Arqueólogos israelenses publicaram um fragmento de um papiro que, segundo eles, é a mais antiga referência hebraica a Jerusalém fora da Bíblia – uma descoberta da qual o governo rapidamente se apropriou para listar como evidência da conexão judaica com a cidade santa.
O pedaço de papiro, de 11 cm por 2,5 cm, datado pela Autoridade de Antiguidades de Israel como sendo do século 7 a.C., foi apresentado em uma conferência de imprensa em Jerusalém logo após a UNESCO ter aprovado uma resolução que, segundo Israel, negava a ligação do judaísmo com a antiga cidade, segundo relata a Reuters nesta quarta-feira (26). Duas linhas do texto, em hebraico, sugerem que o fragmento era parte de um documento que detalhava o pagamento de impostos ou a transferência de bens para armazéns em Jerusalém. “Da serva do rei, de Na’arat, jarros de vinho, para Jerusalém”, lê-se no papiro. As autoridades israelenses disseram que seus investigadores recuperaram o documento, descrito como “a mais antiga fonte extra-bíblica a mencionar Jerusalém em escrita hebraica”, depois que ele havia sido saqueado de uma caverna por ladrões de antiguidades. Para o governo de Israel, o papiro é uma refutação à UNESCO, organização científica e cultural da ONU (continua).
Sobre o desentendimento de Israel com a UNESCO, confira aqui.
No site da IAA – Israel Antiquities Authority – leia sobre o papiro: A Rare Document Mentioning the Name of Jerusalem from the Time of the First Temple was Exposed.
Porém, Christopher A. Rollston, da Universidade George Washington, pede cautela quanto ao papiro. Que pode até ser antigo, mas, a escrita, segundo ele, deve ser moderna. Portanto, podemos estar diante de uma fraude…
Leia:
The New ‘Jerusalem’ Papyrus: Not so Fast… – Rollston Epigraphy: 26 October 2016
Ele faz 10 considerações em seu post. Destaco algumas:
II. There are some palaeographic and orthographic anomalies and inconsistencies in this papyrus inscription that are concerning and may suggest that it is modern, not ancient. Thus, again, Caveat Eruditus.
VIII. In short, to those wishing to declare that the letters on this papyrus inscription are ancient, I would say: ‘Not so fast!’
IX. Ultimately, I believe that there is a fair chance that although the papyrus itself is ancient the ink letters are actually modern…that is, this inscription is something that I would classify as a possible modern forgery.