Diz a lenda sobre Robert North

Acabei de ler na CBQ – Catholic Biblical Quarterly – de outubro de 2007, p. 756-757, que recebi recentemente, um texto de James Swetnam “In Memoriam: Robert G. North”, falecido em 2 de junho deste ano.

Achei interessante o que ele diz sobre as excentricidades de North. Há até mesmo uma “lenda North” (The “North Legend”).

Entre outras coisas, reza a lenda que, ainda jovem, lecionando na Marquette High School in Milwaukee, ele decorou, em apenas um fim de semana, um discurso inteiro de Cícero – em latim, claro – para mostrar aos seus alunos como um texto podia ser transmitido oralmente.

Tinha uma memória extraordinária e era capaz de lidar com 18 diferentes línguas – “…he could handle eighteen languages with varying levels of competence”, diz Swetnam.

Além de ser conhecido pelas escavações no Vale do Jordão – Teleilat Gassul – e pelos vários anos de trabalho no PIB, em Roma (lecionou de 1951 a 1992 e editou o Elenchus de 1980 a 2000), costumava guiar grupos em excursões pelo Oriente Médio.

Falava árabe tão fluentemente que não se deixava enganar pelos espertalhões taxistas egípcios e Swetnam testemunha que, certa vez, North passou duas semanas conversando com o motorista do ônibus em uma excursão pela Turquia, em turco… “and his Turkish was fluent enough to enable him to spend two weeks on our jaunt all over Turkey chatting alongside the driver of the bus”.

Já no Irã, teve que falar francês, não sendo seu farsi suficiente “…in Iran, alas, he was reduced to speaking French, his Farsi not being up to the challenge. But, then, nobody is perfect”, diz Swetnam.

Coisas do North. Quem estudou com ele, reconhece, neste texto, o personagem. Todos nós gostávamos muito dele.

Sem paz com palestinos, Israel pode acabar

Israel pode entrar em colapso sem Estado palestino, diz Olmert

O premiê israelense, Ehud Olmert, afirmou nesta quinta-feira que, se não for alcançada uma solução de “dois Estados para dois povos”, chegará um dia em que o Estado de Israel poderá entrar em colapso, como ocorreu na África do Sul do regime do Apartheid. Olmert deu as declarações em entrevista ao jornal israelense “Haaretz”, um dia depois do término da conferência de paz em Annapolis (EUA), na qual israelenses e palestinos expressaram sua intenção de negociar um acordo para criar um Estado palestino até 2009. “Chegará o dia em que a solução de dois Estados não poderá se materializar, e então enfrentaremos um conflito como ocorreu na África do Sul pela igualdade no direito de voto”, disse Olmert, em Washington, ao jornal israelense sediado em Tel Aviv. O premiê ressaltou que, “quando isso ocorrer, o Estado de Israel terá acabado” (…) Pesquisas divulgadas por jornais israelenses apontam que apenas um em cada cinco israelenses acham que a conferência em Annapolis foi um sucesso, enquanto 80% afirmam que líderes palestinos e israelenses não conseguirão chegar a um acordo de paz em 2008 (…) [Entretanto] 53% apóiam um acordo de paz que inclua soluções para o conflito.


Leia o texto completo.

Fonte: Folha Online: 29/11/2007 – 12h38

Pobres ficam mais pobres com aquecimento global

Apartheid climático: “Os ricos habitarão o norte mais frio. Os pobres, todos no calor”, alerta a ONU

O mundo está galopando em direção a um cenário de “apartheid climático”. Isso foi afirmado por um severo e preocupado relatório das Nações Unidas, apresentado nesta terça-feira pelo jurista australiano Philip G. Alston, relator especial da ONU sobre direitos humanos e pobreza extrema – que será formalmente discutido na próxima sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra – os desequilíbrios causados pelo sobreaquecimento global recaem principalmente sobre os habitantes dos países mais pobres, enquanto os ricos poderão se permitir evitar as piores consequências da emergência climática, uma grande parte da população do planeta corre o risco de perder não apenas os direitos de base à vida, a água, à alimentação e à moradia, mas também conquistas como a democracia ou o respeito dos direitos civis e políticos. “A raiva das comunidades afetadas, o crescimento das desigualdades, o agravamento da miséria para alguns grupos sociais – o relatório afirma – provavelmente estimularão a disseminação de respostas nacionalistas, xenófobas e racistas”.

A reportagem é de Roberto Giovannini, publicada por La Stampa, 26-06-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.

Os desequilíbrios

“A mudança climática – afirma Alston – ameaça anular os últimos 50 anos de progresso no desenvolvimento, na saúde global e na redução da pobreza”.

A emergência climática, diz o estudo das Nações Unidas, fará com que 140 milhões de pessoas percam suas casas nos países em desenvolvimento até 2050; até 2030, 120 milhões passarão à condição de pobreza. Em suma, mesmo que os países mais pobres “sejam responsáveis apenas por uma pequena fração das emissões globais, 10%, terão que suportar 75% dos custos causados pela crise climática”. Enquanto os países mais ricos, neste cenário de “apartheid climático” graças aos seus recursos financeiros “conseguirão realizar os ajustes necessários para enfrentar temperaturas cada vez mais extremas”. E se isso acontecer, “os direitos humanos não serão capazes de resistir à tempestade que se aproxima”.

Prevenção insuficiente

Uma situação realmente crítica, causada pela resposta “claramente inadequada” dos estados nacionais, das empresas, das ONGs e das próprias Nações Unidas com relação à gravidade da ameaça climática, não alocando os recursos financeiros e “políticos” necessários para enfrentá-la. Os governos nacionais sempre desconsideraram as indicações da ciência, tanto que todos os tratados internacionais foram ineficazes: até mesmo o acordo de Paris de 2015 não é considerado à altura do desafio em curso. “Mesmo hoje – acrescentou o especialista em direito internacional – muitos países estão dando passos míopes na direção errada”, “e o que um ano atrás era considerado pela ciência um cenário catastrófico agora parece ser considerado uma perspectiva desejável”.

Na mira de Alston estão, com nome e sobrenome, o presidente dos EUA, Donald Trump, e o colega brasileiro Jair Bolsonaro. Trump deve ser condenado por ter “ativamente silenciado” a ciência sobre o clima, inserindo representantes da indústria em posições-chave, eliminando as regulamentações ambientais; o número um no Brasil, por seu lado, prometeu abrir para atividades agrícolas e de mineração a floresta tropical na Amazônia. Entre os exemplos positivos, citados pelo relator da ONU, está a batalha pelo clima da ativista sueca Greta Thunberg, a greve mundial dos estudantes, o movimento Extinction Rebellion e as causas encaminhadas contra Estados e sociedades poluidoras.

Fonte: IHU – 27 junho 2019

 

Crise climática pode gerar 120 milhões de novos pobres em 2030, segundo previsão da ONU

“A mudança climática ameaça anular os últimos 50 anos de progresso no desenvolvimento, na saúde global e na redução da pobreza”. É o alarme lançado pelo relator especial da ONU sobre pobreza extrema e os direitos humanos, Philip Alston. Ele alertou que a crise climática “poderia levar mais de 120 milhões de pessoas a mais à pobreza até 2030”. “Mesmo hoje – acrescentou – muitos países estão dando passos míopes na direção errada”.

A informação foi publicada por La Repubblica, 25-06-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.

“A mudança climática ameaça anular os últimos 50 anos de progresso no desenvolvimento, na saúde global e na redução da pobreza”, acrescentou Alston.

O australiano Alston faz parte de um grupo de especialistas independentes das Nações Unidas. O principal alerta do relatório, baseado nas pesquisas científicas mais recentes e apresentado em Genebra, é que os pobres do mundo correm o risco de serem atingidos mais duramente pelo aumento das temperaturas e pela potencial escassez de alimentos e conflitos que poderiam acompanhar essa mudança. Prevê-se que os países em desenvolvimento sofram pelo menos 75% dos custos da mudança climática, apesar do fato de que a metade mais pobre da população mundial gere apenas 10% das emissões de CO2.

Fonte: IHU – 26 junho 2019

 

Mudanças Climáticas: Flutuações de temperatura afetarão os países mais pobres do mundo, sugere uma nova pesquisa

Para cada grau de aquecimento global, o estudo sugere que a variabilidade de temperatura aumentará em até 15% no sul da África e na Amazônia, e até 10% no Sahel, na Índia e no Sudeste Asiático.

O estudo foi publicado pela University of Exeter e reproduzida por EcoDebate. A tradução e edição são de Henrique Cortez, 09-05-2018.

Enquanto isso, os países fora dos trópicos – muitos dos quais são os países mais ricos que mais contribuíram para as mudanças climáticas – devem ver uma diminuição na variabilidade de temperatura.

Os pesquisadores, das universidades de Exeter, Wageningen e Montpellier, descobriram esse “padrão injusto” ao abordarem o difícil problema de prever como os extremos climáticos, como ondas de calor e estalos frios, podem mudar em um clima futuro.

“Os países que menos contribuíram para as mudanças climáticas e têm o menor potencial econômico para lidar com os impactos estão enfrentando os maiores aumentos na variabilidade de temperatura”, disse o principal autor do estudo, Sebastian Bathiany, da Universidade de Wageningen.

O professor Tim Lenton, da Universidade de Exeter, acrescentou: “Os países afetados por este duplo desafio da pobreza e aumento da variabilidade de temperatura já compartilham metade da população mundial, e as taxas de crescimento populacional são particularmente grandes nesses países”.

“Esses aumentos são más notícias para sociedades tropicais e ecossistemas que não estão adaptados a flutuações fora da faixa típica”.

O estudo também revela que a maior parte das crescentes flutuações de temperatura nos trópicos está associada a secas – uma ameaça extra ao abastecimento de alimentos e água.

Para sua investigação, a equipe analisou 37 modelos climáticos diferentes que foram utilizados para o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Embora a variabilidade climática tenha sido estudada extensivamente por cientistas do clima, o fato de que a variabilidade climática vai mudar recebeu pouca atenção nos campos que investigam os impactos das mudanças climáticas.

Referência:

Climate models predict increasing temperature variability in poor countries. Sebastian Bathiany, Vasilis Dakos, Marten Scheffer and Timothy M. Lenton. Science Advances 02 May 2018: Vol. 4, no. 5, eaar5809 DOI: 10.1126/sciadv.aar5809

Abstract

Extreme events such as heat waves are among the most challenging aspects of climate change for societies. We show that climate models consistently project increases in temperature variability in tropical countries over the coming decades, with the Amazon as a particular hotspot of concern. During the season with maximum insolation, temperature variability increases by ~15% per degree of global warming in Amazonia and Southern Africa and by up to 10%°C−1 in the Sahel, India, and Southeast Asia. Mechanisms include drying soils and shifts in atmospheric structure. Outside the tropics, temperature variability is projected to decrease on average because of a reduced meridional temperature gradient and sea-ice loss. The countries that have contributed least to climate change, and are most vulnerable to extreme events, are projected to experience the strongest increase in variability. These changes would therefore amplify the inequality associated with the impacts of a changing climate.

 

Fonte: IHU – 10 maio 2018

Ateísmo: tema da IHU Online desta semana

O “novo” ateísmo em discussão

Este é o tema de capa da edição 245 da IHU Online, publicada em 26 de novembro de 2007.

 

Diz o editorial:

“Existe em nós um ateu potencial que grita e sussurra a cada dia suas dificuldades em crer”, escreveu num artigo recente, publicado no jornal Corriere della Sera, o cardeal Carlo Maria Martini, jesuíta, arcebispo emérito de Milão. Recentemente, cientistas, filósofos e escritores, como Richard Dawkins, Daniel Dennet, Sam Harris, Michel Onfray e Christopher Hitchens, entre outros, reanimaram o debate sobre o ateísmo com uma fúria não só antirreligiosa, mas com “um cariz quase religioso”, constata o filósofo português João Vila-Chã, em entrevista para a IHU On-Line desta semana. Mas será que o método científico de entender o mundo tornou a fé religiosa intelectualmente implausível? Mais: a ciência exclui a existência de um Deus pessoal, como sustentou Albert Einstein? A evolução torna indigna de crédito toda a ideia da providência divina? A vida e a mente podem ser reduzidas à química? Podemos continuar a afirmar plausivelmente que o mundo é criado por Deus ou que Deus realmente quer que os seres humanos estejam aqui? É possível que toda a complexa padronização que ocorre na natureza seja simplesmente o produto do acaso cego e da necessidade física? Numa era da ciência, podemos crer sinceramente que o universo tem um propósito? As perguntas são de John F. Haught, da Universidade de Georgetown, que concorda com a ideia de Alfred North Whitehead de que o futuro da humanidade e da civilização depende de encontrar-se uma concordância entre a ciência e a fé.

Já para Marcelo Fernandes de Aquino, reitor da Unisinos, “é importante entender o ateísmo contemporâneo seguindo os caminhos tomados pela idéia de Deus a partir do pensamento tardo medieval, nela situando a ruptura entre filosofia e religião e, consequentemente, a exclusão da teologia dos sistemas dos saberes objetivos, aos quais a modernidade pós-cristã reconhecerá uma legitimidade racional universalmente aceita”. Desta maneira, continua Fernandes de Aquino, “a religião deixa de ser um sujeito inspirador de um saber situado e reconhecido no espaço filosófico – a teologia – para tornar-se objeto de um saber que pretende compreendê-la segundo as regras da racionalidade calculadora e operacional, a filosofia da religião”. Ou seja, “a religião como fato cultural passa a ser apenas objeto da filosofia. A theologia cede lugar à filosofia da religião”. Aqui está “o início de interpretação do processo mais amplo de remodelação da cultura humana não mais sob a égide da crença religiosa, e sim da descrença religiosa. Este é o fato cultural realmente novo”.

Também participam desta edição, Alister McGrath, biofísico da Universidade de Oxford, autor de O delírio de Dawkins. Uma resposta ao fundamentalismo ateísta de Richard Dawkins (São Paulo: Mundo Cristão, 2007); Lodovico Galleni, cientista italiano da Universidade de Pisa; Richard Swinburne, da Universidade de Oxford; Michel Onfray, fundador da Université Populaire de Caen e autor do Tratado de ateologia, física da metafísica (São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007); Felipe Pondé, da PUCSP; Álvaro Valls, da Unisinos; e Paulo Margutti, da FAJE-MG. Richard Dawkins aceitou conceder uma entrevista em meados do próximo mês. Desta maneira, o debate continua.

 

Leia nesta edição:

:: Marcelo Fernandes de Aquino: A religião como fato cultural passa a ser apenas objeto da filosofia

:: Paulo Margutti: Novos ateístas. Apóstolos da racionalidade contra a barbárie?

:: John F. Haught: Uma teologia da evolução precisa mostrar que a fé bíblica não contradiz o caráter evolutivo do mundo

:: Lodovico Galleni: Negar a historicidade do fenômeno evolutivo é um erro como elevar o darwinismo a um dogma

:: João Vila-Chã: A fúria do ateísmo contemporâneo tem cariz quase religioso

:: Alister McGrath: “Em vez de reduzir a influência do fundamentalismo, Dawkins está piorando as coisas”

:: Álvaro Valls: “O que Dawkins vem fazendo atualmente não é ciência, mas sim uma pregação de suposições filosóficas indemonstráveis”

:: Luiz Felipe Pondé: “Esse livro do Dawkins é uma auto-ajuda para ateus inseguros”

:: Michel Onfray: As ficções religiosas existirão enquanto houver humanos

:: Richard Swinburne: Fé e razão podem ser facilmente reconciliadas

Terceiro mandato?

Erro de avaliação
Leitores indagam as razões para este jornalista não acreditar que Lula tentará um terceiro mandato seguido. Resposta: Lula é um político muito melhor do que imaginam setores da política e da mídia. É um erro subestimá-lo. O petista não quer um terceiro mandato em 2010 e sabe que não deve querer.

Trecho da “Pensata” de Kennedy Alencar A venezuelização do Brasil, na Folha Online de 23/11/2007.

Resenhas na RBL – 23.11.2007

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Martin Arneth
Durch Adams Fall ist ganz verderbt…: Studien zur Entstehung der alttestamentlichen Urgeschichte
Reviewed by Michaela Bauks
Reviewed by Konrad Schmid

Gary M. Beckman and Theodore J. Lewis, eds.
Text, Artifact, and Image: Revealing Ancient Israelite Religion
Reviewed by Diana Edelman

Barry Beitzel, ed.
Biblica The Bible Atlas: A Social and Historical Journey through the Lands of the Bible
Reviewed by Ralph K. Hawkins

Silvia Cappelletti
The Jewish Community of Rome: From the Second Century B.C. to the Third Century C.E.
Reviewed by Judith Lieu
Reviewed by Allen Kerkeslager

Georg Gäbel
Die Kulttheologie des Hebräerbriefes: Eine exegetisch-religionsgeschichtliche Studie
Reviewed by Gabriella Gelardini

Bruce J. Malina and John J. Pilch
Social-Science Commentary on the Letters of Paul
Reviewed by Eduard Verhoef

Jerome Neyrey
The Gospel of John
Reviewed by Dirk van der Merwe

Richard P. Thompson
Keeping the Church in Its Place: The Church as Narrative Character in Acts
Reviewed by Steve Walton

David A. Warburton, Erik Hornung, and Rolf Krauss, eds.
Ancient Egyptian Chronology
Reviewed by Nicolas Grimal

Markus Witte, Konrad Schmid, Doris Prechel, Jan Christian Gertz, eds.
Die deuteronomistischen Geschichtswerke: Redaktions- und religionsgeschichtliche Perspektiven zur “Deuteronomismus”-Diskussion in Tora und Vorderen Propheten
Reviewed by Trent C. Butler
Reviewed by Jobst Bösenecker and Ulrike Sals

Faustino Teixeira escreve sobre Léon-Dufour

No dia 13 de novembro de 2007 faleceu o exegeta francês Xavier Léon-Dufour. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG, escreveu um comentário sobre a contribuição de Léon-Dufour para o pensamento teológico.

 

A paixão duradoura pelo Mistério: Xavier Léon-Dufour (1912-2007)

Nesses tempos de “inverno eclesial” algumas perdas se fazem sentir de forma muito dolorosa. Ficamos um pouco mais órfãos depois de 13 de novembro, quando partiu um dos mais brilhantes exegetas da tradição cristã, o jesuíta Xavier Léon-Dufour.

Esse notável pensador nasceu em Paris no ano de 1912. Ordenou-se sacerdote no ano de 1943, tendo decidido seguir os estudos na área de exegese do Novo Testamento. Foi responsável pela cadeira de exegese durante muitos anos na Faculdade Teológica de Lyon-Fourvière (1957-1974), e depois no Centre Sèvre de Paris. São clássicas as suas produções na área exegética, com destaque para o Vocabulário de Teologia Bíblica (1962) e o monumental comentário sobre o evangelho de João (1988-1996), em quatro volumes. Pode-se ainda destacar suas publicações envolvendo os temas da ressurreição (1971) e a eucaristia (1977).

Nessa minha breve reflexão vou me servir de dois livros recentes que traduzem o rico itinerário acadêmico de Léon-Dufour: Un bibliste cherche Dieu (2003) e Dieu se laisse chercher. Dialogue d´un bibliste avec Jean-Maurice de Montremy (1995).

Ele mesmo se define num de seus livros como um buscador do mistério: “no ponto de partida, Deus. No ponto de chegada, Deus”. A seu ver, a melhor maneira de definir o mistério de Deus foi apontada por um padre da Igreja: Deus Pai como o “olho da fonte”. Trata-se de um mistério que se expande gratuitamente no rio do mundo. Da fonte invisível jorra sem cessar a água da generosidade divina. Deus é, assim, movimento incessante e dilatação infinita. É o Logos que “ilumina todo ser humano” (Jo 1,9) desde o início da criação e ao longo da história da revelação. Léon-Dufour argumenta que essa imagem do “olho da fonte” expressa de forma bem mais feliz a ideia de Deus do que a veiculada pela tradição cristã, ao simbolizar Deus como o olho inserido no centro de um triângulo.

Para essa abertura teológica foi de grande importância uma longa viagem feita por Léon-Dufour na Ásia em 1968. Ele mesmo reconhece que foi a ocasião propícia para novas interrogações que transformaram sensivelmente sua compreensão cristã. Firma-se a partir dali uma mirada teológica livre e ousada, bem como uma tomada de consciência das limitações greco-latinas que obstruem a afirmação de uma linguagem cristã mais arejada. A passagem pelo Oriente possibilita uma reavaliação das formulações tradicionais sobre a Trindade, de forma a favorecer um melhor diálogo com outras tradições religiosas: “Se digo que as ´pessoas`(da trindade) são antes de tudo manifestações de uma única e mesma realidade na ordem da nossa experiência, não suprimo o mistério, mas torno possível uma discussão com aqueles que invocam, adequadamente, a unicidade de Deus”. A seu ver, as formulações dogmáticas captam apenas rincões limitados de uma paisagem que é bem mais ampla. Há que alargar as janelas e mudar as angulações para garantir a vitalidade da visada.

Na busca de superação de uma linguagem que pode pecar pela arrogância, Léon-Dufour encontra na “universalidade do evangelho do amor” um caminho alternativo. Para ele, é o amor que está no centro da mensagem de Jesus: “do mesmo amor com que o Pai me amou, eu também vos amei” (Jo 15,9).

Nesta admirável tradução feita por Léon-Dufour visa-se acentuar a “novidade” da natureza do amor que Jesus recebe do Pai e que vai vincular os discípulos entre si. Na dinâmica do mistério da trindade, Jesus vive uma relação única com Deus, sem porém apagar a irrevogável alteridade do Pai. Jesus é aquele que se preenche com a água da fonte, sendo o Espírito o rio que a difunde universalmente.

Em seus estudos sobre o evangelho de João, Léon-Dufour busca garantir a alteridade do Pai. Não há ali nenhum sinal de cristolatria ou culto a Jesus. A seu ver, “Jesus nada é senão em relação ao Pai”, uma relação que é incessante e que revela o núcleo (coração) de um mandamento novo: “amai-vos uns aos outros”.

As pistas exegéticas de Léon-Dufour serviram de base para singulares reflexões de teólogos que vêm trabalhando o tema do pluralismo religioso, como Jacques Dupuis.

Vale lembrar, em particular, a questão da ação contínua do Logos na história, que instaura uma aliança vital e substantiva entre Deus e todos os seres humanos. A morte desse grande exegeta deixa-nos mais tristes, mas também mais conscientes da importância de levar adiante sua reflexão e a fazer ecoar o amor por todos os cantos. Como ele bem salientou, seremos todos julgados não pelas formulações das doutrinas que aderimos em nossa tradição, mas pelo “amor vivido”.

Fonte: Notícias IHU – 24/11/2007.

O Ocidente deve invadir o Oriente? Ora, ora…

Aznar defende entrada de Israel na Otan
… em palestra de cerca de 20 minutos [em jantar na noite de ontem, em São Paulo, Brasil], Aznar [o ex-premiê espanhol José María Aznar] defendeu a entrada de Israel na Otan (aliança militar ocidental), disse que é preciso defender o país de um eventual Irã nuclear e ainda afirmou que, “apesar de ‘estar’ no Oriente Médio, o Estado hebreu não ‘é’ do Oriente Médio” – desqualificando seus vizinhos árabes. “Venho defendendo a entrada de Israel na Otan há anos. Israel é ocidental [sublinhados meus]. Aos que acham que isso traria problemas, respondo: isolar Israel trará problemas maiores ainda”, disse Aznar…

Leia na Folha Online de 23/11/2007 – 20h41.

Quem apresentou Aznar aos convidados foi o presidente da Universidade israelense Bar-Ilan, Moshe Kaveh…

Snapshots da SBL em San Diego VI

:: My reactions to the Judas book Panel – November 21, 2007 by April DeConick
:: My contribution to the Judas book panel – November 21, 2007 by April DeConick

:: SBL Notes, part one – November 21, 2007 by Kevin P. Edgecomb

:: Blogging In – November 21, 2007 by Bob MacDonald

:: SBL Annual Meeting, San Diego, Sunday afternoon – November 22, 2007 by Mark Goodacre
:: SBL Monday – November 23, 2007 by Mark Goodacre

:: The Qumran Exhibit at the SBL in San Diego – November 22, 2007 by Ben Witherington

:: SBL San Diego: Random Reflections – November 22, 2007 by Peter M. Head
:: SBL in Dan Diego IV: The Metzger Tribute – November 23, 2007 by Peter M. Head

:: SBL San Diego 2007 II – Mark – November 24, 2007 by Jan Krans

:: SBL Notes, part two – November 24, 2007 by Kevin P. Edgecomb

:: SBL Assorted Reflections – November 24, 2007 by Mark Goodacre

:: My SBL Odds and Ends – November 25, 2007 by April DeConick