Resenhas na RBL – 14.05.2013

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Richard S. Ascough, Philip A. Harland, and John S. Kloppenborg
Associations in the Greco-Roman World: A Sourcebook
Reviewed by Richard I. Pervo

G. K. Beale
Handbook on the New Testament Use of the Old Testament: Exegesis and Interpretation
Reviewed by Maarten J. J. Menken
Reviewed by Pheme Perkins

Avraham Faust
Judah in the Neo-Babylonian Period: The Archaeology of Desolation
Reviewed by Ulrich Berges

Oded Lipschits, Gary N. Knoppers, and Manfred Oeming, eds.
Judah and the Judeans in the Achaemenid Period: Negotiating Identity in an International Context
Reviewed by Frank H. Polak

Andrew B. McGowan and Kent Harold Richards, eds.
Method and Meaning: Essays on New Testament Interpretation in Honor of Harold W. Attridge
Reviewed by Dennis R. MacDonald

Steve Moyise
Later New Testament Writers and Scripture: The Old Testament in Acts, Hebrews, the Catholic Epistles and Revelation
Reviewed by Yongbom Lee

Kathleen M. O’Connor
Jeremiah: Pain and Promise
Reviewed by Bob Becking

Karin Hedner Zetterholm
Jewish Interpretation of the Bible: Ancient and Contemporary
Reviewed by Marianne Grohmann
Reviewed by Andrea L. Weiss

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Manifesto contra a redução da maioridade penal

Manifesto defende manutenção da maioridade penal em 18 anos de idade

Um conjunto de movimentos sociais, centrais sindicais, entidades estudantis, organizações da juventude, pastorais, organizações não governamentais, intelectuais e especialistas na área do Direito divulgou, nesta terça-feira (28), um manifesto contra a redução da maioridade penal. O documento, lançado com 150 assinaturas de cidadãos e organizações sociais, afirma que “reduzir a maioridade penal é inconstitucional e representa um decreto de falência do Estado brasileiro, por deixar claro à sociedade que a Constituição é letra-morta e que as instituições não têm capacidade de realizar os direitos civis e sociais previstos na legislação”. Entre os signatários do manifesto estão o professor emérito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Fábio Konder Comparato; a filósofa Marilena Chauí; o desembargador Tribunal de Justiça de São Paulo, Alberto Silva Franco; o bispo emérito de São Félix do Araguaia, Pedro Casaldáliga; e o presidente do PT, Rui Falcão. O documento é assinado também pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN) e Associação dos Juízes pela Democracia (AJD). “Somos contrários à redução da maioridade penal e defendemos, para resolver os problemas com a segurança pública, que o Estado brasileiro faça valer o que está na Constituição, especialmente os artigos relacionados aos direitos sociais”, defendem no texto. Os signatários denunciam ainda a postura dos grandes meios de comunicação para impor uma mudança na legislação. “A grande mídia tem feito uma campanha baseada na criação de um clima de medo e terror, para construir um apoio artificial das famílias brasileiras à liberação da prisão de seus filhos e netos como solução para a segurança pública. Autoridades aproveitam esse clima para, de forma oportunista, se colocarem como pais e mães dessas propostas”, afirma o documento. O manifesto está aberto para adesões. Clique…

Leia o manifesto.

Fonte: Notícias: IHU On-Line – 29/05/2013

Francisco será o papa de uma transição crucial?

Apesar dos 76 anos de idade, é cada vez mais forte a impressão de que ele não será um pontífice transitório, mas sim o papa de uma transição crucial.

Nonostante i 76 anni di età, è sempre più forte l’impressione che non sarà un Pontefice transitorio, ma il Papa di una transizione cruciale.

O jornalista italiano Massimo Franco, em artigo publicado pelo jornal Corriere della Sera em 19/05/2013, defende que Francisco representa uma transição crucial na Igreja.

O título, em português, é: Francisco, o primeiro papa global [em italiano: Il Papa global].

Reproduzo aqui apenas alguns trechos isolados e, até mesmo, fora de ordem. Mas convido o leitor a ler a análise completa, bastante interessante, em Notícias: IHU On-Line de 22/05/2013.

Jorge Mario Bergoglio é o primeiro papa que podemos definir como verdadeiramente global. Não só porque foi descoberto “quase no fim do mundo”, como ele disse brincando de si mesmo. As dinâmicas do conclave dos dias 12 e 13 de março mostraram o fim de uma era para o Vaticano. As Américas passaram da periferia para o coração do mundo católico. O eurocentrismo acabou. E a criação de um conselho de oito cardeais tomados dos cinco continentes para participar das decisões de Francisco, no dia 14 de abril, confirma a intenção de revolucionar o governo da Igreja.

As tendências para 2030 do US National Intelligence Council dizem que, nos próximos 20 anos, o número das megacidades vai crescer, criando áreas “periurbanas” e “megarregiões” que se tornarão poderosos atores não estatais, superando as dimensões nacionais. Francisco representa esse deslocamento de prioridade. E sinaliza uma notável diversidade com relação aos seus antecessores. A escolha de se chamar Francisco é mais um sintoma da sua natural atenção pelos pobres das favelas superpovoadas das maiores cidades do mundo.

E o mandato de Francisco parece exatamente isso: abrir a Igreja às periferias mundiais; libertar o Vaticano de pessoas comprometidas nos escândalos; mudar a estrutura e os objetivos do IOR; reescrever e ressuscitar a agenda de política externa da Santa Sé depois daquela que foi percebida no plano internacional como a passividade do pontificado de Bento XVI; e reconstruir a imagem amarrotada da Igreja, voltando a privilegiar os pobres.

Francisco, primeiro pontífice jesuíta, marca uma potencial revolução. Ele foi escolhido como reformador da Cúria, homem capaz de enfrentar e resolver os escândalos, e como diretor chamado a globalizar o Vaticano.

E, ao contrário do que foi escrito e pensado no início, é provável que a sua eleição não tenha sido de última hora. Senão programada, foi ao menos examinada e discutida alguns dias antes da abertura do conclave e depois aprovada por muitos cardeais norte-americanos e alemães, e por alguns italianos inimigos da Cúria.

Um papa proveniente da América Latina, sugeriu o vaticanista John Allen, significa ceticismo com relação ao capitalismo e à globalização; debate cultural duro com os EUA, apesar do número crescente da população católica de língua espanhola; mais atenção ao ambiente; e pacifismo.

No curto prazo, é provável,  [entretanto], que se vejam maiores mudanças em Roma: na Roma papal. O novo pontífice quer erradicar a imagem de um papado preso em uma “bolha” autorreferencial e bloqueado pela Cúria. E o IOR, o Instituto para as Obras de Religião, o chamado “Banco do Vaticano”, poderia ser o símbolo e a cobaia dessa transformação.

Apesar dos 76 anos de idade, é cada vez mais forte a impressão de que ele não será um pontífice transitório, mas sim o papa de uma transição crucial.

Il Papa global – Massimo Franco: Corriere della Sera 19/05/2013

Nonostante i 76 anni di età, è sempre più forte l’impressione che non sarà un Pontefice transitorio, ma il Papa di una transizione cruciale.

Le priorità: difendere i poveri e riformare lo Ior. La Chiesa di Francesco non è più eurocentrica.

Jorge Mario Bergoglio è il primo Papa che si possa definire veramente globale. Non solo perché è stato scovato «quasi alla fine del mondo », come ha detto scherzosamente di sé. Le dinamiche del Conclave del 12 e 13 marzo hanno mostrato la fine di un’era per il Vaticano. Le Americhe sono passate dalla periferia al cuore del mondo cattolico. L’eurocentrismo è finito. E la creazione di un consiglio di otto cardinali presi dai cinque continenti per concorrere alle decisioni di Francesco, il 14 aprile, conferma l’intenzione di rivoluzionare il governo della Chiesa. La scelta di chiamarsi Francesco è un altro sintomo della sua naturale attenzione ai poveri delle baraccopoli sovrappopolate nelle maggiori città del mondo. L’approccio nasce soprattutto dalla sua esperienza quotidiana di arcivescovo di Buenos Aires, attento alla povertà di gigantesche periferie; e riflette una tendenza mondiale. I trend per il 2030 dello Us National Intelligence Council dicono che nei prossimi vent’anni il numero delle megacity crescerà, creando aree «peri-urbane» e «mega-regioni» che diventeranno potenti attori non statali, superando le dimensioni nazionali. Francesco rappresenta questo spostamento di priorità. E segnala una diversità notevole rispetto ai predecessori.

Francesco, primo Pontefice gesuita, segna una potenziale rivoluzione. È stato scelto come riformatore della Curia, uomo in grado di affrontare e risolvere gli scandali, e come regista chiamato a globalizzare il Vaticano. E diversamente da quanto è stato scritto e pensato all’inizio, è probabile che la sua non sia stata un’elezione dell’ultima ora. Se non programmata, è stata almeno esaminata e discussa qualche giorno prima dell’apertura del Conclave, e poi approvata da molti cardinali americani e tedeschi, e da alcuni italiani nemici della Curia.

Un Papa proveniente dall’America Latina, ipotizzò nel 2009 il vaticanista John Allen, significa scetticismo verso capitalismo e globalizzazione; confronto culturale duro con gli Usa, nonostante il numero crescente della popolazione cattolica di lingua spagnola; più attenzione all’ambiente; e pacifismo.

Nel breve periodo, è probabile dunque che i maggiori cambiamenti si vedranno a Roma: nella Roma papale. Il nuovo Pontefice vuole sradicare l’immagine di un papato intrappolato in una «bolla» autoreferenziale e bloccato dalla Curia. E lo Ior, l’Istituto per le opere di religione, la cosiddetta «banca del Vaticano», potrebbe essere il simbolo e la cavia di questa trasformazione.

Nonostante i 76 anni di età, è sempre più forte l’impressione che non sarà un Pontefice transitorio, ma il Papa di una transizione cruciale.

Resenhas na RBL – 09.05.2013

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Robert T. Anderson and Terry Giles
The Samaritan Pentateuch: An Introduction to Its Origin, History, and Significance for Biblical Studies
Reviewed by Magnar Kartveit
Reviewed by Reinhard Pummer

Reinhard Feldmeier and Hermann Spieckermann
God of the Living: A Biblical Theology
Reviewed by M. Eugene Boring

Anke Inselmann
Die Freude im Lukasevangelium: Ein Beitrag zur psychologischen Exegese
Reviewed by Douglas A. Hume

Tat-siong Benny Liew, ed.
Postcolonial Interventions: Essays in Honor of R. S. Sugirtharajah
Reviewed by Anthony Rees

Tracy J. McKenzie
Idolatry in the Pentateuch: An Innertextual Strategy
Reviewed by Sven Petry

Andreas Ruwe
Die Psalmen zum Betrachten, Studieren und Vorlesen: Eine textanalytische Übersetzung
Reviewed by Beat Weber

Julien Smith
Christ the Ideal King: Cultural Context, Rhetorical Strategy, and the Power of Divine Monarchy in Ephesians
Reviewed by Keith A. Reich

Daniel L. Smith-Christopher
Jonah, Jesus, and Other Good Coyotes: Speaking Peace to Power in the Bible
Reviewed by Joel Stephen Williams

Bálint Károly Zabán
The Pillar Function of the Speeches of Wisdom: Proverbs 1:20–33, 8:1–36 and 9:1–6 in the Structural Framework of Proverbs 1–9
Reviewed by James Alfred Loader

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Lula e seu compromisso com a integração sul-americana

Os projetos de Lula

Martín Granovsky – Página 12 – Em Carta Maior: 22/05/2013

Um presidente nunca diz que se angustia. Senão, o que sobra para os governados? Um ex-presidente sim pode dar-se esse luxo. O resultado é apaixonante se o ex se chama Luiz Inácio Lula da Silva e tem uma capacidade única de transmissão intelectual e emotiva.

Exemplo 1: “Ou crescemos juntos ou ficaremos pobres todos juntos”.

Exemplo 2: “Quando entreguei o mandato a Dilma, disse a ela que ia necessitar muitos dobermanns. Disse que, em cada decisão importante que ela tomasse, tinha que botar um cão atrás, porque, se não, não haveria nenhum resultado”.

Lula falou na embaixada do Brasil na Argentina, que organizou um encontro com 40 intelectuais, políticos, economistas e empresários junto com o Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso) e o Instituto Lula. Foi na sexta-feira (17) à tarde e os presentes fizeram chegar ao embaixador Enio Cordeiro: “Presidente, neste grupo ninguém pensa como o outro”. Antes, o presidente que governou o Brasil durante oito anos, recebeu oito doutorados honoris causa. “Para o Guinness”, brincou o senador e ex-ministro de Educação argentino Daniel Filmus, coordenador dos doutorados junto com Pablo Gentili, o secretário executivo do Clacso.

O ex-presidente brasileiro estava acompanhado por Luiz Dulci, ex-secretário geral da Presidência durante seu governo e membro do Instituto Lula. Dulci, que acaba de publicar um livro sobre os dez anos de governo encabeçado pelo PT, “Um salto para o futuro”, disse que o instituto está firmando acordos com organismos multilaterais e que trabalhará cada vez mais em uma doutrina da integração. “Não se trata de substituir os Estados, mas às vezes é difícil para os Estados avançarem em determinados temas.”

Lula explicou que o instituto antes se chamava Instituto da Cidadania. “O programa Fome Zero foi desenhado ali”, contou, sobre o trabalho prévio às eleições vitoriosas de 2002. Disse que alguns contatos excediam o marco do PT e que, por isso, recebia gente no instituto. Ou seja, uma preparação completa para o governo que viria. Sobre o futuro, Lula reforçou a promessa de Dulci e a ampliou para a África.

“Durante meu governo visitei sete países do Oriente Médio, todos os países da América Latina e do Caribe e 33 países africanos em 39 viagens”. Lula não tocou no tema, mas além da América do Sul, a grande base de votos para que o brasileiro Ricardo Azevedo ganhasse a direção da Organização Mundial de Comércio foi a África.

De terno escuro e gravata listrada com as cores do Brasil e da Argentina, Lula passou mais de três horas debatendo, um pouco sentado, um pouco em pé. Antes de abrir o espaço para comentários e perguntas, fez algumas a si próprio. “Tem que criar uma doutrina da integração. O que é a integração? É comercial? É comercial e social? Envolve as universidades? Ainda não está tudo claro para nós. Cada vez que Hugo Chávez falava da espada de Bolívar, eu dizia para ele: ‘Chávez, não necessitamos mais a espada de Bolívar, mas um banco de desenvolvimento, estradas, pontes…’”.

Lula mencionou Chávez muitas vezes, com carinho e com picardia. Um morto não pode se queixar pela revelação de segredos que, de outra forma, servem para entender que tipo de dificuldades um presidente enfrenta, inclusive quando tem legalidade, legitimidade e popularidade. Como o ex-chanceler Jorge Taiana estava presente, Lula o pegou de comparsa.

“Talvez, um dia, Taiana, Enio e eu possamos contar como são as reuniões presidenciais e as sequências das decisões. Firmamos um acordo, um protocolo de intenções, e quando termina o mandato de quatro ou cinco anos, não se fez nada. Porque quando esta reunião terminou, vem outra reunião e outro protocolo, e, às vezes, além disso, não tem muita gente interessada em fazer o seguimento das decisões. Taiana sabe bem como se queixava o pobre Chávez. Quase todas as reuniões terminavam com Chávez brigando com o pobre Maduro. ‘Não vou assinar o documento porque não o li .’ E olhava a câmera da Telesur. ‘Por que os burocratas não me deram o documento antes? ’ Então eu me levantava e lhe contava minha angústia.” E aí foi que contou sua ideia dos dobermanns.

Na verdade, ainda que não tenha aparecido na reunião da embaixada brasileira, quem se aproximou de um sistema de dobermann foi o presidente chileno Ricardo Lagos. Seu chefe de assessoria, Ernesto Ottone, enviava a cada reunião de Lagos um funcionário que depois se encarregaria do seguimento. Em outro estilo, para algumas decisões, Kirchner telefonava no ato para toda a cadeia de funcionários que se faria responsável pelo cumprimento de uma decisão sua.

“Uma vez eu e o Chávez estivemos a ponto de despedir juntos os presidentes da Petrobras e da PDVSA porque não haviam levado à prática um acordo que havíamos chegado”, disse. “O mesmo aconteceu com a Argentina e o mesmo com outros países. Quando os presidentes estão dispostos e convencidos, as coisas devem ser feitas diante deles e não depois da reunião. Não se pode trabalhar na integração se a gente cede às pressões de um grupo.”

A falta de resultados tem um problema que Lula tocou. “Quando você chega ao governo e não consegue fazer as coisas que se esperam de você, as pessoas se afastam. Mas muitos, ao contrário, quando algo não acontece, perseveram.”

Pensamento próprio

E as reuniões como a de sexta-feira, servem para algo? “Há uma carência motivacional”, disse Lula. “Aparecem bons diagnósticos e boas propostas, mas depois devem ser assumidas pelos políticos.”

O ex-presidente aproveitou esse momento para levantar um livro no ar. É de capa vermelha e o título é: ‘Dez anos de governos pós-neoliberais no Brasil – Lula e Dilma’. É uma coletânea de 21 trabalhos realizada por Emir Sader, ex-secretário do Clacso, antes de Gentili, que foi quem escreveu o capítulo educativo porque, como disse Lula, “é um argentino importado pelo Brasil”. Para que não restem dúvidas da margem que Lula quer para decisões que não são de governo, mas de análise feita por gente com pensamento próprio, disse: “A única coisa minha neste livro é o nome no título, porque os autores trabalharam com toda a liberdade”.

Lula parece se preocupar com o beco sem saída que se produz quando os funcionários e os políticos não se acostumam a viver dentro da contradição. “Se as divergências fossem um problema, o PT não existiria. Não tem nada que tenha mais divergências que o PT.” Também se vê preocupado com as profecias autocumpridas segundo as quais nada diferente será possível.

“Nasci em uma região onde muitas crianças morrem antes dos cinco anos e eu não morri. Quando entrei no sindicato, me disseram que não poderia fazer nada porque a estrutura sindical do Brasil era uma cópia fiel da ‘Carta del Lavoro’ de Benito Mussolini. Sem que a lei se modificasse sequer uma linha, em apenas três anos mudamos a vida sindical. Depois nos disseram que não havia espaço para um partido político. Em três anos criamos o PT, que nasceu em 1980. Que um operário metalúrgico chegasse à presidência era impensável. Conseguimos. Portanto, podemos produzir uma doutrina para que nossos presidentes pensem estrategicamente. É o compromisso que assumo. Não sei se o cumprirei, mas vou tentar.”

Como avançar

Lula alertou contra “as brigas entre nós”. Citou o caso da Rodada de Doha, que terminou em 2008 sem resultados. Foi discreto: omitiu afirmar que as diferenças essenciais no final se produziram entre o Brasil e a Argentina. “Ali não avançamos, mas não acontecerá mais. Se não construirmos um pensamento estratégico, vamos perder inclusive o que já construímos. E não é questão de defeitos. Todos os temos. Tivemos os presidentes daquele momento: Néstor Kirchner, Hugo Chávez, Ricardo Lagos, Tabaré Vázquez, eu… Mas se analisarmos nossas relações tal como estavam em 2000 e como são agora, vamos ver que avançamos extraordinariamente.”

Lula costuma fazer um contraponto permanente entre o resgate do bom, porque é um obsessivo da autoestima coletiva, e a sugestão de desafios, porque se mostra otimista, mas não tem a noção fanática de que as coisas, as más, mas também as boas, são inexoráveis. “Se não consolidarmos os avanços como política de Estado, criando parlamentos e instituições multilaterais, qualquer governante de direita pode terminar com tudo. Sobretudo no Brasil. Estejam seguros de que esse presidente brasileiro dará as costas à América do Sul, porque sua cabeça está colonizada pela Europa e pelos Estados Unidos.” E continuou Lula, em pé, microfone na mão e olhando para os lados, movendo as mãos como o orador sindical que foi ou que é, confessando que hoje vê coisas que não via quando era presidente. “Coisas nas quais poderíamos ter avançado e não avançamos. Por que não avançamos na ONU? O Egito e a Nigéria queriam ser membros permanentes do Conselho de Segurança, mas não disseram. A Argentina, o Brasil e o México também. Não discutimos o essencial: seja quem for, quando for, não pode investir numa representação individual, mas coletiva, do continente. Mas nunca aprofundamos essa discussão. E são 10 anos meus e de Dilma, 12 de Chávez, 10 de Néstor e Cristina. Meia geração cresceu sem que discutíssemos o tema. Com o comércio, a mesma coisa. É importante porque gera desenvolvimento, lucro, empregos.”

Gripe ou pneumonia

Em sua intervenção, o tabuleiro do mundo sempre esteve presente. Para ele, na Europa “uma gripe se transformou em uma pneumonia”. Segundo Lula, “é ridículo que a Europa culpe a Grécia ou o Chipre enquanto nenhum banqueiro está preso”.

A indústria também. “Temos que aproveitar o tipo de pessoas que hoje estão nos diferentes governos para fazer o que temos que fazer. Não é ruim exportar commodities quando o preço está bom. É ruim quando o preço está baixo. Mas em nível internacional devemos discutir o valor dos produtos. Por que a comida vale tão pouco e um chip vale tão caro? Na década de 70, os Estados Unidos decidiram levar o corpo das indústrias para a China e ficar com a cabeça, com os serviços. Agora, com esta crise, se deram conta de que a cabeça sem o corpo não é um ser humano, é um busto. Assim, agora discutem como reindustrializar os Estados Unidos.”

O animador

Um fantasma, às vezes, é o papel do Brasil, o gigante da região. Inclusive é um fantasma quando já ninguém repete disparates sobre hipóteses de conflito bélico. Como Lula queria desmontá-lo, abordou o ponto. “O Brasil não pode crescer sozinho. E o Brasil tem mais responsabilidade que o resto. Na crise de 2008, chamei o presidente do Banco Central e o ministro da Fazenda e disse que destinassem dinheiro para o Uruguai e para a Argentina. Não o fizeram. A China fez. Mas o Brasil não necessita 400 bilhões de dólares de reservas. Hoje poderíamos usar esse dinheiro para financiar a integração aqui e no continente africano. Pensemos, imaginemos. Às vezes me dá a impressão de que os intelectuais da América Latina deixaram de pensar depois da queda do Muro de Berlim. Há menos canções, menos livros… Me lembro de uma conversa com Fidel. Um dia ele me disse que tinha ensinado ao seu povo a história equivocada. Era a história russa, com seus bons que de repente se convertiam em maus, e seus maus que de um dia para o outro se transformavam em bons. ‘Sabe, Lula’, me disse Fidel. ‘Estou arrependido de não ter ensinado ao meu povo a história da América Latina’. Eu digo: façamos isso. Tentarei ser o animador e o provocador para que pensemos de novo em nós.”

 

Os comentários

Antes da última intervenção de Lula no seminário, vários participantes perguntaram ou fizeram comentários.

Taiana disse que há um ponto delicado: “Alcançamos certo patamar na integração, estamos entrando em uma meseta, quando há dificuldades a reação natural é se retrair diante do medo e o que não avançarmos significará que vamos retroceder”.

O consultor Rosendo Fraga disse que o Mercosul e a Unasul demonstraram “grande eficácia frente aos imprevistos como os que se produziram na Venezuela, na Colômbia e no Equador, mas certa ineficácia para enfrentar os conflitos históricos”. Citou que o Chile e o Peru tenham recorrido à corte de Haya, e o mesmo aconteceu com Bolívia e Chile. Lula agregaria que tampouco o conflito das papeleiras entre o Uruguai e a Argentina se resolveu no marco sul-americano. Fraga se queixou de que na Argentina “não se pode ver um canal brasileiro por TV a cabo e não temos uma rádio que transmita em português”.

Félix Peña, ex-subsecretário de Guido Di Tella (que foi ministro de relações exteriores da Argentina no governo Menem – N do T) e hoje está na Universidade de Tres de Febrero, pediu um “Relatório Lula” sobre como trabalhar na América do Sul.

Sergio Berenztein, da consultoria Poliarquía, sugeriu para o Mercosul um avanço por passos. “Incremental, minimalista”, disse.

O reitor da Universidade de Cuyo, Arturo Somoza, insistiu na necessidade do intercâmbio cultural e no peso das decisões políticas.

O ex-chanceler Adalberto Rodríguez Giavarini, que foi ministro de Fernando de la Rúa, disse que a integração e os direitos humanos “são políticas de Estado nos últimos 30 anos”. Recomendou “fortalecer o diálogo Pacífico-Atlântico para entrarmos na dinâmica da negociação global, porque vamos enfrentar tensões e já as estamos enfrentando, e o Brasil terá dois guarda-chuvas”.

Rafael Follonier, colaborador de Néstor e Cristina Kirchner com grau de secretário de Estado e agora a cargo de investigar os crimes contra seguidores do chavismo na última campanha eleitoral na Venezuela, disse que “o posicionamento do Brasil como ator global se deu no marco da última etapa do processo de integração sul-americana”. Pediu “um fortíssimo relançamento da Unasul” e afirmou: “Seria bom que o Lula nos ajudasse a resolver a próxima etapa do organismo que criou com os outros presidentes”.

O ex-presidente da União Industrial Argentina, e ex-ministro de Eduardo Duhalde, José Ignacio de Mendigurem, conclamou a “não deixar passar o tempo e nos deixar tentar com o canto da sereia da primarização da economia, porque, apesar do enorme período de crescimento, a participação industrial no PIB dos dois países diminuiu”.

O reitor da Untref Aníbal Jozami pediu que fosse formado “um grupo de delirantes que discuta uma união com o Brasil”.

Alberto Ferrari Etcheberry, ex-subsecretário de Assuntos Latino-americanos de Raúl Alfonsín e um dos negociadores de então para chegar à integração com o Brasil, além de ser quem convidou Lula para sua primeira visita à Argentina em 1999, lembrou o que é a cidadania entre os vizinhos. “Com a Constituição de 1988 e com a presença decisiva do PT, essencial para a queda de Fernando Collor de Mello, surgiu a democracia de massas pela primeira vez.” E acrescentou: “Com Lula terminaria a história dos Bragança no Brasil. Lula foi o primeiro Silva. E depois veio Dilma, que também se chama Silva”. Para Ferrari, entre os dois países “não se avançou o suficiente em conhecer-se e, sobretudo, em conhecer as diferenças”.

O uruguaio Gerardo Caetano disse que “para esta nova etapa, mais do mesmo não basta”.

Pino Solanas lamentou que “em dez anos não resolvemos nem o Banco do Sul” e disse que “a América Latina não pode ser o paradigma de um consenso sobre as commodities”.

O deputado da Unidade Popular Víctor de Gennaro advertiu que “o genocídio deixou a ideia de que, por medo, se tem que evitar o pior e ser sobreviventes” e opinou que “temos direito de viver felizes”.

Pablo Gentilli, como organizador, expressou seu compromisso de continuar ajudando a coordenação de centros de estudo, políticos e investigadores.

Filmus, outro dos organizadores da visita de Lula e membro do Conselho Acadêmico da recém-inaugurada Universidade Metropolitana para a Educação e o Trabalho, autocriticou “o escasso esforço legislativo para trabalhar em forma conjunta, o déficit de diplomacia parlamentar e o avanço lento no ensino de português e espanhol, a ponto de que cientistas argentinos e brasileiros se comunicam em inglês”.

Fonte: Carta Maior: 22/05/2013.

Francisco denuncia a ideologia do mercado

Este discurso, o mais complexo que até agora Francisco pronunciou sobre temas sociais, passou um pouco despercebido, apesar de conter uma denúncia precisa das causas do desequilíbrio social. E talvez tenha sido este o motivo da pouca atenção recebida. Francisco denunciou o fetichismo do dinheiro e a ditadura de uma economia sem rosto que considera o ser humano como um bem de consumo.

 

Francisco chama a atenção de quem fala em moralismo – IHU On-Line 21/05/2013.

O Papa Francisco, diante da multidão de fiéis, repetiu, neste domingo à tarde, que a Igreja não é uma organização política nem uma ONG. Além disso, fez julgamentos tão claros sobre a pobreza, a crise e suas causas como nenhum político parece capaz de fazê-lo.

A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada no sítio Vatican Insider, 19-05-2013. A tradução é do Cepat.

“Há cortes nos investimentos, os bancos, todos se põem a dizer que é uma tragédia. Se as famílias estão mal, não têm o que comer, se as pessoas morrem de fome, então nada acontece… Esta é a nossa crise”. E a crise não é apenas “econômica ou cultural”, mas é uma “crise do homem”. “Na vida pública – explicou –, se não há ética, tudo é possível. Lemos, nos jornais, que a falta de ética faz mal a toda a humanidade”.

Estas palavras, pronunciadas durante a vigília de Pentecostes, em resposta a uma pergunta sobre a “Igreja pobre e para os pobres” que o primeiro Papa que leva o nome do pobrezinho de Assis afirmou desejar, estiveram presentes durante os discursos destes dias. Ao receber as cartas credenciais de quatro novos embaixadores na Santa Sé, na quinta-feira passada, Bergoglio falou sobre as raízes da crise financeira e o abismo que existe entre pobres e ricos, razão pela qual denunciou o “fetichismo” do dinheiro e a “ditadura” de uma economia sem rosto que considera o ser humano como um “bem de consumo”.

Este discurso, o mais complexo que até agora Francisco pronunciou sobre temas sociais, passou um pouco despercebido, apesar de que contivesse uma denúncia precisa (e talvez tenha sido este o motivo da pouca atenção recebida) das causas do desequilíbrio social. A causa, segundo o Papa, seriam as “ideologias que promovem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira, negando desta maneira o direito ao controle dos Estados, encarregados de prover o bem comum”.

No domingo, com os representantes dos movimentos, Francisco chamou à radicalidade evangélica, explicando que, diante da crise econômica e da ética pública, a contribuição mais eficaz que os cristãos podem oferecer é o de dar o testemunho do Evangelho: sair de si mesmo, dos próprios círculos autorreferenciais, deixar de ser “cristãos que discutem sobre teologia enquanto tomam chá” nos salões e ir ao encontro dos pobres, dos necessitados.

Explicou que a caridade não é “uma categoria sociológica”. E também disse que ir ao encontro dos pobres significa, para os cristãos, ir “para a carne de Cristo”, razão pela qual este compromisso concreto pertence à essência da experiência da fé vivida e testemunhada verdadeiramente. Uma mensagem forte dirigida a todos, mas que, com sua ênfase na ética pública, representa uma mensagem particular para todos os que pertencem ao mundo da política. Em muitos casos (e inclusive dentro da Igreja católica) as mensagens sobre a ética foram desatendidas e catalogadas de “moralismo” por aqueles que encobriram a imoralidade, influindo nas vidas concretas de muitas pessoas.

Desde que o novo Papa começou a dar seus primeiros passos, não faltaram círculos de intelectuais que o definissem como “pauperístico”, esquecendo que o novo Papa conhece e frequentou os pobres verdadeiramente (sobretudo nas favelas de Buenos Aires). E, além disso, esquecendo que os Evangelhos, escritos 17 séculos antes de O Capital, de Marx, também falam sobre os pobres.

Por isso, Francisco se perguntou: que mundo construímos, se um pobre que morre de frio já não é notícia, ou se a morte por fome de muitas crianças é uma realidade com a qual nos acostumamos? O Papa disse, na quinta-feira passada, aos novos embaixadores: “O papa ama a todos, ricos e pobres, mas o papa tem o dever, em nome de Cristo, de recordar ao rico que ele deve ajudar o pobre, respeitá-lo, promovê-lo”.

Menos mal que ainda resta alguém para nos recordar isso.

 

Un monito a chi parla di moralismo – Andrea Tornielli: Vatican Insider 19/05/2013

Il discorso, più impegnativo finora tenuto da Francesco sui temi sociali, è passato, almeno in Italia, piuttosto inosservato, nonostante contenesse una puntuale denuncia delle cause dello squilibrio sociale

Papa Francesco davanti alla folla di fedeli ha ripetuto ieri sera che la Chiesa non è un’organizzazione politica né una Ong. Eppure ha pronunciato giudizi così netti e chiari sulla povertà, sulla crisi e sulle sue cause, quali ormai quasi nessun leader politico sembra più in grado di fare.

«Se cadono gli investimenti, le banche, tutti a dire che è una tragedia. Se le famiglie stanno male, non hanno da mangiare se la gente muore di fame allora non fa niente… Questa è la nostra crisi». E la crisi non è «solo economica o culturale» ma è «una crisi dell’uomo». «Nella vita pubblica – ha spiegato – se non c’è l’etica tutto è possibile. Lo leggiamo i giornali quanto la mancanza di etica fa tanto male all’umanità intera».

Queste parole dette a braccio durante la veglia di Pentecoste, in risposta a una domanda su quella «Chiesa povera per i poveri» che il primo Papa con il nome del Poverello d’Assisi aveva detto di sognare all’indomani dell’elezione, seguono di tre giorni un altro suo importante discorso. Ricevendo le credenziali di quattro nuovi ambasciatori presso la Santa Sede, giovedì scorso, Bergoglio aveva parlato loro delle radici della crisi finanziaria e del divario tra poveri e ricchi, denunciando il «feticismo» del denaro e la «dittatura» di un’economia senza volto che considera l’essere umano «come un bene di consumo».

Questo discorso, il più impegnativo finora tenuto da Francesco sui temi sociali, è passato, almeno in Italia, piuttosto in sordina, nonostante contenesse una puntuale denuncia (o forse proprio per questa) delle cause dello squilibrio sociale. Derivante, a detta del Papa, «da ideologie che promuovono l’autonomia assoluta dei mercati e la speculazione finanziaria, negando così il diritto di controllo agli Stati pur incaricati di provvedere al bene comune».

Ieri, ai rappresentanti dei movimenti, Francesco ha richiamato la radicalità evangelica spiegando che di fronte alla crisi economica e alla crisi dell’etica pubblica, il principale e più efficace contributo che i cristiani possono dare è quello di testimoniare il Vangelo: uscire da se stessi, dai propri circoli autoreferenziali, smettere di essere «cristiani inamidati che discutono di teologia bevendo il tè» nei salotti, per andare davvero incontro ai poveri, a chi ha bisogno.

Ha spiegato che la carità «non è una categoria sociologica». E ha detto che per i cristiani andare verso i poveri significa andare «verso la carne di Cristo»: dunque questo impegno concreto è connaturale all’esperienza di fede veramente vissuta e testimoniata. Un messaggio forte indirizzato a tutti, ma che nell’accenno all’etica pubblica rappresenta un richiamo particolare a quanti sono impegnati in politica. In tanti, troppi casi, anche in casa cattolica, i richiami all’etica sono stati talvolta irrisi e bollati come «moralismo» da chi ha coperto l’immoralità e così facendo ha finito per incidere sulla vita concreta di tante persone.

Fin dai primi passi del nuovo pontificato, non sono mancati circoli intellettuali che hanno definito come «pauperistico» l’atteggiamento di Francesco, dimenticando che il nuovo Papa i poveri li ha conosciuti e frequentati davvero nelle «villas miserias» di Buenos Aires. E dimenticando pure che dei poveri si parla nei Vangeli scritti diciassette secoli prima del Capitale di Marx.

Che mondo abbiamo costruito, si è chiesto Francesco, se un barbone che muore di freddo non è più notizia o se la morte di tanti bambini per fame è una realtà alla quale abbiamo fatto l’abitudine? Il Papa, aveva detto giovedì agli ambasciatori, «ama tutti, ricchi e poveri» ma «ha il dovere, in nome di Cristo, di ricordare al ricco che deve aiutare il povero, rispettarlo, promuoverlo». Almeno è rimasto qualcuno a ricordarcelo.

SOTER 2013: Deus na Sociedade Plural

A SOTER – Sociedade de Teologia e Ciências da Religião – comunica que seu 26º Congresso Anual terá como tema Deus na Sociedade Plural. Fé – Símbolos – Narrativas e será realizado na PUC-Minas, em Belo Horizonte, de 8 a 11 de julho de 2013.

Diz a SOTER:

“Após ter se empenhado em discutir o papel da religião em nossa sociedade em seus últimos congressos – Religiões e Paz (congresso 2010), Religião, Educação e Cidadania (congresso 2011), Mobilidade Social e Religiosa (congresso 2012) -, a SOTER volta-se no 26º Congresso Internacional para a fonte mesma da experiência religiosa e de sua interpretação pela Teologia, Ciências da Religião e Áreas Afins: Deus. Por que este retorno a Deus ou de Deus no próximo congresso anual organizado pela SOTER? O que, na atual situação das religiões em geral e das diferentes confissões cristãs em particular, justifica esse interesse e essa atenção pela questão de Deus em nosso país?

Uma primeira aproximação ao mapa religioso do Brasil, como a do último Censo do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –, mostra que Deus – a fé, os símbolos e as narrativas que engendra –, os deuses, o sagrado e/ou o divino – as crenças, ritos e relatos de que são objeto –, são onipresentes no imaginário nacional. O aumento dos sem religião, por exemplo, não necessariamente é sinônimo de ateísmo ou agnosticismo, mas colocam uma clara fronteira entre experiência religiosa e experiência institucional. A pluralização do campo religioso e a explosão de novas espiritualidades e religiosidades apontam para outras formas de experiências do divino, algumas ressemantizando a compreensão do Deus do cristianismo, outras resgatando as divindades dos povos originários e afrodescendentes, outras enfim valorizando o Deus do judaísmo, do islã e das religiões orientais. Esta constatação parece confirmar a opinião segundo a qual o processo de secularização, que em muitos países ocidentais levou ao indiferentismo e à negação de Deus, não teve o mesmo impacto entre nós.

Uma análise mais aprofundada do atual pluralismo religioso, das imagens, símbolos e narrativas do divino que veicula ou revisita, levanta, porém, uma série de questões. Quem é o Deus desta nossa sociedade plural? É a fonte e o horizonte do sentido ou um dos muitos “ídolos” fabricados pelo indivíduo pós ou hipermoderno? Ele oferece razões para crer, esperar e amar ou é um simples “consolo” face ao absurdo de uma existência feita de violência, solidão e injustiças, na qual o indivíduo é apenas “número” ou mero consumidor? Até quando o imaginário pré-moderno do divino, tão presente nas inúmeras recomposições do religioso em nosso país, poderá competir com o imaginário tecnológico-instrumental, para o qual Deus não é necessário para explicar o mundo? Até que ponto a variedade de imagens, símbolos e narrativas do divino não são mera projeção do processo de diversificação das individualidades nas sociedades complexas?”

O texto continua…

Leia o texto completo e veja a programação na página da SOTER.

Propostas para uma mudança de perspectiva nos estudos do AT

Uma conferência internacional programada para os dias 9 a 12 de outubro de 2013 em Copenhague, Dinamarca, promete:

International Conference at the University of Copenhagen, October 9-12, 2013: Changing Perspectives in Old Testament Studies. Past, Present, and Future.

Os principais conferencistas são Douglas Knight, Thomas L. Thompson, Philip Davies e Niels Peter Lemche. A conferência abordará as contribuições de John Van Seters, Thomas L. Thompson, Philip R. Davies, Niels Peter Lemche e Keith Whitelam na área dos estudos bíblicos. A palestra de abertura será feita por Jack Sasson, da Universidade Vanderbilt, Nashville, USA.

“O objetivo da conferência é avaliar algumas das principais mudanças no campo dos estudos do Antigo Testamento, para investigar as perspectivas de mudança dentro de um contexto mais amplo e sugerir perspectivas futuras para a  disciplina”. The aim of the conference is to assess some of the major changes within the field of Old Testament scholarship, to investigate those changing perspectives within a broader context and to suggest future prospects of the discipline.

Os textos da conferência serão publicados em  livro organizado por Anne Katrine de Hemmer Gudme e Ingrid Hjelm.

A conferência de Copenhague está estreitamente relacionada com a série de ensaios que estão sendo publicados pela editora Acumen, sob o título Changing Perspectives:

VAN SETERS, J. Changing Perspectives 1: Studies in the History, Literature and Religion of Biblical Israel. Durham: Acumen Publishing, 2011, 438 p. – ISBN 9781845539016.

THOMPSON, T. L. Changing Perspectives 2: Biblical Narrative and Palestine’s History. Durham: Acumen Publishing, 2012, 320 p. – ISBN 9781908049957.

LEMCHE, N. P. Changing Perspectives 3: Biblical Studies and the Failure of History. Durham: Acumen Publishing, 2013, 352 p. – ISBN 9781781790175.

DAVIES, P. R. Changing Perspectives 4: Rethinking Biblical Scholarship. Durham: Acumen Publishing, 2014, 320 p. – ISBN 9781844657278. Publicação prevista para maio de 2014.

A conferência será realizada na Faculdade de Teologia da Universidade de Copenhague e está sob a responsabilidade dos seguintes professores do Departamento de Estudos Bíblicos: Ingrid Hjelm, Anne Katrine de Hemmer Gudme, Jesper Høgenhaven e Thomas L. Thompson. Visite a página da conferência e confira o programa e os resumos (abstracts) das palestras.

Ingrid Hjelm
e-mail: ihj@teol.ku.dk

Anne Katrine de Hemmer Gudme
e-mail: akg@teol.ku.dk

Sobre a conferência, Jim West, a quem agradeço pela notícia, publicou em seu blog este post em 20 de fevereiro de 2013 e este em 8 de maio de 2013.

Novo livro de Finkelstein sobre o reino de Israel

O livro, em francês, é sobre o reino de Israel (do norte). É o resultado de conferências de Israel Finkelstein no Collège de France, Paris, em fevereiro de 2012. Foi publicado em 26 de abril de 2013.

Israel Finkelstein tenta, com os recursos da arqueologia, resgatar a história do importante reino de Israel, censurado pela Obra Histórica Deuteronomista escrita em Judá após a queda de Samaria em 722 a.C.

FINKELSTEIN, I. Le Royaume biblique oublié. Paris: Odile Jacob, 2013, 288 p. – ISBN 9782738129475.


Diz a editora:
Du Xe au VIIIe siècle avant notre ère, deux royaumes hébreux ont coexisté : Israël au nord, Juda au sud. Compilés à Jérusalem, capitale de Juda, à partir de la fin du viie siècle, les textes bibliques présentent le « Royaume du Nord » comme impie et ses rois comme maudits. Biblistes et historiens ont largement emboîté le pas : chacun savait qu’Israël était une entité politique et économique bien plus importante et puissante que le petit royau-me de Juda, mais on n’a jamais essayé d’écrire son histoire depuis ses origines jusqu’à sa disparition en 722. Archéologue hors pair du Levant ancien, Israël Finkelstein relève le défi et présente une histoire de ce royaume « oublié », voire « censuré ». Poursuivant la démarche de La Bible dévoilée et des Rois sacrés de la Bible, il offre une nouvelle version des origines d’Israël et nous permet aussi de mieux saisir comment les textes bibliques ont reconstruit son histoire.

Israël Finkelstein est professeur d’archéologie à l’Université de Tel-Aviv. Il est notamment l’auteur d’Un archéologue au pays de la Bible (2008) et – avec Neil Asher Silberman – de La Bible dévoilée. Les nouvelles révélations de l’archéologie (2002) et des Rois sacrés de la Bible. À la recherche de David et Salomon (2006). Le présent livre est issu de conférences qu’il a données au Collège de France en février 2012.

Leia Mais:
Israel Finkelstein no Observatório Bíblico e na Ayrton’s Biblical Page
Israel Finkelstein na biblioblogosfera

Quantas distribuições Linux existem?

Há centenas de distribuições Linux. Dizem que mais de 500…

Veja as distribuições Linux em uma linha do tempo de 1992 a 2022 [um cladograma]:

GNU/Linux Distribution Timeline 22.10 – 2010-2012: Andreas Lundqvist, Donjan Rodic, Mohammed A. Mustafa – 2016: Muhammad Herdiansyah – 2016-2022: Fabio LoliLinux Mint

Agora, confira listas de distribuições, como DistroWatch.com, ibiblio Linux Distributions, Imagens de distribuições Linux, List of Linux Distributions

E veja a origem dos nomes de algumas distribuições Linux [até 2009]: parte 1 e parte 2 – Texto escrito por Xerxes Lins em Viva o Linux, em 12/05/2009 e 14/09/2009, respectivamente.

Para terminar: Crise de distro: você fica testando várias distros diferentes, instalando e reinstalando, em busca da distro perfeita… [aprenda muito com os mais de 60 comentários] – Texto escrito por Xerxes Lins em Viva o Linux, em 14/07/2010.