, mantenne sempre un profondo legame con l’Istituto Biblico, portando tra l’altro a termine la direzione di due tesi di Dottorato (degli allora studenti Card. G. Betori e Mons. E. Manicardi).

Carlo Maria MartiniIl 19 aprile 1989, in occasione dell’80° anniversario dell’Istituto, tenne un incontro-dialogo con studenti e professori sul tema ‘L’uso pastorale della Bibbia’.

Nel 1999 partecipò alle celebrazioni del 90° anniversario dell’Istituto, presiedendo una tavola rotonda (7 maggio 1999) sul tema ‘Relazione tra l’Antico e il Nuovo Testamento’.

Il 3 aprile 2001, su iniziativa della Gregorian University Foundation, fu istituita nell’Istituto ‘The Cardinal Carlo Maria Martini Chair in New Testament Studies’.

Particolarmente toccante fu l’incontro con gli studenti che egli ebbe la sera del 23 maggio 2002. Nonostante i suoi numerosi impegni, accettò volentieri l’invito degli studenti ‘per una conversazione e un dialogo a proposito della Sacra Scrittura e della sua importanza nella vita del credente’. La cronaca di questo incontro è disponibile in questo sito web [Il Card. Martini incontra gli studenti PIB].

Nel 2002, lasciato l’incarico di Arcivescovo di Milano, si ritirò nella sede del Pontificio Istituto Biblico di Gerualemme dedicandosi nuovamente agli studi biblici.

Il Card. Martini ha avuto anche con la sede gerosolimitana dell’Istituto un particolare legame. Alla sua iniziativa si deve, all’inizio degli anni 1970, un’opera di completo rinnovamento della casa perché potesse accogliere gli studenti di Roma desiderosi di trascorrere un periodo di studio in Terra Santa. Ma soprattutto fu sua l’iniziativa di un programma di collaborazione tra il Pontificio Istituto Biblico di Roma e la Hebrew University di Gerusalemme. Questo programma di collaborazione, iniziato nel 1975 quando ancora non erano state stabilite normali relazioni diplomatiche tra Israele e la S. Sede, è proseguito ininterrottamente fino ad oggi e, in questi trentasette anni, ha permesso a più di cinquecento studenti (quindi futuri esegeti cattolici) di arricchire la loro formazione nell’ambito di una istituzione ebraica. Gli studenti che tra il 2002 e il 2008 hanno partecipato a questo programma ricordano come un dono particolare aver potuto avere il Card. Martini come confratello della comunità del Biblico di Gerusalemme”.

O texto do Bíblico traz, em seguida, uma avaliação da gestão de Martini feita por Maurice Gilbert, seu sucessor na direção do PIB, em livro publicado por ocasião do centenário do Instituto.

GILBERT, M. Il Pontificio Istituto Biblico: Cento anni di storia (1909-2009). Roma: PIB, 2009, p. 250-251:

“Quando, nel 1969, aveva assunto l’incarico di rettore dell’Istituto Biblico all’età di 42 anni, il P. Martini aveva ereditato una situazione pacificata e già aperta a un profondo aggiornamento. Era la persona adatta a proseguire questo compito, con discernimento, creatività e, per dirla con le parole del Fratel Ritz Sándor, ‘artisticamente’. In nove anni, il rettore, forte del suo credito, operò il rinnovamento dell’istituzione, sia a Roma che a Gerusalemme… Non solo con i nuovi statuti, redatti in modo democratico, e con i lavori intrapresi per i rispettivi edifici, ma anche con l’arrivo di giovani professori gesuiti, con l’invito di un buon numero di altri maestri, soprattutto grazie alla Catholic Biblical Association of America, e con un nuovo programma accademico frutto della collaborazione tra il Biblico e l’Università Ebraica di Gerusalemme. Questo investimento e questa apertura su più fronti furono benefici per l’Istituto, nonostante la diminuzione del numero degli studenti.

Al servizio dell’Istituto, il rettore non trascurava, tuttavia, di investire  molte sue energie intellettuali ad extra. Numerosi furono i suoi scritti pubblicati in questi anni. In primo luogo nel suo campo di specializzazione, la critica testuale, di cui era grande esperto; fu membro del comitato internazionale ed ecumenico che pubblicò The Greek New Testament, 1968 (2. ed.), 1975 (3. ed), 1993 (4. ed.), e presentò studi di alto livello in congressi internazionali. Inoltre, formato in un primo tempo per insegnare la teologia fondamentale, ebbe sempre un vivo interesse per la presenza della Scrittura nella vita della Chiesa; a lui si devono molti commenti al capitolo VI della costituzione ‘Dei Verbum‘ del concilio Va­ticano II. Da gesuita, aveva a cuore il collegamento dei testi biblici con gli Esercizi spirituali di Ignazio di Loyola; egli gettava semi che promettevano un grande avvenire.

Il suo rettorato si svolse negli anni più maturi del generalato del P. Arrupe, di cui godeva la piena fiducia. Anche il papa Paolo VI lo apprezzava molto; lo ricevette più volte in udienze private per informarsi sull’Istituto Biblico, che non mancava di incoraggiare e di sostenere anche finanziariamente. Nel giugno 1972, invitato a Cracovia al congresso dei biblisti polacchi, fu ospite del cardinale Karol Woityła, che non lo avrebbe perso di vista!

L’apertura del rettore si manifestò anche nelle sue relazioni ecumeniche; fu lui a invitare, fin dal 1970, il professor J. Alberto Soggin a venire a insegnare all’Istituto Biblico ed ebbe, come il cardinale Bea, calorosi contatti con Oscar Cullmann e molte personalità dell’Ortodossia greca. In Israele riuscì, del resto abbastanza facilmente, a ottenere una collaborazione accademica con l’Università Ebraica e molti professori di questa istituzione si considerarono da allora suoi amici, in particolare i professori R.J. Zwi Werblowsky e Shemaryahu Talmon.

Questo grande rettore, di carattere calmo e profondamente umano, dava l’esempio e l’Istituto lo seguì”.

Morreu o biblista Carlo Maria Martini

Carlo Martini, o grande biblista, morreu. Ele era o reitor do Pontifício Instituto Bíblico e professor de crítica textual quando fiz meu curso em Roma.

:: Fallece el cardenal Carlo Maria Martini – Vatican Insider 31/08/2012

:: La scomparsa del cardinale Martini, l’uomo del dialogo – Vatican Insider 31/08/2012

:: Cardinal Martini dies at age of 85 – Vatican Insider 31/08/2012

Leia Mais:
Carlo Maria Martini no Observatório Bíblico

Morreu o pensador alemão Robert Kurz

Robert Kurz, filósofo alemão, crítico radical e contundente do “moderno sistema produtor de mercadorias”, morreu, aos 68 anos, no dia 18 de julho de 2012. Foi cofundador e redator da revista teórica EXIT! — Kritik und Krise der WarengesellschaftEXIT! — Crítica e Crise da Sociedade da Mercadoria.

De seus livros publicados em português, além de O colapso da modernização: Da derrocada do socialismo de caserna à crise da economia mundial. São Paulo: Paz e Terra, 1992, 244 p., no qual, no dia 21 de janeiro de 1994, ao final da leitura, anotei: “Estimulante!”, conheço também Os últimos combates. Petrópolis: Vozes, 1997, 394 p. – ISBN 8532618995.

Leia mais em Robert Kurz, crítico radical e inovador do marxismo, morreu (Notícias: IHU – 21/07/2012).

Morreu o teólogo José Míguez Bonino

Perda de José Míguez Bonino deixa lacuna na teologia latino-americana

“A morte do teólogo metodista argentino José Míguez Bonino, aos 88 anos, no sábado, 30 de junho, deixa um sentido vazio na teologia latino-americana, de modo especial na teologia evangélica, ecumênica e na reflexão sobre o amor preferencial de Deus pelos pobres.

Bonino, como lembrou a nota da Iglesía Evangelica del Río de la Plata (IERP), foi pastor metodista, teólogo da Libertação – com artigos e livros publicados, entre os quais se destaca ‘Rostos do Protestantismo Latino-Americano’ – professor emérito do Instituto Superior Evangélico de Estudos Teológicos (ISEDET). Ele deixa significativa contribuição à tradição das igrejas evangélicas do continente.

Bonino tinha uma leitura abrangente da realidade latino-americana, substituía discriminações de qualquer natureza por diálogo franco – algumas vezes duros, como com Moltmann –, mas sempre propositivo, a partir de princípios e sempre com muitas perguntas. Ele deixa a marca de teólogo sério, que integrava elementos conceituais aparentemente contraditórios, mas os superava com o esforço de estudioso, inquieto e sem fugir às grandes questões.

Defendia a teologia como discurso legítimo, destemido, com perguntas e respostas a seu tempo, às igrejas, e a todos que postulavam diálogos claros, com as respostas obtidas e as ainda por perseguir. Dele se aprendeu que ‘toda teologia que mereça tal nome parte da realidade e a ela retorna’. A comunidade ecumênica fica órfã desse pensador e decano dos Teólogos Evangélicos Latino-americanos”.

 

La pérdida de José Míguez Bonino deja una laguna en la teología latinoamericana

“La muerte del teólogo metodista argentino José Míguez Bonino, a los 88 años, el sábado 30 de junio, deja un sentido vacío en la teología latino-americana, de modo especial en la teología evangélica, ecuménica y en la reflexión sobre el amor preferencial de Dios por los pobres.

Bonino, como recuerda la nota de la Iglesia Evangélica del Río de la Plata (IERP), fue pastor metodista, teólogo de la Liberación – con artículos y libros publicados, entre los cuales se destaca ‘Rostros del Protestantismo Latino-Americano’ – profesor emérito del Instituto Superior Evangélico de Estudios Teológicos (ISEDET). Deja significativa contribución a la tradición de las iglesias evangélicas del continente.

Bonino tenía una lectura abarcativa de la realidad latino-americana, substituía discriminaciones de cualquier naturaleza por diálogo franco – algunas veces duros, como con Moltmann –, mas siempre propositivo, a partir de principios y siempre con muchas preguntas. Él deja la marca de teólogo serio, que integraba elementos conceptuales aparentemente contradictorios, pero los superaba con el esfuerzo de estudioso, inquieto y sin huir de las grandes cuestiones.

Defendía la teología como discurso legítimo, audaz, con preguntas y respuestas a su tiempo para las iglesias, y a todos que postulaban diálogos claros, con las respuestas obtenidas y las aún por perseguir. De él se aprendió que ‘toda teología que merece el nombre de tal parte de la realidad y a ella retorna’. La comunidad ecuménica queda huérfana de ese pensador y decano de los Teólogos Evangélicos Latinoamericanos”.

Fonte:  Antonio Carlos Ribeiro –  ALC – 02/07/2012