Bíblia: teoria e prática – Leituras de Rute

Vem aí o número 98 da revista Estudos Bíblicos, o segundo de 2008. Este número foi elaborado pelos Biblistas Mineiros e, como de praxe, será publicado pela Editora Vozes, de Petrópolis.
O título: Bíblia: teoria e prática – Leituras de Rute
Editorial: Telmo José A. de Figueiredo

PARTE I

  • Agenda para o estudo de um texto bíblico – Johan Konings e Súsie Helena Ribeiro
  • Aprenda a enxergar com o cego Bartimeu, ou… Por que é necessário um método para ler a Bíblia? – Cássio Murilo Dias da Silva
  • Bíblia: Mito? Realidade? – Telmo José A. de Figueiredo
  • Como ler os apócrifos do Segundo Testamento – Jacir de Freitas Faria

PARTE II

  • Releituras rabínicas do livro de Rute – Leonardo Alanati
  • Rute à luz do método histórico-crítico – José Luiz Gonzaga do Prado
  • A narratividade do livro de Rute – Jaldemir Vitório
  • Leitura socioantropológica do livro de Rute – Airton José da Silva
  • O protagonismo de uma sogra: a história de Noemi e Rute – Uma abordagem feminina sob o olhar da psicologia – Maria Aparecida Duque e Rosana Pulga

O soldado de inverno marcha novamente

O soldado de inverno marcha novamente – Amy Goodman – Carta Maior: 07/04/2008

Veteranos do Iraque e do Afeganistão relatam horrores praticados pelas tropas norte-americanas. “No dia 18 de abril de 2006 tive minha primeira ‘morte confirmada’. O homem era inocente. Não sei seu nome. Eu o chamava ‘o gordo’. Estava caminhando de volta para sua casa e eu atirei contra ele na frente do seu amigo e do seu pai”, contou Jon Michael Turner.

 

Na metade de março, às vésperas do quinto aniversario da invasão do Iraque, foi realizado um excepcional encontro em Washington D.C. chamado Winter Soldier (Soldado de Inverno): Iraque e Afeganistão, relatos em primeira mão das ocupações. Centenas de veteranos das duas guerras e soldados na ativa, reuniram-se para dar testemunho sobre os horrores da guerra, incluindo as atrocidades que presenciaram ou que eles mesmos cometeram.

O nome Winter Soldier foi tomado de um evento similar realizado em 1971, no qual centenas de veteranos do Vietnã reuniram-se em Detroit, e sua origem está na frase que inicia o panfleto de Thomas Paine, “The Crisis” (A Crise), publicado em 1776:

“Estes são os tempos que põem à prova as almas dos homens: em tempos de crise, o soldado de verão, sem convicção, e o patriota sem causa evitarão servir seu país; mas aquele que se mantiver firme merece o amor e o agradecimento de todos os homens e mulheres”.

Este Winter Soldier foi organizado pelo grupo Veteranos do Iraque Contra a Guerra (IVAW, na sigla em inglês). Kelly Dougherty, veterano do Iraque, membro da Guarda Nacional do Exército no Colorado e diretor executivo de IVAW, abriu o evento com estas palavras:

“As vozes dos veteranos e membros na ativa, assim como as dos civis, devem ser ouvidas pelo povo dos Estados Unidos e pelas pessoas de todo o planeta; e também por outras pessoas do exército e outros veteranos, para que eles mesmos possam encontrar sua própria voz para contar sua história, porque cada uma das nossas histórias individuais tem uma importância crucial e deve ser ouvida para que as pessoas compreendam a realidade e o verdadeiro custo humano da guerra e da ocupação”.

O que veio a seguir foram quatro dias de intensos depoimentos, relatos de primeira mão de assassinatos de civis iraquianos, indo da desumanização de iraquianos e afegãos que acompanha a violência das ocupações até as vítimas que essa violência cobra entre os soldados e a atenção inadequada que eles recebem quando voltam para casa.

Jon Michael Turner, que combateu no 3º Batalhão da 8ª Companhia de Infantaria da Marinha, arrancou as medalhas do peito. Disse o seguinte:

“No dia 18 de abril de 2006 tive minha primeira “morte confirmada”. O homem era inocente. Não sei seu nome. Eu o chamava ‘o gordo’. Estava caminhando de volta para sua casa e eu atirei contra ele na frente do seu amigo e do seu pai. O primeiro disparo não o matou, eu tinha acertado na região do pescoço. Então, ele começou a gritar e olhou direto nos meus olhos. Ou seja, que olhei para o meu amigo, que estava montando sentinela comigo, e disse, ‘Bom, não posso permitir que isto aconteça’. Então atirei outra vez e acabei com ele. Depois disso, sua família levou ele embora. Foram necessárias sete pessoas para levar seu corpo”.

“Todos recebíamos felicitações depois que conseguíamos nossas primeiras mortes, e nesse caso tratou-se da minha. Meu comandante felicitou-me pessoalmente, como fazia com todos os outros da nossa companhia. Esse é o mesmo homem que havia declarado que qualquer um que conseguisse sua primeira “morte confirmada” por meio de esfaqueamento teria uma licença de quatro dias na volta do Iraque”.

Hart Viges estava na 82ª Divisão Aerotransportada, que tomou parte da invasão de março de 2003. Descreveu o assalto a uma moradia na qual prenderam os homens errados: “Nunca fizemos uma batida em que tenhamos encontrado a casa certa e, muito menos, com a pessoa certa. Nem uma única vez. Olhei para o meu sargento e disse a ele algo como ‘Sargento, estes não são os homens que estamos procurando’. E ele respondeu: ‘Não se preocupe, tenho certeza de que estes devem ter feito alguma coisa’. E a mãe chorava na minha frente o tempo todo, tentando beijar meus pés. E, vocês já sabem, eu não sei falar árabe. Mas entendo a linguagem humana. Ela estava dizendo ‘Por favor, por que você está levando meus filhos? Eles não fizeram nada de mau’. E isso fez com que eu me sentisse muito impotente. Vocês sabem, 82ª Divisão Aerotransportada, Infantaria, com helicópteros Apache, veículos de combate Bradley e o meu uniforme blindado… e eu me sentia impotente. Sentia-me impotente para ajudá-la”

O ex-sargento Camilo Mejía também falou durante o evento. Depois de servir no Iraque, recusou-se a voltar para lá. Foi submetido a um conselho de guerra e passou quase um ano na prisão. Mejía agora é presidente do IVAW. Quando terminou de dar testemunho sobre sua experiência no Iraque, apresentou as exigências do seu grupo:

“Temos mais de um milhão de iraquianos mortos. Temos mais de 5 milhões de iraquianos deslocados. Temos quase 4.000 norte-americanos mortos. Temos quase 60.000 feridos. E isso sem considerar o transtorno de estresse pós-traumático e o resto das feridas psicológicas e emocionais que a nossa geração traz consigo quando volta para casa. A guerra está desumanizando toda uma geração deste país e está destruindo o povo do Iraque. Para que possamos recuperar nossa humanidade como exército e como país, exigimos a retirada imediata e incondicional do Iraque de todos os soldados, além de cuidados e compensações para todos os veteranos e reparações compensatórias para o povo iraquiano, de modo que possam reconstruir seu país do seu jeito”.

Na medida em que adentramos no sexto ano da guerra no Iraque — mais tempo do que os EUA permaneceram na Segunda Guerra Mundial —, deveríamos honrar os veteranos do Iraque e do Afeganistão escutando o que eles têm a dizer.

 

Winter Soldier Marches Again – Amy Goodman – Democracy Now: March 19, 2008

Last weekend, in the lead-up to the fifth anniversary of the invasion of Iraq, a remarkable gathering occurred just outside Washington, D.C., called Winter Soldier: Iraq and Afghanistan, Eyewitness Accounts of the Occupations. Hundreds of veterans of these two wars, along with active-duty soldiers, came together to offer testimony about the horrors of war, including atrocities they witnessed or committed themselves.

The name, Winter Soldier, comes from a similar event in 1971, when hundreds of Vietnam veterans gathered in Detroit, and is derived from the opening line of Thomas Paine’s pamphlet, “The Crisis,” published in 1776:

“These are the times that try men’s souls: The summer soldier and the sunshine patriot will, in this crisis, shrink from the service of their country; but he that stands it now, deserves the love and thanks of man and woman.”

This Winter Soldier was organized by the group Iraq Veterans Against the War. Kelly Dougherty, an Iraq veteran from the Colorado Army National Guard and IVAW’s executive director, opened the proceedings, saying: “The voices of veterans and service members, as well as civilians on the ground, need to be heard by the American people, and by the people of the world, and also by other people in the military and other veterans so they can find their voice to tell their story, because each of our individual stories is crucially important and needs to be heard if people are to understand the reality and the true human cost of war and occupation.”

What followed were four days of gripping testimony, ranging from firsthand accounts of the murder of Iraqi civilians, the dehumanization of Iraqis and Afghanis that undergirds the violence of the occupations, to the toll that violence takes on the soldiers themselves and the inadequate care they receive upon returning home.

Jon Michael Turner, who fought with the 3rd Battalion, 8th Marines, tore his medals off his chest. He said: “On April 18, 2006, I had my first confirmed kill. This man was innocent. I don’t know his name. I called him ‘the fat man.’ He was walking back to his house, and I shot him in front of his friend and his father. The first round didn’t kill him, after I had hit him up here in his neck area. And afterward he started screaming and looked right into my eyes. So I looked at my friend, who I was on post with, and I said, ‘Well, I can’t let that happen.’ So I took another shot and took him out. He was then carried away by the rest of his family. It took seven people to carry his body away.

“We were all congratulated after we had our first kills, and that happened to have been mine. My company commander personally congratulated me, as he did everyone else in our company. This is the same individual who had stated that whoever gets their first kill by stabbing them to death will get a four-day pass when we return from Iraq.”

Hart Viges was with the 82nd Airborne, part of the invasion in March 2003. He described a house raid where they arrested the wrong men: “We never went on a raid where we got the right house, much less the right person. Not once. I looked at my sergeant, and I was like, ‘Sergeant, these aren’t the men that we’re looking for.’ And he told me, ‘Don’t worry. I’m sure they would have done something anyways.’ And this mother, all the while, is crying in my face, trying to kiss my feet. And, you know, I can’t speak Arabic. I can speak human. She was saying, ‘Please, why are you taking my sons? They have done nothing wrong.’ And that made me feel very powerless. You know, 82nd Airborne Division, Infantry, with Apache helicopters, Bradley fighting vehicles and armor and my M4—I was powerless. I was powerless to help her.”

Former Staff Sgt. Camilo Mejia also spoke. After serving in Iraq, he refused to return there. He was court-martialed and spent almost a year in prison. Mejia is now the chairman of IVAW. After he finished the testimony of his experience in Iraq, he laid out the group’s demands:

“We have over a million Iraqi dead. We have over 5 million Iraqis displaced. We have close to 4,000 dead [Americans]. We have close to 60,000 injured. That’s not even counting the post-traumatic stress disorder and all the other psychological and emotional scars that our generation is bringing home with them. War is dehumanizing a whole new generation of this country and destroying the people in the country of Iraq. In order for us to reclaim our humanity as a military and as a country, we demand the immediate and unconditional withdrawal of all troops from Iraq, care and benefits for all veterans, and reparations for the Iraqi people so they can rebuild their country on their terms.”

As we enter the sixth year of the war in Iraq, more time than the U.S. was involved in World War II, we should honor the veterans of Iraq and Afghanistan, by listening to them.

O Deuteronomista e sua história de Israel

Telmo Figueiredo comunicou ontem, via e-mail, aos Biblistas Mineiros, que o nosso livro sobre a Obra Histórica Deuteronomista será lançado até o final de 2008, portanto, com certo atraso. Ele diz:

“A novela da publicação de nosso livro sobre o Deuteronomista vai se encaminhando ao seu final. Depois de muito refletir, e levando em conta as contribuições dos colegas, optamos pelo seguinte título para esse livro a ser publicado pela Editora Vozes de Petrópolis (RJ): O Deuteronomista e sua história de Israel: do êxodo ao exílio. Achamos que não poderíamos excluir a expressão “deuteronomista”, mesmo sendo esta muito questionada atualmente pela pesquisa bíblica, porém não surgiu nada melhor no horizonte, até o momento. Ao mesmo tempo, a versão do “deuteronomista” é uma entre outras, por isso, a escolha de “e sua história”, o possessivo ajuda a sublinhar essa variedade de visões sobre o passado de Israel. Identificando o tempo, “do êxodo ao exílio”, pretendemos tornar o título atraente a estudantes de Teologia a fim de facilitar a compreensão de qual época bíblica o livro se ocupa.

O Konings ficou encarregado de fazer uma “amarração” geral entre os diversos artigos que integrarão este livro, pois os mesmos foram redigidos, originalmente, para integrar uma revista. Em se tratando de livro a configuração final deve ser de capítulos e não artigos. Todo o material deveria chegar em suas mãos para ser realizada tal tarefa. Ainda não concluí uma verificação geral que estou fazendo desse material e de meu próprio capítulo. Assim que puder, irei remeter-lhe tudo para que se possa concluir a nossa preparação do livro e enviá-lo à Editora Vozes a fim de se proceder às várias etapas antes da publicação. Por esse motivo, a nossa obra não deverá ser publicada antes do final deste ano. Mas, a paciência da espera deverá ser compensadora devido ao resultado final, sem dúvida!”

Minha contribuição para o livro aparece em dois textos:
O Contexto da Obra Histórica Deuteronomista
Pequena bibliografia comentada sobre a Obra Histórica Deuteronomista