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8. Os Selêucidas: a helenização da Palestina
Em 198 a.C. o Selêucida Antíoco III, o Grande (223-187 a.C.) vence os egípcios em Panion (Baniyas), junto às nascentes do Jordão, e expulsa definitivamente os Ptolomeus da Ásia. A anexação da Celessíria se dá a seguir.
Pressionados por Roma, com quem entram em conflito, os Selêucidas assistem aos progressivo declínio de seu Império. Para solidificar o fragmentado Império, os reis Selêucidas, e especialmente Antíoco IV Epífanes (175-164 a.C.), implantam um acelerado processo de helenização dos vários povos e cidades da região.
As questões que abordarei neste capítulo tratam:
:. do governo de Antíoco III , o Grande, e suas relações com os judeus e com Roma
:. do governo de Antíoco IV Epífanes e seu conflito com os judeus
:. das causas da helenização da Judeia.
8.1. O governo de Antíoco III, o Grande
Quando Antíoco III, o Grande, vence os exércitos dos Ptolomeus, os judeus de Jerusalém o apoiam nesta luta, segundo Flávio Josefo. O partido selêucida em Jerusalém está mais forte do que o ptolomaico. Por isso, Jerusalém é contemplada com um decreto de Antíoco III, em 197 a.C. Diz o decreto:
“O rei Antíoco a Ptolomeu[1], saudações. Como os judeus, desde que entramos em seu país, nos testemunharam sua benevolência, como à nossa chegada em sua cidade, eles nos receberam magnificamente e vieram ao nosso encontro com o seu senado, como eles proveram abundantemente à subsistência de nossos soldados e de nossos elefantes e visto que nos ajudaram a expulsar a guarnição egípcia instalada na cidadela, nós, de nosso lado, havemos por bem reconhecer todos esses bons ofícios, reconstruir sua cidade arruinada pelos infortúnios da guerra e repovoá-la, fazendo voltar a ela os que foram dispersos. Em primeiro lugar, decidimos, em razão de sua piedade, fornecer-lhes, para os sacrifícios, uma contribuição em animais de sacrifício, em vinho, óleo e incenso, no valor de 20.000 dracmas de prata, artabes[2] sagradas de farinha de frumento, medidas segundo o costume do país, 1.460 médimos de trigo e 375 médimos[3] de sal. Quero que todas estas contribuições lhes sejam entregues segundo minhas instruções. Que sejam terminados os trabalhos do templo, os pórticos e tudo o que tiver necessidade de ser reconstruído. As madeiras serão tiradas na Judeia mesma e entre os outros povos e no Líbano, sem serem submetidas a nenhuma taxa. O mesmo será feito com todos os outros materiais necessários para se enriquecer a restauração do templo. Todos os membros da nação (éthnos) devem viver segundo as leis de seus pais. O senado, os sacerdotes, os escribas do templo e os cantores do templo serão isentos da capitação, do imposto coronário e da taxa sobre o sal. Para que a cidade seja repovoada mais depressa, concedo àqueles que a habitam atualmente e àqueles que nela se estabelecerem até o mês de hyperberetaios[4], uma isenção de impostos durante três anos. Nós os isentamos ainda, para o futuro, do terço do tributo, a fim de indenizá-los de suas perdas. Quanto aos que foram tirados da cidade e reduzidos à escravidão, nós lhes restituímos a liberdade e ordenamos que lhes sejam restituídos os seus bens”[5].
Examinemos um pouco o decreto. Além da reconstrução e do repovoamento da cidade – que sofrera três assédios consecutivos, em 201, 199 e 198 a.C. – o governo selêucida toma as seguintes medidas:
. que seja dada uma contribuição real para os sacrifícios, em animais, vinho, óleo, incenso, flor de farinha, trigo e sal
. a madeira retirada da Judeia e do Líbano para os trabalhos de construção do Templo e dos pórticos está isenta de taxas
. todos os membros do povo judeu devem viver segundo as leis de seus pais
. o senado (gerousia), os sacerdotes, os escribas do Templo e os cantores do Templo, ficam isentos da capitação, do imposto coronário e da taxa sobre o sal
. isenção de impostos durante três anos para os atuais habitantes da cidade e para aqueles que vierem nela morar até determinada data, para que a cidade seja repovoada mais depressa.
É interessante observarmos as medidas de Antíoco III sobre os impostos[6].
A madeira para a restauração do Templo está isenta do imposto alfandegário, que incide sobre todas as mercadorias em circulação.
O senado e os funcionários do Templo ficam isentos da capitação, imposto pessoal recolhido dos adultos. Ficam isentos também do imposto coronário: a coroa de folhas é, para os gregos, o símbolo da vitória, concedida aos vencedores dos jogos ou a um rei vitorioso[7]. Com o tempo, as cidades começam a oferecer aos seus reis coroas de ouro ou uma soma equivalente em dinheiro. O que antes era espontâneo acaba institucionalizado e tornado obrigatório, podendo somente o rei conceder a isenção.
Ainda: o senado e o Templo ficam isentos da taxa sobre o sal. Esta taxa é conhecida na Palestina e na Babilônia. Provavelmente paga-se determinado valor ao governo, ou talvez , na Palestina, que tem boas salinas, se aceite o produto “in natura”.
Os habitantes da cidade, finalmente, são isentos durante 3 anos do phóros, o tributo, em prata ou em produtos, exigido de uma província, de um templo, de um éthnos ou de uma cidade, este último sendo o caso de Jerusalém.
Deve-se observar que, com este decreto, Antíoco III reforça o papel da aristocracia, associada há muito ao poder através da gerousia e que, sob outro aspecto, liga o destino do éthnos (= nação) judeu às decisões reais. Pois as leis dos antepassados (a Torá) devem ser obedecidas não porque assim o decidem os judeus, mas porque o quer o governo selêucida[8].
Apesar de parecerem benevolentes, estas medidas não devem , entretanto, nos enganar, pois não superam as decisões comuns tomadas em relação a outras cidades, naquela época.
O que Antíoco III faz é seguir a velha política persa em relação aos judeus. H. G. Kippenberg observa que “este decreto tem paralelo no documento de administração persa (Esd 7,12-26). Na carta de nomeação de Artaxerxes a Esdras (do ano 398 a.C.), está incluída a ordem ao encarregado das finanças da província Transeufratiana, que regulamenta o apoio material ao culto, bem como a isenção de tributos para sacerdotes, levitas, cantores, porteiros e servos do templo (vv. 21-24)”[9].
É preciso observar também que a reconstrução e o repovoamento da cidade são medidas necessárias para o fortalecimento do governo e dos interesses de Antíoco III naquela região disputada pelos Ptolomeus.
Entretanto, a expansão selêucida sob Antíoco III, o Grande, será impedida por Roma na medida em que seus interesses entram em choque com a forte república na Europa.
Por que Roma e os Selêucidas se enfrentam no século II a.C.?
Durante o século III a.C. Roma disputa com Cartago a posse da Sicília e o controle do Mediterrâneo ocidental. Cartago é uma colônia fundada pelos fenícios no norte da África (na região da atual Tunísia) talvez no século IX a.C. Os cartagineses constroem importante império comercial, ao mesmo tempo em que Roma se torna líder de uma poderosa confederação italiana. Fatalmente os interesses das duas potências se chocam e o enfrentamento militar torna-se inevitável.
Três grandes guerras são feitas entre as duas potências[10]. A primeira guerra dura 23 anos, de 264 a 241 a.C. A segunda guerra acontece de 218 a 202 a.C. com a vitória de Roma sobre o famoso general Aníbal. A terceira guerra, na qual Roma destrói Cartago e anexa seus territórios, se dá entre 149 e 146 a.C.
Durante a segunda guerra púnica[11] Aníbal alia-se a Filipe V da Macedônia para abrir outro front para Roma. Então Roma faz uma acordo com a liga etólia[12] , oposta à Macedônia em um confronto pelo Épiro.
Após vencer Cartago, Roma ataca a Macedônia e vence Filipe V em Cinoscéfalos, em 197 a.C. O cônsul Flamínio proclama a “liberdade dos gregos” em 196 a.C., maneira de barrar a interferência de Filipe V na Grécia. Aliás, este tema da “liberdade dos gregos” é pura manobra política, bandeira desfraldada cada vez que reis e Estados rivais se enfrentam pela posse da região.
Durante os jogos Ístmicos, realizados naquele ano, como sempre, em Corinto, o arauto anuncia, segundo Políbio:
“‘O Senado de Roma e o procônsul Tito Quíntio, após a vitória sobre o rei Filipos e os macedônios, deixam livres os seguintes povos, sem guarnições em suas cidades e sem a imposição de quaisquer tributos e governados pelas próprias leis de suas respectivas pátrias: os coríntios, os foceus, os lócrios, os eubeus, os aqueus ftióticos, os magnésios, os tessálios e os perrébios’. Desde o início haviam começado os aplausos ensurdecedores (…) Cessadas as aclamações ninguém mais demonstrou o menor interesse pelos atletas, e todos os presentes, falando com os seus vizinhos ou consigo mesmos, agiam a bem dizer como homens fora de si, de tal maneira que terminados os jogos a multidão quase matou Flamínio com suas demonstrações de gratidão. De fato, alguns dos presentes, desejosos de vê-lo frente a frente e de chamá-lo de seu salvador, outros, ansiosos por apertar-lhe a mão, e a maior parte lançando coroas e fitas frontais em sua direção, quase o reduziram a pedaços”[13].
Aníbal, após ser derrotado por Roma, refugia-se na corte selêucida e instiga Antíoco III a lutar contra Roma. Após muitas negociações frustradas, Roma enfrenta e vence Antíoco III na batalha de Magnésia, no começo de 189 a.C. O exército romano é comandado por Lucius Cornelius Cipião – depois cognominado “o Asiático” -, ajudado por seu irmão Cipião, o Africano. Antíoco, que tem 72 mil soldados, perde 50 mil homens de infantaria, 3 mil cavaleiros, 15 elefantes e Cipião faz 1400 prisioneiros. Os romanos perdem apenas 400 homens.
Em 188 a.C. a paz entre Roma e os Selêucidas é estabelecida em Apameia da Frígia, quando são impostas humilhantes condições a Antíoco III[14].
O tratado de Apameia, conservado por Apiano, diz o seguinte:
“Antíoco deverá abandonar tudo o que ele possui na Europa e, na Ásia, as províncias aquém do Taurus – as fronteiras serão traçadas em seguida. Ele entregará todos os seus elefantes e todos os navios que indicaremos. No futuro ele não terá mais elefantes e terá somente o número de navios que nós fixaremos. Ele fornecerá vinte reféns, segundo a lista elaborada pelo cônsul. Ele pagará pelas despesas desta guerra, da qual ele é o responsável, 500 talentos euboicos imediatamente, 2.500 após a ratificação do tratado e 12.000 em doze anos, cada anuidade devendo ser paga a Roma. Ele nos entregará todos os prisioneiros e os desertores e restituirá a Eumênio tudo o que ele ainda retém das possessões adquiridas em virtude do acordo feito com Átalo, pai de Eumênio. Se Antíoco respeitar lealmente estas condições, nós lhe oferecemos paz e amizade sob condição de ratificação do Senado”[15].
M. Rostovtzeff comenta: “A situação geral do mundo helênico não foi afetada por esta guerra. O equilíbrio de poder de que Roma se tornara guardiã continuou a existir, embora de forma peculiar: Roma resolvia todas as disputas internas da Grécia, sem consultar, porém, a opinião grega, nem mesmo em assuntos gregos. Todos os reinos helênicos eram independentes, mas nenhum poderoso. A todos, e especialmente às cidades gregas, Roma garantia ‘liberdade’, mas no momento em que qualquer um deles mostrava tendências de realizar uma política independente, prontamente o esmagava”[16].
Assim começa o declínio do império selêucida. Daqui para a frente, Antíoco III e seus sucessores debater-se-ão em crescentes lutas internas pelo poder, assistindo à fragmentação progressiva dos seus domínios e lutando com grandes dificuldades financeiras. Só a Roma Antíoco deve pagar 15.000 talentos euboicos. O talento euboico, do nome da ilha de Eubeia, pesa cerca de 26 kg. Logo, Antíoco deve pagar a Roma o equivalente a 390.000 kg de prata.
O que ocorrerá é que, em relação a cidades como Jerusalém, por exemplo, os sucessores de Antíoco III não terão condições de manter a prometida isenção tributária, premidos que estarão por Roma. O próprio Antíoco III é morto em 187 a.C., pela população revoltada, quando saqueia um templo elamita, para conseguir dinheiro com que pagar aos romanos.
F.-M. Abel explica que ele foi “ao templo de Bel, famoso por possuir muito ouro e prata dedicado ao deus, e tendo-o assaltado de noite com suas tropas, não levou em conta a coragem vigilante das populações desta região rude. Ele foi morto, ele e os seus, pelos habitantes que acorreram em defesa do santuário. Este foi o fim pouco glorioso de Antíoco, dito o Grande, após trinta e seis anos de reinado com a idade de cerca de cinquenta e cinco anos, em 187 a.C.”[17].
Seu sucessor, Selêuco IV Filopator (187-175 a.C.), apoiado por judeus dissidentes do sumo sacerdote Onias III, tenta apoderar-se do dinheiro depositado no Templo de Jerusalém. É o conhecido incidente de Heliodoro, narrado em 2Mc 3,4-40.
“Ora, certo Simão, da estirpe de Belga, investido no cargo de superintendente do Templo, entrou em desacordo com o sumo sacerdote a respeito da administração dos mercados da cidade. Não conseguindo prevalecer sobre Onias foi ter com Apolônio de Tarso, que naquela ocasião era o estratego da Celessíria e da Fenícia. E referiu-lhe que a câmara do tesouro em Jerusalém estava repleta de riquezas indizíveis, a ponto de ser incalculável a quantidade de dinheiro. E que esse dinheiro não tinha proporção alguma com as despesas dos sacrifícios, sendo portanto possível fazer tudo isso cair sob o domínio do rei. Entrevistando-se então com o rei, Apolônio informou-o acerca das riquezas que lhe haviam sido denunciadas. E o rei, escolhendo a Heliodoro, superintendente dos seus negócios, enviou-o com ordens de proceder à requisição das referidas riquezas” (2Mc 3,4-7).
O texto continua dizendo que, ao manifestar suas intenções a Onias III, Heliodoro é informado por ele de que os depósitos, na verdade, pertencem aos órfãos e às viúvas, além do dinheiro do Tobíada Hircano. E que, ao contrário do que lhe fora dito, o total dos depósitos é de 400 talentos de prata (10.500 kg) e de 200 talentos de ouro (5.250 kg).
O certo é que Heliodoro não consegue apossar-se do dinheiro do Templo. Segundo 2 Macabeus, o próprio Iahweh o impede através de anjos (2Mc 4,24-34). Esta lenda nos oculta totalmente o que de fato acontece em Jerusalém neste episódio.
O desacordo entre o sacerdote Simão e o sumo sacerdote Onias III é a propósito da agoranomia, a supervisão dos mercados. Nas cidades gregas, a agoranomia é uma fiscalização encarregada de verificar os pesos e medidas e a regularidade das transações comerciais. Não sabemos exatamente em que consiste a agoranomia em Jerusalém e nem qual é a razão do conflito entre Simão e Onias.
Muitas soluções são propostas[18]: ou Onias discorda da acumulação de cargos feita por Simão, que é supervisor dos mercados e superintendente (prostátes) do Templo[19]; ou porque Simão permite a venda, nos mercados, de produtos proibidos pela Lei; ou porque ele comete abusos na venda de animais destinados aos sacrifícios. Por outro lado, como administrador do santuário, Simão pode ter acusado Onias de entesourar os excedentes das subvenções reais destinadas aos sacrifícios, garantidas pelo decreto de Antíoco III.
Heliodoro vai embora, mas as intrigas de Simão continuam. A tal ponto que Onias III é obrigado a ir a Antioquia dar explicações ao rei, segundo 2Mc 4,4-6:
“Considerando, então, o perigo dessa rivalidade e como Apolônio, filho de Menesteu, estratego da Celessíria e da Fenícia, ainda fomentava a maldade de Simão, Onias foi ter com o rei. E isto, não para se tornar acusador de seus concidadãos, mas tendo em vista o interesse comum e o individual de toda a população. Pois ele estava percebendo que, sem uma intervenção do rei, não era mais possível alcançar a paz na vida pública, nem Simão haveria de pôr termo à sua demência”.
É possível que neste conflito entre Simão e Onias III estejamos assistindo ao primeiro embate entre judeus helenistas e judeus ortodoxos. De qualquer modo, Onias III acaba retido em Antioquia, enquanto em Jerusalém os acontecimentos se precipitam.
8.2. Antíoco IV e a proibição do judaísmo
Em 175 a.C. Selêuco IV é assassinado. Assume o poder o seu irmão Antíoco IV Epífanes (175-164 a.C.), que voltava de Roma, onde era refém desde 188 a.C., quando seu pai Antíoco III perdera a batalha de Magnésia e assinara o tratado de Apameia.
A instabilidade do reino selêucida aumenta e Antíoco IV toma medidas helenizantes como forma de consolidar o seu poder. Concede o status de pólis a várias cidades, promove a adoração de Zeus e reivindica para si prerrogativas divinas[20].
A fundação de cidades é um instrumento fundamental para a helenização do Oriente com o consequente fortalecimento do poder macedônio.
“A civilização arcaica e clássica tinha coincidido com o desenvolvimento da pólis e era nos grandes centros urbanos, tais como Mileto, Corinto, Atenas, Siracusa, que se tinha desenvolvido a civilização grega. Alexandre tinha mostrado bem ser o herdeiro da tradição, ao semear o Império que acaba de conquistar com numerosas Alexandrias”[21].
Segundo Plutarco, Alexandre teria fundado 70 Alexandrias. Só que menos da metade pode ser testemunhada com certeza pelos dados históricos e arqueológicos.
A fundação de cidades tem, para Alexandre, objetivos estratégicos, econômicos e políticos: servem para guardar passagens de grandes vias de comunicação, tornam-se lugares de comércio e atraem os nômades para as suas vizinhanças, fazendo deles camponeses que sustentarão as cidades[22].
Os sucessores de Alexandre seguem a mesma política. Especialmente os Selêucidas, herdeiros de um império multinacional, recorrem à política da difusão da pólis.
“Os objetivos desta urbanização [dos Selêucidas] são bastante diversos. As cidades favorecem o desenvolvimento econômico, que acresce, na mesma proporção, a fortuna do rei. Elas permitem a implantação de tropas, que guardam os grandes eixos de circulação e as posições estratégicas (…) Elas diminuem as resistências indígenas, fragmentando as antigas satrapias entre as cidades”[23].
É bom, entretanto, lembrar que a fundação das póleis gregas nem sempre começam do nada. Há vários modos de se criar uma pólis: fundação de uma cidade grega dentro de uma antiga cidade oriental, dando-lhe um estatuto político e um nome grego; recriação, com estrutura grega, de uma cidade arrasada pela guerra ou por um terremoto; fusão entre cidades pequenas que não têm como se defender; fundação de uma cidade grega ao lado de uma cidade oriental[24].
A reivindicação de prerrogativas divinas pelo rei é outra arma de controle das populações orientais, usada desde Alexandre e, agora, enfatizada por Antíoco IV Epífanes, face ao esfacelamento do império selêucida.
Esta não é uma criação grega, mas oriental, habilmente incorporada pelos dominadores macedônios. Os reis egípcios, assírios ou babilônios são deuses ou filhos prediletos dos deuses. Situados acima dos homens, são a garantia da ordem política, mas também da ordem cósmica e da fertilidade da natureza.
Antíoco IV que, de 175 a 169 a.C., aparece nas moedas cunhadas em Antioquia apenas com a inscrição “Rei Antíoco”, a partir desta época começa a ter sobre sua cabeça uma estrela, símbolo da divindade. E a partir de sua vitória sobre o Egito, a inscrição das moedas selêucidas é “Rei Antíoco Theos Epífanes”.
“Ele pensa, definitivamente, que sua vitória o manifestou como deus, ou que é um deus que se manifestou na sua carne. Ele é o praesens divus, e, segundo sua intenção, o epíteto epifanés, ‘manifesto’, é relacionado com Theós, ou seja, com sua apoteose”[25].
As dificuldades econômicas enfrentadas por Antíoco IV Epífanes, geradas pela pressão romana, a quem deve pagar mil talentos por ano, leva-o a sobrecarregar seus súditos e o instiga ao saque de templos para a obtenção de fundos.
Enquanto isto, em Jerusalém, o processo de helenização avançara bastante desde o século anterior, especialmente entre a aristocracia sacerdotal e leiga. Forma-se um forte partido pró-helênico, que pretende incrementar o avanço civilizatório grego e, por isso, está em luta com os judeus tradicionais e fiéis à Lei.
Estes helenizantes defendem urgente revogação do decreto de Antíoco III, que os impede de se integrarem totalmente no modo de vida grego.
F.-M. Abel observa, por exemplo, que a Judeia está cada vez mais cercada por cidades helenizadas e é impossível ao judeu não tomar contato com o seu modo de vida. Quem vai a Ptolemaida passa por Samaria ou Dora; se alguém negocia na Galileia não pode fugir de Citópolis ou Filotéria; ou na Transjordânia é necessário ir a Pella, a Gadara ou a Filadélfia. Do lado do mar? Marisa está na rota de Gaza ou Ascalon. Jâmnia, Gazara e Jope também não podem ser evitadas[26].
A ocasião favorável aos partidários da helenização surge quando Onias III, o conservador sumo sacerdote, está em Antioquia cuidando dos interesses de seu povo e Antíoco IV assume o poder.
Um irmão de Onias III, Jasão (Joshua), oferece ao rei alta soma em dinheiro e um rápido programa de helenização dos judeus em troca do cargo de sumo sacerdote.
1Mc 1,11-13 comenta o caso do seguinte modo:
“Por esses dias apareceu em Israel uma geração de perversos (paránomoi) que seduziram a muitos com estas palavras: ‘Vamos, façamos aliança com as nações circunvizinhas, pois muitos males caíram sobre nós desde que delas nos separamos’. Agradou-lhes tal modo de falar. E alguns de entre o povo apressaram-se em ir ter com o rei, o qual lhes deu autorização para observarem os preceitos (dikaiômata) dos gentios”.
O termo paránomoi indica, segundo Dt 13,14, pessoas que fazem propostas de apostasia da Lei. Daí que “fazer aliança com as nações” indica renegar a Lei e seguir costumes gentios.
Também o dikaiômata tôn éthnôn (preceitos dos gentios) é significativo. Dikaíôma é usado pelos LXX para traduzir o hebraico derek ou mishpat (caminho, direito) significando obrigações legais. Observar os preceitos dos gentios significa, portanto, abandonar as normas da Lei e seguir leis gentias[27].
Antíoco IV Epífanes aceita a oferta de Jasão, pois precisa de dinheiro, tem urgência em helenizar a região para garantir sua fronteira sul e, ao que parece, suspeita de tendências pró-ptolomaicas em Onias III.
Assim, em 174 a.C. é instalado um ginásio em Jerusalém, aos pés da acrópole, contíguo à esplanada do Templo.
2Mc 4,7-10 descreve do seguinte modo os fatos:
“Entrementes, tendo passado Selêuco à outra vida e assumindo o reino Antíoco, cognominado Epífanes, Jasão, irmão de Onias, começou a manobrar para obter o cargo de sumo sacerdote. Durante uma audiência, ele prometeu ao rei trezentos e sessenta talentos de prata e ainda, a serem deduzidos de uma renda não discriminada, mais oitenta talentos. Além disso, empenhava-se em subscrever-lhe outros cento e cinquenta talentos[28], se lhe fosse dada a permissão, pela autoridade real, de construir uma praça de esportes e uma efebia, bem como de fazer o levantamento dos antioquenos de Jerusalém. Obtido, assim, o consentimento do rei, ele, tão logo assumiu o poder, começou a fazer passar os seus irmãos de raça para o estilo de vida dos gregos”.
Um ginásio grego não é mera praça de esportes. É uma instituição cultural das mais importantes, usada no processo de helenização de várias cidades orientais.
Além dos esportes gregos, praticados nus – o que causa embaraço aos jovens judeus circuncidados -, o ginásio implica a presença de divindades protetoras, como Héracles (= Hércules) e Hermes e ensina a maneira grega de se viver e de se ver o mundo. Falar o grego corretamente, vestir-se à moda grega, conhecer e discutir a cultura grega, são algumas das atividades praticadas no ginásio.
Consta que o rei Antíoco IV vai a Jerusalém nesta época, sendo recebido pelos filo-helenistas com grande entusiasmo.
Além do que, o ginásio parece ter sido realmente uma corporação separada de judeus helenizados, com direitos cívicos e legais definidos, estabelecida dentro da cidade de Jerusalém[29].
Estes judeus são chamados de “antioquenos” nos documentos da época, como se vê em 2Mc 4,9.19. Certamente porque estão sob a proteção real, ou mesmo porque são considerados como “cidadãos de Antioquia”, segundo alguns. C. Saulnier acredita que de duas uma: ou Antíoco IV autoriza a formação de uma pólis dentro de Jerusalém ou a organização de um políteuma em Jerusalém[30].
“De qualquer modo – quer Antíoco IV tenha fundado uma pólis em Jerusalém, quer ele tenha reunido um certo número de judeus em um políteuma de estrutura grega -, o resultado é o mesmo: uma parte dos judeus pretende doravante viver à maneira helênica, de modo que a Torá não é mais a única lei, isto é, o decreto de Antíoco III não se aplica mais à totalidade da população”[31].
2Mc 4,12-14a fala do ginásio de Jerusalém com grande desgosto:
“Foi, pois, com satisfação que [Jasão] construiu a praça de esportes justamente abaixo da Acrópole e, obrigando os mais nobres de entre os moços, conduziu-os ao uso do pétaso[32]. Verificou-se, desse modo, tal ardor de helenismo e tão ampla difusão de costumes estrangeiros, por causa da exorbitante perversidade de Jasão, esse ímpio e de modo algum sumo sacerdote, que os próprios sacerdotes já não se mostravam interessados nas liturgias do altar”.
A situação, entrementes, se complica, quando um sacerdote não sadoquita, chamado Menelau, apoiado pela poderosa família dos Tobíadas, faz uma oferta maior a Antíoco IV e obtém o sumo sacerdócio. Menelau, irmão de Simão – aquele Simão que entrara em conflito com Onias III por causa da agoranomia – oferece a Antíoco 300 talentos de prata (cerca de 7.800 kg) suplementares na época de pagar o tributo.
Diz 2Mc 4,23-24:
“Depois de um período de três anos, Jasão enviou Menelau, irmão do já mencionado Simão, a levar as quantias ao rei e a completar-lhe relatórios sobre certos assuntos urgentes. Menelau, porém, tendo se apresentado ao rei e adulando-o pela ostentação de sua autoridade, conseguiu para si o sumo sacerdócio, superando em trezentos talentos de prata a oferta de Jasão”.
Isto se dá em fins de 172 a.C., início de 171 a.C. Jasão foge para a Transjordânia, para o feudo de Hircano, o Tobíada dissidente e pró-Lágida, já morto nesta época.
Como protestasse contra a venda de vasos sagrados do Templo (vendidos por Menelau para conseguir o dinheiro prometido a Antíoco IV), Onias III é assassinado a mando de Menelau. A população de Jerusalém, revoltada com as ações de Menelau, vê três membros da gerousia serem executados por Antíoco IV, quando oficialmente denunciam as arbitrariedades cometidas pelo sumo sacerdote.
Em 169 a.C., na volta de sua primeira campanha egípcia, campanha vitoriosa, Antíoco IV saqueia o Templo de Jerusalém, com a aprovação de Menelau[33]. 1Mc 1,21-23 narra este saque do Templo, do qual se desconhece a causa. Talvez seja a sempre crescente necessidade de dinheiro. Vejamos a narração de 1 Macabeus:
“Entrando com arrogância no Santuário, apoderou-se do altar de ouro, do candelabro com todos os seus acessórios, da mesa da proposição, das vasilhas para as libações, das taças, dos incensórios de ouro, do véu, das coroas, da decoração de ouro sobre a fachada do Templo: tudo ele despojou. Tomou, além disso, a prata, o ouro, os utensílios preciosos e os tesouros secretos que conseguiu descobrir”.
Já em 168 a.C., em sua segunda campanha contra o Egito, Antíoco IV é impedido de entrar em Alexandria, e de assim anexar o país, pelo legado romano Popilius Laenas. Roma defende, deste modo, o fraco Egito e vigia de perto os Selêucidas.
Políbio comenta o episódio do encontro de Antíoco IV e Popilius Laenas, interessante para se avaliar o poder de Roma neste momento histórico:
“Quando ele viu o general romano Popilius, o rei [Antíoco IV], de longe o saudou e estendeu-lhe a mão. Mas o outro, que tinha uma tabuinha onde estava transcrito o senatus-consulto, lha estendeu e pediu que a lesse imediatamente (…) O rei a leu e declarou desejar deliberar com seus amigos acerca desta novidade. Ao ouvir isto, Popilius fez um gesto aparentemente intolerável e de uma arrogância inusitada. Ele tinha na mão uma vara de videira. Traçou com esta vara um círculo ao redor de Antíoco e convidou-o a lhe dar, antes de sair, a resposta ao documento. O rei, aturdido com esta insolência, pensou um instante, e em seguida declarou que faria tudo o que os romanos pediam. Então Popilius e seus acompanhantes apertaram sua mão e o cumprimentaram com amizade. O senatus-consulto ordenava-lhe parar imediatamente a guerra contra Ptolomeu”[34].
Na Palestina corre o falso boato de que Antíoco morrera no Egito e Jasão ataca Jerusalém. Menelau refugia-se na acrópole. Jasão promove sangrento massacre na cidade, mas foge com a chegada de Antíoco IV, que restabelece Menelau no poder.
Consta que, no final do verão de 168 a.C., o rei Selêucida, pensando estar havendo uma revolta, pune Jerusalém, executando muitos judeus e vendendo a outros como escravos. Antíoco IV deixa na cidade o frígio Filipe com uma guarnição, mas este não consegue controlá-la (2Mc 5,5-14).
C. Saulnier assim resume estes acontecimentos: “Podemos dizer que há em Jerusalém dois motivos de dissensões que não coincidem entre si. Primeiramente, os judeus estão divididos a propósito do helenismo em aproximadamente duas facções que podemos designar como a dos filo-helenos e a dos assideus: os primeiros, parecendo amplamente encorajados por dois sumos sacerdotes sucessivos e rivais, Jasão e Menelau. Além disso, as dificuldades do reinado de Antíoco IV sugerem a existência de um partido pró-Lágidas, outrora sustentado por Hircano, filho de Tobias, e Onias III, depois por Jasão e talvez por uma fração da população que já se esquecera das durezas da administração egípcia, e, de outro lado, a existência de um partido pró-Selêucidas, apoiado pelos Tobíadas, por Menelau e sem dúvida por aqueles que são designados como antioquenos de Jerusalém”[35].
No começo de 167 a.C. Antíoco IV envia a Jerusalém Apolônio, o misarca (comandante das tropas mísias), com forte contingente. Ataque, assassinatos em massa, escravidão. Muralhas demolidas e construção de poderosa fortaleza em Jerusalém, conhecida, em grego, como Acra (= cidadela), sede de uma guarnição e verdadeira pólis, no coração de Jerusalém, encostada no Templo. Durante cerca de 25 anos a Acra será o braço armado selêucida em Jerusalém, espinho atravessado na garganta dos judeus fiéis.
2Mc 5,23b-24 assim fala da intervenção de Apolônio:
“Nutrindo para com os súditos judeus uma disposição de ânimo profundamente hostil, o rei enviou o misarca Apolônio à frente de um exército de vinte e dois mil homens, com a ordem de trucidar todos os que estavam na força da idade e de vender as mulheres e os mais jovens”.
1Mc 1,33-35 descreve a construção da Acra:
“Então reconstruíram a cidade de Davi, dotando-a de grande e sólida muralha e torres fortificadas, e dela fizeram a sua Cidadela. Povoaram-na de gente ímpia, homens perversos, e nela se fortificaram. Abasteceram-na de armas e víveres e nela depositaram os despojos tomados em Jerusalém, tornando-se eles assim uma armadilha enorme”[36].
É nesta época que começa verdadeira caçada aos Oníadas e a seus partidários. Como é de praxe em tais circunstâncias, suas propriedades são confiscadas e transferidas para os Tobíadas ou para as colônias militares reais.
Desencadeia-se feroz perseguição a todos os inimigos de Menelau. Os habitantes do distrito judaico transformam-se em cidadãos sem direitos. Os fiéis seguidores da Lei, os assideus (= piedosos) são obrigados a fugir para os desertos e montanhas. Jerusalém é, enfim, uma cidade contaminada: os gentios controlam a sua população.
Acredita-se que tenha sido para vencer a, por enquanto pacífica, resistência judaica ao programa de helenização é que Antíoco IV decide proibir a prática do judaísmo, no verão de 167 a.C.
Por outro lado, é preciso considerar que esta intervenção direta e brutal contra os costumes e os deuses de outros povos não é uma praxe grega. É quase certo que o partido helenista de Jerusalém tenha pedido a intervenção real e tenha apontado as medidas necessárias para aniquilar os judeus tradicionais[37].
Como norma geral, duas medidas são tomadas (1Mc 1,41-53):
. a abolição da Torá, com seus mandamentos e suas proibições: ficam proibidas as práticas do sábado, das festas, da circuncisão, da distinção de alimentos puros e impuros. Todos os manuscritos da Lei devem ser destruídos. Qualquer violação destas normas tem a morte por punição
. uma reforma do culto em toda a Judeia: a abolição dos sacrifícios e da sacralidade do santuário e dos sacerdotes, a ereção de altares em todo o país e o sacrifício de porcos e outros animais impuros a deuses estrangeiros.
Para completar, em dezembro de 167 a.C., é introduzido o culto de Zeus Olímpico no Templo de Jerusalém, com respectiva imagem e sacrifício.
Explica C. Saulnier que “deus eminente dos gregos, Zeus representava os valores do poder e da autoridade; o epíteto Olímpico recordava suas prerrogativas sobre as outras divindades e seu aspecto uraniano (isto é, de deus do céu); na Síria ele fora assimilado a Baal Shâmin, deus soberano, senhor das tempestades e da fecundidade. Tais aspectos podiam aparentemente aproximá-lo de Iahweh que, desde a época persa, era designado nos textos judaicos como “o Deus dos céus”. Nestas condições, podemos admitir que Antíoco IV quisesse introduzir em Jerusalém uma divindade sincrética, que permitisse a judeus, sírios e gregos reconhecer nela a emanação de um deus soberano”[38].
A introdução deste culto no Templo é a “abominação da desolação”, segundo Dn 11,31. 1Mc1,54-57.64 assim descreve a “abominação da desolação”:
“No décimo quinto dia do mês de Casleu do ano de cento e quarenta e cinco [8 de dezembro de 167 a.C.], o rei fez construir, sobre o altar dos holocaustos, a Abominação da desolação. Também nas outras cidades de Judá erigiram-se altares e às portas das casas e sobre as praças queimava-se incenso. Quanto aos livros da Lei, os que lhes caíam nas mãos eram rasgados e lançados ao fogo. Onde quer se encontrasse em casa de alguém um livro da Aliança ou se alguém se conformasse à Lei, o decreto real o condenava à morte (…) Foi sobremaneira grande a ira que se abateu sobre Israel”.
Os judeus são também obrigados a participar da festa de Dionísio e do sacrifício mensal em honra do aniversário do rei (2Mc 6,7).
Enfim, uma verdadeira cruzada contra a Lei. Por detrás disso tudo podemos ver as tristes figuras de Menelau e dos Tobíadas[39].
[1]. Este Ptolomeu, a quem se dirige o rei Antíoco, é o estratego e sumo sacerdote selêucida da Celessíria.
[2]. Artabe é uma medida egípcia de capacidade, de cerca de 40 litros.
[3]. Médimo é uma medida antiga de capacidade, de cerca de 50 litros.
[4]. Hyperberetaios é um mês macedônio que corresponde a agosto/setembro.
[5]. Cf. JOSEFO, F. Antiquitates Iudaicae XII, 138-144.
[6]. Cf., sobre os impostos selêucidas, SAULNIER, C. Histoire d’Israel III, p. 456-458; PRÉAUX, C. Le monde hellénistique I, p. 384-388.
[7]. Há quatro grandes jogos pan-helênicos: os Jogos Olímpicos, em Olímpia; os Jogos Ístmicos, em Corinto; os Jogos Píticos, em Delfos e os Jogos Nemeus, no vale de Nemeia.
[8]. Cf. KIPPENBERG, H. G. Religião e formação de classes na antiga Judeia, p. 77-81; BICKERMAN, E. The God of Maccabees. Studies on the Meaning and Origin of the Maccabean Revolt Leiden: Brill, 1979, p. 32-34.
[9]. KIPPENBERG, H. G. o. c., p. 78.
[10]. Cf. ROSTOVTZEFF, M. História de Roma. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1977, p. 56-78; PEIXOTO, P. M. Aníbal, o pai da estratégia. São Paulo: PAUMAPE, 1991; BRADFORD, E. Aníbal, um desafio aos romanos. São Paulo: Ars Poetica, 1993.
[11]. As guerras entre Roma e Cartago são chamadas de “púnicas” porque os romanos chamam os cartagineses, em latim, de poeni (= fenícios), donde puni e “guerras púnicas”.
[12]. Com a decadência da pólis, a formação de confederações de cidades gregas é vista como uma solução. “Instalados na margem setentrional do golfo de Corinto, e obscuros durante muito tempo, os etólios acabam anexando quase toda a Grécia central, inclusive grande parte da Tessália”, dizem AYMARD, A.; AUBOYER, J., O Oriente e a Grécia Antiga II. 5. ed. Rio de Janeiro: Difel, 1977, p. 199.
[13]. POLÍBIO, História XVIII, 46. Brasília: Editora da UnB, 1985, p. 481-482.
[14]. Cf. SAULNIER, C. Histoire d’Israel III, p. 102-104; PRÉAUX, C. Le monde hellénistique I, p. 153-163; WILL, E. Histoire politique du monde hellénistique (323-30 av. J.-C) II. 2. ed. Nancy: Presses Universitaires de Nancy, 1982, p. 210-215;221-224 [3. ed. Paris: Seuil, 2003].
[15]. APIANO, Syriaka 38-39. Cf. o texto em SAULNIER, C., o. c. p. 372-373. Apiano é natural de Alexandria e morre aproximadamente em 160 d.C. Trabalha como advogado em Roma e compila narrativas em grego de várias guerras romanas em 24 livros, dos quais temos hoje dez.
[16]. ROSTOVTZEFF, M. História de Roma, p. 71.
[17]. ABEL, F.-M. Histoire de la Palestine I, p. 104. Cf. também WILL, E. Histoire politique du monde hellénistique II, p. 238-240.
[18]. Cf. SAULNIER, C. Histoire d’Israel III, p. 107-110; ABEL, F.-M. Histoire de la Palestine I, p. 105-108.
[19]. O prostátes é o encarregado de administrar as finanças do santuário.
[20]. Cf., para o reinado de Antíoco IV e seu confronto com os judeus, ABEL, F.-M., Histoire de la Palestine I, p. 109-132; HENGEL, M. Judaism and Hellenism I, p. 277-290; SAULNIER, C. Histoire d’Israel III, p. 105-121; WILL, E., Histoire politique du monde hellénistique II, p. 326-341.
[21]. LÉVÊQUE, P. O mundo helenístico, p. 59.
[22]. Cf. PRÉAUX, C. Le monde hellénistique II, p. 401-403.
[23]. LÉVÊQUE, P. o. c., p. 61.
[24]. Cf. PRÉAUX, C. Le monde hellénistique II, p. 403-408.
[25]. ABEL, F.-M. Histoire de la Palestine I, p. 128.
[26]. Cf. Idem, ibidem, p. 109.
[27]. Cf. SAULNIER, C. Histoire d’Israel III, p. 110-111.
[28]. Jasão oferece a Antíoco 590 talentos, o equivalente a cerca de 15.340 kg de prata. Um talento ático pesa 26,2 kg.
[29]. Esta posição é sugerida por vários autores que estudam o processo de helenização da Palestina. Sobre os instrumentos da helenização, confira um artigo meu aqui.
[30]. Cf. SAULNIER, C. Histoire d’Israel III, p. 112.
[31]. Idem, ibidem, p. 113.
[32]. Pétaso é o chapéu de copa baixa e abas largas usado nos exercícios pelos atletas gregos no ginásio.
[33]. O reinado [dos Ptolomeus] era dirigido por regentes que governavam em nome do jovem Ptolomeu VI, que se tornara rei com a morte de seu pai em 180. Por motivos obscuros, tais regentes parecem ter declarado guerra contra Antíoco IV em 170. Este começou as operações em 169 e, depois de uma campanha fácil, ocupou Mênfis. Cf. WILL, E., Histoire politique du monde hellénistique II, p. 311-320.
[34]. POLÍBIO, História XXIX, 27. Cf. este texto em SAULNIER, C. Histoire d’Israel III, p. 376-377. Cf. a análise do episódio em WILL, E., Histoire politique du monde hellénistique II, p. 320-325.
[35]. SAULNIER, C., A revolta dos Macabeus, p. 23.
[36]. Para o significado da Acra em Jerusalém, cf. BICKERMAN, E. The God of the Maccabees, p. 46-53.
[37]. Cf. HENGEL, M., Judaism and Hellenism I, p. 287-289; SAULNIER, C. Histoire d’Israel III, p. 118-121.
[38]. SAULNIER, C. A revolta dos Macabeus. São Paulo: Paulus, 1987, p. 26.
[39]. Cf. HENGEL, M. Judaism and Hellenism I, p. 292-303.
Última atualização: 20.10.2019 – 17h02