O Decálogo nos escritos judaicos e cristãos até 200 d.C.

DE VOS, J. C. Rezeption und Wirkung des Dekalogs in jüdischen und christlichen Schriften bis 200 n.Chr. Leiden: Brill, 2016, 510 p. – ISBN 9789004324381.

Rezeption und Wirkung des Dekalogs in jüdischen und christlichen Schriften bis 200 n.Chr.

O livro, em alemão, examina o impacto e a recepção do Decálogo  – os Dez Mandamentos – nos escritos judaicos e cristãos até o ano 200 d.C.

Por exemplo: o Decálogo na LXX, no Pentateuco Samaritano, nos Manuscritos de Qumran, na Peshitta, na Vetus Latina, em Fílon de Alexandria, em Flávio Josefo, nas cartas paulinas, nos Evangelhos Sinóticos, no Evangelho de João, nos apócrifos judaicos e cristãos, nos escritos gnósticos etc.

Diz a editora – que tem um preço proibitivo – em inglês e alemão:

J. Cornelis de Vos examines the impact and reception of the Decalogue up to 200 CE, scrutinizing the versions of the Decalogue, and the history of the Decalogue in ancient Jewish writings, the New Testament, and early Christian writings. Almost all texts show an interconnection of identity and normativity: the Decalogue functions as an expression of fundamental moral concepts of socio-religious groups. At the same time, these groups enhance the Decalogue with normativity—sometimes even expanding on it—to make it a text that generates their own identity. This is the first study that presents an in-depth and continuous analysis of the early history of the Decalogue.

Der Wirkung und Rezeption des Dekalogs bis 200 n.Chr. widmet sich J. Cornelis de Vos in dieser Studie. Dafür erforscht er zunächst die alten Textzeugen der beiden Dekalogfassungen, um anschließend zu fragen, wie die Zehn Gebote bei antik-jüdischen Autoren, im Neuen Testament sowie in frühchristlichen Schriften aufgenommen wurden. Es zeigt sich eine Verbindung von Normativität und Identität: Der Dekalog gilt zumeist als Ausdruck der moralischen Grundauffassungen sozioreligiöser Gruppen; er wird gleichzeitig von diesen Gruppen mit Normativität aufgeladen – manchmal sogar erweitert – gerade um als Identität stiftend für die eigene Gruppe zu gelten. Dies ist die erste Studie, die eine detaillierte und durchgehende Geschichte des Dekalogs in der Antike beschreibt.

Quem é o autor?

J. Cornelis de Vos, Ph.D. (2002, University of Groningen) is Adjunct Professor of Hellenistic Judaism and New Testament at the University of Münster, Cluster of Excellence “Religion and Politics”. He has published monographs and many articles on the Hebrew Bible, the New Testament, and ancient Jewish writings.

J. Cornelis de Vos, Dr. (2002, Universität Groningen) ist Privatdozent für Hellenistisches Judentum und Neues Testament an der Universität Münster, Exzellenzcluster “Religion und Politik”. Er hat Monografien und viele Artikel zur Hebräischen Bibel, dem Neuen Testament und antik-jüdischen Schriften veröffentlicht.

Carlos Mesters: na brisa leve um suave perfume

Um belo texto sobre o nosso mestre Carlos Mesters. Encontrei por acaso e achei interessante transcrever aqui.

Carlos Mesters – O suave perfume da flor sem defesa expandiu-se em brisa leve

Por Mercedes Lopes – 07/06/2016

Nascido no sul da Holanda, em 20 de outubro de 1931, Jacobus Gerardus Hubertus Mesters chega ao Brasil em janeiro de 1949 e em 1951 recebe o hábito carmelita com o nome de frei Carlos. Um nome de origem germânica que literalmente significa homem. Mas, alguns estudiosos acrescentam a este nome alguns adjetivos, como “homem livre” ou “homem do povo”, qualidades que, entre tantas outras, marcam a personalidade de Carlos Mesters.

Depois de concluir o ginásio e de cursar humanidades e filosofia, em São Paulo, Carlos Mesters faz teologia em Roma, na Pontifícia Universidade Santo Tomás de Aquino. Estuda Ciências Bíblicas no Instituto Bíblico de Roma [PIB] e faz uma especialização na École Biblique de Jerusalém. Em 1962, volta a Roma para defender a tese junto à Pontifícia Comissão Bíblica sobre o Apocalipse de São João. Em 1963, de volta ao Brasil, é nomeado professor do Curso Teológico dos Carmelitas, em São Paulo. Revela-se um excelente professor de exegese bíblica, usando com criatividade o método histórico crítico. O grande interesse de seus alunos pelo estudo chama a atenção de seus superiores. Desse modo, em 1967 é nomeado professor do Colégio Internacional Santo Alberto, em Roma.

Em 1968, dá por encerrada sua colaboração em Roma e volta ao Brasil, pois seu coração já é brasileiro e sente saudades. Passa a viver em Belo Horizonte (MG), onde o Convento do Carmo mantém uma rede de militância ligada à situação social, religiosa e política da época. Com a ditadura militar iniciada em 1º de abril de 1964, em novembro de 68 o Gal. Arthur da Costa e Silva estabelece o Ato Institucional nº 5, aumentando o número de prisões, torturas, assassinatos e desaparecimento de lideranças.

Frei Carlos começa a escrever, tendo dois destinatários bem definidos: 1º) As Comunidades Eclesiais de Base 2º) Pessoas que estudam a Bíblia e são professores. Com seus escritos, oferece um olhar novo, que ajuda a perceber a ligação entre a Bíblia e a Vida. Sua obra está inserida na Teologia da Libertação, com o objetivo de animar e iluminar a caminhada libertadora dos pobres, através da leitura bíblica, gerando uma espiritualidade comunitária de pé no chão.

Desde então, frei Carlos torna-se um peregrino da Palavra de Deus e decide passar um período de sua vida em Crateús, sertão do Ceará, sentindo na pele a vida sofrida dos pobres e aprendendo da grande sabedoria do povo do sertão nordestino. Identificou-se de tal maneira com as comunidades de Crateús que, em um encontro de religiosas, uma jovem Irmã afirma cheia de alegria que conhece a mãe do Carlos Mesters. “Então você esteve na Holanda?”, lhe perguntaram. Ela respondeu: “Por que na Holanda? A mãe dele mora mesmo é em Tauá, lá perto de Crateús! Eu fui lá participar de um curso bíblico e conheci a mãe dele”.

Carlos Mesters

Com essa proximidade simples e muita sensibilidade, frei Carlos começa um jeito novo de ler e de interpretar a Bíblia: a Leitura Popular da Bíblia. Ao criar e partilhar a metodologia da Leitura Popular da Bíblia, ele foi descobrindo e animando novos sujeitos da interpretação bíblica. Assim, ao oficializar a fundação do CEBI (Centro Ecumênico de estudos Bíblicos), em 1978, no convento do Carmo em Angra dos Reis – RJ, no dia 20 de julho, festa do profeta Elias, frei Carlos já havia despertado muitas lideranças que se apaixonaram por esta proposta e entraram para o CEBI, formando Regionais e Sub-regionais do CEBI por todo o Brasil.

A leitura da Bíblia feita em comunidade e ligada à realidade, com o compromisso de lutar em conjunto para modificar as situações injustas, gera relações de amizade e companheirismo. São essas relações de proximidade e cumplicidade que ajudam as comunidades cristãs a fazer uma experiência de Deus que escuta o grito dos pobres e caminha com seu povo oprimido. Esta nova experiência de Deus confirma a caminhada e vai exigindo maior conversão e entrega coletiva ao seu serviço do Reino. A grande aceitação e ampliação do CEBI está marcada por esta mística.

Em 1982, houve um encontro latino americano e caribenho de Teologia da Libertação, realizado no TUCA, auditório da PUC de São Paulo. Ali estava frei Carlos, não somente falando sobre a possibilidade de ler e de entender a Palavra de Deus dentro da realidade sofrida dos pobres, mas cantando a música “Mandacaru”, que celebra a resistência criativa do povo diante da miséria e da fome:

“A terra de seca não tinha suor, nem lágrimas cai nos óio que sente dor.

Tamanho verão o sol prometeu: não há quem resista tão grade calor.

No meio daquele deserto agrião um verde bonito, suspenso no ar,

de braços abertos pedindo ao céu tem dó deste povo, aprendeu a rezar.

SÓ MANDACARU, SÓ MANDACARU,

SÓ MANDACARU RESISTIU TANTA DOR!”

Através de intensa produção literária e dos cursos bíblicos realizados por toda parte, o perfume suave da flor foi se expandindo com total liberdade, fazendo com que “a casa se encha de perfume!” (Jo 12,4). Como frei Carlos não se preocupa muito com questões de direitos autorais, sua palavra, falada ou escrita espalhou-se com a liberdade de uma “brisa leve”, criando um clima de esperança e coragem. Foi através desse movimento que o CEBI começou antes de começar.

Carlos Mesters é autor de vários livros sobre a Bíblia, sozinho ou com autoria compartilhada. Mas, ele mesmo já deve ter perdido a conta dos cursos que assessorou, dos textos que escreveu, das reuniões de que participou, das entrevistas e reportagens que deu. E, assim, o suave perfume da flor sem defesa expandiu-se, levando as pessoas a sentirem a presença carinhosa de Deus em suas vidas e a caminhar na esperança.

Bibliografia Bíblica Latino-Americana em novo site

Metodista lança novo site da Bibliografia Bíblica Latino-Americana Milton Schwantes

O novo site da Bibliografia Bíblica Latino-Americana Milton Schwantes está no ar [desde junho de 2016, mas algumas seções ainda estão em construção]. O projeto está ligado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, e tem como objetivo incentivar e democratizar a pesquisa bíblica, reunindo informações e facilitando o acesso ao conteúdo produzido sobre estudos bíblicos na América Latina e no Caribe.

A Bibliografia Bíblica foi iniciada em 1988 pelo falecido biblista e professor da Metodista Milton Schwantes, que viu a importância dos estudos bíblicos naquela época, quando a Bíblia estava sendo descoberta pelas comunidades cristãs da América Latina e do Caribe como fonte para uma maneira de formular a religião. O projeto foi relançado e renomeado para homenagear Schwantes pela importância e extensão de seu trabalho.

“Quando o projeto foi desativado em 2012, por falta de verbas, houve um ‘protesto’ muito grande por parte dos biblistas em todo Brasil. A Bibliografia Bíblica é muito estimada e conhecida pelos que estudam Bíblia na América Latina”, conta o professor José Ademar Kaefer, do programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião, responsável pela retomada do projeto.

Kaefer destaca que não existe nenhum outro site na América Latina com um arquivo tão grande sobre o tema como a Bibliografia Bíblica. O novo site possui um índice com nomes e contatos de biblistas, editoras, autores latino-americanos e publicações acessíveis ao público. O projeto já publicou oito volumes que reúnem as publicações bíblicas referentes aos anos de 1988 a 1995, e disponibiliza dados de 1996 até os dias atuais integralmente no site.

(…)

Visite o site da Bibliografia Bíblica Latino-Americana Milton Schwantes clicando aqui.