4. Escrever Gn 1,1-8
Nesta seção é possível aprender algumas regras básicas da gramática hebraica. Regras que permitirão uma escrita mínima de palavras e expressões. Mas a gramática é muito mais do que isto. Há sugestões de gramáticas e dicionários na bibliografia.
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1 בְּרֵאשִׁית בָּרָא אֱלֹהִים אֵת הַשָּׁמַיִם וְאֵת הָאָרֶץ׃ | |
Bereshít bará elohím et hashamáyim veét haárets | Pronúncia |
Berē’shîth bârâ’ ’elōhîm ’ēth hashshâmayim ve’ēth hâ’ârets. | Transliteração |
As sílabas: abertas e fechadas
O hebraico é escrito da direita para a esquerda e as consoantes sempre vêm antes das vogais. Logo, as palavras em hebraico sempre começam por uma consoante, nunca por uma vogal.
As palavras podem ser divididas, como em português, em sílabas (ba-na-na).
As sílabas, que sempre começam com uma consoante, são formadas por
uma consoante e uma vogal | |||||
ou por | |||||
uma consoante, uma vogal e outra consoante |
As sílabas terminadas em vogal são consideradas abertas, enquanto que as sílabas terminadas em consoante são consideradas fechadas.
Normalmente, uma sílaba aberta tem vogal longa e uma sílaba fechada tem vogal breve (confira a classificação das vogais).
A palavra | sílaba aberta: consoante + vogal longa | |
sílaba fechada: consoante + vogal breve + consoante |
Entretanto, caso tais sílabas tenham acento, tudo pode mudar. Assim:
עֶרֶב ‘e-rebh (= “tarde”, pronúncia érev, Gn 1,5) tem a sílaba עֶ aberta, pois terminada em vogal, mas vogal curta, sendo a sílaba acentuada.
Por outro lado, uma sílaba fechada e átona (sem acento) sempre tem uma vogal curta. É o caso do mesmo עֶרֶב que jamais poderia ser escrita como עֶרֵב pois a sílaba רֶב é fechada e átona.
O shevá forma sílaba? Nem o shevá simples, nem o shevá composto formam sílabas sozinhos. Assim a palavra אֱלֹהִים tem duas sílabas ou três? Duas, ’elō-hîm pois אֱ é um shevá composto (hâtēph seghôl).
As sílabas finais terminadas em áleph e hê são abertas, porque estas consoantes são mudas e não fecham a sílaba: בָּרָא bâ-râ’ | הָיְתָה hâ-yethâh.
Gn 1,1 dividido em sílabas fica assim: berē’-shîth bâ-râ’ ’elō-hîm ’ēth hash-shâ-ma-yim ve’ēth hâ-’â-rets.
O shevá serve para preencher o espaço vazio sob uma consoante desvocalizada. Ele pode ser simples ou composto.
O shevá simples: בְ
É vocálico quando começa uma sílaba no início ou no meio da palavra, como em | בְּרֵאשִׁית | וְאֵת | הָיְתָה |
berē’-shîth | ve’ēth | hâ-yethâh | |
É mudo quando fecha uma sílaba no meio da palavra, como em | וַיַּרְא | וַיַּבְדֵּל | מַבְדִּיל |
vay- yar’ | vay-yabh-dēl | mabh-dîl |
O shevá vocálico é transliterado por um e enquanto o shevá mudo não é transliterado.
O shevá composto: בֳ בֱ בֲ
Quando existe uma gutural desvocalizada no início de uma sílaba, como é impossível pronunciá-la sem vogal, o shevá adquire uma forma composta. As guturais são ע ח ה א – áleph, hê, hêth e áyin.
Em Gn 1,1-8 temos um caso que se repete sempre: אֱלֹהִים Seu nome? Hatēph seghôl. Hatēph significa “rápida” e indica que a vogal seghôl, que já é breve, fica ainda mais breve. O outro caso é o do hâtēph pathah, que aparece duas vezes em Gn 1,7 na palavra אֲשֶׁר
Há mais regras para o uso do shevá, mas esses casos não aparecem em Gn 1,1-8. Consulte uma gramática.
Você já observou a presença de um ponto dentro de várias consoantes nas palavras hebraicas estudadas até aqui, como em בָּרָא . Este ponto é o dâghēsh, palavra que significa “piercing” (= “penetrante”, “agudo”, adjetivo que vem de “pierce” = penetrar, furar, fazer um buraco). O dâghēsh pode ser fraco (também chamado “lene”) ou forte.
O dâghēsh fraco
O dâghēsh fraco serve para endurecer a pronúncia de seis consoantes que existem tanto sem ele como com ele. Sem ele, elas são pronunciadas como aspiradas ou fricativas, são “soft”. Com ele, elas se tornam duras, são “hard”. Elas são conhecidas mnemonicamente como o
Beghadh Kephath בְּגַד כְּפָת
bêth | guímel | dáleth | kaph | pê | tau |
Quando ocorre o dâghēsh fraco?
Quando uma das seis letras acima começa uma sílaba, no início ou no meio da palavra, e não é precedida por uma vogal ou por um shevá vocálico. Assim:
בָּרָא | גָּדוֹל | וַיַּבְדֵּל | כִּי | עַל־פְּנֵי | תַּחַת |
bâ-râ’ | gâ-dhôl* | vay-yabh-dēl | kî | ‘al-penê | ta-hath |
Quando desaparece o dâghēsh fraco?
Quando uma das seis letras acima (do Beghadh Kephath) não começa uma sílaba ou é precedida por uma vogal. Assim:
עֶרֶב | דָּג | אֶחָד | וַיְהִי־כֵן | מְרַחֶפֶת | אֵת |
‘e-rebh | dâgh* | ’e-hâdh | vaye-hî-khēn | mera-he-pheth | ’ēth |
O dâghēsh forte
O dâghēsh forte aparece em letras que, por alguma razão, são duplicadas. O dâghēsh forte pode aparecer em qualquer consoante – incluindo as seis letras do Beghadh Kephath citadas acima – exceto nas guturais (áleph, hê, hêth, áyin) e no rêsh, porque estas não podem ser duplicadas na pronúncia.
Por que uma letra é duplicada?
Basicamente, por três razões:
:. quando, por alguma razão, a consoante que a precede é assimilada e desaparece, duplicando a seguinte para compensar a perda. Este é conhecido como dâghēsh forte compensativo
:. quando certas conjugações do verbo duplicam a segunda letra da raiz. Este é chamado de dâghēsh forte característico.
:. quando uma consoante numa palavra é duplicada por clareza de pronúncia. Este é o dâghēsh forte eufônico.
Há algum dâghēsh forte em Gn 1,1-8?
Há sim. Por exemplo:
הַשָּׁמַיִם | הַמָּיִם | מִתַּחַת | וַיֹּאמֶר |
hash-shâ-ma-yim | ham-mâ-yim | mith-tha-hath | vay-yō'-mēr |
Ao falarmos do artigo você entenderá porque os dois primeiros exemplos são de dâghēsh forte compensativo. E o terceiro também.
*. Não existe nenhum guímel em Gn 1,1-8. Gâdhôl significa “grande”. Veja o nome da vogal longa â: qâmets gâdhôl. Dâgh significa “peixe” (Jn 2,1).
Última atualização: 23.03.2020 – 17h24