Entrevista com Chico Buarque: hoje eu voto no Lula

Chico diz que vota em Lula de novo; leia entrevista

“É duro jogar na defesa.” Foi esse o comentário bem-humorado que Chico Buarque fez assim que terminou a primeira parte de uma entrevista feita em dois tempos, no domingo à noite e na segunda-feira à tarde, no seu apartamento no Leblon. O compositor se referia à defesa que acabara de fazer do governo Lula.

Mas Chico Buarque não sabe, não gosta e não joga na defesa. Como no futebol, que, perto de completar 62 anos, em junho próximo, continua praticando três vezes por semana, Chico partiu logo para o ataque. Disse que o escândalo do mensalão o deixou, sim, decepcionado com o governo e é desastroso para o PT. Mas disse com ênfase ainda maior que as críticas da oposição e de parte da mídia a Lula exorbitaram tanto no tom quanto no conteúdo e são, por isso, inaceitáveis.

Mais ainda, Chico vê o recrudescimento do preconceito de classe contra o presidente: “Como se fosse uma concessão, deixaram o Lula assumir. ‘Agora sai já daí, vagabundo!’. É como se estivessem despachando um empregado a quem se permitiu esse luxo de ocupar a Casa Grande”, diz Chico.

“Carioca”, que chega hoje às lojas, está distante oito anos do CD anterior, “As Cidades”, de 1998. No meio do caminho, o também escritor lançou o romance “Budapeste” (2003). Depois da Copa, ele deve retornar aos palcos apresentando o novo trabalho pelo país.

 

Folha – Em dezembro de 2004, em entrevista à Folha, você falou pela primeira vez desde a eleição do Lula a respeito do que pensava do governo e do país naquele momento. Fez críticas pontuais à gestão petista e ponderou que algumas oportunidades históricas de reforma social pareciam estar sendo desperdiçadas. Não obstante, o foco central da sua crítica se dirigia à escalada do pensamento reacionário no Brasil, do qual o ódio com que parcelas da classe média e parte da mídia se referiam ao presidente iletrado seria um dos exemplos mais gritantes. Entre o seu diagnóstico de então e a situação de hoje existiu o escândalo do mensalão, com todas as suas consequências. Você está decepcionado? O que mudou na sua avaliação do governo e da situação do país?

Chico Buarque – É claro que esse escândalo abalou o governo, abalou quem votou no Lula, abalou sobretudo o PT. Para o partido o escândalo é desastroso. O outro lado da moeda é que disso tudo pode surgir um partido mais correto, menos arrogante. No fundo, sempre existiu no PT a ideia de que você ou é petista ou é um calhorda. Um pouco como o PSDB acha que você ou é tucano ou é burro (risos).

Agora, a crítica que se faz ao PT erra a mão. Não só ao PT, mas principalmente ao Lula. Quando a oposição vem dizer que se trata do governo mais corrupto da história do Brasil é preciso dizer “espera aí”. Quando aquele senador tucano canastrão vai para a tribuna do Senado dizer que vai bater no Lula, dar porrada, quando chamam o Lula de vagabundo, de ignorante –aí estão errando muito a mão. Governo mais corrupto da história? Onde está o corruptômetro? É preciso investigar as coisas, sim. Tem que punir, sim. Mas vamos entender melhor as coisas.

Folha – Como assim?

Chico – Pergunte a qualquer pequeno empresário como faz para levar adiante seu negócio. Ele é tentado o tempo todo a molhar a mão do fiscal para não se estrepar. O mesmo vale para o guarda de trânsito. E assim sucessivamente. A gente sabe que a corrupção no Brasil está em toda a parte. E vem agora esse pessoal do PFL, justamente eles, fazer cara de ofendido, de indignado. Não vão me comover. Eles fazem o papel da oposição, está certo. O PT também fez no passado o “Fora FHC”, que era uma besteira.

Mas o preconceito de classe contra o Lula continua existindo –e em graus até mais elevados. A maneira como ele é insultado eu nunca vi igual. Acaba inclusive sendo contraproducente para quem agride, porque o sujeito mais humilde ouve e pensa: “Que história é essa de burro!? De ignorante!? De imbecil!?”. Não me lembro de ninguém falar coisas assim antes, nem com o Collor. Vagabundo! Ladrão! Assassino! –até assassino eu já ouvi. Fizeram o diabo para impedir que o Lula fosse presidente. Inventaram plebiscito, mudaram a duração do mandato, criaram a reeleição. Finalmente, como se fosse uma concessão, deixaram o Lula assumir. “Agora sai já daí, vagabundo!”. É como se estivessem despachando um empregado a quem se permitiu esse luxo de ocupar a Casa Grande. “Agora volta pra senzala!”. Eu não gostaria que fosse assim.

Folha – Você acredita que o Lula seja de fato visto como uma ameaça pelos mais ricos?

Chico – A economia, na verdade, não vai mudar se o presidente for um tucano. A coisa está tão atada que honestamente não vejo muita diferença entre um próximo governo Lula e um governo da oposição. Mas o país deu um passo importante elegendo o Lula. Considero deseducativo o discurso em voga: ‘Tão cedo esse caras não voltam, eles não sabem fazer, não são preparados, não são poliglotas”. Acho tudo isso muito grave.

Folha – Você vai votar no Lula? Tem a intenção de participar da campanha de alguma maneira?

Chico – Hoje eu voto no Lula. Vou votar no Alckmin? Não vou. Acredito que, apesar de a economia estar atada como está, ainda há uma margem para investir no social que o Lula tem mais condições de atender. Vai ficar devendo, claro. Já está devendo. Precisa ser cobrado. Ele dizia isso: “Quero ser cobrado, vocês precisam me cobrar, não quero ficar lá cercado de puxa sacos”. Ouvi isso dele na última vez que o vi, antes de ele tomar posse, num encontro aqui no Rio.

Folha – Vários artistas, de Daniela Mercury a Cristiane Torloni, de Lima Duarte a Caetano Veloso, fizeram recentemente, em diferentes graus e circunstâncias, críticas ao PT, ao governo e ao próprio Lula. O meio artístico, ao que parece, não vai mais embarcar, como fez em 2002, no “Lula lá”.

Chico – Pelo que eu ando lendo, a grande maioria dos artistas está contra o Lula. Tenho a missão de contrabalançar um pouco isso (risos). Há também entre os artistas um pouco daquela competição: quem vai falar mais mal do presidente? Mas concordo em parte com o que diz o Caetano. Em parte.

Quando ele fala que as pessoas do atual governo se cercam da aura de esquerda para justificar seus atos e reivindicar para si uma posição superior à dos demais, tudo isso também vale para o governo anterior. Os tucanos costumam carregar essa aura de esquerda com muito zelo. Volta e meia os vemos dizendo que foram contra a ditadura, que são intelectuais de esquerda. Fernando Henrique foi eleito como candidato de centro-esquerda. Na época a vice entregue ao PFL parecia algo estranho. Depois se provou que não era. As pessoas se servem do passado de esquerda como se fosse um título, um adorno. Na prática política efetiva essa identidade não funciona mais. Mas não funciona não apenas porque as pessoas viraram casaca. A história levou para isso. Levou o PSDB a se tornar o que é e obrigou o PT a abdicar de qualquer veleidade socialista ou revolucionária.

Folha – Por falar nisso, o que você acha do PSOL e dessa turma que deixou o PT fazendo críticas pela esquerda?

Chico – Percebo nesses grupos um rancor que é próprio dos ex: ex-petista, ex-comunista, ex-tudo. Não gosto disso, dessa gente que está muito próxima do fanatismo, que parece pertencer a uma tribo e que quando rompe sai cuspindo fogo. Eleitoralmente, se eles crescerem, vão crescer para cima do PT e eventualmente ajudar o adversário do Lula. Acompanhei o PT desde a sua fundação e vi de perto muitas dessas discussões. Em 1985, na eleição à prefeitura de São Paulo, eu achava que o Fernando Henrique era o único candidato da esquerda capaz de derrotar o Jânio Quadros. O PT lançou o [atual senador Eduardo] Suplicy. O que eu briguei com gente do PT –e por causa do Fernando Henrique Cardoso (risos). A candidatura do Suplicy no fim ajudou a eleger o Jânio Quadros.

Folha – Como você vê a atuação da mídia no escândalo do mensalão? Tem gente na órbita do PT que ainda diz que a mídia criou ou inventou essa crise.

Chico – Não acho que a mídia tenha inventado a crise. Mas a mídia ecoa muito mais o mensalão do que fazia com aquelas histórias do Fernando Henrique, a compra de votos, as privatizações. O Fernando Henrique sempre teve uma defesa sólida na mídia, colunistas chamados chapa-branca dispostos a defendê-lo a todo custo. O Lula não tem. Pelo contrário, é concurso de porrada para ver quem bate mais.

Folha – O rumo que as coisas tomaram no Brasil e no mundo o faz se sentir historicamente derrotado? A sua geração perdeu?

Chico – Qualquer tipo de frustração histórica que possa existir –e existe– não me abate enquanto artista. Pessoalmente é outra coisa. É evidente que parte da minha geração que chegou ao poder não lutou a vida inteira para isso. Eu vou dizer: até mesmo pessoas que hoje são execradas publicamente, como o Zé Dirceu…

Não tenho maior simpatia pelo Zé Dirceu, acho que ele errou, que ele tem culpa, sim, por tudo o que aconteceu, mas eu respeito uma pessoa que num determinado momento entregou a sua vida, jogou tudo o que tinha em nome de uma causa coletiva, do país.

Como o Zé Dirceu eu poderia citar outros nomes que chegaram ao poder, mas chegaram despidos daquele sonho em nome do qual eles lutaram a vida toda. Quem sabe para chegar ao poder tiveram justamente que se adequar à realidade, se render ao pragmatismo. A pessoa que chega ao poder é um pouco um fantasma daquela que deu a vida por algo que não se realizou.

Não assinei manifesto pelo Dirceu, não participei de nada disso, mas admiro uma pessoa que num determinado momento entrega sua própria vida por alguma coisa, um sonho coletivo. Isso me toca num ambiente político em que as pessoas se vendem por uma ninharia, defendendo interesses pessoais, pequenos, na maior parte das vezes escusos. É uma pena ver niveladas pessoas com histórias tão díspares.

Falar hoje de socialismo soa inviável e anacrônico. Parece haver uma condenação do país á receita que está aí. Ao mesmo tempo, disso resulta uma certa apatia. Também acho perigoso o discurso de que a política é nojenta, de que os políticos são todos iguais, todos ladrões. Lutamos mais de 20 anos por democracia, saímos nas ruas, cantamos pelas Diretas. Acho muito chata essa conversa de voto nulo.

Folha- Quando pensamos nas mazelas do Rio, a imagem que nos vem à cabeça é a dos morros, das favelas dominadas pelo tráfico, da miséria pendurada na paisagem da zona sul. Sua canção “Subúrbio” desloca nossa atenção para as costas das montanhas, onde o drama social parece condenado ao esquecimento e ao silêncio. É como se a própria miséria tivesse também a sua periferia…

Chico – Existe mesmo na canção a intenção de fazer cantar a periferia –ou antes a periferia da periferia da periferia. O Brasil sempre ocupou uma posição periférica no mundo e o Rio, cada vez mais, está numa situação periférica em relação às decisões nacionais, ao poder, a São Paulo. O subúrbio do Rio é a periferia dessa cidade meio marginalizada e está literalmente fora do mapa.

Fui procurar mapas do Rio quando estava fazendo a canção e não encontrei nenhum incluindo o subúrbio. As pessoas se lembram de Vigário Geral por causa da chacina, sabem que existe Olaria e Madureira por causa do futebol, mas não se vai muito além disso.

Folha – Quando você se refere ao subúrbio, não fala apenas da vida inviável, da violência, da condenação ao esquecimento, mas de um lugar que, para além disso, preserva tradições populares e formas de arte como o samba de roda, as cabrochas e o próprio choro. Isso convive com o rap, o hip-hop, o funk, o rock. Enfim, há vários tempos históricos convivendo na canção.

Chico – Isso existe, esses tempos estão lá. Até mesmo esse subúrbio idílico, que aparece muito nas novelas, isso também existe, mas misturado a outras formas de existência e expressão dessa realidade.

Folha – Um dos achados da canção são os versos “Fala no pé/ Dá uma ideia/ Naquela que te sombreia”. A canção mimetiza e estiliza a língua dos “manos” para mandar um recado do subúrbio à cidade maravilhosa que está do lado de cá da montanha.

Chico – É. Dar uma idéia para alguém é português. Agora, dar uma idéia em alguém é outra coisa. Consultei várias pessoas sobre o sentido da expressão, ouvi respostas variadas, mas achei que se encaixava bem na canção.

Folha – Agora está na praça a expressão “Vou dar um psicológico” em fulano.

Chico – Essa não conhecia (risos).

Folha – Você diz, entre sério e irônico, que “Carioca”, o título do CD, é uma homenagem a São Paulo, pois era assim que lhe chamavam os amigos paulistanos quando você vivia na cidade. Já foi mais fácil ser carioca?

Chico – “Carioca” é o nome do disco, não sou eu me declarando –não se trata de uma afirmação pessoal. O disco acabou resultando carioca pela temática de várias canções e pelo clima musical, a linguagem musical– essa, sim, talvez mais acentuadamente do que em outros discos meus, é carioca.

Folha – Você não teme reavivar ou ser vítima de velhos bairrismos?

Chico – Não pensei nisso e não tenho essa intenção, pelo contrário. Talvez também porque tenha morado muito em São Paulo e algum tempo fora do país eu sempre achei qualquer forma de bairrismo uma grande besteira. Enquanto é brincadeira, vá lá, tolera-se, mas quando começa a virar coisa séria não dá. Às vezes eu percebo um tom bairrista muito acentuado em articulistas da imprensa paulista. Não precisaria. São Paulo já é hegemônica. E no Rio, quando vejo uma manifestação bairrista, é um pouco uma reação de defesa, de quem se sente ameaçado.

Folha – Para muita gente você continua sendo um paulista no Rio. É curioso, porque na sua juventude, quando era um carioca em São Paulo, o centro dinâmico da vida nacional também estava do outro lado, no Rio.

Chico – É verdade. Quando fui morar em São Paulo, ainda bem criança, aquilo era para mim uma província. O Rio era uma cidade maior, a capital da República, tinha prédios de apartamentos, Copacabana, Flamengo, Botafogo. Em São Paulo os prédios de apartamentos estavam quase todos concentrados no centro _era uma cidade menor, parecia do interior. Na minha cabeça era. Lembro-me quando, nos anos 50, morando na rua Henrique Schaumann, eu fui até a igreja do calvário, ali atrás da praça Benedito Calixto, e voltei correndo pra dizer à minha irmã: “Descobri onde São Paulo acaba!”. Não havia nada além daquele ponto, era um descampado.

São Paulo conheceu não só um crescimento demográfico espantoso, mas passou a rivalizar com Brasília em termos de exercício de poder. Decide-se em restaurantes quem é o melhor candidato à Presidência, ou qual é o paulista mais habilitado para disputar contra o Lula, por sua vez um político paulista também. O Lula fez a carreira dele em São Paulo, no ABC. Essa hegemonia paulista, tão visível na riqueza e na política, não ocorre na cultura, na música em particular. É um mistério para mim.

Folha – A sua geração escolheu o Rio como casa e isso talvez explique parte do que você está descrevendo.

Chico – Na verdade não é só a minha geração. O próprio Dorival Caymmi. As primeiras canções dele sobre a Bahia ele trouxe de lá, mas chegando aqui, nos anos 40, começou a cantar Copacabana, cantava “ai, que saudades eu tenho da Bahia”, mas continuava, como até hoje, morando no Rio (risos). Era aqui que as coisas aconteciam. Vinham todos. O meu pai [o historiador Sérgio Buarque de Holanda] era paulista e veio morar no Rio. Manuel Bandeira era carioca de Pernambuco; Drummond, carioca de Minas; Rubem Braga, capixaba.

Folha – Você acha que o público mais jovem tem interesse pelo que você e sua geração fazem hoje? O que mudou na recepção do seu trabalho?

Chico – Mudou muita coisa. Para as pessoas mais velhas, da minha geração e de gerações mais próximas à minha, as músicas costumam ter história, lastro, estão ligadas à vida de cada um ou relacionadas a momentos do país. É comum ouvir “isso me lembra as Diretas-Já, isso me lembra Geisel, isso me lembra o Festival da Record”. Para a garotada não há nada disso. Para eles sou músico de um passado só, de um tempo só. Outro dia um jovem me disse: “Adoro aquela sua música”. “Qual?”, perguntei: “Com Açúcar, com Afeto” (risos). A música tem 40 anos!.

Folha – É uma jovem senhora, mas ainda chama a atenção dos mais novos.

Chico – Isso na verdade é cíclico. Nos anos 80, em determinado momento que uma parte expressiva da mídia flertou com muito entusiasmo com uma certa idéia de internacionalização da cultura e de desbunde com o mercado, parecia que a música da gente já era. nacional, só rock e olhe lá. Eu fui considerado completamente ultrapassado. Depois voltou. Daqui a pouco pode ser que não interesse mais. A gente continua fazendo –existe uma teimosia aí. E também, a essa altura, uma natural despreocupação com o sucesso imediato. Mesmo porque o sucesso imediato não acontece.

Folha – Você considera que o novo CD exige uma digestão mais lenta?

Chico – Você e outros comentaram que, a exemplo do anterior, o disco não é fácil de se gostar na primeira audição. Talvez não seja mesmo. Eu aposto um pouquinho no fato de que a pessoa vá ouvir várias vezes. Quando se trata de um livro, você tem que gostar da primeira vez. Há até aqueles que gostam da primeira vez e lêem duas, três vezes, grifam frases, anotam coisas. A maioria das pessoas, no entanto, quando muito, lê uma vez. mas disco não. Você ouve várias vezes. Geralmente, gosta de uma ou duas músicas, vai repetindo. Às vezes aquela música que você gosta no começo vai enjoando e você então descobre outra. Eu pelo menos ouço disco assim.

É difícil no meu caso ter uma música que seja um grande sucesso, que toque no rádio –eu não conto com isso. Não estou preocupado em fazer, como diziam os italianos, uma música “orecciabile”, “orelhável”. No final dos anos 60, quando morei em Roma, eles queriam que eu fizesse outra música como “A Banda”, “orecciabile”. E eu acabei não fazendo outras músicas “orelháveis”, frustrando muitas expectativas (risos).

Hoje não existe nenhuma expectativa, nem minha nem de ninguém, de que eu precise ou vá compor uma música “orecciabile”. É natural que haja um tempo maior e um apuro maior, não apenas no processo de composição, mas também no trabalho de estúdio, durante os arranjos, as gravações. É sem dúvida um trabalho mais sério, mais cuidado do que era há anos atrás. Não quero dizer que isso resulte numa música “impopular” de propósito, uma música sofisticada demais –não acho isso–, mas é uma música que não tem compromisso com o sucesso. Isso talvez a torne mais longeva. Algumas canções vão ter maior aceitação, outras ficarão fatalmente esquecidas e talvez sejam recuperadas lá adiante, por algum outro artista.

Folha – Você às vezes transmite a sensação de que gostaria de ver seu trabalho melhor compreendido.

Chico – Sei que é difícil falar do disco. Até para mim é difícil. Em jornal, crítico de música geralmente é crítico de letra. É compreensível que seja assim –a letra vai impressa, o crítico destaca este ou aquele trecho… funciona assim. Eu cada vez mais dou importância à música e tenho vontade de dizer: “Olha, só fiz essa letra porque essa música pedia. Isso não é poesia, é canção”. Enfim, fico um pouquinho chateado com essas coisas, mas sei que é difícil mesmo. Como é que vai imprimir uma partitura no jornal e explicar aos leitores? Não dá, eu sei.

Folha – Você volta a fazer shows neste ano?

Chico – Tenho vontade de fazer shows, sim. Depois da gravação, do convívio com os músicos no estúdio essa vontade aparece. É o passo seguinte, de certa forma natural. Vamos ver isso depois da Copa.

Folha – Você acaba de gravar uma série de 12 programas dirigidos por Roberto Oliveira, que mesclam entrevistas inéditas e imagens de arquivo cobrindo praticamente toda a sua carreira. Chamou atenção a maneira desinibida com que você acabou passando a limpo a sua trajetória como artista. O que o levou a fazer esse balanço?

Chico – O Roberto foi me engabelando (risos). A idéia inicial eram dois ou três programas. Achei que a proposta de recuperar imagens de arquivo que de outra forma ficariam perdidas justificava o trabalho. Mas só fazia sentido se isso viesse acompanhado de algo mais.

Folha – Esses documentários que os programas recuperam, principalmente dos anos 70 e 80, chamam atenção pelo despojamento, pelo ambiente caseiro, pelos ensaios descontraídos. Vivia-se em outro planeta, não?

Chico – Esses programas durante alguns anos, sobretudo nos 70, eram um contraponto à programação da Globo. Fiquei muito tempo fora da Globo durante a ditadura, primeiro porque eles me vetaram, depois, quando me chamaram, porque eu não queria. Mas esses programas destoavam mesmo da estética da Globo. Mostravam os artistas gravando, bebendo. Era uma coisa meio mal acabada, meio alternativa. Alguns discos, não apenas os meus, também tinham esse clima. Era uma bagunça. Ouvindo hoje a gente tem a sensação de que o cantor bebeu, o maestro fumou e o produtor cheirou, não necessariamente nessa ordem (risos). Era muita loucura, o estúdio cheio de gente, garrafas pelo chão, uma festa. Hoje você entra num estúdio e é aquela coisa ascética. Parece um hospital. Não se come, não se bebe, não se fuma, não se faz nada ali dentro.

Naquela época havia um certo valor nessa transgressão, nesse desregramento. Você ia gravar daquele jeito, todos no estúdio estavam daquele jeito e provavelmente quem ia ouvir os discos também estava daquele jeito. Não deixava de ser também uma maneira de enfrentar e suportar a repressão. Hoje não faria nenhum sentido gravar naquelas condições.

Folha – Era uma época mais simpática?

Chico – Não acho nada simpática. Não dá para abstrair a ditadura. Uma coisa é Maio de 68 na França. Outra, completamente distinta, o nosso dezembro de 68.

Fonte: Fernando de Barros e Silva – Folha de S. Paulo: 06/05/2006

Geza Vermes fala sobre O Código Da Vinci, o Evangelho de Judas e quejandos, no Times

Geza Vermes, famoso especialista em judaísmo, com importantes pesquisas e publicações sobre os Manuscritos do Mar Morto e o Jesus Histórico, diz, por exemplo, que o Evangelho de Judas é totalmente irrelevante para a tentativa, hoje feita por muitos especialistas, de recuperar a mensagem original de Jesus.

Esta notícia eu li no PaleoJudaica.com do Jim Davila:

Qumran Scholar Geza Vermes offers expert commentary on The Da Vinci Code, The Jesus Papers, and the Gospel of Judas in today’s Times.

Geza Vermes é professor emérito de Estudos Judaicos da Universidade de Oxford, Reino Unido. Há livros de Geza Vermes traduzidos no Brasil.

 

The great Da Vinci Code distraction

Jesus married Mary Magdalene and admitted he wasn’t God, Judas was only obeying orders after Dan Brown the litany of biblical revelations seems unending. Geza Vermes asks why

IN THE BEGINNING, before the recent media frenzy about a dastardly conspiracy over Christian origins, there was Dan Brown who, after writing several detective stories, begot The Da Vinci Code (2003).

He penetrated the dark central mystery and disclosed that the marriage of Jesus to Mary Magdalene had been hushed up for two millennia by a clandestine clique within the Church. The book was fruitful and multiplied. It became a big hit in 70 languages of the creation, procuring Brown royalties from the sale of 40 million copies.

In Chapter 2, Michael Baigent and Richard Leigh, authors of the 1982 bestseller The Holy Blood and the Holy Grail, begot The Da Vinci Code court case. They accused Brown of plagiarism: The Holy Blood and the Holy Grail had already told the world that Jesus and Mary Magdalene were Mr and Mrs Christ.

A few weeks ago, a sensible judge rejected their claim and landed them with a six-figure legal bill. But the idea that Jesus married the Magdalene woman was not new. It was foreshadowed by Nikos Kazantzakis’’s novel The Last Temptation of Christ, filmed by Martin Scorsese.

An even more picturesque story can be found in Barbara Thiering’’s Jesus the Man (1992), a wholly idiosyncratic interpretation of the Dead Sea Scrolls and the New Testament in which Jesus fathers two sons and a daughter by Mary Magdalene before divorcing her and finding solace with Lydia, a woman bishop with whom he has another daughter. But in fact there is not a single ancient source for the invention of a sexual relation, marital or extramarital, between Jesus and Mary of Magdala.

Chapter 3 revolves around The Gospel of Judas, recently published in an edition by Rodolphe Kasser and others. In this not very significant late-2nd century text, Judas does not betray Jesus but obeys orders to hand him over to the chief priests.

On Palm Sunday, this ‘“gospel’”, originally begotten by an Egyptian Gnostic sect, was turned, with the help of a two-hour programme on the National Geographic television channel, into a rewritten New Testament that could be watched on five continents. The media furore was of almost nuclear proportions. The internet is still buzzing. The Pope, the Archbishop of Canterbury and the Patriarch of Moscow preached against this new peril to the faith.

Finally, up steps the loser in the Da Vinci Code case, Michael Baigent, having freshly begotten The Jesus Papers. His latest attempt to put the record straight about the New Testament arrives in time for the wave of publicity building up for the release of the film of The Da Vinci Code later this month.

Baigent’’s story is familiar in presenting Jesus and Mary Magdalene as husband and wife. What is new is the claim that Jesus did not die on the cross. With the connivance of Pontius Pilate, he was taken down alive, nursed back to health and, in the company of Mary Magdalene, lived happily, if not ever after, at least until the middle of the first century.

How serious a threat are these ‘“revelations’” to the picture of Jesus? The Da Vinci Code is a category apart. It is fiction and does not pretend to rewrite history. As a novelist, Brown is free to write whatever he chooses. The phenomenal success of the book and, no doubt, of the movie, does not claim to be anything other than fiction, even if it does not derive wholly from originality or from literary genius. No one would mistake Brown for the new Graham Greene. A good conspiracy yarn is highly attractive, but there is more to it, as I will suggest later (cont.).

Fonte: The Times: May 06, 2006

John Trever

No dia 30 de abril noticiei a morte de John Trever.

Leia mais sobre ele em

John C. Trever, 90; His Photos of Dead Sea Scrolls Preserved the Documents for Biblical Research

John C. Trever, one of the first Americans to examine the Dead Sea Scrolls in 1948 and whose photographs of the ancient texts also became important historical John C. Trever: 1916-2006 - Photo by Lou Mack/Los Angeles Times via Getty Imagesdocuments, has died. He was 90.

Trever, who was the last surviving member of the original group of Western scholars to study the scrolls, died Saturday at his home in Lake Forest, his family said. No cause of death was given.

As an American student in Jerusalem, Trever came face-to-face with the scrolls when Syrian monks brought them to be evaluated at what is now the W.F. Albright Institute of Archaeological Research.

When Trever unrolled one of the scrolls on a cot in his living quarters, he couldn’t believe what he was seeing. The document — said to have been found in a cave by a Bedouin shepherd in 1947 — contained text from the biblical book of Isaiah.

A student of ancient handwriting, Trever thought the writing on the scroll resembled that of the Nash Papyrus, then the oldest known fragment of an Old Testament text, a sample of which happened to be hanging on the wall.

“I put a magnifying glass to the scroll … and said to myself: ‘Oh, my Lord, can I really be looking at something 2,000 years old?” Trever told the Chicago Tribune in 1989. “Then I remembered that in the haggling customs of the Near East, one doesn’t tip his hand precipitously. ‘Yes,’ I told the Syrians, ‘this might be worth something.’ ”

An avid amateur photographer, Trever persuaded the monks to let him photograph the three manuscripts.

After he sent copies of the photographs to biblical scholar W.F. Albright at Johns Hopkins University, Albright responded via letter: “My heartiest congratulations on the greatest manuscript discovery of modern times!”

Today, Trever’s original negatives are housed at the Ancient Biblical Manuscript Center at the Claremont School of Theology, one of several colleges at which he taught.

“The scholarly world and the general public should be indebted to him for preserving images of the Dead Sea Scrolls,” said Marvin Sweeney, who runs the manuscript center and is a professor of Hebrew Bible at the Claremont school.

The photographs are central to the documentation of the scrolls because they reflect their color and condition when first studied. The scrolls have since deteriorated and are best studied under infrared light, Sweeney said.

John Cecil Trever was born Nov. 26, 1915, in Milwaukee. He received a bachelor’s degree from USC in 1937 and a doctorate in Old Testament studies from Yale University in 1943.

During the late 1940s and early ‘50s, Trever worked for the National Council of Churches, promoting and explaining the revised standard version of the Bible.

The quiet scholar spent much of his life lecturing and writing books on the scrolls.

His 1965 book “The Untold Story of Qumran” provides the most complete account of the initial discovery of the scrolls, wrote James VanderKam and Peter Flint in their 2002 book, “The Meaning of the Dead Sea Scrolls.”

Trever is survived by his wife of 68 years, Elizabeth; sons, James and John, who is a political cartoonist for the Albuquerque Journal; six grandchildren; and eight great-grandchildren.

Fonte: Valerie J. Nelson – Los Angeles Times: May 4,2006

Em meio ao caos, pequeno alívio: camada de ozônio mostra sinais de recuperação

Do Cosmos ao Caos: assim poderíamos descrever a rota atual do planeta, em fatal antigênesis… Mas, em meio ao caos, certa notícia aparece com alguma expectativa nas manchetes mundo afora: Researchers See Signs of Recovery in Ozone Layer… Study reveals Earth’s ozone layer recovery…

Folha Online: 04/05/2006 – 10h58

Cientistas identificam lenta recuperação da camada de ozônio

da Efe, em Londres

A camada de ozônio da Terra, que protege o ambiente das radiações ultravioletas emitidas pelo Sol, passa por uma lenta recuperação, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira pela revista científica ‘Nature’. Uma equipe de cientistas americanos e dinamarqueses chegou a esta conclusão após comprovar a eficácia do Protocolo de Montreal (1987), ratificado por mais de 180 países, que proíbe a contaminação pelas emissões do gás CFC (clorofluorcarboneto). Os pesquisadores, orientados pela professora Betsi Weatherhead, da Universidade do Colorado (EUA), constataram que os níveis de ozônio se estabilizaram ou tiveram um pequeno aumento na última década. Os cientistas chegaram a esta conclusão após examinarem as informações transmitidas por satélites e observatórios terrestres, assim como dados de 14 estudos (cont.)


Leia Mais:
Réchauffement : la couche d’ozone souffle mais les vents s’essoufflent

World Conservation Union: perda da biodiversidade está aumentando dramaticamente

BBC Brasil: 03/05/2006 – 13h31

Lista de espécies em extinção inclui 721 do Brasil

A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, divulgada pela União Conservacionista Mundial (IUCN, na sigla em inglês) nesta terça-feira, inclui 721 animais e plantas que vivem no Brasil. O número significa um acréscimo de 24 espécies em relação ao último levantamento, divulgado em 2004. Apenas no Brasil, os cientistas ligados ao IUCN avaliaram mais 186 espécies nos últimos dois anos (…) No total, a nova lista relaciona 16.119 animais e plantas do mundo inteiro, com um aumento de 530 espécies em relação a 2004. O número corresponde a cerca de 40% das mais de 40 mil espécies analisadas pelos especialistas ao longo dos últimos dois anos. A entidade diz, porém, que o número pode ser uma “subestimação grosseira”, já que menos de 3% das 1,8 milhão de espécies conhecidas foram analisadas pelos cientistas que elaboram a Lista Vermelha. Estima-se que existam cerca de 15 milhões de espécies no planeta. “A Lista Vermelha do IUCN mostra uma tendência clara: a perda da biodiversidade está aumentando, não desacelerando”, afirmou o diretor-geral da organização ambientalista, Achim Steiner. “As implicações dessa tendência para a produtividade e resistência dos ecossistemas e as vidas e sustento de bilhões de pessoas (cont.)


More species slide to extinction

The polar bear and hippopotamus are for the first time listed as species threatened with extinction by the world’s biodiversity agency. They are included in the Red List of Threatened Species published by the World Conservation Union (IUCN) which names more than 16,000 at-risk species. Many sharks, and freshwater fish in Europe and Africa, are newly included. The IUCN says loss of biodiversity is increasing despite a global convention committing governments to stem it. “The 2006 Red List shows a clear trend; biodiversity loss is increasing, not slowing down,” said IUCN director-general Achim Steiner (cont.)

Os jovens americanos sabem onde fica o Iraque?

Seis em cada 10 jovens norte-americanos não conseguem encontrar o Iraque em um mapa

 

Pesquisa revela que jovens americanos “ignoram” resto do mundo

Embora a região de Darfur e o Sudão tenham aparecido com frequência no noticiário dos Estados Unidos, mais da metade dos jovens americanos não sabe que o país pertence ao continente africano nem, o que é pior, onde Nova York fica localizada no mapa.

Em uma pesquisa elaborada pela National Geographic com jovens entre 18 e 24 anos, 20% dos entrevistados situaram o Sudão na Ásia e outros 10% disseram que o país fica na Europa.

Mesmo com a Guerra do Iraque, apenas cerca de 37% dos jovens sabiam localizar o país árabe, onde se encontram 120 mil soldados americanos. A pesquisa foi realizada com 510 pessoas, entrevistas pelo Instituto Roper.

As conclusões do estudo, segundo os pesquisadores, é simples: os jovens dos EUA não estão preparados para um futuro cada vez mais globalizado. Segundo o diretor-executivo da Associação de Geógrafos Americanos, Douglas Richardson, os resultados ‘são alarmantes’.

Em 2002, a National Geographic elaborou uma pesquisa similar entre jovens de nove países — entre os quais França, Japão e México. Na ocasião, apenas os resultados do México foram piores que os dos Estados Unidos.

“É desalentador que tantos jovens dos EUA tenham tão pouco conhecimento sobre o resto do mundo”, disse Robert Pastor, vice-presidente de Assuntos Internacionais da American University, em Washington.

Nova York

A enquete revelou que os jovens americanos também desconhecem a geografia do seu próprio país. A metade dos entrevistados foi incapaz de localizar o Estado de Nova York em um mapa dos EUA, e um terço não soube dizer onde está Louisiana, o estado que sofreu com a passagem do furacão Katrina no ano passado.

Três em cada dez responderam que a população de seu país se situa entre um e dois milhões de pessoas, quando na realidade ronda os 300 milhões, segundo o último censo.

Segundo a pesquisa, menos de um terço dos jovens acha que é necessário saber onde estão os países que aparecem nas notícias, e apenas 14% disseram que falar uma língua estrangeira é uma ‘habilidade necessária’.

Dificilmente os jovens americanos encontrarão inspiração no presidente do país, George W. Bush, que, em um de seus discursos, disse aos alunos da universidade de Yale que passaram de ano raspando: “Não se preocupem, vocês também podem chegar à Presidência dos Estados Unidos”.

Globalização

Richardson considera que o conhecimento geográfico é essencial para adaptar-se a um mundo em constante globalização. “Agora necessitamos incluir as bases do conhecimento geográfico nos colégios”, disse.

A enquete também revelou outros dados positivos, como a percentagem de jovens que utilizam internet, que aumentou de 11% para 27% desde o estudo anterior, realizado em 2002.

A rede mundial de computadores parece atuar como uma “janela para o mundo” para os que navegam, porque os resultados foram melhores entre os jovens que acessam a internet.

Em oposição ao fraco índice de conhecimento geográfico, os jovens americanos demonstraram saber razoavelmente como utilizar um mapa para operações simples de navegação e citaram fatos da atualidade como a origem da gripe aviária na Ásia.

Fonte: Efe – Folha de S. Paulo: 04/05/2006

 

Six out of 10 young Americans cannot find Iraq on a map

The US may be the world’s only true superpower but global domination does not equal global knowledge. A new survey shows young Americans have what can only be described as shoddy geography skills, with six out of 10 unable to locate Iraq on a map and almost half incapable of pointing to the state of Mississippi.

Traditionally, the US has bowed to the idea of isolationism, hoping that geography in the form of vast oceans can help act as a protection from other nations. But the survey suggests that such an attitude- both culturally and in terms of interest in overseas travel – is having a woeful impact on Americans’ ability to learn about the wider world.

The survey shows that, despite having invaded Iraq three years ago, six out of 10 Americans aged 18 to 24 cannot locate the country. Two-thirds do not know that the October 2005 earthquake that killed 70,000 people struck in Pakistan. Indeed, more than 40 per cent cannot locate Pakistan in Asia.

But it is not just overseas knowledge that is lacking. The survey shows that domestic geography is also poor. Despite the chaos caused by Hurricane Katrina, which killed hundreds of people and cost billions of dollars when it struck the Gulf Coast last August, one-third of those questioned were not able to find Louisiana on a map of the US. When asked to point on a map to a location that avoids hurricane strikes – ie, the north-west of the US – around a third pointed in the wrong direction.

“It’s not good … It shows the knowledge is pretty appalling,” said John Fahey, president of the National Geographic Society, which commissioned the survey. “I think this is born out of a sense that [people believe] ‘I can be isolated here – culturally and geographically. I don’t need to think too much about what’s happening in the rest of the world’.”

He added: “Geographic illiteracy impacts our economic well-being, our relationships with other nations and the environment, and isolates us from our world. Geography is what helps us make sense of our world by showing the connections between people and places. Without it, our young people are not ready to face the challenges of the increasingly interconnected world of the 21st century.”

The survey, carried out in December 2005, also found fewer than three in 10 think it is important to know the locations of countries in the news; only 14 per cent believe another language is a necessary skill; 47 per cent could not find India on a map and 75 per cent could not locate Israel.

While the geography skills of young Americans are unimpressive, however, they may be improving. A similar study carried out in 2002 found only 13 per cent could point to Iraq on a map. Almost one in 10 could not even point to the United States.

That survey also found that young people who have travelled abroad and speak another language are likely to have better geography skills than those who do not. Young adults who obtained international news from newspapers as opposed to television alone were likely to score better, as were respondents who regularly used the internet.

The National Geographic Society has released the results of the survey to coincide with a campaign to improve “geographic literacy”. Entitled My Wonderful World, and led by a group of business, non-profit and education leaders, the aim is to highlight ways that children and parents can help build geography skills.

Central to the campaign is a website at www.Mywonderfulworld.net which contains suggestions for outdoor family activities, links to geography games and classroom materials.

Fonte: Andrew Buncombe -The Independent: 3 May 2006