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1.5.2. O Vale do Jordão
À sombra do monte Hermon, sempre coberto de neve, com seus 2750 metros de altitude, nasce o rio Jordão, na confluência de quatro torrentes que descem das montanhas do Líbano. Perto de suas nascentes estão as cidades de Dan e, na época do NT, Cesareia de Filipe (Baniyas).
Jordão significa aquele que desce ou também lugar onde se desce (bebedouro). Nome bem adaptado ao maior rio da Palestina, pois realmente ele nasce acima do nível do Mediterrâneo, atravessa o lago de Hule, ainda a 80 metros acima do nível do mar, forma a 16 km ao sul o lago de Genezaré, que já está a 210 metros abaixo do nível marítimo e tem sua foz no mar Morto, 110 km abaixo, situado nada menos que a 390 metros abaixo do nível do Mediterrâneo.
O lago de Hule era pequeno e pouco profundo. Tinha cerca de 4 km e foi drenado pelo Israel atual, pois provocava malária. Para ir da Palestina para a Síria era necessário atravessar o Jordão ao sul de Hule. Por isso foi construída aí uma fortaleza, Hazor, que se tornou a principal cidade do norte da Palestina.
Entre o lago de Hule e o lago de Genezaré, o Jordão corre violentamente no fundo de uma garganta de 350 metros de profundidade. Perto da desembocadura do Jordão no lago de Genezaré estão as ruínas de Corazim, mencionada em Mt 11,21.
O lago de Genezaré (do hebraico Kinneret = harpa) é chamado também de lago de Tiberíades ou mar da Galileia. É um belo lago, de 21 km de comprimento por 12 de largura, rico em peixes. O NT fala continuamente destes paragens, por onde andou Jesus. Cidades como Cafarnaum, Betsaida, Magdala, Tiberíades etc estavam na suas margens.
A 9 km ao norte do mar Morto está Jericó, uma das mais antigas cidades do mundo. E também Guilgal, santuário cananeu e depois israelita.
O mar Morto tem 75 km de comprimento por 16 km de largura, e é o ponto mais baixo da superfície terrestre: está a cerca de 390 metros abaixo do Mediterrâneo e tem outro tanto de profundidade. Nada vive nas suas águas, que contêm um alto teor de sal, cerca de 25%.
A noroeste do mar Morto vivia, nos últimos séculos de Israel, a comunidade dos essênios, e nas grutas de Qumran foram encontrados em 1947 importantes manuscritos bíblicos que eles, os essênios, esconderam em cavernas, para salvá-los dos romanos que tudo destruíram em 68 d.C.
Ao sul do mar Morto está a Arabá, continuação da depressão palestina, que se eleva progressivamente, nos seus 150 km de extensão, do mar Morto ao golfo de Aqaba. No extremo sul da Arabá estava a fortaleza de Elat e o porto de Esion-geber. Era das colinas da Arabá que Salomão extraía o cobre para sua indústria. A região é desértica.
1.5.3. A Região Central da Palestina
No extremo sul está o Negueb (deserto de Sin). Importante no Negueb era Cades-Barnea, oásis onde os israelitas estiveram após o êxodo do Egito, segundo o texto bíblico. Cerca de 80 km ao norte estava Bersheba (Bersabeia), por onde passavam importantes rotas de caravanas. Um pouco mais ao nordeste, Arad, cidade cananeia.
Ao norte do Negueb se estende o território montanhoso de Judá, desde Bersheba até perto de Betel, alguns quilômetros ao norte de Jerusalém.
Há em Judá várias cidades e localidades importantes na história do povo de Israel, como por exemplo:
. Hebron (Kiriat-arbá), a cidade mais alta da Judeia – está a 1000 metros de altitude – ligada à história de Abraão e de Davi. Fica a 32 km de Jerusalém
. Belém, pátria de Davi e lugar tradicional do nascimento de Jesus, está a 7 km de Jerusalém
. Jerusalém, a cidade conquistada por Davi aos jebuseus e transformada em sua capital
. Técua, pátria do valente profeta Amós, apenas um povoado a 19 km de Jerusalém
. Anatot, povoado onde nasceu Jeremias
. Betânia, terra de Lázaro
Continuando a subir em direção norte, chegamos à região de Samaria, capital do reino do norte, localizada a 60 km de Jerusalém. Nesta região central encontramos: Ai, Betel, Siquém, Silo, Tirsá, Dotan, cidades cujas histórias deveriam ser cuidadosamente estudadas. Aí estão os mais antigos santuários de Israel.
Ao norte de Samaria está a planície de Esdrelon (Jezreel), um vale ótimo para a agricultura. Por ali passavam as principais vias de comunicação entre o Egito e a Síria, e para guardar a passagem foram construídas as fortalezas de Ibleam, Taanak, Meguido e Jokneam, cidades com um longo passado de lutas e guerra. Merecem ainda atenção: Bet-shan e Jezreel.
Finalmente chegamos à região da Galileia, que aparece muito pouco no AT, crescendo, contudo, em o NT, por ser a pátria de Jesus.
1.5.4. A Costa Mediterrânea
Vamos começar de novo pelo sul, de Gaza. De Gaza, sul, até Tiro, norte, são cerca de 200 km de costa. Aí por volta de 1150 a.C. os filisteus, vindo do Egeu, ocuparam uma faixa costeira formando a conhecida pentápolis filisteia, uma confederação de cinco cidades: Gaza, Ascalon, Ashdod, Gat e Ekron.
A planície filisteia tem de 7 a 15 km de largura, onde eram cultivados o trigo e a oliveira. Por ali passava a estrada que ia do Egito para a Síria. Caravanas em tempo de paz e exércitos destruidores em tempo de guerra eram uma constante.
Entre a planície filisteia e as montanhas de Judá há uma faixa de terra de 15 a 25 km de largura chamada Shefelah (= terras baixas). Os vales da Shefelah, caminhos entre a filisteia e Judá, eram defendidos pelas fortalezas de Debir, Lakish, Libnah, Azecah, Maggedah, Bet-Shemesh e Gezer. Ao norte da planície filisteia está a planície de Sharon, com as cidades de Jope, Lod, Afeq etc. Mais para o norte está finalmente a cidade de Dor, em seguida o promontório e o monte Carmelo, com o porto de Acco na planície de Asher. depois já é a Fenícia.
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>> Bibliografia atualizada em 21.12.2017
Última atualização: 22.03.2021 – 10h53